DAY 300

Summer

“Sinto-me nascido a cada momento / Para a eterna novidade do Mundo...”.

Fernando Pessoa

http://www.youtube.com/watch?v=bgmQeUJyAC4

Eu encarava o teto sob a minha cabeça.

Noite passada eu havia feito uma escolha complicada.

Mas era certa a ser feita.

Daniel havia ficado relutante em ainda aceitar a minha resposta...

Mas por fim, acabou aceitando... Depois de eu ter confirmado que eu estava certa daquilo e que não estava aceitando por pena.

Eu não havia falado sobre o pedido de casamento para a minha mãe.

Eu pretendia fazer isso hoje. Afinal, eu não poderia esconder um anel reluzente em minha mão direita.

Eu achava estranho o fato de Daniel e eu nunca termos tido nada além de apertos de mão e abraços ou beijos no rosto.

Mas o fato de ele não ter tentado nada mesmo quando aceitei o pedido, me fez sentir especial, ou melhor, não uma coisa qualquer.

Eu pensei seriamente... Por mais que fossem meses, eu conhecia Daniel muito bem... Mais do que eu pensava... Isso melhorou um pouco mais as coisas.

Eu me levantei da cama e andei até o andar de baixo.

Ouvi o barulho da TV, anunciando um comercia para cremes contra acne.

Andei mais um pouco e fitei minha mãe fritando ovos.

- Mãe... – murmurei baixo.

- Oi, querida.  – ela respondeu no mesmo tom tranquilo, mas sem retirar os olhos da frigideira.

- Eu preciso contar uma coisa... – eu disse ainda com a minha voz baixa.

Minha mãe largou a frigideira e virou para me olhar.

- O que? – ela ainda perguntou com seu tom sereno.

- Sabe aquele dia em que Daniel veio aqui? – perguntei colocando minha voz em meu tom normal.

- Sim... E o que isso tem de interessante?

- Mãe ele me pediu em casamento. – eu disse fechando meus olhos e jogando minha cabeça para trás.

- O que? – minha mãe me perguntou com sua voz passando de serena para assustada.

- Eu sei... Sei que é precipitado e tudo mais... – ela me interrompeu

- Você aceitou? – ela perguntou com a sua voz passando para séria.

Eu hesitei na resposta.

- Summer! Você enlouqueceu? Você mal conhece esse rapaz! – ela começou a dizer

- Eu o conheço bastante, mãe.

- Sério? Então me diga qual a comida favorita dele? A música? Quem são os pais dele? Quanto ele ganha? Você não o conhece... E sabe disso. – ela disse com a sua voz alterada.

- Eu acho que sei o que é melhor para mim.

- Summer, Tyler acabou que tem uma filha com você, ele quer viver na vida dela e provavelmente quer fazer isso ao seu lado.

- E... – eu perguntei irônica – O fato de termos uma filha não significa que temos que nos casar e viver felizes para sempre. – eu ironizei mais o final da frase.

- Ok... Faça o que você quiser a vida é sua. – ela disse se rendendo – Mas antes de entrar em uma igreja para se casar, tenha muita certeza do que está fazendo. – ela disse se retirando da cozinha com sua raiva evidente.

Eu dei um suspiro pesado. Não queria ter transformado isso em uma discursão.

Olhei a frigideira e o ovo torrando.

http://www.youtube.com/watch?v=HZzS0ER2Qxc

Andei até o fogão apagando devagar o fogo.

 - Droga. – murmurei para mim mesma.

Eu peguei um garfo na bancada e dei uma espata no ovo, o desmanchando e pegando um pedaço.

Eu coloquei o garfo na minha boca.

 Eu mastiguei o pequeno pedaço.

Eu tive um leve pensamento.

Minha mãe estava certa em um ponto.

Eu não conhecia completamente Daniel.

- Mãe! – eu dei um berro da cozinha

- O que? – ela perguntou ainda exaltada.

- Cuide da April por um tempo.

Eu corri até o segundo andar da casa.

Eu me arrumei com presa, pegando as primeiras peças de roupas que eu vi.

Eu desci com a mesma pressa as escadas.

Eu corri até a porta da entrada, abrindo e fechando com força.

Eu andei até o hotel de Daniel, decidida do que eu estava preste a fazer.

Eu entrei no saguão do hotel, fui até a recepção.

- Como posso ajudar? – a atendente perguntou

- Oi, eu sou noiva de do hospede do quarto 320, eu gostaria de subir até o quarto, mas você poderia não avisar?

- Poderia, mas vai ter que responder umas perguntas para eu liberar a entrada.

Eu respondi as três perguntas que ela me fez em relação a Daniel.

Eu fui liberada para subir.

Eu entrei no elevador e apertei o andar.

Assim que cheguei ao andar correspondente, eu comecei a andar pelo longo corredor a procura do quarto.

Quando achei, dei um suspiro antes.

Dei uma leve batida na porta.

Depois de alguns segundos, Daniel abriu a porta.

Ele ficou surpreso com minha presença.

- Algum problema? – ele perguntou com um tom preocupado.

Eu me aproximei dele e ele permaneceu parado esperando a minha resposta.

Eu passei a mão em seu pescoço o beijando.

Eu quebrei o beijo para olha-lo.

- O que... – ele começou a dizer.

- Não fale nada.

Ele ainda tinha o seu rosto surpreso. Mas me obedeceu se calando e eu tornei a beija-lo. Dessa vez ele retribuiu.

Sua mão veio a minha cintura e as minhas permaneceram em seu pescoço.

Ele entendeu o que eu queria.

Continua...