Amy! Amy!, alguém gritava por ela.

Só não sabia se era real ou um sonho. Conclui que era de verdade quando ouviu fortes pancadas na porta do quarto. Ela se levantou, ainda sonolenta e cambaleando e foi até a porta, abrindo-a.

- Você é louca? – Nessie falou aos berros. – Se arruma logo ou vamos perder a primeira aula.

Amy protestou e voltou para o quarto, para se arrumar. Revirou a mochila a procura de algo para vestir e percebeu que não lhe restava muitas opções de roupas. Droga, vou ter que voltar em cara para pegar o resto, ela pensou. Pegou a primeira roupa que viu, tomou um banho rápido, arrumou o cabelo e desceu, encontrando Nessie completamente desesperada no carro. Apenas ignorou, ligando o iPod e colocando Anywhere Better Than Here do Sick Puppies para tocar. {Roupa de Amy: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=70395434&.locale=pt-br}

Logo chegaram à escola e como sempre acontecia, levaram olhares desagradáveis. Amy já estava acostumada, mais se sentia mal por levar Nessie a passar por aquilo diariamente. As duas entraram na escola e Nessie seguiu para a aula de Artes que teria, e Amy foi para a aula de matemática. As horas passaram rápido e no intervalo de uma aula para outra, antes da ultima aula do dia, Amy resolveu ir ao banheiro. Aparentemente estava vazio, a não ser por uma pilha de coisas que havia sobre a pia. Ela tomou cuidado ao entrar porque o chão estava molhado, mas mesmo se segurando na parede impediu que ela escorregasse e levasse metade do que estava sobre a pia para o chão. Amy gritou de dor ao bater a cabeça com força no chão do banheiro e tudo o que viu foi uma garota a encarando, um profundo ódio na expressão.

Merda, ela pensou. Era a mesma garota que havia olhando estranhamente para ela dias atrás. A menina avançou sobre ela, as duas mãos no pescoço de Amy. Então ela lembrou de algo que tinha acontecido, da mesma maneira, anos atrás.

FLASHBACK ON     

Ela tinha 10 anos. Sua mãe estava sobre ela, que estava no quarto, as duas mãos tentando matar a garota. Amy havia quebrado um perfume e agora estava ali. Podia sentir o ar indo embora, os dedos que puxavam os fios do carpete começar a formigar e uma enorme dor na cabeça. Temia pela morte, que parecia estar tão perto. Quando o ultimo sopro de ar deixou o corpo, viu a mãe tirar as mãos do pescoço e depois deixou o quarto. Por pouco não morrera.

FLASHBACK OFF

Agora estava na mesma situação. O mesmo olhar demoníaco lhe encarando, o corpo formigando, o ar indo embora. Tentou se debater, mas foi em vão. A garota levou a cabeça dela e depois bateu novamente no chão. Amy não conseguiu gritar, mas a dor era eminente. Segundos depois, a garota tirou as mãos que seguravam Amy e a puxou pelos cabelos, forçando-a a apanhar tudo que havia caído no chão. Ela obedeceu e muitos depois a garota deixou o banheiro, mas não sem antes cuspir na cara de Amy. Ela se levantou, olhando-se no espelho. Estava horrível. O cabelo estava completamente bagunçado, as roupas amassadas e duas marcas roxas no pescoço. Trincou os dentes, com raiva. Não poderia sair naquele estado, todos iriam rir, mais e mais. Pegou a bolsa que estava jogada no chão e saiu da escola. Já estava quase na hora da saída, mas não iria esperar Nessie. Pegou o celular e mandou uma mensagem para ela, e depois, seguiu andando para a antiga casa, que ficara do outro lado de Forks.

Já era noite quando chegou à frente do local. Respirou fundo. Serie difícil encarar a mãe novamente. Ao entrar, percebeu que estava sozinha. Agradeceu aos céus, correndo para o antigo quarto. Colocou o que mais precisava na mochila e em outra bolsa, pegou o resto das roupas, o notebook e os sapatos. Entretida com o que mais levar, não percebeu que a mãe tinha entrado no quarto e trancado a porta.

- O que pensa que está fazendo, peste? – ela perguntou, fazendo Amy a encarar, assustada. – Perguntei, o que pensa que está fazendo?

Amy engoliu a seco, com medo. Arrumou a bolsa no ombro, pensando em como escaparia dali. Ela não poderia pular pela janela, era alto demais. Só havia uma saída, a porta. Sem penar, se jogou sobre a cama para tentar passar pela mãe, mas ela foi mais rápida e prendeu Amy.

- Pensou que iria fugir novamente? – ela perguntou, rindo. E depois, mostrou a faca que estava escondendo. – Filhinha querida. Oh, você não vai fugir, nunca mais.

Amy sabia o que iria acontecer. Rezou para que estivesse enganada.

- Eu vou matar você, sua irritante – ela berrou.

Amy sentiu a lâmina fria encostar ao rosto e logo depois, sentiu a mesma descer da bochecha até a boca. Ela urrou de dor. Juntos todo ar e força que tinha e gritou por socorro, nada aconteceu. Aquele seria o seu fim. Fechou os olhos, esperando a morte, mas tudo o que ouviu foi o som de algo se quebrando e um baque forte no chão. Abriu os olhos e encontrou os de Seth, que demonstravam preocupação. A mãe estava caída no outro lado da cama, desacordada. Ele a tirou de onde estava e levou-a para fora.

- Você esta louca? – ele perguntou, irritado.

- Como me encontrou? – ela retrucou, lembrando da mensagem que enviara a Nessie.

- Não importa - ele respondeu, angustiado. – Percebeu o que teria acontecido se eu não chegasse a tempo?

Ela refletiu, ele estava certo.

- Me desculpe – ela murmurou e sentiu dois braços fortes lhe rodeando. – Obrigada.

- Não sei o que seria de mim se eu te perdesse – ele sussurou e ela sorriu de lado. – Agora vamos, você precisa ir ao hospital.

- Não – ela pediu. – Por favor, não. Quero que me leve a outro lugar.

Minutos depois, os dois entraram na Delegacia de Forks. Amy estava decidida, iria denunciar a mãe. Andaram por alguns dos corredores, a procura de um policial para fazer a denuncia.

- Seth – alguém chamou atrás deles. – O que faz aqui?

- Oi Charlie – ele cumprimentou. – Bem, é que.. Essa é Amy, amiga de Nessie – ele falou, puxando Amy para mais perto. – Estou aqui por causa dela, ela quer fazer uma denuncia sobre a mãe.

- Sobre a mãe? Por quê? – ele perguntou intrigado.

- Por isso – Amy se pronunciou, mostrando o enorme corte no rosto, que estava coberto pelo casaco.

- Meu Deus – ele murmurou assustado. – Venham, vamos a minha sala.

Os três seguiram até a sala dele, e se sentaram nas cadeiras que ficavam de frente para a mesa. Um escrivão estava ao lado, para computar tudo o que ela iria falar.

- Pode começar – ele falou, ajeitando na cadeira.

- Eu não sei por onde começar – ela falou, abaixando a cabeça. – Bom, primeiramente eu fugi de casa porque eu não agüentava mais aquela louca me tratando mal, me humilhando, me batendo, então eu peguei algumas coisas e sai. Fui parar na floresta, então Seth me encontrou e me levou para a casa dos Cullen.. – ela parou, pensando em como continuar. – Então hoje, depois que sai da escola, eu fui em casa pegar algumas das minhas roupas e meu notebook, então ela me prendeu no quarto e fez isso no meu rosto. – Amy agora chorava, encarando as mãos tremulas. – Se Seth não tivesse chegado, eu estaria morta agora. É isso.

- Apenas? – ele perguntou e ela afirmou. – Então, o que é isso no seu pescoço?

- Ah.. bem.. – ela murmurou novamente. – Foi na escola, hoje mais cedo. Uma garota fez isso comigo.

- Amy, você não me contou isso – Seth falou, analisando preocupado com as marcas no pescoço dela. – Você poderia ter me contado.

- Me desculpe, mas eu estava nervosa demais para me lembrar disso – ela ironizou e ele bufou, irritado.

- Você sabe quem é a garota? – Charlie perguntou.

- Não – Amy respondeu.

- Ok, se é apenas isso, vou liberar os dois. Mas preciso que venha depois, para terminar de arrumar as coisas, certo? – ela afirmou com a cabeça. – Podem ir.

Os dois deixaram a delegacia em completo silêncio.

- Não sei para onde ir agora, não quero um turbilhão de perguntar da Nessie – ela quebrou o silencio, enquanto subiam na moto de Seth.

- Vamos lá pra casa. Minha mãe vai dormir fora e minha irmã está na casa do namorado. Sem pessoas para te incomodar – ele fez a proposta e ela aceitou.

Seguiram o resto do caminho em silêncio, sem pronunciarem mais uma palavra.