DESERT PALMS. NOITE.

SS: Acho melhor você não entrar... Ela precisa descansar.

BS: Não ligo. Nós brigamos. É minha culpa. Tudo o que aconteceu com ela é minha culpa. – Ele abriu a porta, mas parou ao ver que ela não estava sozinha.

MS: O que está fazendo aqui ? – Seu sorriso desmanchou quando o viu entrar.

BS: Eu vim conversar...

MS: Nós não temos nada para conversar. Você já disse tudo que queria.

BS: Por favor, Maddy... – Não passava de um sussurro, mas qualquer um ali podia saber o que ele sentia.

EO: Eu posso sair... – Ele disse já se levantando.

MS: Não ! – Maddy disse ao mesmo tempo em que Brian dizia “Seria bom.”. Eduardo se despediu de Maddy e saiu. A verdade é que ela não queria ficar sozinha com Brian. Ela tinha medo.

BS: Só... só me escute. Por favor. – Ela respirou fundo e o olhou. – Eu não queria ter dito o que eu disse. – Ela bufou. – Sério, Maddy, você não tinha nada a ver com aquilo eu... eu deveria saber que prometera não contar. – Ela ouvia com atenção o que ele dizia, mas fingia nem ligar. – Eu estava assustado, bravo e... naquele momento, eu não sei... minha cabeça não estava funcionando direito.

MS: E você simplesmente resolveu dizer que não confia em mim ?! – Ela se aproximou mais dele, assim como ele se aproximou mais dela. Era uma situação perigosa para Maddy e a respiração dele em seu rosto não ajudava. – Brian... – Foi a única coisa que ela conseguiu sussurrar. Ele apenas se aproximou e a beijou. Seus lábios se tocavam com calma e isso fez Maddy se lembrar do primeiro beijo entre eles. “Não se pode combater fogo com fogo”, ele dissera. De fato, eles são muito parecidos. Mesmo assim...

Dentro de Maddy ocorria um conflito. Uma parte dela, a que gostava de Brian, dizia para ela esquecer tudo. A outra, a que agora o odiava, dizia para ela nunca perdoá-lo.

Claro que ela optou pela segunda parte.

MS: Para, Brian. – Ele se afastou, confuso. – Você queria que eu ouvisse, eu ouvi. Agora, fora !

BS: Mas Maddy...

MS: Fora ! Agora, Brian ! – Ela disse entre dentes. Era o que sempre fazia quando queria chorar, mas não podia. Ela sabia que ele a conhecia o suficiente para saber disso. Mas ela o conhecia o suficiente para saber que, quando ele tinha uma coisa na cabeça, não ligava para os detalhes. Ele não perceberia.

BS: Certo... – Ele foi em direção à porta e saiu.

DIA SEGUINTE. MANHÃ.

MS: Eu sei que você prometeu pra Mel ajudar nos preparativos do casamento. Que por sinal, já está chegando... – Ela parou de falar por um momento, pensando em algo, mas logo recomeçou. – Pouco me importa se eu estou no hospital ou não. Você prometeu, você cumpre. – Sara revirou os olhos. Por que Maddy tinha que ser tão teimosa ? Ela sabia porquê, mas não gostava de admitir.

SS: Certo, filha. Quer que eu peça a alguém pra ficar aqui com você ?

MS: Claro que não. Eu gosto de ficar sozinha, se você não se lembra. – Maddy ergueu uma das sobrancelhas.

SS: Tudo bem, então... – Sara disse depois de pensar um pouco. – Qualquer coisa... Você sabe pra que serve esse botão. – Maddy revirou os olhos, mas sorriu para a mãe que agora saía, preocupada, pela porta.

Maddy tentou se concentrar em seu livro, tentou ver televisão, mas não conseguia. Havia algo a incomodando e ela sabia muito bem o que era. Brian. Suspirou e fechou os olhos. O casamento estava chegando e Maddy fizera de tudo para sentar à mesma mesa que ele. Ótimo. Algum tempo se passou com Maddy pensando no casamento, até que ela ouviu a porta se abrir.

MP: Eu soube do seu... acidente. – Ele sorria, descarado.

MS: O que você está fazendo aqui ? – Parece que aquele havia virado a pergunta do mês para Maddy.

MP: Eu vim te ver, docinho. – Maddy revirou os olhos. Ela conseguira mudar um pouco esse jeito cínico de Brian, mesmo que ele ainda agisse assim às vezes, mas Matthew era uma missão impossível.

MS: Como soube ? – Ele agora se aproximara e sentara na cadeira ao lado da cama. A mesma que, minutos atrás, foi ocupada por Sara.

MP: Minha mãe consegue tirar tudo do meu pai. Mesmo que eles não sejam mais casados.

MS: Ele é noivo da Mel agora.

MP: Pouco importa. Ele ainda não consegue resistir à Lacey Paige. – Ela revirou os olhos. Esse comportamento só fazia Maddy se lembrar do antigo Brian.

MS: Como conseguiu entrar ? – Ela ainda tentava entender o que Lacey fizera para que Greg a dissesse tudo o que disse. Ela só esperava que não fosse nada que fizesse Greg e Mel brigarem. Eles, sim, eram perfeitos um para o outro.

MP: Não que fosse necessário, já que a segurança daqui é uma porcaria, mas é bom que eu seja idêntico ao idiota do Brian. Pelo menos desta vez.

MS: Matthew. – Ele olhou pra ela. – Sai daqui. Agora. – Ele riu, mas apenas se aproximou. Ela sabia o que ele ia fazer.

Como antes, havia um conflito dentro dela. A parte que amava Brian dizia pra que ela não continuasse, que o impedisse. A outra parte, a que o odiava, dizia pra que ela continuasse, fosse em frente e esquecesse tudo o que um dia acontecera entre eles.

Mais uma vez, optou pela segunda parte.

Ela o puxou pela camisa e o beijou. Diferente. Essa era a palavra que descrevia o beijo de Matthew. Não que ele beijasse mal, mas comparando ao Brian era... Comparando ao Brian era completa e absurdamente diferente. Ousado. Poderia ser outra palavra que o descrevia.

Brian tinha um jeito mais... “certinho” de beijá-la. A não ser quando estavam sozinhos, nesse caso o beijo dos gêmeos era muito parecido. Mas ela não queria comparar, porque sabia que comparando estaria provando que ainda pensa em Brian. E essa era a última coisa que ela queria. Resolveu desligar a mente e apenas se entregar ao momento. Veria o que faria em relação a tudo isso depois.

CENTRO COMERCIAL DE VEGAS. UMA DA TARDE.

SS: Eu não sei, Mel... – Elas já tinham comprado tudo o que precisavam, e até algumas coisas a mais, e agora almoçavam. – Ela continua meio distante. E eu não acho que seja por causa do seqüestro.

MT: Você quer dizer... Brian ? – Sara assentiu. – Eu soube do que aconteceu. É uma pena, eles se davam tão bem... Mas você vai ver, vai dar tudo certo. Daqui a pouco, aposto que antes mesmo do casamento, Maddy vai chegar pra você e dizer que ela e Brian estão juntos de novo. – Sara sorriu. Melinda sempre fora otimista.

SS: Você sempre foi otimista...

MT: Você sabe que eu sempre fui assim. Agora ando um pouco mais, por causa dessa história de casamento. Sabe, eu acho que finalmente as coisas estão dando certo pra mim. – Sara sorriu.

SS: Você e o Greg têm tudo para dar certo. – Elas sorriram e continuaram a comer.

MT: Eu só tenho medo de que a Lacey faça algo pra estragar tudo. Pelo pouco que Greg me contou, eu pude perceber que para ela nada é impossível quando se trata de ter o que quer. E o que ela quer no momento ? Greg.

SS: Ela não vai fazer nada disso. Certo que a Lacey é meio impulsiva às vezes, mas acho que bem, bem no fundo ela tem uma consciência que a impeça de fazer certas coisas.

MT: Só espero que você esteja certa. – Ela suspirou e continuou a comer.

SS: Ei... Eu achava que você andava mais otimista que o normal. – Sara sorriu e Melinda deu de ombros.

MT: Não é pessimismo, Sar. É preocupação. É a pressão do casamento.

SS: Não se preocupe, eu vou estar lá. Greg, seu noivo – ela destacou as duas palavras e Melinda sorriu –, vai estar lá. As meninas vão estar lá. Brian vai estar lá. Catherine vai estar lá. Lindsay e Nate vão estar lá. Warrick vai estar lá. Nick vai estar lá... Quer que eu diga o nome de todos os convidados ? – Melinda riu e disse que não precisava. Quando começou a sair com Greg, começou a se aproximar de todos do Laboratório. Como seus pais haviam morrido, eles eram sua família agora. Fora eles, apenas os pais de Greg e os amigos da faculdade. Não seria uma grande festa, ao contrário do que Greg queria, seria apenas o suficiente.

SEGUNDA-FEIRA. ESCOLA.

Narração : Maddy.

Andava meio desligada. Antes, fazia de tudo para saber das investigações mais recentes. Agora, a única coisa que eu sabia era que tudo o que o Laboratório precisava do colégio já havia sido coletado e nós podíamos voltar às aulas. Eu sabia o motivo disso tudo... Brian Sanders.

Eu tinha que esquecê-lo. Talvez fosse por isso que eu tinha saído quase o fim de semana todo com o Matthew. Isso não era bom, eles eram idênticos ! Matthew me lembrava o Brian cínico e metido. Eu adorava esse Brian, mas ele só aparecia quando estávamos sozinhos ou quando estávamos apenas nós quatro: Eu, ele, Carol e Nate. Quando... Se... Se algum dia nós voltarmos a namorar, eu tenho que dar um jeito de trazer o antigo Brian de volta. Não que eu não gostasse do novo Brian, mas o antigo combinava muito mais comigo.

MP: Gatinha... – Parecia que eu tinha acordado de um transe. Por um instante queria que nada tivesse acontecido, queria que aquele rosto à minha frente fosse do Brian e não do Matthew.

MS: Hum ?

MP: Quando a professora chegar, diz que eu já volto. – Eu apenas assenti e o segui com os olhos. Era algo que eu não devia ter feito, pois no momento que Matthew saía Brian entrava e os dois se esbarraram. A última coisa que eu queria era uma briga. Se os dois já se odiavam antes, agora ficaria pior. Mas, para minha surpresa, Brian passou direto e se sentou ao lado da Melanie. Certo, isso é estranho.

Continuei a observar, mas me arrependi. Ele passou o braço por seus ombros e a beijou. Eu apenas respirei fundo, cerrei os dentes e tentei me concentrar em algo que não fossem eles dois. Parece que o antigo Brian estava de volta, mais descarado do que nunca. Ele sabia que eu estava olhando, sabia como eu ficaria.

No momento que eu olhei para a porta, Matthew entrou e atrás dele a professora. Por pouco, eu teria que inventar uma desculpa qualquer até que ele voltasse.

P: Muito bem, eu li todas as redações que vocês escreveram. Escolhi a melhor da turma. Madeleine... Poderia vir aqui na frente e lê-la para a turma, por favor ?

Ainda surpresa, me levantei e fui em direção à frente da sala. Peguei o papel de suas mãos e comecei a ler: