- Chalé de meninas para a direita, e obviamente, o dos meninos é para a esquerda. – Explicava a monitora quando os estudantes chegavam ao local .

- Calma ai, deixe-me ver se entendi. É um chalé para todas as meninas? – Reclamava Elizabeth, como sempre.

- Achou que ia ficar em um hotel cinco estrelas, senhorita? Com chocolate no travesseiro e banho de água quente? – Ironizou a monitora. – Doces é altamente proibido, pois atrai insetos. E banho... Espero que curtam cachoeiras.

- Como assim, espero que curtam cachoeiras? Vou ter que tomar banho em uma cachoeira?! – Era o fim do mundo para a garota mimada. – Quero voltar para a minha casa!

- Não tem jeito. Só se você quiser andar bastante, até chegar a sua casa.

- É só eu voltar com o motorista e... – Ela olhou para trás, mas percebeu que o ônibus já havia partido. – AAAAAAAH!

- É, a patricinha se ferrou. – Caçoou um desconhecido que estava entre os alunos.

- Hunf! – A ruiva pegava sua mala e corria para o chalé, deixando para trás até suas fiéis seguidoras.

- Estou até com pena dela. – Ironizou Anny.

- Anny, durma bem longe dela, okay? – Percy parecia um tanto preocupado com aquela situação. – Não quero que ela encoste nem sequer um dedo em você.

- Percy, você se preocupa demais! – Falava a loira, tentando amenizar a situação. – Ela não vai aprontar nada, okay? Ela só falou aquelas coisas da boca pra fora, até hoje não aconteceu nada com nenhum de nós dois.

- É, talvez você esteja certa. – Ele abaixava a cabeça, não queria que Anny percebe-se que ainda continuava bastante preocupado. – Nos encontramos daqui a pouco, tenho que ir para o chalé.

- Uhum! – Anny pegava sua mala e ia em direção ao chalé, sem se preocupar com a pessoa desagradável que estava lá.

Quando Anny chegou em seu quarto, pôde perceber que havia cinco nomes distribuídos pelas cinco camas. Para a sua sorte, a cama que a pertencia, ficava do lado da janela, o que era bastante agradável de acordo com ela. Odiava qualquer lugar fechado e abafado, e amava a brisa de uma noite fria, o que provavelmente teria naquele acampamento.

Como tinha sido a primeira a chegar no quarto, Anny aproveitou para ver o nome de suas colegas. Infelizmente, nenhuma era de sua sala, parecia que ia ficar sobrando na noite da conversa, o que nunca faltava em um acampamento. Tentou pensar pelo lado positivo, pelo menos não iria dormir às quatro horas da madrugada para acordar seis e meia da manhã.

- Com licença. – Pedia uma garota tímida que entrava no quarto. – Me chamo Luna e acho que estou no mesmo quarto que você.

- Ahh... Seu nome deve estar em alguma dessas camas então. É só procurar que você acha. – Anny estava tentando ser simpática com a garota. – A propósito, me chamo Annabeth.

- Prazer em conhecê-la, Annabeth. – Luna era uma garota com linguagem bastante formal, o que às vezes incomodava as pessoas.

Anny apenas sorriu, achou que isso bastava. Olhava para Luna, analisando-a. O cabelo era preto azulado e bastante curto, lembrava o cabelo de um garoto. A pele, branca como neve, e seus olhos, eram azul. Seu tamanho não era muito normal, deveria ter mais ou menos um metro e cinqüenta de altura. Apesar de tudo, juntando todas as peças, ela se tornava uma garota muito fofa.

- Eu nunca te vi na escola antes...

- Ah. – Luna olhou para Anny. – Entrei faz pouco tempo, e não saio muito da minha sala.

- Está explicado. – A loira andou até a porta. – Acho melhor nos juntarmos com os outros.

- Pode ser. – Luna largava a sua mala em cima da cama onde se encontrava seu nome. – Espero que não esteja fazendo tanto frio...

Anny olhou para a garota de cima a baixo, não entendeu como era possível ela ficar com medo de sentir frio. Sua roupa não deixava nem o pescoço a mostra, e até uma toca ela tinha na cabeça. Resolveu não comentar nada e apenas seguir em direção de onde estava o grupo reunido. 

. Quando chegou, percebeu que Percy ainda não estava lá, e para seu azar, Elizabeth estava e tinha percebido sua presença. A ruiva deu o seu monótono sorriso cínico e começou a comentar com as seguidoras coisas que com certeza não eram boas sobre Anny. Ela ria enquanto falava, o que a incomodou ainda mais, deixando que apenas Luna percebe-se tal coisa.

- Quem é? – Perguntou, curiosa.

- Seriema. – Anny apertava os punhos para se segurar e não ir fazer nada que a prejudicasse.

- Esse é o nome dela? Bem que combina.

- Hun? Não, estava brincando, o nome dela é Elizabeth. – A loira respirou fundo. – Quer uma dica? Não chegue perto deste pesadelo ruivo.

- Não me aproximo deste tipo de pessoas, elas conseguem me incomodar com esse jeitinho... Digamos que histérico.

- Estou sentindo que vou gostar de você!

- Ah... – A garota ficava um pouco vermelha. – E-eu espero que sim.

- Anny! – Percy chegava por trás da garota e a abraçava. – Vê se interpreta direito. – Sussurrou em seu ouvido.

- Sheesh! – Anny olhou para Luna, um pouco sem graça. – Luna, esse é meu a... Namorado, Percy.

- Han... – Luna olhou para o casal, um pouco desconfiada. – Vocês ficam bonitos juntos, mas... N-não parecem namorados.

- Está tão na cara assim? – A garota tentava se soltar, mas Percy não parava de abraçá-la. – Er, peço que não conte para ninguém que é fingimento.

- Mesmo se eu quisesse... Não teria como, não falo com muitas pessoas aqui. – Luna olhou para Percy e abaixou a cabeça, não parecia se dar muito bem com homens.

- Bem, Luna? – Percy começou, tentando explicar a situação. – Tem um babaca dando em cima da Anny, e eu estou sendo o segurança dela!

- Não é bem assim. – Anny continuava tentando se soltar, mas disfarçadamente.

- Então é como?

- Bem... É, é assim. – A garota desistiu de tentar se soltar de Percy e abaixou a cabeça. – Pode me soltar?

- Estou interpretando!

- Interpretando o que? – Falou uma voz familiar que era bem desagradável. – Posso saber?

- Só o que faltava, o que você quer, Elizabeth? – Percy soltou Anny e olhou para a ruiva, com desgosto.

- Dessa vez não é com você, amor. Fiquei sabendo que está namorando a esquisita. – Implicou. – Não sei como consegue.

- Vo... – Começou o garoto, mas logo foi interrompido por Annabeth.

- Ei, seriema. Quer uma dica? – Anny sorria. – Vaza daqui.

- Seriema?! Haha! – Elizabeth olhou para Luna, sabia que implicar com alguém que Anny se importava era melhor do que implicar com ela. – Ah, que bonitinho. Sempre acreditei que esquisitas andavam em bando.

- Sério? – Luna deu um passo para frente, surpreendendo Anny e Percy. – E eu também estava certa, vadias andam sempre com seus semelhantes! – Finalizou, olhando para as seguidoras da ruiva.

- Semelhantes? – Uma das seguidoras perguntava, irritando Elizabeth.

- Cala a boca! Não sei como ando com pessoas burras feito vocês! – Ela olhou para Luna. – Olha aqui, nanica. Se você não quiser ter que dormir de olhos abertos, não mexa comigo.

- Ah, que medinho. – Ironizou, irritando ainda mais Elizabeth.

- Chega! Elizabeth, se você não sair daqui em cinco minutos, eu apago você do meu facebook! – Ameaçou Percy.

- Já fui. – A ruiva saiu andando, como sempre, rebolando. Anny pensava se era possível um dia a bunda dela cair de tanto que rebola.

- Facebook? – Anny olhou para Percy. – Ela caiu NESTA ameaça? Eu entenderia se fosse “eu bloqueio suas chamadas” ou “eu divulgo suas fotos safadas na internet e ainda mando para o email do seu pai”.

- A vida dela, é me vigiar, então... Seria uma tragédia para ela.

- Me desculpa, mas estou meio perdida na história... – Falava Luna, arqueando umas de suas sobrancelhas.

- Ah, eu te explico de noite. Pode ser? – Perguntava Anny.

- Uhum!

- Mas, enfim. Você não parecia ter coragem para enfrentar os outros quando te olhei. Mas vi que estava errado. – Falou o garoto.

- Ah... – Luna apenas abaixou a cabeça, ainda não se sentia a vontade com a presença dele.

- Garotas aqui! – Falava a monitora apontando para o gramado. – Garotos, ali! – Desta vez, ela apontava para o barro.

- Pra que separar as garotas dos garotos? Ia ficar beeeeem melhor se fosse tudo junto, principalmente na hora de dormir. – Como sempre, Luke fazia algum tipo de gracinha.

- Para de reclamar. – Falava Percy, que tinha passado ao seu lado.

- Hunf! – Luke resolveu não responder, decidiu se vingar de todas as coisas mais tarde.

- Cala a boca. – A monitora era curta e grossa. – Se estiver insatisfeito e chateado, te coloco para pescar o jantar para ver se você se acalma.

- Hein?! Nem pescar eu sei! – Reclamou.

- Então, está na hora de aprender, marica.

- Não sabia que uma monitora podia falar desta maneira com a gente! – E continuou reclamando.

- Olha, seja esperto uma vez na vida e cala essa boca, não quero comer nada que venha de você. Posso não acordar no dia seguinte. – Caçoou Percy, fazendo Luke calar-se.

- É o seguinte, tenho que explicar algumas coisas para vocês! – Começou a monitora. – Primeiro, eu não me importo com vocês, só estou aqui para ganhar dinheiro. Segundo, se passarem mal, não me procurem, procure uma professora de vocês. Se eu estiver irritada, é capaz que eu me engane com o veneno de rato. E por último... Se alguém desobedecer alguma regra do acampamento, eu coloco para dormir fora do chalé, não ligo se estiver frio, e é até melhor.

- E quais são as regras? – Perguntou Percy, pois os outros não estavam com coragem de perguntar ou questionar algo.

- Se está planejando passar a perna em mim e nas regras, vou avisando que não gostei muito de você. Bem, é proibido meninos se misturar com meninas depois da hora de dormir, que é dez horas. É proibido tomar banho na cachoeira se nenhum professor estiver presente. É proibido brigar, mas essa eu não ligo muito, querendo, podem se matar. É proibido fumar, beber ou consumir qualquer tipo de droga, só eu posso fumar e beber aqui! E por último, mas não menos importante, é proibido ficar se agarrando em quando eu estiver presente.

- Não entendi a última regra. – Questionou um desconhecido.

- Abraços, carinhos e beijos, tudo que é ligado ao afeto e aquilo que vocês chamam de “amor”, eu tenho nojo.

Depois dessa, ninguém mais ousou a perguntar algo. Anny pensou se ela poderia ser uma psicopata ou coisa do tipo, mas viu que estava enganada, ela só era... Coração de pedra. Sua aparência, não cooperava muito com as coisas, pois não agradava a todos. Ela estava bem acima do peso, seus dentes eram podres, suas pernas lembravam a de um homem, suas mãos eram grossas e suas unhas eram amarelas e rachadas, seus olhos eram enormes e escuros por conta das olheiras, seu cheiro era desagradável, parecia que ela não tomava banho há anos, e por último, mas não o menos importante... Seu bafo. Pensou logo que se estivesse em um desenho, ele seria verde e mataria qualquer planta ou animal que se aproximasse. Distraída, a loira não percebeu que a monitora estava se aproximando, sua sorte foi que Luna a cutucou antes, tirando-a de seus pensamentos.

- Você. Qual seu nome? – Perguntou a monitora.

- Annabeth... – Ela deu um passo para trás, pois sentiu um pouco de medo.

- Annabeth... Você também não me agradou muito, odeio pessoas que vivem no mundo da lua e que são medrosas. – A mulher se aproximou, chegando seu rosto mais e mais perto de Anny. – Eu vou ficar de olho em você, sinto que vai me arrumar muita confusão.

- Hein? Mas eu não falei nada! – Anny havia acabado de cometer um dos maiores erros de sua vida... Questionar aquela monitora.

- NÃO ME RESPONDA! – Gritou.

- Eita porra. – Luna acabou soltando algo que não agradou aquela que estava gritando.

- É proibido falar palavrão aqui, caralho! – A monitora pensou um pouco no que falou e complementou. – Só eu posso, aliás. Ahhh, tanto faz, vocês todos são irritantes, estão dispensados.