Dirigi alguns minutos e finalmente cheguei ao condomínio Green Valle. Avistei o grande e lindo portão que se abriu para que eu pudesse entrar com o carro. Logo veio o porteiro, um cara de mais ou menos 50 anos, com boa aparência e super sorridente.

– Posso ajudá-la? – ele pergunta, gentilmente.

– Meu nome é Alicia Liecht e estou indo à festa na residência dos Kaulitz.

– Deixe me conferir o nome da senhorita na lista... – ele faz uma pausa enquanto procuroa. – Aqui está! – me olha e sorri. - Me desculpe a indiscrição, mas a senhora é namorada de um deles? – ele sorri para mim, com cara de entusiasmo. Que pergunta foi essa?!

– N-não! – gaguejo, o olhando pasma com o que acaba de perguntar. – Sou apenas uma... Uma amiga!

– Ah sim... Perdão mais uma vez. – ele fica pensativo. – A residência deles é a número 483. – ai, que legal!!! – Pode seguir nessa direção que certamente irá encontrar com facilidade! Boa festa.

– Obrigada. – sorrio e logo em seguida dou partida no carro. – Namorada de um deles... Essa foi boa! – digo, rindo sozinha.

Andei devagar, observando o número de todas as casas. Aqui só tem mansão! E o Bill sendo modesto...

Número 580, 267, 650... Enfim aqui está o 483! É uma belíssima e moderna casa, sem muros e também sem um jardim na frente. Nem em filmes se vê uma residência tão bonita que nem essa... Bill e Tom tem muito bom gosto!

Estaciono na porta, que já está cheia de veículos. A festa deve estar lotada, e a ganso aqui vai sobrar. Estou até prevendo!

Por um momento eu quase travei, mas respirei fundo e fui em frente. Minha barriga está como se várias borboletas voassem constantemente. Será que eu volto? Não posso fazer isso.

Levei minha mão trêmula até o interfone e toquei. No mesmo instante, ouvi a voz de Bill.

– Sim? – ele disse em voz alta, porque havia muito barulho.

– Bill, é a Alicia! – respondi.

– Aliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicia! – ele vibra. - Achei que você não vinha mais! Vou aí abrir pra você, espere só um minuto! – ele desliga o interfone.

Estou suando frio e minhas mãos estão geladas. Tomara que ele não perceba todo o meu nervosismo.

Um portão lateral se abre e Bill aparece todo sorridente, com uma roupa preta incrivelmente linda. Eu gostei muito depois que ele pintou o cabelo de loiro, achei que ficou maravilhoso. Mas também, tem jeito desse homem ficar feio?! Convenhamos que não!

Ele me deu um longo abraço e eu pude sentir seu perfume, que era muito gostoso e hipnotizante.

– Vamos! – Bill pega em minha mão e andamos por um corredor lateral fora da casa até a parte de trás, onde há uma área gramada com uma iluminação lindíssima e uma enorme piscina.

– Alicia! – diz Tom ao nos avistar e vem andando em nossa direção. Georg está junto dele. – Sinta-se em casa! – me cumprimenta com dois beijos no rosto. Também consigo sentir o seu perfume que é tão bom quando o de Bill.

– Oi, Alicia! Como vai? – Georg também me cumprimenta sorridente.

– Tudo bem , Gerog e você? – o abraço.

– Você vai querer beber o que? – pergunta Bill. – Temos vinho, champagne, vodka, rum, cerveja, refrigerante... – ele conta nos dedos as opções.

– Hmm, eu prefiro começar refrigerante... Os outros não me fazem um efeito muito bom. – umedeço os lábios.

– Por que? – Georg pergunta.

– Digamos que eles me dão amnésia. – rio de nervoso.

– Sério? Mas pelo menos um pouquinho de champagne você pode beber! Vou pegar pra você. – Tom anda até o bar onde estão os drinks e volta com uma taça na mão.

– Ok, só uma taça. – digo assim que ele me entrega a bebida.

– Venha Alícia, quero te apresentar à nossa equipe... – Bill me puxa. - Nem todos estavam no camarim do VMA.

[Narrador Mode-On]

Bill apresentou a guitarrista a todos que estavam presentes na festa, o que a fez ficar com muita vergonha. Perto dos ídolos, ela ainda se sentia a anônima de três anos atrás mesmo já sendo como eles no mundo da música.

No local só estavam membros da equipe e muitos, elogiaram Alicia e a performance de sua banda no VMA, fazendo-a ficar lisonjeada e um pouco mais calma. Junto deles, estava Andreas, o melhor amigo dos gêmeos. Ao vê-la ele ficou completamente maravilhado, porque já a tinha visto em alguns outdoors de uma marca famosa de roupas da Europa e ficara encantado com sua beleza. Ele nem fazia idéia da sua real profissão e muito menos de que Bill e Tom a conheciam. Acontece, que a Sweet Poison ainda não era tão famosa em toda a Europa como na América, apenas em alguns países específicos.

– Por que vocês não me contaram que conheciam essa modelo? – Andreas pergunta a Gustav, antes de Bill chegar até ele para apresentar Alicia.

– Quem, a Alicia? – Gustav olha para Andreas, que está sentado ao seu lado – Ela não é modelo! É guitarrista de uma banda de rock feminina chamada Sweet Poison. – inclina-se para frente.

– Sério? E onde vocês a conheceram? – pergunta, interessado.

– Domingo, no VMA. Ela anunciou um show com o Tom. – conta o baterista.

Andreas não pôde comparecer à premiação, pois estava ocupado trabalhando numa espécie de aplicativo dos gêmeos. Ele estava em New York até então, quando veio a L.A. para voltar à Alemanha junto com a equipe.

– E ele está pegando ela? – Andreas pergunta em voz baixa, ao ver que Bill e Alicia estão se aproximando.

– Que eu saiba, não. – responde Gustav.

– Ele eu conheço! – diz Alicia, apontando para Andreas. – É o melhor amigo de você e do Tom e o fundador do fã clube oficial do Tokio Hotel, acertei?

– Você acertou! – diz Bill sorrindo. – Ela é fã da banda, Andreas!

– Alicia Liecht, muito prazer! – ela o cumprimenta.

– Como vai Alicia! – ele pega em sua mão e a puxa, dando dois beijos no rosto.

– Bom, vou deixar vocês aí conversando e já volto. – Bill vira-se e sai.

Alicia se sentou-se na mesa em que Andreas e Gustav estavam. Na mesma hora, ele já começou a conversar com a moça, dizendo que a viu em outdoors na Alemanha. O baterista, do lado deles só ouvia o papo do amigo e ria discretamente. Depois de um tempo, se levantou para pegar uma bebida, deixando os dois sozinhos.

Ao chegar ao bar, Georg também estava lá.

– Não sei, mas para mim o Andreas está apaixonado com a Alicia. – comenta com o baixista. – Olha só o entusiasmo dele conversando com ela! – os dois olham e logo em seguida começam a rir. – Você tinha que estar lá pra contar comigo quantas indiretas ele jogou!

– Bill, vem cá ver uma coisa! – Georg o chama o vocalista, que estava vindo.

– Se for sobre o que eu estou pensando, sim eu já vi. – diz, olhando para o lado da mesa onde está Alicia e o amigo com uma cara não muito boa.

Ele não gostou nem um pouco do que viu.

– Não devia ter deixado ela lá. – Bill continua. - Tom, venha aqui. – ele vai até o irmão que estava conversando com Jost e puxa-o para o lado. – Olha lá, o Andreas só pode estar ficando louco! – Tom vira-se para olhar e também não gosta do que vê.

– Como assim! Ela namora! – franze a testa. – Temos que tirá-la de lá.

– Vai lá e chame-a para mostrar a casa. – ele faz uma pausa. - Mas é a casa e não o seu quarto!

– Deixe comigo! – Tom ri, debochado.

– Se você agarrá-la, ela nunca mais vai querer voltar aqui! E se isso acontecer, eu te mato! – Bill dá um soco de leve no ombro do irmão.

– Não se preocupe! Eu não vou fazer nada que ela não queira... – ele sai antes do irmão pronunciar qualquer xingamento.

Ele anda até a moça e quando chega à mesa, inventa uma desculpa dizendo que foi mal educado e nem a convidou para ver a casa por dentro. Ela se levanta e pede licença educadamente para Andreas, que faz uma cara ruim para o amigo. Na mesma hora os dois saem e vão em direção à casa. Vendo isso, Bill se aproxima do amigo com uma cara de bravo.

– Você está ficando maluco? Ela namora! – adverte.

– Opa, calma aí! Eu nem sabia! – tenta se explicar.

Enquanto isso, Tom entra com Alicia e vai mostrando tudo, a sala, a cozinha, a sala de jogos e o pequeno estúdio. Ela ficou maravilhada com a beleza dos cômodos e achava graça toda vez que Tom tentava fazia uma piadinha, o que a deixou um pouco menos nervosa.

Depois de ser apresentada à todas as partes do primeiro andar, eles subiram as escadas e foram conferir os quartos e o escritório. O quarto de Bill era enorme, com uma gigantesca cama de casal e um closet de dar inveja em qualquer um. Já o de Tom, era parecido, mas com uma decoração super diferenciada e mais dentro de seu estilo. Tinha um enorme armário onde ficavam seus inúmeros pares de tênis. Haviam mais quatro dormitórios, que Gustav, Georg e Natalie ficavam quando vinham a L.A.

– Adorei tudo, Tom! Você e Bill têm muito bom gosto, a casa é lindíssima! – exclama a guitarrista.

– Que nada... Nós só tentamos deixar do nosso jeito. Mas muito obrigado, fico feliz que você tenha gostado! – Tom a olha e sorri.

Os dois desceram as escadas.

– Jamais pensei que um dia poderia conhecer a casa de duas das pessoas que eu mais admiro... - confessa ela, envergonhada. Eles andam até o meio da sala. - Eu fico até emocionada porque...

Antes de conseguir terminar a frase, o telefone de Alicia toca.

Ela olha no identificador do celular e o nome que estava escrito era o de Bruno. Quando percebe que é o namorado, sua vontade era de jogar o celular bem longe, mas não podia fazer isso.

– É alguma emergência? – Tom pergunta, preocupado ao ver a expressão aflita de Alicia.

– Não... - ela faz uma pausa. - É só meu namorado... – diz murcha. – Desculpa, Tom. Com licença. – ela dá dois passos para o lado.

– Claro, fique à vontade. – ele força um curto sorriso vai para a cozinha.

– Alô? – ela atende o celular em português.

A esperança de Tom era que conseguisse ouvir a conversa da cozinha, o que realmente dava, mas foi em vão, já que ele não entendia nada de português.

Alicia já estava há alguns minutos conversando com Bruno, o que estava deixando o guitarrista morto de curiosidade, até que Georg apareceu.

– O que você faz aí? Cadê a Alicia? Bill está lá fora preocupado, achando que você a agarrou! – ele pergunta em alemão, olhando para a sala. Geralmente quando sozinhos, os meninos conversam em sua língua nativa.

– Eu não agarrei ninguém! Ela está no celular com o namorado. – diz com raiva. – E o pior é que eu não consigo entender nada do que eles falam... Por que esse marrento tinha que ligar no meio da festa? – solta o ar com força.

– Até agora eu não tinha percebido, mas você e o Bill estão morrendo de ciúmes da Alicia, não é? – Georg debocha.

– Ciúmes? Claro que não! Que idéia mais absurda, cara... – Tom faz careta. – Eu só não gosto desse namorado dela.

– Mas como você não gosta dele se nem ao menos o conhece? – Georg o olha estranho.

– Conheço sim! Eu vi uma foto dele e não fui com a cara do sujeito. Nem o Bill gostou dele. – cruza os braços. – Depois eu vou te mostrar e aposto que você vai me dar razão.

– Está vendo?! Vocês dois estão com ciúmes sim, está estampado na testa de cada um! – Georg insiste, rindo.

– Mano, não viaja! – Tom olha para a sala, conferindo se Alicia já tinha desligado. Percebendo que não, ele vai em direção a sala e faz sinal para ela, dizendo que está lá fora. Ela faz um sinal de positivo e volta a conversar com Bruno.

Ele retorna à cozinha e chama Georg para voltarem à festa. Chegando lá, Bill pergunta onde está a moça e Tom conta fazendo careta.

Depois de mais ou menos dez minutos, Alicia volta.

– Por favor, me desculpem pelo sumiço! – ela diz, chateada. – Bom, mas e agora quem é que vai fazer um drink para mim? – ela desconversa. – Estou morrendo de sede!

– Olha, eu faço um de melancia que é uma delícia! – Gustav chega.

– É verdade Alicia! – exclama Georg.

– Hmm, eu quero experimentar! – ela sorri.

– Então vamos! – eles saem em direção ao bar.

[Narrador Mode-Off]