Regret escrita por nandahh


Capítulo 3
Memories


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos :D #recebeaspedradas
Sim, a maioria de vocês sabe que eu demoro muito para atualizar minhas fics, mas desta vez, as principais causas foram a minha falta de frequência aqui no site, que realmente está alta, e que eu mesma demorei a escrever ._.

Espero que não me matem =v=

Ah, eu também mudei a capa da fic -QQQ
Isso gerou um sério bug de HTML na sinopse e no disclaimer, mas, bugs no Nyah são corriqueiros ¬¬'

E agradeço a todos que estão acompanhando esta história, que não são muitos, mas que me alegram demais -QQQ

Boa leitura :3



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Fatos que devem permanecer em silêncio.

“Takanori? Takanori!”

Silêncio.

“Não vai me responder, seu garoto maldito?”

Lágrimas.

“Você quer mesmo me desobedecer? Quer apanhar novamente? Responda!”

O som do toque de seu celular despertou-o de tais memórias. Ruki abriu os olhos e ainda permaneceu olhando para o teto de seu quarto, enquanto o telefone móvel começava a lhe irritar. Passou a mão sobre o rosto e sobre os cabelos, tentando acordar direito.

- Por que isso, novamente...? – Murmurou para si.

Seria capaz de fazer o mesmo com seu celular o que fizera com seu despertador alguns dias atrás. Porém, foi um pouco mais paciente – se é que havia como fazer isso – e lançou seu braço sobre a cômoda, sem vontade alguma de atender a quem fosse que estava lhe chamando. Olhou para o visor do telefone e bufou.

- Moshi moshi? – Falou com a voz irritada e sonolenta.

- Ruki? Você está dormindo até agora?

- Agora não estou mais. – Respondeu cético.

- Cara, já são quase 9 da manhã! Estou te ligando há mais de meia hora e nada. O que há com você? Bebeu demais ontem?

- Pare de gritar, Reita. Eu já estou indo.

- O staff já está irritado conosco. Kai está tentando resolver tudo por aqui, mas sem você, não dá, não é, vocal-san? Ande logo e não se atrase mais. – Desligou a ligação, sem ouvir a resposta do outro.

Ruki conferiu as horas no próprio celular. Estava deveras atrasado. Havia esquecido que o despertador quebrara, e não havia programado o celular para lhe acordar. Porém, desta vez, Ruki não poderia reclamar.

Afinal, Reita havia livrado-o de coisas que ele não queria mais relembrar.

Ruki resolveu se levantar. No meio do caminho para o banheiro, lembrou-se que havia dormido com o rosto repleto de maquiagem, novamente. Sabia que veria seu reflexo no espelho tão amedrontador como certos dias.

Porém, a maquiagem seguiu um caminho escorrido por seu rosto.

Podemos presumir que isso era obra de suas lágrimas?

(...)

Nii-san?”

“O que foi, Takanori? Por que está chorando?

“Eu não quero ir... Eles querem me levar. Mas eu não quero ir.”

“Takanori...”

- Ruki? – Kai chamou o vocalista, que estava com a cabeça apoiada para trás, sobre uma almofada do sofá. – Você chegou atrasado e está aéreo demais. O que há com você?

- Eu não tive uma noite muito boa. – Respondeu sem se mexer.

- Bom, eu acho que você deveria melhorar seu ânimo. Você vai acabar passando isso para as novas composições. E nós ainda não decidimos se vamos querer assim. – Kai completou.

Ruki desapoiou a cabeça da almofada e encarou o baterista ao seu lado.

“Por que não faz como nós queremos, Takanori? Tudo isso é para seu bem.”

Okaa-san, eu não—”

“Não ouse discutir, garoto. Você vai fazer o que nós queremos.”

“Vamos, Takanori.”

“Não quero.”

“Takanori!”

“Não!”

“TAKANORI!”

E as lágrimas brotaram nos olhos do jovem garoto, que agora estava ao chão, com o canto da boca a sangrar.

“Takanori...”

- Eu influenciarei as músicas assim como eu quiser. Não como vocês quiserem. – Ruki se levantou, deixando Kai sem o que dizer, e se retirando de onde estavam.

Aoi colocou o cigarro no cinzeiro, enquanto Reita fazia comentários sobre as atuais atitudes do vocalista com Uruha. Ficaram todos, pois, atordoados. Sabiam que Ruki não tinha um humor muito grande. Porém, algo lhes dizia que as coisas poderiam piorar.

(...)

“Você andou brincando escondido de mim, Takanori? Como ousa?”

“Eu só queria me divertir. O que há de mal com isso?!”

“Não altere seu tom de voz comigo, moleque!”

“Eu quero fazer o que eu desejar! Não o que vocês dois querem para mim!”

“Sua língua está afiada demais para o meu gosto. Vamos dar um jeito nisto...”

O ar lhe faltou no peito. Sua garganta irritou-se e o vocalista da banda teve que parar de cantar. O sinal das mãos do produtor indicou para que a gravação parasse e os outros integrantes da banda cessassem de tocar.

- Ruki-san, você está bem? – O diretor falou por meio de um microfone, para que ele pudesse ouvir através do vidro que lacrava a sala de gravação.

Ruki continuou segurando o microfone, respirando pesadamente. Aoi olhou com certa preocupação para Uruha. Porém, Reita foi mais audacioso.

- Deve ser só uma irritaçãozinha na garganta, boss, não se preocupe! – O baixista aproximou-se de Ruki, batendo em suas costas, com a intenção de fazê-lo “desengasgar”.

Como o vocalista estava com a cabeça relativamente baixa, não foi possível perceber a raiva que surgiu em seus olhos. O silêncio predominava no ar, até que Ruki levantou a cabeça.

- Eu estou bem. Podemos continuar, sem problemas.

- Viram? Eu disse! – Reita fez um sinal de positivo. – Vamos trabalhar!

Kai balançava a cabeça, em completa desaprovação. Sabiam que algo estava errado com o vocalista, mas tentavam acreditar que Reita não estava fazendo aquilo de propósito.

Um tempo depois de finalizar as gravações, Kai e o resto do staff analisavam a música pronta, enquanto os outros membros permaneciam distantes. Ruki percebeu os olhares de reprovação dos produtores, e seria capaz de ler as críticas que exalavam de seus lábios.

“Eu só queria ser como os outros... Eu só...”

Taka-chan, não chore...”

Nii-san, eu só queria brincar como eles...”

- Ruki, tem certeza que está tudo bem com você? – Uruha se aproximou do vocalista, que ainda fuzilava Kai e os produtores com os olhos.

- Foi só uma noite ruim. Nada de mais. – Respondeu.

- Bom, é que... Você não costuma ser assim.

Ruki virou-se e encarou o guitarrista como talvez nunca havia feito antes.

- Não. Eu sou diferente.

“Eu quero ser eu mesmo.”

         (...)

         “Otoo-san, eu vou sair.”

         “Você não tem o que fazer aqui em casa, Takanori?”

         “Farei quando eu voltar.”

         “Não vire as costas para mim. Eu não terminei de falar.”

         A raiva já lhe alcançava.

         “Será que você não entende? Eu quero fazer o que EU desejo!”

         “Está alterando seu tom de voz com seu pai novamente? Tem certeza que quer provar ‘daquilo’ outra vez para aprender a me respeitar?”

         “A vida é minha. Será que eu não posso ter um pouco de liberdade?”

         “Quanto anos você acha que tem, moleque mimado?”

         “Suficientes para saber o que fazer!”

         “Você mal saiu das fraudas e está se rebelando? Você não sabe o que fazer ainda. Mas sabe o que vai acontecer com você...”

         As mãos pressionaram-se sobre a poltrona, enquanto Ruki não achava uma resposta para seus questionamentos. Por que relembrar de tanta coisa, justo agora?

         À sua frente, estavam várias folhas e algumas canetas. Ele precisava adiantar o design do logo do próximo single, mas as idéias foram abatidas por aquelas malditas lembranças. A impaciência lhe foi maior, e pra descontar sua inquietação, rasgou alguns papeis e espalhou pelo chão seus pedaços em branco, que se mesclaram com o piso.

         Fragmentos que estão lá. Mas todos pisam. E não os vêem.

         “Takanori, está sangrando...”

         “Taka-chan... Você está sangrando...”

         - Ru-san, eu sei que eu não devia, mas posso perguntar por que você está assim hoje? – Aoi tomou a palavra, enquanto acabava de acender seu cigarro.

         - Eu só estou tendo lembranças desagradáveis da minha família, Yuu. – Ruki respondeu, enquanto emergia da fumaça de seu próprio cigarro.

         - Mas... Eu pensei que você já tinha feito as pazes com seu pai.

         - Cicatrizes são marcas que não desaparecem.

         - Você... Não superou ainda?

         Silêncio.

         - Seu coração não é forte o suficiente? – Aoi voltou a perguntar, enquanto soltava a fumaça dos pulmões.

         - Quem é você para questionar isso? – Ruki perguntou, absolutamente sem sentimento na voz.

         - Alguém que se importa com você. – Aoi retrucou.

         - Tem certeza? – Ruki se virou para o guitarrista.

         E o silêncio reinou novamente.

         Aoi não sabia o que responder. De fato, os dois eram amigos. Mas algo lhe dizia que o coração de Ruki estava ferido demais para que eles pudessem ter esta certeza.

         O guitarrista levantou-se, encarou o jovem sentado à sua frente, com um pesado olhar de tristeza, e se retirou.

         “Eu já me decidi.”

         “Decidiu?”

         “Eu quero montar uma banda. Quero viver da música.”

         “Ah, então quer dizer que além de fumar e virar um rebelde, você agora quer passar fome?”

         “Você não entende. Eu quero seguir o meu sonho.”

         “Você chama essa idéia ridícula de sonho? Faça-me o favor, Takanori.”

         “Eu já decidi. Se você não concordar, eu sairei daqui!”

         “Pois saia. Não irá fazer falta! Você acha mesmo que alguém se importa com você? Acha que alguém liga para o que você faz?”

         “Pare...”

         “Você sempre foi fraco, Takanori. É por isso que sempre judiaram de você. Nós tentamos lhe dar uma boa educação, mas você só queria se divertir. Agora, pretende seguir esta idéia estúpida.”

         Sua mãe e irmão entraram naquela sala.

         “O que tem de mais Takanori ser um músico, Otoo-san?”

         “Cale-se! Você fica na sua. Essa discussão não lhe pertence. Takanori é um pobre coitado, que não sabe o que a vida lhe espera.”

         “Pare!”

         “Ainda não se foi? Pois o que está esperando? Vá, faça o que você acha que é certo. Você não é importante.”

         “Cale a boca, seu velho bastardo!”

         “Como ousa me insultar, moleque mimado?!”

         Um levantar de mão. E o jovem já estava ao chão.

         “Querido!”

         “Pois eu espero que você não volte. Vá, more na rua, morra de fome. É isso que você merece. É isso que lhe aguarda. Seus sonhos são pequenos demais. Mas são compatíveis com sua fraqueza.”

         As lágrimas acompanhavam o sangue que escorria de seu rosto.

         “Eu não dependo mais de você...”

         “Nunca mais apareça da minha frente. Você não é mais meu filho.”

Os cacos de vidro se espalharam pelo chão, juntamente com todo o conteúdo que ali se encontrava. Ruki apoiara-se na parede, para que ele mesmo não caísse, como o copo que ele havia soltado. Contraiu as mãos, e escorregou sem forças pela parede, até o chão.

         - Por quê? Por que tudo isso está voltando à tona? Por que eu tenho que lembrar disto, tanto tempo depois? Mas que merda... – Murmurou para si. Estava sozinho naquela sala.

         Ninguém iria lhe ouvir.

         Tanto tempo sem pensar em tais lembranças, mas agora... Como se uma enorme fenda houvesse se aberto em seu peito, e tudo voltasse à superfície. Coisas que ele já havia superado, mas que neste momento... Estavam de volta.

         Mas por quê?

         - Não percebeu? São eles... – Uma doce voz surgiu na frente de Ruki, vindo de próximo à porta.

         O vocalista levantou o rosto e deparou-se com um jovem estranho à sua frente, encostado à parede, com os braços cruzados.

         - Olá. – O jovem disse, sorrindo, tranquilamente.

         - Quem é você? – Ruki se levantou. – Como conseguiu entrar aqui?

         - Quem sou eu? Será que está mesmo na hora de você saber? – Sua voz ficou mansa e musicada.

         - Você é algum novo j-rocker da PSCompany? – Ruki ainda estava um pouco assustado, mas como havia reparado nas roupas e na aparência do jovem à sua frente, começou a tirar as próprias conclusões.

         - J-rocker? Não, não. Mas já ouviu aquela de “em Roma, seja como os romanos”? Pois é. Eu tive que aparecer assim, para que você não se assustasse muito. Acho que não funcionou. – Sorriu.

         - É melhor você sair daqui, ou irei chamar a segurança. – Ruki ameaçou.

         - Segurança? – O outro desapoiou-se da parede e riu. – Acha mesmo que eles poderiam me pegar? – E sem que Ruki percebesse, já estava ao lado do vocalista, falando ao seu ouvido.

         Ruki moveu-se rapidamente para o lado, tropeçou em uma cadeira e acabou se desequilibrando. Porém, caiu sobre os cacos de vidro do copo que havia derrubado, o que cortou sua mão, não muito, mas o suficiente para fazê-la sangrar.

         - Sangue humano... – O jovem em pé à sua frente respirou profundamente. – Tem um cheiro incrível. Não me tente, Takanori. – Sorriu novamente, enquanto seus olhos possuíam um estranho brilho púrpura.

         Ruki se admirou ainda mais.

         - Quem é você? C-como sabe meu nome?

         - Não fique com medo. Eu não lhe farei mal algum. Pode ter certeza. O que mais lhe faz mal são as lembranças que estão enchendo sua cabeça agora.

         - O quê? Como você pode saber disso?

         - Ora, eu apenas estou tentando lhe ajudar a entender a sua perturbação.

         Ruki usou a outra mão para estancar o sangue que lhe escorria do outro membro e se levantou.

         - Qual... É seu nome?

         - Nome? Bom, os humanos já me deram vários nomes. Mas uma vez, uma garota me deu um que eu gostei bastante. Então, pode me chamar de Miyavi. – Colocou a mão no queixo para pensar, e sorriu de volta.

         - Miyavi... Quem... O que é você? – Ruki tremia. Deu um passo atrás, com um pesar manso.

         O jovem que acabara de se apresentar sorriu com satisfação, deixou com que o brilho de seus olhos permeassem o ser de Ruki, e fechou a porta perto do vocalista, movimentando uma das mãos.

         - Eu sou seu pior pesadelo. – Respondeu, sorrindo. – Ou seu mais adorável e doce sonho... – Desapareceu e reapareceu novamente atrás de Ruki.

         A verdadeira revelação pioraria o coração do vocalista.

         Pioraria...

         ... Ou confortaria?

Memórias que devem ser esquecidas. Cicatrizes incuráveis. A fraqueza de um coração partido. Um coração humano.


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Notas finais do capítulo

Sim! Meio ponto para quem disse que um dos "rapazes" do capítulo anterior era o Miyavi -QQQQ
Como ninguém acertou o outro, darei uma outra chance depois -Q

Enfim, não se preocupem. Ruki não sofreu assim na infância dele .o.
Eu apenas peguei a biografia dele e modifiquei para ficar de acordo com a fic. De verdade, os pais dele exigiam muito do garoto, e a maioria de vocês sabe que o pai de Ruki deserdou-o quando ele resolveu montar uma banda LÔL

E o capítulo ficou grande, gomen ._____.

Enfim, espero realmente que estejam gostando -Q

As "melhores" coisas virão com o próximo capítulo -Q

E uma bala pra quem acertar o que o Meevs é nesta fic -QQQ

Obrigada a todos, e, se chegou até aqui, deixe um review, se quiser ~~♥
#morre

Até o próximo -QQQQ