The Squitcher escrita por vikthorcosta


Capítulo 10
10 - Nostalgia


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos que acompanham o The Squitcher até o décimo capítulo! Não deixem de postar review, senão eu me suicido! :P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/130424/chapter/10

            Pedro e Dalila entraram no Tribunal de Justiça exatamente às 14:37. Eles se dirigiram até a sala indicada e tomaram os últimos lugares.

            A sala de palestras era enorme, mas os engravatados ali presentes não chegavam a ocupar todos os lugares, havia ali cerca de trinta pessoas numa sala para quase oitenta pessoas.

            A garota magricela de cabelos castanhos que se escondia atrás de seus óculos fundo de garrafa discursava efusivamente diante de todos. Ela sabia todos as linhas e parágrafos das legislações que citava e falava com plena confiança no que dizia. Era difícil acreditar que aquela garota ainda estava no terceiro período de direito.

            - Preste atenção em tudo o que ela fala e depois me diga se há algo importante! – Disse Dalila ligando seu notebook.

            - E o que você vai fazer? – Perguntou Pedro.

            Dalila conectou seu modem, ligou os fones de ouvido e abriu o Media Player.

            - Nós precisamos saber sobre o que falar com ela. – Disse Dalila – Meu plano é pesquisar alguma coisa sobre legislação para puxar assunto! Quer ouvir música?

            - Er... Acho que não faz mal...

            Dalila ajustou os fones de ouvido para o modo “Mono” e depois de um dos lados para Pedro.

            Ele sentiu nostalgia quando ouviu os quatro acordes de guitarra distorcida que em seguida se fundiam com o baixo e a bateria e seguiam por mais alguns tempos até uma quebra, mais algum tempo e o vocalista começava a cantar o hit:

            Load up guns and bring yours friends

            It’s fun to lose and to pretend

            She’s over bored and self assured

            Oh no I know a dirty word…

            Pedro não conseguiu deixar de cantar, Dalila se surpreendeu:

            - Não sabia que gostava de Nirvana!

            - Eu ouvia quando eu era mais novo... Meu irmão mais velho tinha todos os discos e eu ouvia, mas isso foi a muito tempo... Hoje em dia eu não ouço mais tanta música...

            Dalila riu e depois voltou a sua pesquisa. Pedro sentiu-se dividido entre prestar atenção à Raíssa Xavier ou mergulhar de vez em sua nostalgia.

            - “With the lights out, it less dangerous...”– Cantarolava Pedro em um tom baixo a letra deSmells Like Teen Spirit“Here we are now, entertain us…”

            …

            A palestra terminou às 15:16. Os espectadores se levantaram e lentamente abandonaram a sala, deixando Pedro e Dalila a sós com Raíssa, que organizava seus papéis em suas respectivas pastas.

            Os dois calouros foram se aproximando lentamente, atravessando o longo salão de palestras que parecia ser duas vezes maior agora.

            - Com licença... – Disse Dalila.

            - Pois não? – Respondeu Raíssa sem olhar para eles.

            - Er... Nós viemos falar com você sobre o que acha sobre a falta de legislação no Brasil em relação à internet...

            - Mas como assim? A palestra foi exatamente sobre isso! – Disse Raíssa ainda sem olhar para eles – Vocês não prestaram atenção?

            Dalila ficou sem palavras, mas Pedro redarguiu:

            - Não! A palestra foi sobre a história e aperfeiçoamento da Constituição Brasileira!

            - Pensei que estivesse ouvindo música durante a palestra, calouro...

            Raíssa finalmente olhou para eles. Não era mais a mesma garota que palestrava alguns minutos antes, agora seus olhos fundos tinham as olheiras ressaltadas pelo zoom das lentes dos óculos grossos. Ela tinha um olhar misto de deboche e nojo.

            Aquela súbita transformação deixara Dalila e Pedro paralisados por um instante. Raíssa Xavier poderia não ser o The Pointer, mas certamente era uma garota maligna.

            - Como sabe que eu sou calouro? – Perguntou Pedro.

            - O rosto de vocês dois me é familiar, tenho certeza que são da mesma faculdade que eu, mas não são veteranos, senão eu saberia seus nomes... – Disse Raíssa – E Melanie Huxley deve ter mandado vocês aqui!

            Pedro e Dalila estavam mais surpresos ainda, como Raíssa poderia saber sobre eles, e sobre Melanie?

            - M-Mas... Co-como? – Gaguejou Dalila.

            - Vocês só podem ter vindo aqui por uma razão: Os meus comentários a favor do The Pointer! – Disse Raíssa, falando com um tom superior – Melanie Huxley, a dona do blog Melanina começou uma guerra contra o Finger Point, cedo ou tarde ela viria até mim, ou mandaria outras pessoas para me interrogar...

            Raíssa esboçou um sorriso psicopata exibindo seu aparelho dentário e um silêncio dominou a sala novamente, o clima de tensão crescendo.

            - Se vocês vieram me interrogar, é melhor fazerem isso logo em vez de ficar dando voltas! – Disse Raíssa – Meu tempo é precioso, sabe?

            - Nós suspeitamos que você seja o The Pointer! – Disse Dalila.

            - É uma suspeita lógica. – Disse Raíssa – Mas eu não sou, e mesmo que eu fosse, também diria a mesma coisa.

            - Você mostrou publicamente que é a favor do Finger Point! – Disse Pedro – Não teve medo de que te ligassem diretamente ao The Pointer?

            - Eu sabia que isso iria acontecer! – Disse Raíssa – E não tenho medo que me relacionem a ele, porque eu não o sou e nem o conheço, embora eu considerasse um prazer conhece-lo!

            - É estranho uma garota tão ligada às leis e à justiça apoiar um blog que fique difamando os alunos! – Disse Pedro – Isso é errado! Por que faz isso?

            - Justiça? – Exclamou Raíssa – O que é justiça? É seguir um monte de regras escritas por velhos anos antes de nascermos? Obedecer às regras cegamente sem contestá-las para saber se estão certas ou erradas? Se vocês pensam que eu sou uma espécie de amante da legislação, estão errados! Eu sei toda a Constituição, Normas Regulamentadores e ISOs não para segui-las, mas para encontrar as falhas e erros nelas para usá-las ao meu favor!

            A voz de Raíssa ecoava pela sala enorme. Pedro e Dalila ouviam a loucura em suas palavras.

            - A mesma constituição que foi feita para a justiça é utilizada para prender inocentes e desfavorecer os mais fracos! – Disse Raíssa – Desde pequena eu sofri bullying nas escolas em que estudava por ser magra e ter esses óculos e aparelhos dentários! Se eu revidasse batendo nas meninas, seria repreendida, como já aconteceu uma vez... Onde está a justiça?

            Um clarão veio na mente de Pedro, ele já havia estudado com Raíssa uma vez.

            - Você é a Raíssa Palito! – Exclamou Pedro.

            - Por causa desse apelido infame eu derrubei uma garota e fui transferida de escola, por sorte eu fui vingada na época... E agora há uma pessoa fazendo isso de novo! Todas as pessoas que já fizeram bullying comigo na faculdade foram difamadas no Finger Point, além de outras mais que também mereciam!

            - Mas você também foi difamada pelo Finger Point! – Disse Dalila.

            - Eu sei! Mas ninguém é perfeito, não é? – Disse Raíssa – Tudo o que ele disse foi sobre minha aparência e hábitos solitários! Eu não tenho nada a esconder de ninguém! Nenhum segredo, nenhuma irregularidade! Nada!

            - Então você é realmente a favor do Finger Point? – Perguntou Dalila.

            - Eu não tenho nada a esconder dele, então não tenho por que o temer... – Disse Raíssa – O que ele está fazendo não me prejudica, e ainda faz com que as pessoas da faculdade parem de fazer seus pecados! Ele está transformando a faculdade num lugar melhor! Então eu não tenho medo de dizer: Eu sou a favor do Finger Point!

            O celular de Raíssa tocou, era o despertador alertando-a de um compromisso importante. Ela guardou-o e disse:

            - Foi realmente interessante conversar com vocês! Eu aguardo mais interrogatórios, mas da próxima vez eu peço que marquem um horário primeiro! Qualquer coisa, aqui está meu número...

            Da mochila ela puxou um cartão e entregou-o à Dalila, indo embora logo depois, sem dar nenhuma satisfação.

            - Consultoria Jurídica? – Exclamou Dalila ao ler o cartão – Que tosco!

            - Acho que ela tem um ego muito grande...

            - Eu continuo achando que ela pode ser o The Pointer, na verdade, as porcentagens de suspeitas dela acabaram de aumentar... – Disse Dalila – Bem, vamos voltar pra faculdade?

            - É, né? – Disse Pedro – Fazer o quê?

            Hoje foi um dia bastante nostálgico para Pedro. Na verdade a maneira como aqueles fatos se encaixavam assustavam-no bastante.

            Há oito anos atrás, quando o The Squitcher fora criado, Pedro o fizera não com o propósito de ficar famoso, mas com o objetivo de parar com as ondas de bullying que aconteciam em sua escola.

            A primeira pessoa que fora vingada pelo The Squitcher fora Raíssa Xavier. Por acaso do destino eles se encontraram novamente, oito anos depois, embora agora eles tenham objetivos opostos... Pura convenção do destino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que leram mais esse capítulo chato até o fim!
Quanto à surpresa que eu havia dito, é um idéia que surgiu há pouco tempo e que eu tive preguiça de colocá-la em prática, mas aqui está:

http://www.fanfiction.com.br/historia/137051/The_Squitcher_-_In_Bloom

Essa fic (ou começo de fic) conta a história do passado de Pedro e da origem do The Squitcher. Esse é só o primeiro capítulo, talvez eu continue por aqui quando acabar de fazer o "The Squitcher". Enjoy.