Agarrei meu celular que tocava sem parar ao lado, na cômoda. Olhei o seu visor e estava escrito "casa", deveria ser minha mãe.

- Alô? - falei com uma voz baixa e sonolenta.

- Sara! Oh, minha querida! - minha mãe parecia animada em falar comigo, eu não estava muito. Ela havia me acordado.

Olhei pro relógio ao lado que marcava sete e meia da manhã. Suspirei irritada.

- Mãe, desculpa, eu tava com saudades, mas, sabe que horas são? - praticamente gritei.

- Ah, já é tarde querida! - sua voz suava calma do outro lado da linha.

- Aqui são sete horas!

- Ah, desculpe... Esqueci da diferença de horário. - ela deu uma risadinha curta.

Ri da mesma. Por outro lado estava feliz em falar com a minha mãe, fazia um bom tempo que eu não falava com ela e já estava sentindo saudades.

- Tava com saudades de ouvir sua voz, mãe. – ri e ela pareceu sorrir do outro lado.

- Eu também, amor. – houve uma pausa. – Ah, Martin está mandando um beijo pra você e pro Ryan.

- Outro pra ele.

- Mas, está tudo bem por aí, querida? – sua voz ficou um pouco preocupante.

- Está tudo ótimo, mamãe. Obrigado. – ri novamente. – E aí?

- Ta tudo uma maravilha! Sério. Só faltando vocês e suas brigas aqui em casa. – ela gargalhou do outro lado.

- Eu sei, claro que ta! Eu que trago a felicidade nessa casa. – me gabei.

- Claro. Você.

Rimos mais uma vez. Conversamos mais um pouco, sobre algumas coisas. Ela me contou que aprendeu a surfar, foi a praia esses dias com o Martin, conheceu pessoas novas e fizeram aulas de surfe. Eu ri disso mais dei os parabéns. Pra eles, tudo estava perfeito. Estava feliz de finalmente ver minha mãe feliz com alguém que prestasse, porque, além de eu ter um irmão bem chato e ter o melhor amigo chato dele como namorado, bom, Martin é o melhor namorado que minha mãe já tivera.

Logo desliguei o telefone e me levantei, indo até o banheiro. Fiz minha higienes e logo voltei e coloquei uma roupa normalzinha, nada de muito especial. Suspirei e amarrei meu cabelo em um alto rabo de cavalo. Me olhei rápido no espelho e saí do quarto.

Enquanto andava até o elevador, senti uma mão puxar meu braço.

- Bom dia. – era Justin. Que logo me surpreendeu com um selinho demorado.

- Oi. – sorri – Já indo ensaiar? – coloquei as mãos na cintura.

- É, pelo jeito sim.

- A gente não podia passar um dia calmo hoje?

- Hã... Vamos fazer assim... Eu vou ensaiar hoje até a uma hora da tarde e depois... Eu serei somente seu. – ele me deu mais um selinho.

- Hm, e se eu não quiser? – brinquei. – Ok, porque não me encontra naquele lugar ali ao lado, hã... –

- Starbucks? – ele riu.

- Isso! Esse! Então? As uma meia?

- Às uma e meia. – ele sorriu.

- Aí que horror... Minha mãe não vai me reconhecer quando voltar pra casa. – ri

- Por quê?

- Estou diferente não é? Estranha... E diferente. Bem diferente. – suspirei.

- Um pouco talvez... Mas, sempre será a minha Sara e eu sempre vou amar você. – ele deu um beijo em minha testa.

- Para com isso. – revirei os olhos.

- Com o que?

- De ser fofo e tudo mais! Para!

- Não. Não vou parar de deixar minha namorada feliz. – ele riu e deu um beijo em minha bochecha.

- Ela não fica muito feliz com... Coisas melancólicas. – ri

- Ok. Melhor eu ir. Mas... E você o que fazia aqui assim cedo?

- Minha mãe me ligou me acordando e... Como Caitlin e Lizzie não estavam no quarto eu vim procurar elas e... –

- Estão no meu quarto... Com Ryan, Chaz e... Chris. – riu

- Acho que vou ir fazer companhia por Chris. – pisquei.

- Sem gracinhas?

- Tenho cara de quem gosta de fazer gracinhas? – apontei pro meu rosto e revirei os olhos, Justin apenas riu.

- Tudo bem, tchau.

Justin me deu um beijo rápido e logo apertou o botão do elevador, acenei normalmente e me dirigi até o quarto dos garotos que ficava ao lado do meu. A porta estava entreaberta, comecei a abrir normalmente, eu queria dar um susto neles, mas, desisti quando ouvi uma conversa que... Me deixou curiosa. Recuei, deixando a porta entreaberta e apenas... Espiando.

- Pois é, Justin ganhou a aposta... – parecia a voz de Ryan.

- Ah, já sabemos isso faz tempo... Como vamos pagar o resto? – essa era a voz de Chaz, obvio.

- Não faço idéia. – Chris.

- Nunca imaginei que ele ganharia... A Sara é tão... Durona, fria... Não achei que ela mudaria. – era Ryan e eu me senti... Um pouco pra baixo, vamos dizer assim. Um pouco mal talvez.

- Que aposta garotos? – era a voz de Lizzie, que sentara ao lado de Ryan.

- Uma aposta que... Acredite, vocês não vão querer saber.

- Ué, envolve o que? – Caitlin deu uma risadinha curta.

- Sara. – disseram os garotos em coro.

- Sara?

- Sim. E, bom, é melhor vocês não saberem... Não vão nem querer saber e... – não agüentei e antes de terminarem eu abri a porta com tudo.

- É, mas, acho que eu quero saber e é melhor contarem tudo... Tudinho. – cruzei os braços e os fitei um pouco, quer dizer, MUITO brava.

- Sara? Você tava... Aí, desde que hora? – Ryan, assim como os outros, me olhavam imóveis. Revirei os olhos.

- Olha aqui panaca... – o puxei pelo braço, o apertando forte. Agora eu estava com muita raiva. – Eu ouvi toda a sua conversinha de aposta e é melhor me contar tudo porque, bom, se não eu vou contar pro seu pai que você e a Meggie... –

- Ok, tudo bem... Eu conto! Eu conto! – ele deu um pulo pra trás. Meggie sempre funcionava...

- Podem começar! – coloquei as mãos na cintura, enquanto Ryan voltava a se sentar na cama.

Ele, Chaz e Chris se entreolharam... Caitlin e Lizzie me olhavam ainda desentendidas e assustadas, eu acho.

- COMECEM! – gritei. Seus olhos arregalaram.

- É melhor você se acalmar Sara o que vem agora pode ser pior e... –

- FODA-SE. CONTEM LOGO! – gritei de novo.

- Tudo bem... – Ryan suspirou.

- Mas, prometemos ao Justin que... –

- É melhor se preocupar comigo agora fofo. – pisquei pro Chaz que apenas engoliu em seco.

- Ok... Sara, você odiava o Justin e dizia que nunca iria mudar sua opinião, certo? – Ryan começou. Eu assenti.

- Então, resolvemos fazer uma aposta. Nós quatro. – Chaz disse um pouco baixo. Ele estava vermelho.

- Continuem. – ordenei.

- Então, dissemos que se ele conseguisse fazer você hã... Gostar dele sabe... Fazer você mudar um pouco...  –

- Iam ganhar o que?

- Se ele ganhasse, daríamos mil dólares pra ele. Sabemos que Justin não precisa de dinheiro, mas, ele é bem competitivo e aceitou o desafio. – Chris ergueu os ombros.

- Tão brincando, não é? – os fitei e eles apenas balançaram a cabeça. – Pagaram pra ele?

- Não tudo. – disse Chaz.

- Com qual dinheiro acha que Justin preparou aquele jantarzinho romântico de vocês? – Ryan riu.

- O QUE? VOCÊS... VOCÊS... ME ENGANARAM? – gritei. Vi meu sangue ferver e senti uma necessidade enorme de dar um soco em alguém, um maravilhoso soco! – Aquele... Aquele canalha, idiota, imbecil, falso, nojento que só... Que me enganou... Ele... Tava só fingindo pra ganhar a aposta? – eu andava de um lado pro outro e os garotos tentavam me dizer algo, mas, eu só conseguia pensar que fui enganada.

- Calma, Sara... Eu acho que ele acabou gostando de você e... – Ryan parou na minha frente.

- Aquele idiota nunca gostou de mim! Só queria ganhar, só queria se aproveitar e... Ele só tinha dó de mim. – fitei o chão. Deixei uma lagrima escapar.

- Calma, Sara... Ele não fez isso por mal, agora ele realmente gosta de você. – Ryan ergueu meu rosto e me fitou.

- Como você sabe? Quem pode garantir isso? – lhe dei um empurrão, fazendo com que ele batesse em algumas coisas. – Eu vou embora. Já agüentei tempo demais aqui. – limpei meu rosto e saí daquele quarto.

Sabe, Justin me fez mudar mesmo a minha opinião sobre ele, mas, agora... Eu acho que tudo voltou à estaca zero, no fim, eu achei que ele fosse diferente do que eu achei que era, mas... Ele era exatamente do jeito que eu achava. Não importava quantas lagrimas eu derramasse, quantas vezes eu perdoasse, é difícil você ser... Enganada. Ter um namoro por uma aposta. Eu não sei. Eu me sentia tão idiota... Tão derrotada. Me sentia... Como uma perdedora. Como posso continuar algo que começou com uma mentira?