Remember escrita por K Valentine


Capítulo 57
A resposta está dentro de você




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[Tom Narrador Mode-On]

Abri os olhos e os esfreguei, para ter certeza que tudo não passou de um sonho. E que sonho! Eu contei para Alicia que estava apaixonado e ela correspondeu! As coisas não podiam ter sido tão perfeitas!

Quando viro-me para o lado, percebo que ela não estava ao meu lado na cama. Levanto-me e vou em direção ao banheiro, afim de encontrá-la.

Nada. Nenhum sinal dela.

Ao voltar para o quarto, noto que nenhum de seus pertences estavam lá e entro em desespero. Eu tenho certeza que não foi um sonho! Nenhum sonho seria tão real assim... O que pode ter acontecido?

Troco de roupa em poucos segundos e desço até o térreo. Preciso encontrá-la. Vou ao restaurante do hotel e nada dela, nem na piscina. Paro e penso no que fazer. Com certeza alguém viu ela sair, não é possível! Decido então ir até a recepção para perguntar. Chegando lá, pergunto para a moça do balcão, que nego ter visto Alicia deixando o local. Retirei minha carteira do bolso para pagar o que devia e sigo para o estacionamento, onde meu carro estava.

O desespero só aumenta. Tento ligar para ela, mas o celular está desligado. Por que será que fez isso? Preciso mais do que nunca achá-la. Não é possível que minha vida vai do céu ao inferno assim, num piscar de olhos! O que eu fiz de errado, meu Deus?

Coloco as mãos nos bolsos para ver se a chave da casa dela está no meio das minhas, pois é para lá que irei. Tento imaginar o porquê disso tudo... Será que fiz algo de errado, ou que ela não tenha gostado? Nada me vem em mente, mesmo lembrando de tudo que aconteceu ontem.

Estaciono o carro, entro no prédio e subo correndo. No meio do caminho, penso que deveria ter perguntado o porteiro se ela estava em casa, mas agora já era. Chego no andar dela, e vou até a porta do apartamento. Toco a campainha e aguardo. Nada. Nenhum sinal dela e nem latidos do Valentim. Começo a estremecer. Toco mais uma vez e sou deixado no vácuo.

Decido entrar.

Não há ninguém no apartamento. Nenhum sinal dela e nem do cachorro. Nada desarrumado ou revirado. Ela não pode ter sumido assim! Não sem antes me dar uma explicação! Tento ligar mais uma vez em seu celular, que permanece desligado.

Puta merda, cara! Desse jeito eu vou enlouquecer! Não vou conseguir revirar Los Angeles até acha-la! Olha o tamanho dessa cidade! Mas também não conseguirei ficar parado sem notícias! A única coisa que me resta agora é voltar para casa.

[Tom Narrador Mode-Off]

***

[Narrador Mode-On]

São nove da manhã. Assim que adentra o portão do condomínio, Tom avista Bill chegando em casa com o café da manhã. Coloca o carro na garagem e entra em casa. Quando o vê, o irmão mais novo arregala os olhos.

— Tom! Você aqui uma hora dessas? – olha no relógio e tenta disfarçar.

— Alicia sumiu, Bill. – diz, sem rodeios.

— O que? – o olha, fingindo estar espantado.

— Eu não consigo achá-la. Fui até sua casa e liguei no seu celular, mas foi em vão. Ela não te ligou, nem nada?

— Não... A última vez que conversamos foi ontem à tarde. - mente. Bill era bom ator.

— Eu não sei o que aconteceu para ela fazer isso comigo!

— Venha, vamos entrar em casa para você me contar isso com calma.

Tom contou tudo que aconteceu na noite passada, desde que a buscou em casa para o jantar. Na visão dele, não havia motivo nenhum para tudo isso estar acontecendo.

— Espera aí... – Bill o corta. – Alicia bebeu ontem?

— Beb... PUTA QUE PARIU! - Passa a mão na cabeça sem acreditar nisso. - ELA NÃO PODIA TER BEBIDO!

— Tom, por que você deixou ela beber? Esqueceu do aviso do médico?

—  Eu e ela esquecemos! Será que foi por isso que ela sumiu? E se tiver perdido a memória?

— Remédios não causam danos colaterais assim! No máximo perda de memória momentânea. – ele diz sem o olhar.

— Bill, ela fez o mesmo que eu fazia com as garotas! Simplesmente depois de tudo, foi embora!

— Você sabe muito bem que ela não é dessas! Na certa, houve algum motivo! Só você que pega e depois vai embora, mulher não é insensível a esse ponto!

— E-eu preciso ficar sozinho... – o gêmeo mais velho sai e sobe até o quarto, onde se tranca.

Bill fica preocupado e com peso na consciência por ter que mentir para o irmão. Sabe que o fato de Alicia ter sumido assim do nada, o afetará bastante e ele ficará mal. Pensou no que ele havia dito e concordou. Querendo ou não, ela deu o troco nele por todas as mulheres que ficou e depois acordaram numa cama vazia.

Tom pensava ser inatingível. Mas esse choque de realidade o fez sentir na pele algo que ele nunca imaginou que iria passar. Ele olhava para o celular, esperando receber alguma ligação, dela, mas nada. Suava frio e ao mesmo tempo uma chama acendia em seu peito. Os batimentos do seu coração eram perceptíveis em qualquer parte do corpo.

— O que estava acontecendo comigo? – ele se perguntava.

***

— Alô? - Gaby atende o celular.

— Gabriella? – diz Alicia, do outro lado da linha.

— Alicia! Você sumiu... Por onde andou? Está tudo bem? – pergunta, andando de um lado para o outro de seu apartamento.

— Você está em casa? - ignora as perguntas.

— Estou sim, por que? Brad vai ficar uns dias fora e eu fiquei para terminar de arrumar as coisas...

A campainha toca e Gabriella vai em direção a porta, para atendê-la. Quando abre, se depara com a amiga, que ao vê-la não consegue conter as lágrimas que segurou desde o aeroporto.

— Meu Deus! – diz espantada. – O que aconteceu, minha amiga? – a abraça e a conduz para o sofá da sala. – Vem, senta aqui e se acalma! Vou pegar um copo d’água pra você.

Alicia permaneceu chorando sem falar uma palavra. Esse era o lugar que ela queria estar. Gabriella sempre lhe trouxe um conforto sem igual, porque era calma, compreensiva e sensata. Tudo que a guitarrista precisava, era de uma pessoa assim ao seu lado nesse momento.

— Aqui está. – lhe entrega o copo.

— Obrigada. – diz, limpando as lágrimas.

— Vamos lá, me diga o que aconteceu. Você está sumida há quase três semanas, não responde direito minhas mensagens, não atende ligações... O que houve para você vir para aqui em New York?

— Uma avalanche de coisas passou por mim nesse tempo em que estive afastada. – ela faz uma pausa e toma um gole da água.

Alicia contou, detalhadamente, sobre todas as coisas que aconteceram em sua vida durante esse tempo. Primeiro, das falcatruas de Bruno para alavancar sua carreira e a da Neon. Gaby ouviu tudo atentamente, pois não sabia de nada. Estava na maior correria por causa da sua mudança com Brad, que só ontem conseguiu terminar tudo. E como a guitarrista sabia disso, preferiu não a encher com seus problemas. Mais um motivo para esse sumiço.

— Meu Deus, Alicia! Eu jamais imaginei que ele fosse capaz de tamanha atrocidade com você! Estou perplexa, não esperava essa atitude nunca! Ainda mais depois de tudo que vocês passaram juntos... Eu sempre achei o Bruno meio esquisito depois que apareceu em Los Angeles do nada, aquele dia, com aquelas ideias de carreira internacional. – comenta. – Mas como eu poderia estar enganada, e de implicância, preferi não comentar nada com você... – ela abaixa a cabeça. - Principalmente depois que decidiu reatar seu namoro...

— A única cega na situação era eu mesmo. – lamenta.

— Mas no seu lugar, devido a tudo que vocês viveram juntos, teria agido da mesma forma... Quando a gente está no meio da situação, não conseguimos enxergar certas coisas com clareza. – ela respira fundo.

— Eu fiquei com tanta raiva, mas tanta raiva dele, sabe... Que agora não sinto nada além de pena. E esse é o pior sentimento do mundo.

— Pode ter certeza que ele colherá cada um desses frutos que plantou. Já dizia o nosso querido Justin Timberlake: “what goes around, comes around!” – ela ri, levando Alicia a fazer o mesmo. – Mas não foi só isso que houve, não é? Essa carinha sua não me engana.

Gaby conhecia sua amiga como a palma da mão.

— Depois disso, eu fui um dia de madrugada para a praça pensar na minha vida... Eu não estava agasalhada o suficiente, passei muito frio e tive um princípio de hipotermia. Fiquei uma semana praticamente dormindo o dia todo, por causa dos remédios. Acordava só para fazer as refeições e tomar banho.

— Você ficou durante essa semana toda sozinha? Por que não me avisou, eu iria correndo pra lá cuidar de você!

— Não...

— Não?

— Tom foi me visitar e viu meu estado... Chamou um médico, que meu deu um diagnóstico e receitou remédios. Desde então esteve cuidando de mim durante os dias...

— Tom, Tom Kaulitz? Você tá brincando! – ela arregala os olhos.

— Estou falando sério. – diz, sem olhar para a amiga.

— Jamais esperei essa atitude vinda dele, sinceramente... Cada dia ele me surpreende mais!

— Ele ficou na minha casa 24 horas por dia, Gabriella.

— Você deixou? – Gaby sabia que Alicia jamais permitiria alguém se incomodar tanto com ela.

— Eu soube disso só depois. Após a minha recuperação, eu quis retribuir de alguma forma tudo que ele havia feito por mim e então ele propôs um jantar.

— Junto com Bill?

— Não, só nós dois. Nós fomos ao meu restaurante preferido, que ele escolheu. Só que...

— E o que?

— Só que acordei no outro dia numa cama de hotel junto com ele... – as lágrimas voltam a aparecer. – E eu não me lembro de nada que aconteceu depois de uma certa hora, Gabriella! Acabei bebendo sem saber que, por causa dos remédios que ainda estavam presentes no meu organismo, o efeito colateral seria essa amnésia...

— Alicia!

— Eu acordei numa cama de hotel com o cara mais galinha da face da terra! Quando o vi do meu lado, dormindo, fiquei tão desesperada por não me lembrar de nada que saí e o deixei lá sozinho.

— Meu Deus do céu amiga... – coloca a mão na boca, perplexa. - Qual é a última coisa que você se recorda?

— De estarmos na praça tomando chocolate quente... Depois disso, nada! Por mais que eu tente, não consigo... – chora.

— E depois que saiu do hotel, pra onde você foi?

— Eu o larguei lá e fui até o Bill... Estava tão confusa que precisava de alguém para conversar e ele era minha única opção. Só que nossa conversa só serviu pra me deixar mais confusa ainda...

— Acha mesmo que o Tom se aproveitou da situação e de você?

— Eu não sei! Bill negou, me disse que ele é apaixonado por mim, Gabriella. Desde a primeira vez que me viu! Que tentou várias vezes me dizer, mas como não conseguiu, foi ao jantar decidido a me contar. Ele até escreveu uma música inspirada em mim...

— Que loucura, Alicia! Você nunca notou nenhuma investida dele nem nada?

— Não... Depois que Bill me contou mais um monte de coisas que aconteceram, eu comecei a enxergar e de certa forma tudo fazia sentido... Mas mesmo assim, estou confusa! Não sei o que esperar de alguém como ele... O andar dele sempre foi tão cafajeste quanto o sorriso... – ela segura a cabeça com os cotovelos apoiados em suas pernas. - Eu não sei o que pensar... Ele sempre me tratou como amiga, só como amiga! Tenho medo que ele me engane como já fez com outras...

— Sinceramente? Eu não acho que o Tom faria uma sacanagem dessas com você, assim como já fez com outras mulheres. Ele te conhece Alicia, sabe que não é qualquer uma! Além do mais, Tom não é o Bruno. Ele não teria a coragem de magoar dessa maneira uma das melhores amigas do irmão.

— Não consigo nem olhar pra ele... Por isso vim para cá.

— Bill sabe que você está aqui?

— Não... Se Tom desconfiar de onde estou, vem até mim na mesma hora. – passa a mão nos cabelos. - Eu preciso tanto lembrar o que aconteceu naquela noite... Acho que metade dessa confusão estaria esclarecida!

— Antes disso, você precisa é olhar para dentro de si e prestar atenção nos seus sentimentos.

— Do que você está falando?

— Aquela sua paixonite da adolescência ainda mora aí dentro?

— Eu não sou mais adolescente, Gabriella.

— Sim, eu sei. Mas tem certeza que não há nem um restinho aí?

— E-eu não sei...

— O que você sente quando está junto dele?

Diferente...

— Isso pra mim tem outro nome! – ela ri. - Se você já gostava dele antes de o conhecer, com toda aquela fama de galinha pegador, imagine agora que o conhece e sabe que as coisas não são mais assim! É que nem sempre a gente sabe. A coisa está ali, ao seu lado, e nem sempre os seus olhos estão bem abertos para enxergar!

Alicia não diz uma palavra.

— Deixa eu te falar uma coisa. – Gaby continua. – Você pode ficar aqui quantos dias precisar. Então agora, reflete sobre tudo o que Bill e eu dissemos, e presta atenção no que o seu coração quer. Clareia sua mente que tenho certeza que lembrará de tudo. A resposta está dentro de você!

[Narrador Mode-Off]


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