Crazy escrita por Guardian


Capítulo 26
Enfim...


Notas iniciais do capítulo

YAY! Não demorei tanto dessa vez! ^o^/
Gente, desculpem-me por não ter respondido à todos os reviews ainda, mas eu estava meio desanimada esses últimos tempos. Mas eu consegui não demorar tanto pra esse capítulo. Compensa? :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/128700/chapter/26

Hesitei para abrir a porta do quarto de Mello. Fiquei ali parado, com a mão a meio caminho da maçaneta, sentindo um frio incômodo percorrer meu corpo.

Durante os últimos dias eu fiquei indo ao quarto do Near, tanto porque eu gostava da companhia dele, quanto porque eu não queria ficar sozinho. As lembraças ainda estavam vívidas demais para eu me sentir bem sozinho.

Mas o que ele disse...

Uma esperança se acendeu em mim, uma esperança que eu considerei, durante muito tempo, inútil. Mas ao mesmo tempo que essa esperança ia ganhando espaço dentro de mim, outra coisa vinha na direção oposta e dificultava sua expansão.

Uma coisa chamada medo.

E se Near estivesse errado? E se...

Expectativa. Euforia. Hesitação. Medo.

Estava tudo misturado e disputando a liderança quando eu finalmente abri a porta.



Estava apertando sem parar o botão do controle remoto da TV para mudar de canal, entediado, quando a porta se abriu.

Só faltava ser a enfermeira de novo perguntando se eu precisava de alguma coisa. Não é porque eu olho feio para ela e como mais chocolate do que ela deve estar acostumada a ver que eu preciso de monitoramento a cada hora!

Mas não era ela.

– Matt! - exclamei surpreso quando o vi entrar devagar e fechar a porta atrás de si. Desliguei a TV e coloquei o controle em cima do criado-mudo ao meu lado.

– Como você está? - ele perguntou em voz baixa, sem se aproximar muito. Por que ele parecia tão tenso?

Como eu estou?! Preocupado, irritado, com fome. Minha vontade era a de gritar com ele, por não ter vindo aqui antes, mas e se ele não estivesse em condições de sair andando por aí e por isso não veio? Olhando para ele agora, tudo o que eu podia ver era o grande número de bandagens em partes diversas de seu corpo, e isso não chegava nem perto de me dizer como ELE estava.



Ele nem me respondeu. Estava irritado? Provavelmente... Mas acho que isso era algo bom, certo? Quero dizer, pelo menos ele parecia normal.

Senti que minhas mãos estavam frias, típico sinal de quando eu ficava nervoso. Talvez até estivessem tremendo um pouco, eu não saberia dizer, mas por via das dúvidas escondi elas atrás do meu corpo.

– Matt, vêm cá - ele fez um gesto com a mão, pedindo para que eu me aproximasse de sua cama.

Devagar, eu fui.



Mas o que é que ele tem afinal?! Será que... Ele ficou com algum tipo de trauma ou algo assim depois do que aconteceu?

– Matt, vêm cá - chamei ele.

Ele veio devagar, e assim que parou bem ao lado da minha cama, eu me inclinei um pouco para o lado, abrindo a gaveta superior do criado-mudo e pegando o único objeto que havia lá.

Entreguei para ele, com um sorriso mínimo.

Os olhos dele se arregalaram e brilharam, sério. Ele parecia uma criança na manhã de Natal. Ou então um filhotinho ao ganhar uma recompensa.

– Isso é... - ele começou admirado.

– Você ficou falando tanto desse jogo, que eu acabei comprando - falei - Era pra ser meio que... Um pedido de desculpas pelo... Tempo do castigo, sabe? - Matt não precisava saber que eu tinha ido comprar esse jogo quando Alex Corliss me pegou. Ainda bem que o L encontrou isso na rua, bem onde eu tinha deixado cair... - E também um agradecimento, por não ter saído do meu lado, por mais insuportável que eu estivesse sendo - eu me conheço, ok?

E por falar em me conhecer...



Eu não sabia o que dizer. Naquele momento toda preocupação fugiu da minha mente, e só um pensamento ficou gritando na minha cabeça, todo alegre "Eu tenho Uncharted, eu tenho Uncharted!". Sabe há quanto tempo eu estava querendo esse jogo?

Como eu disse, por um momento qualquer outra coisa que não fosse a caixa em minhas mãos tinha escapado dos meus pensamentos. Mas Mello fez o favor de fazer tudo voltar de uma vez.

– Matt... Por que você foi até o monitor?



Nesses últimos dias, no mais absoluto estado de tédio em que me encontrava, eu tive muito tempo para pensar.

Pensar em coisas que eu não sei por que nunca pensei antes.

E agora eu queria confirmar a conclusão a qual tinha chegado. Apesar dela ser um tanto improvável de ser verdadeira e de eu sentir um medo incômodo de estar errado.

Mas na dúvida é que eu não podia ficar.



Aquela pergunta me pegou de surpresa.

Ele estava falando da hora que Corliss ameaçou atirar nele caso eu não me aproximasse? Ele perguntava o por quê?... "Porque eu te amo". Eu poderia responder isso?

Eu não consegui. Droga, eu sou tão covarde assim?!

– Matt? - ele ainda esperava uma resposta.

– Por quê? Como assim "por quê"? Eu não ia deixar aquele cara atirar em você, não é? - falei como se aquilo fosse ridículo. E era mesmo, na verdade.

– Não, - ele falou impaciente - o que eu quero saber é... - mas eu não ouvi o que ele queria saber, porque antes que ele terminasse de falar a porta do quarto se abriu, sobressaltando a nós dois.



Ah, é brincadeira, né?!

– Desculpem-me interromper, garotos - a enfermeira falou, colocando apenas a cabeça para dentro do quarto - Precisa de algo, querido? - ela perguntou para mim.

Um pouco de privacidade seria bom!

– Não - foi tudo o que eu respondi. E que ela fique feliz por ter sido só isso.



A enfermeira tornou a fechar a porta, e esse mínimo intervalo foi o suficiente para me inflar com um pouco de coragem.

– Mello... Eu quero dizer uma coisa - ele virou curioso para mim - E depois que eu disser, por favor, lembre-se que eu já estou todo machucado, caso você queira me bater, ok? - falei em tom de brincadeira, mas eu realmente tinha medo da reação dele.

– Fala logo, Matt!

Respirei fundo uma vez.

– Eu gosto de você, Mello. Não apenas como amigo de infância; eu realmente gosto de você. Pode achar estranho, errado, e até nojento, mas eu te amo, Mello.



Eu... Eu tinha ouvido certo?

Matt me...

Antes que eu pudesse me refrear, comecei a rir. Sim, eu comecei a rir, como há muito tempo não ria. Deixei-me cair sobre os travesseiros, a cabeça tombando para trás e mal conseguindo respirar; não conseguia me controlar.



Aquilo doeu. Muito.

Senti meus olhos ardendo, avisando a chegada das lágrimas.

Não era como se não houvesse uma mínima chance disso acontecer, mas ainda machucava mais do que eu esperava.

– Desculpe por isso - falei com a voz tremida, e já estava pronto para sair correndo dali, mas senti sua mão em meu pulso, me segurando no lugar.

Ele não estava mais rindo.



– Desculpe por isso - ele falou baixo e falhando. Parei de rir na hora. Cara, como eu era idiota! Segurei seu pulso antes que ele se afastasse, e pude ver seus olhos úmidos.

Eu era muito idiota!

– Matt! Não... Espera, não é isso! - falei urgente, querendo consertar a merda que tinha acabado de fazer.

Ele não virou para mim. Mas também não tentou se soltar.



Eu não conseguia sequer tentar me soltar. Podem falar o que quiser, que era exagero e tudo mais, mas tem alguma ideia de como dói quando você confessa um amor guardado durante tanto tempo, e quando o faz, ganha risadas como resposta?



– Droga, não era isso! É que o alívio foi tão grande, que eu não consegui me controlar... Matt, olha pra mim - pedi - Por favor? - ainda nada. Ia ter que explicar para as costas dele mesmo - Nesse tempo que eu fiquei aqui, eu pensei muito, e acabei me dando conta de coisas que provavelmente estiveram dentro de mim há tempos, mas que eu nunca me percebi antes. Coisas que envolvem você. Eu estava com medo da resposta, com medo de ouvir o que eu não esperava, e quando você disse isso eu... Foi como se um peso fosse tirado de cima de mim - suspirei - Era isso o que eu queria saber: "você sente algo a mais por mim?". Porque eu sinto. Eu te amo, Matt. Eu te amo, e não sei como não percebi isso antes.

Seus olhos verdes, mais úmidos do que antes, finalmente voltaram-se para mim.



Eu tinha escutado certo... Não tinha? Eu não estou ouvindo coisas... Certo?

Ao invés de dizer qualquer coisa, aproximei-me devagar dele, e aproveitando a vantagem que a cama hospitalar reclinável me dava, me inclinei sobre ele e fiz algo que sempre quis fazer. O beijei.

Aquela sensação era única. Seus lábios eram macios e tinham um gosto embriagante de chocolate. Nunca antes eu senti tamanho prazer em experimentar aquele gosto doce, que aprecia dobrar de sabor pela questão de que eu sempre julguei impossível experimentá-lo daquela forma. Direto dos lábios de seu maior consumidor.

Minha mão moveu-se sozinha, e quando percebi, meus dedos entrelaçavam os fios claros de seu cabelo, puxando-o para mais perto, sentindo o calor emanado de seu corpo mesclando-se cada vez mais com o meu próprio.

Um forimigamente estranhamente agradável dominava meu peito, que já abrigava um coração potente e barulhento e um par de pulmões pedintes por ar. Mas quem precisa de ar? No momento parecia ser algo completamente dispensável, bem menos requisitado por mim mesmo do aquele misto de sensações inéditas que me envolvia.

Mas ao que parece meu sistema respiratório pensava diferente.



Quando nossas bocas se separaram, eu mantive minha mão na nuca de Matt e ela manteve a dele na minha. Não nos afastamos.

Estiquei minha outra mão e a levei até seu rosto, passando-a levemente por sua bochecha, onde uma teimosa lágrima insistia em repousar. Ele sorriu.

"Eu te amo". Eu deveria ter percebido antes...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? *----* Ficou ruim? Ficou fofo? Querem me bater? Espero que tenham gostado, passei a tarde escrevendo para que ficasse bom. Consegui? :3
E eu queria divulgar um vídeo aqui, pode ser?
http://www.youtube.com/watch?v=yM2nA96X-L0
É uma amiga minha, que canta bem pra caramba, e estou divulgando a imagem dela, porque de verdade, ela merece *-----* Dêem uma olhadinha, por favor?