The Soul escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 17
Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Mais um capítulo repostado!
(:
Espero que gostem, esse está mesmo especial e essencial para a continuidade da história, como diz o própria titulo, Descoberta, que irá mudar a vida do nosso jovem casal.

Aviso: Capítulo contém cenas com teor sexual. Mas cada um sabe o que lê, certo? =D

Música do capítulo:
Better Together_Jack Johnson

Não há uma combinação de palavras que eu poderia por no verso de um cartão postal
E nenhuma música que eu poderia cantar, mas eu posso tentar pelo seu coração
E nossos sonhos, e eles são feitos de coisas reais
Como uma caixa de sapatos com adoráveis fotos em sépia
O amor é a resposta ao menos para maioria das perguntas no meu coração
Como por que estamos aqui? E aonde nós vamos? E por que é tão difícil?
Nem sempre é fácil e às vezes a vida pode ser decepcionante.
Vou te dizer uma coisa, é sempre melhor quando estamos juntos.

http://letras.mus.br/jack-johnson/122710/traducao.html



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POV. Peg:

Tudo seguia bem e as semanas voaram.

Os trabalhos de expansão das Cavernas finalmente iriam começar em alguns dias. E eu voltei a dar as minhas aulas sobre os mundos em que vivi, que se tornaram cada vez mais cheias de conteúdo, enchendo a cozinha de alunos curiosos e ávidos para aprender.

As noites de amor e carinho se intensificavam entre mim e Ian. Eu adormecia quase todas as noites em seus braços. Sentia-me cada vez mais amada a cada dia que passava ao seu lado. Completa, eu ousaria dizer.

Porém, muitas vezes essa felicidade que mal cabia em meu peito me fazia temer. Temer que algo me fosse tirado em troca. Mas eu tentava deixar esses sentimentos o mais longe possível, eu realmente não precisava deles. Tinha coisas mais importantes para me preocupar.

Benji, meu lindo sobrinho, crescia forte e saudável, e cada dia mais esperto, nos presenteando com sua gostosa gargalhada e seu sorriso desdentado a cada manhã. Depois de seu nascimento, as tarefas redobraram para eu e Ian, que nos oferecemos prontamente, assim como Kyle e Sunny, para ajudarmos os novos pais de primeira viagem.

E eles estavam se saindo muito bem com seu pequeno príncipe. Eu gostava de observar quando Melanie amamentava Benji. Era lindo de se ver. A troca mútua de amor e carinho, um laço tão forte, que era quase inexplicável. Eu consegui ver o amor nos olhos de ambos. Benji fitava a mãe com tamanha admiração que fazia meu peito inchar.

Com um novo bebê a bordo, uma nova Incursão se fez necessária. Fraldas, roupinhas, lenços umedecidos e papinhas eram alguns dos itens indispensáveis que não faltariam em nossa lista. E nós quatro, eu, Ian, Sunny e Kyle fomos incumbidos por Jeb para a tarefa.

A cidade de Salt Like City fora à escolhida dessa vez. Era uma noite extremamente quente, estávamos todos completamente exaustos e sonolentos. Sunny e eu havíamos andado o dia inteiro por lojas e mais lojas de bebês para comprar tudo o que Benji pudesse precisar. Para a atendente da loja, uma Alma do Planeta das Névoas, falamos que todas as compras eram para nosso pequeno sobrinho.

– Você parece cansada.

Ian disse me fitando assim que voltamos para o caminhão, cheias de sacolas nas mãos. Eu assenti, bocejando longamente.

– Acho que um Hotel não seria nada mal por hoje. O que acha Peg?

Perguntou Sunny, que já estava completamente escondida nos braços fortes de Kyle.

– É uma boa ideia, vamos descansar.

Eu concordei. Em menos de vinte minutos, encontramos um pequeno Hotel.

>>>

Ian estava esparramado na cama, assistindo TV, sonolento. Estávamos a menos de dez minutos no quarto reservado. Era pequeno, mas bem aconchegante.

Suspirei, deixando Ian na cama, rindo como alguma piada sem sentido contada por uma Alma do Planeta dos Morcegos, e caminhei em direção ao banheiro. Tomar um banho quente antes de dormir sempre me fazia bem, e meus pequenos pés ardiam, doloridos por causa da extensa caminhada. Embora fosse diferente de casa, a ducha era incrível.

Liguei a ducha quente, despindo minha roupa do dia e separando uma cheirosa toalha, branca e felpuda, para me secar.

– When she was just a girl, she expected the world, but it flew away from her reach, so she ran away in her sleep – Cantarolava uma música bem antiga, chamada Paradise, enquanto ensaboava meus cabelos de olhos fechados. – And dreamed of para-para-paradise, para-para-paradise, para-para-paradise, every time she closed her eyes.

Sorri de olhos fechados, ouvindo os risinhos de Ian dentro do quarto. Ele provavelmente estava estranhando meu raro momento de cantora. Abri os olhos sorridente, pronta para finalizar meu banho quando meus olhos capturaram o rápido movimento.

Lá estava ela, quase camuflada próximo ao cantinho do Box. Diminuta e asquerosa, suas várias pernas se movendo com agilidade. Eu resfoleguei, levando a mão ao peito.

– Ian! Ajuda! Socorro!

Gritei pelo meu salvador, me enrolando imediatamente na toalha felpuda, com os cabelos ensopados pingando sobre o tecido branco.

– Peg? – A voz de Ian soou apreensiva - Você está bem? Peg?

– Por favor, Ian, tire-a daqui.

Choraminguei.

A porta do banheiro se abriu com brutalidade, exibindo um Ian de rosto apreensivo, seu peito subia e descia conforme respirava com dificuldade.

– Ali! Olha!

Apontei para a barata dentro do Box.

Sua expressão se suavizou no mesmo instante em que ele entendeu e ele riu alto, negando com a cabeça.

– É só uma barata, Peg. Não o bicho papão. – Brincou Ian, da minha cara de pânico por causa do inseto. – E ela deve estar com mais medo de você, do que você dela.

Eu suspirei, me recusando a relaxar enquanto ela não fosse embora. Enquanto Ian tirava a asquerosa barata do banheiro, eu notei a minha verdadeira situação. O chuveiro continuava ligado, enchendo o banheiro de vapor quente e úmido. E eu, como uma boa amedrontada, estava em cima do vaso sanitário, enrolada na toalha, com os cabelos completamente ensopados.

Acabei rindo de mim mesma.Uma alma de milhões de anos terrestres com medo de uma barata, que patético. Até mesmo na minha forma natural eu sou maior do que ela. Tenho certeza que se Mel ainda estivesse em minha cabeça, ela com certeza concordaria com isso.

– Pronto. Você está segura agora senhora O’Shea.

Ian murmurou, me pegando em seus braços e me tirando de cima do vaso sanitário. Eu respirei fundo, tentando acalmar minha respiração.

– Eu te amo – Rocei nossos lábios, sorridente – Meu exterminador de baratas.

Ele rolou os olhos.

– Oh, não Peg! – Resmungou, enrugando o nariz de um jeito muito fofo. – Exterminador de baratas não, por favor.

– Meu herói, então.

Conclui puxando-o pelo pescoço para mais perto de mim. Seus braços me apertaram contra si, apenas a toalha cobrindo meu corpo. Meus lábios traçaram uma linha pelo pescoço de Ian, e percebi com satisfação seu corpo de arrepiar em resposta.

– Acho que prefiro ser só... Seu. – Sussurrou em meu ouvido, me empurrando de leve com seu corpo de volta para o Box.

– Ian! Está fria!

Eu resmunguei, sentindo nossos corpos novamente embaixo do chuveiro, só que dessa vez, a água já estava fria, encharcando-nos. Eu tinha esbarrado no registrador na parede atrás de mim.

Ele gargalhou e eu salpiquei agua em seu rosto.

– Shh.

Ele sussurrou unindo nossos lábios novamente.

Eu correspondi imediatamente, movendo meus lábios sobre os dele num beijo ardente. Seus braços rodearam minha cintura, me puxando para mais perto dele. E em pouco tempo, eu já não sentia mais a água fria sobre minha pele.

Minhas mãos ganharam vida própria, agarrando um punhado de seu cabelo escuro, puxando-o para mim, como se fosse possível ficarmos mais perto. Sua língua com a minha. Não havia parte da minha mente que não estivesse invadida pelo insano desejo que me possuía.

Ele soltou um grunhido de satisfação, afastando nossos rostos um milímetro Seus olhos Safira brilhavam com uma força que eu até mesmo perdi o fôlego por alguns segundos. Toquei o tecido encharcado da camiseta de Ian, puxando-o para cima. Ele me ajudou-me no processo, levantando os braços para facilitar a passagem da roupa e logo ela estava jogada num canto qualquer do banheiro.

Ian enterrou o rosto em meus cabelos dourados, distribuindo beijos molhados em meu pescoço, enquanto eu respirava com mais força, as mãos passeando pelo peito forte. O espaço dentro do Box de vidro fumê parecia pequeno demais para nós. Porém o pensamento logo virou fumaça em minha mente, estava ocupada com lábios de Ian em meu pescoço alvo, para notá-lo por muito tempo.

Uma das mãos de Ian segurou meu rosto meu rosto com carinho, enquanto a outra estava na base da minha coluna, me mantendo tão perto que era difícil puxar o ar para dentro do meu peito comprimido. Eu estava arfando, mas ele também estava. Sua respiração se misturava com a minha. Sentia a parede fria contra as minhas costas, pressionada contra ela.

– Para onde, amor?

Ele perguntou em meu ouvido.

– Para as estrelas.

Sussurrei.

E não havia mais parte de mim que não estivesse fundida com uma parte dele.

Meus olhos se apertaram, pequenas estrelas brilhantes dançando sobre as pálpebras fechadas, enquanto eu sentia novamente a sensação de libertação me tomar. Meu corpo ficou mole, quase que anestesiado. Uma espécie de torpor, tornando minhas pernas como gelatina. Eu sentia como se tivesse me atirado de uma nave bem no centro do espaço sideral, caindo e caindo pelo espaço vazio do Universo.

Sorri de olhos fechando-os, abraçando-o mais forte e descansando minha cabeça em seu peito, enquanto seus dedos brincavam com algumas mechas do meu cabelo dourado, num gesto de puro carinho.

Ian me pegou no colo, desligando o registro do chuveiro, e eu me aninhei em seus braços, enquanto ele me carregava de volta para o quarto.

É sempre melhor quando estamos juntos

Olharemos para as estrelas quando estivermos juntos

Mais tarde, estávamos deitados e quentes de volta a cama, cobertos por uma colcha grossa e meus olhos piscavam, sonolentos.

– Peg?

Ian chamou

– Hum?

Disse sonolenta.

– Em todas as suas vidas, você nunca... – Pausou por um instante – Nunca pensou em ser mãe? Nunca chegou perto de querer?

Eu pensei por um momento.

– Eu acho que a ideia da morte final sempre me assustou – Confessei baixinho. – Sabe, me dividir em vários pedacinhos. Eu sempre soube que era uma troca por uma inteira nova geração, mas, acho que nunca estive perto dessa decisão, de fato. – Conclui – A maternidade para vocês, humanos, me parece tão diferente, tão linda. Eu vejo com Mel. Não há nada que ela e Jared não fariam por Benji.

Ele fez que sim, pensativo.

– De certa forma, estou feliz por isso. – Murmurou sonolento – Por que se tivesse tomado essa decisão, você não estaria aqui, comigo. E eu não estaria tão feliz e completo.

Eu sorri, suspirando.

– Eu te amo, Ian.

Murmurei baixinho.

Porém, quando olhei para o lado, para fita-lo, ele já dormia profundamente com os lábios levemente abertos, parecia uma criança. Livrei-me de meus devaneios quando Ian rolou na cama, sua mão fria acompanhou o movimento e passou por toda a extensão do meu abdômen. Seu toque me arrepiou.

Só que eu nunca imaginaria que aquela noite, mudaria para sempre minha vida.

O amor é a resposta ao menos para maioria das perguntas

No meu coração

Como por que estamos aqui? E aonde nós vamos? E por que é tão difícil?

Nem sempre é fácil e às vezes a vida pode ser decepcionante.

Vou te dizer uma coisa, é sempre melhor quando estamos juntos.

# Semanas Depois #

Olhei para baixo, para mim mesma. Algo estava errado. Aquela blusa branca sempre me servira bem! Era minha roupa de trabalho! Será que eu estava engordando? Era só o que me faltava! Eu estava comendo demais, na verdade, ultimamente parecia que eu estava comendo por dois! Balancei a cabeça em desaprovação a mim mesma afinal o que eu estava fazendo com aquele corpo que fora tão cuidadosamente escolhido para mim?! Por fim, contrariada, eu coloquei uma camiseta qualquer e passei pela porta. Ao encaixar a porta no lugar, tive a forte impressão de o mundo girou 180 graus para a esquerda, para a direita e vice e versa. Tive que me segurar para não cair no chão.

Fechei os olhos até a tontura passar e pisquei atordoada. Respirei fundo e me endireitei, seguindo meu caminho. Não tinha sido nada.

Cheguei até o fim do Túnel Sul, onde a ampliação logo ia começar ao sinal de Jeb. Todos esperavam e conversavam animadamente, sentados ou em pé. Logo meus olhos encontraram os de Mel que estava sentada, encostada na parede, brincando com Benji, que sendo segurado em pé em seu colo e com seis meses, era muito mais esperto do que muitas crianças de dois anos. Os olhos castanhos esverdeados com ar inteligente acompanhavam o movimento ao seu redor e os lábios pequenos moviam-se, movimentando as bochechas e a língua rechonchudas, balbuciando palavras que só ele entendia a fim de participar das conversas que estavam acontecendo perto dele.

Sentei ao lado dela, sorrindo.

– Bom dia Mel. Bom dia Benji.

– Bom dia. - Ela respondeu, sorrindo de volta. Benji virou o pescoço quase inexistente para me encarar e abriu um sorriso a sua maneira, sem dentes, encantador, e estendeu a mãozinha pequena na minha direção. Estendi a mão para ele e ele a segurou, tentando levá-la a boca.

– Ben, sua tia Peg não é um mordedor. – Benji não entendeu, mas a voz de Mel chamou a atenção dele e ele desistiu da minha mão para brincar com o rosto da mãe. – Com o rosto da mamãe pode, mas cuidado com os olhos. Ai! O cabelo não, Benjamim!

Eu ri baixinho.

– Sabe que ele não entende uma palavra do que você diz não é?

–Sei. Mas é bom que ele se acostume com a voz que manda que é claro que é...

– A minha! - Gritou Jamie, aparecendo do nada correndo com os braços abertos. Ele raptou o bebê sem parar, e continuou a correr fazendo sons de avião enquanto passeava entra as pessoas que entupiam o túnel.

– Jamie! Cuidado! – Gritou Mel – Apóie o pescoço dele! - Disse, apesar de eu saber que o pescoço de Ben estava firme há muito tempo. Jared se distraiu da conversa que estava tendo com Aaron e correu atrás de Jamie.

– Jamie, ele não é um brinquedo! - Gritou, perseguindo o adolescente que ignorava aos dois, e continuava a fazer sons de avião. Ben balançava os braços para cima e para baixo, gritando animado, e fazendo sons de Brrrrr.

– Jared! Cuidado! Não... – Ela desistiu assim que eles desapareceram túnel afora. Suspirou e olhou para mim. – Engravidei de um bebê e tenho que cuidar de três... – Disse revirando os olhos. Seu olhar então se fixou em mim e se tornou preocupado. – Você está bem? Está meio pálida...

Fiz que sim.

– Tudo bem. Eu estava meio tonta mais cedo, mas agora está tudo bem.

Ela me olhou de cima abaixo, me examinando com os olhos de um modo estranho, como se tivesse deixado escapar algum detalhe da primeira vez. Amaldiçoei minha aparência adorável, que fazia as pessoas estarem preocupadas comigo o tempo todo. Afinal, eu estava bem!

–Peg... Será que... Você não está... Por um acaso... Grávida?

–O QUE?! Eu? – Ri nervosamente. – Não... Não... Isso é impossível.

Ela abriu a boca, prestes a revidar, quando Jared voltou triunfante com Benji nos braços e Jamie com uma careta irritada a tiracolo, arrastando os pés para voltar; Ele devolveu Ben aos braços da mãe e acariciou sua cabeleira castanha com um sorriso paternal, que foi devolvido por um sorriso sem dentes do filho.

– Onde está Ian? - Perguntou Mel, mudando de assunto já que Jared e Jamie estavam escutando. Agradeci a ela por isso.

– Deve estar aqui em um minuto. Foi tomar um banho antes de começar.

Jamie sentou ao meu lado, cabisbaixo e encostou a cabeça no meu ombro. Deixei pender minha cabeça e a pousei acima da dele.

– Cansou? - Perguntei rindo. Ele respondeu rabugento.

–Ben estava se divertindo a beça.

–Tenho certeza que estava. - Respondi rindo mais ainda, bagunçando seus cabelos negros.

– Nunca me deixam brincar com ele. - Resmungou novamente.

–Não se preocupe. Assim que ele puder chutar uma bola você nunca mais vai se livrar dele.

Jamie sorriu com o pensamento e se calou, provavelmente imaginando sua vida perfeita como tio, em um fundo musical em um céu azul.

Ri tentando imaginar o que ele imaginava e me peguei pensando como seria se eu tivesse um filho. Podia até imagina-lo. Uma linda menininha sorrindo e dizendo ''mamãe'' ou um menininho agitado, jogando bola pelos corredores das cavernas... Minha mente automaticamente voltou-se para o que Mel tinha dito antes, e que eu tinha dito que era impossível. Mas, pensando melhor, não era tão impossível assim, certo? Afinal, aquele Hospedeiro estava na idade reprodutiva e Ian e eu já tínhamos... Ido além algumas vezes. Tecnicamente era bem possível. Quando tinha sido minha última menstruação mesmo? Quatro ou cinco semanas? Aquilo não estava certo estava? Meus pensamentos perturbadores pararam de repente, quando Ian chegou.

Pude vê-lo de longe, e logo meus pensamentos se voltaram para ele, quase como se ele pudesse lê-los, ou controlá-los. Ele sorriu e eu sorri em resposta, como acontecia sempre que eu via aquele sorriso tão lindo. Jamie o viu também e fingiu estar se espreguiçando para deixar que eu levantasse e fosse ao seu encontro, e foi o que eu fiz. Quando Ian me recebeu em seus braços novamente, foi como sempre. Como se nunca houvéssemos nos separado.

–E então? Perdi alguma coisa?

–Benji acha que sou um mordedor. - Respondi sem querer mencionar a tontura mais cedo. Pude ver que ele notara que eu estava escondendo alguma coisa, mas não disse uma palavra sobre isso.

– E você é? – Ele perguntou, com um sorriso malicioso.

– Não. - Respondi devagar, tentando antecipar o que ele ia fazer.

– Me deixa tirar a prova.

Girando para eu ficar de costas para ele, ele mordeu minha orelha de leve. Eu ri, porque seu cabelo fazia cócegas em meu pescoço.

– Você é um péssimo mordedor Peg. Mordedores não riem. - Ele concluiu. Ri mais um pouco e virei-me para beijá-lo.

– Será que vocês dois não desgrudam nunca?

Perguntou a voz de Ian uma oitava mais alta atrás de nós. Era Kyle. Ironicamente, Sunny estava sob o braço musculoso de Kyle. Trocamos um olhar cúmplice aborrecido porque ambas sabíamos o que ia acontecer. A velha competição de “Meu cavalo é maior do que o seu cavalo” e “Minha alma é mais gentil que a sua”.

–Eu ia lhe perguntar a mesma coisa. - Respondeu Ian, passando os braços pela minha cintura e pousando a cabeça em meu ombro. Claro que ele tinha que se agachar para fazer isso, mas era realmente fofo. Ele e Kyle trocaram insultos e papo furado por algum tempo até que Jeb os interrompeu, dando ar de sua graça.

– Oi todo mundo. O que estão todos fazendo aí parados? Ao trabalho! Isso aí não vai ficar pronto sozinho! Vamos lá! – Tio Jeb disse animado, e logo todos estavam trabalhando na expansão das Cavernas.

Na hora do almoço estávamos todos exaustos, e o túnel só tinha avançado no máximo uns 10m. Jeb nos dissera para não desanimar, almoçar, tirar uma sonequinha e voltar ao trabalho. Os homens reclamavam de dores e câimbras nas costas de tanto martelar as pedras nas paredes, e as mulheres de carregarem as pedras para que pudéssemos avançar. Claro que eu só pudera carregar as menores, mas mesmo essas me renderam um bruta dor muscular que eu esperava que me rendesse alguns músculos.

Felizmente, o almoço esperava por nós, prontinho. O risoto que Trudy prometera realmente cairia bem agora! Mas então, algo me fez parar antes de entrar no Refeitório. Apesar de estar morrendo de fome, o simples cheiro do arroz misturado ao frango me revirou o estômago, quase como se a bílis tivesse decidido dar uma festa. Levei as mãos à boca e corri.

– Peg?

POV Ian:

– Peg? - Chamei novamente quando chegamos à Sala de Banhos. Porque ela saíra correndo tão de repente? Se ela quisesse tomar um banho era só dizer. Algo devia estar errado. Ela se ajoelhou na beira da piscina e vomitou violentamente, segurando-se na borda de pedra com força para não cair.

–Peg, está tudo bem? - Perguntei debilmente, chocado. Corri até ela e segurei seu cabelo para evitar que o sujasse. Ela parou de vomitar e continuou na mesma posição, tentando recuperar o fôlego.

– Ian... Ian, eu... - Ela sussurrou fraca. Suas mãos escaparam da borda de pedra, mas segurei-a antes que pudesse cair. Puxei-a para mais longe da piscina.

–Peg? Peg? Fale comigo, tudo bem? - Ajeitei-a em meu colo de modo que eu pudesse ver seu rosto. Porém este não continha nenhuma expressão. Ela havia desmaiado.

POV. Peg:

O cheiro de Grapefruit me acordou devagar, clareando minha mente escura. Pisquei os olhos confusa, com tudo voltando a mente. Eu saíra correndo e vomitara, então... O que? Os contornos dos catres de Doc entraram em foco no escuro.

–Peg? Está acordada?

Fiz que sim.

– Aham. Como eu vim parar aqui?- Perguntei a Doc enquanto ele guardava o vidro de Acordar.

–Você desmaiou na Sala de Banhos e Ian te trouxe para cá. E acho que seu sei a razão. – Ele disse com um sorriso imenso, piscando pra mim em cumplicidade.

Olhei em volta.

– Onde está Ian?

Doc voltou para perto do catre.

– Pedi que ele fosse pegar algo para você comer. Queria que ele soubesse por você, não por mim.

– Soubesse o que? - Perguntei confusa. Do que afinal ele estava falando?

– Você vai ter um bebê, Peg. Parabéns!

[...]

De tarde, fui dispensada do trabalho, porque todos pensavam que a razão do meu desmaio era que eu havia trabalhado demais. Ian ficou comigo no nosso quarto até quando pode e voltou para a ampliação. Nesse meio tempo, não consegui dizer a ele que ia ser pai em alguns meses. E se ele reagisse como Jared reagiu a Benji no começo? Se ficasse furioso comigo? Era para tudo ter se acertado quando Cassie foi embora, porém se eu e Ian brigássemos nada mais estaria certo.

Quero dizer, quase nada. Não podia deixar de ficar feliz. A sensação de estar criando uma vida humana dentro de mim era incomparável, como um companheiro constante quase como se eu fosse o hospedeiro, e o bebê a alma. Não era algo masoquista e generoso como o nascimento das Almas, era algo mágico e silencioso, que acontecia vagarosamente. Durante a tarde, apalpei a barriga levemente elevada em todos os ângulos possíveis, procurando algo sob a pele para acariciar.

Qualquer membro mal-formado no qual eu pudesse descontar todo o amor que agora eu sentia por aquela coisinha naquele momento. Claro que não havia nada ainda, mas ainda assim, eu podia senti-lo. Era engraçado como eu não notara antes, não prestara atenção. Mas agora que eu sabia, era inegável. Um pequeno ser formava-se em meu ventre, e dentre de alguns meses, ele estaria em meus braços, sorrindo para mim, assim como Benji sorria para Mel. Mel sabia. Ela pressentira isso naquele dia de manhã. Talvez mães pudessem sentir outras mães.

A noite chegou antes do que eu queria, e logo, Ian adentrou o quarto com um suspiro cansado. Sorri serenamente, pronta para contar. Eu não podia mais adiar aquilo. Ele sentou na cama ao meu lado e me beijou levemente. Pude sentir o quanto estava cansado.

– Está melhor meu amor? Fiquei preocupado. - Ele disse baixinho. Respirei fundo.

–É sobre isso que eu queria falar com você. - Respondi, morrendo de medo. Ele me olhou de um jeito estranho e fez que sim, algo na minha expressão o perturbou. Respirei fundo mais uma vez.

– Ian. Nós vamos ter um bebê. - Eu disse calmamente, porém em tempestade por dentro. Tive o cuidado de dizer “nós” para demonstrar o quanto ele estava incluído nisso para mim. Sua expressão não se modificou por algum tempo, por isso tive medo que ele tivesse congelado no lugar, entrado em estado de choque. Mas logo vi que estava apenas organizando os pensamentos.

–Eu... Eu vou ser pai? - Ele perguntou olhando em meus olhos. Fiz que sim. Seus olhos encheram-se de lágrimas doces.

– Isso... Nossa isso é... - Fechei os olhos para esperar fosse o que fosse que ele diria. – A melhor coisa do mundo!

Ele disse. Abri os olhos e encontrei seu sorriso sem limites. Ele me beijou, agora mais apaixonadamente e antes que eu pudesse me orientar, ele tinha levantado comigo no colo. Derrubou a porta com o pé e saiu correndo, gritando aos quatro cantos do mundo que ia ser PAI.

POV Ian:

Aquela sem dúvida era melhor noticia que eu poderia receber. Eu vou ser... Vou ser pai! Peguei Peg em meus braços, com os olhos marejados e sai gritando aos quatro cantos que logo Peg e eu teríamos um bebe. O NOSSO bebê.

As pessoas nos olharam. Algumas surpresas, outras com olhares ternos e outras provavelmente me achavam um bobo por ter feito aquilo. Mas eu não me importava.

– Ian... Você... Não está com medo? Inseguro? – Peg perguntou sorridente. – Você sabe que criar uma criança não é nada fácil. Principalmente no mundo em que vivemos, amor.

– Eu não me importo Peg. Eu sei que nós vamos conseguir – Disse enquanto acariciava seus cachos loiros – O que me importa é que você é tudo pra mim, Peregrina e esse bebe é o melhor presente que poderíamos receber.

– Oh Ian!

– Eu te amo. Pra sempre e não vou permitir que nada de ruim aconteça com você e nem com o nosso filho. Vou protegê-los até o meu último suspiro.

Não há nenhuma música que eu poderia cantar

E não há uma combinação de palavras que eu poderia dizer

Mas eu ainda vou te falar uma coisa

Somos melhores juntos.





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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram?

Sim minhas lindas, surpresa! Mais um baby nas Cavernas! Agora vocês sabem a causa do desmaio da Peg. Hehehe. Agora o Benji vai ganhar um priminho, ou uma priminha!
Esperamos que tenham gostado da surpresa! Ah, que tal reviews? Recomendações e alegrar o coraçãozinho das autoras?

E como eu sei que vocês AMAM quando eu coloco um trechinho do próximo capítulo. # risadadomal# Então, aqui vai um pedacinho do próximo capítulo.

[...]

Ian acariciou pela última vez a minha barriga sem vestígios de gravidez e saiu. Saiu deixando um enorme vazio dentro de mim. Levando com ele um pedaço do meu coração. Chorei por vários minutos, sozinha na cama. Me senti sozinha, desamparada. Eu queria sair por aquela porta, e ir atrás dele, atrás do meu amor, mas sabia que só pioraria as coisas se fizesse isso. Bom, talvez eu tivesse exagerando com toda essa insegurança. Talvez fosse coisa de grávida... ou talvez não... Eu tinha muito medo de perdê-lo. Ele era minha âncora, como poderia viver sem ele? Sem o seu cheiro, sem seu toque, sem sua voz... Com muito custo, acabei pegando no sono novamente. Mas nem mesmo o sono conseguiu fazer com que aquele aperto no meu peito parasse. Por quê?

[...]

E agora? oO o que será que aconteceu? Será que eles brigaram? Estão em perigo? Bem, isso só saberemos no próximo capítulo. Hehe. Vou repostá-lo ainda essa semana.
Beijos!
Caah&Bella