O Milagre escrita por Beatte


Capítulo 16
Intense




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Narrador desconhecido:

‘’ Garota desaparecida há quatorze anos, filha de grande modelo internacional e banqueiro associado há uma das maiores empresas petroquímicas do mundo desapareceu misteriosamente em uma noite de 17 de setembro de 1992 com algumas mudas de roupa e dois anos de idade. Seria um rapto por alguém obviamente perturbado mentalmente ou um desespero nacional?

Mesmo com a recompensa generosa de alguns milhões de dólares para quem visse a criança não houve nenhuma pista até agora.

Será que finalmente poderíamos encontrar a princesinha dos Estados Unidos? Boa noite e agora com Lucia Roberts diretamente de Lisboa com uma cobertura completa sobre o desfile de moda mais esperado do ano. ’’

Ele lambeu os lábios sorrindo, uma mania que a maioria das mulheres atraentes pareciam gostar, mas ele se repreendia mentalmente por isso. 

Ele tinha que admitir que se sentia atraído por mulheres com adoráveis cochas , por isso deu uma boa olhada no canal antes de perceber que a tela de seu computador piscou na mesa com tampo de vidro.

Olá, senhor.

ASSUNTO: Geladeiras com 90% de desconto.

Ele clicou no e-mail e riu com desdém, Martin e seu temperamento neurótico eram realmente engraçados.

Ele nem se importou em ler o restante do e-mail, simplesmente pulou a baboseira de regras a serem cumpridas e blábláblá. Somente geraria perda de tempo e com isso abriu as fotos do seu próximo trabalho.

Christianna de Manhattan.

-/-

Eu tinha a caixa de madeira entre os dedos e com o indicador cobri uma das margaridas desenhadas com corretivo no canto esquerdo da caixa de lembranças.  Será que eu estaria mentindo se dissesse que não pensava em meus pais biológicos? Sim.

Coloquei uma das mãos livres embaixo do colchão e apalpei a madeira até encontrar a pequena moldura de prata fria. Peguei-a e a coloquei rente aos olhos olhando bem para cada detalhe em floreado com desenhos indistintos como uma grande onda turbulenta em meio mar. Com a caixa por cima do colo eu passei um dos dedos pelo grande cadeado que me impedia de dar que seja apenas uma checada em algumas lembranças mais dolorosas.

Era como se olhar para fotos, rabiscos e desenhos de meu passado fosse por pelo menos algum tempo fazer com que toda a minha vida parecesse realmente verdadeira. Como se em rabiscos dos quais eu fazia na época em que permaneci no período de adoção, fossem fazer com que eu tenha alguma coisa na qual pudesse me agarrar. Mas ao mesmo tempo em que me oferecia prazer, eu sentia a dor excruciante de relembrar momentos dos quais uma garota tão jovem não deveria ter vivido.

Era dolorido até fingir que nada aconteceu, mas talvez o costume tenha superado as minhas expectativas, pois fingir que eu não me importava com nada era realmente cansativo.

Será que Emma estava certa? Eu seria uma garota doce que acabou por criar uma personalidade durona, distribuindo foras grotescos e implicando principalmente com o garoto de qual secretamente gosta? Não.

Mas Emma também havia dito que no fundo ela saberia a verdade, seria ela teimosa demais para admitir que sim?

Olhei pelo céu escuro em contraste com grandes estrelas que brilhavam intensamente como minhas duvidas que brilham como semáforos em minha cabeça. Uma grande festa da qual eu repensei horas a fim se deveria ou não ir começaria daqui a pouco. O espelho do outro lado do cômodo me chamou atenção e eu percebi como cada detalhe de mim mesma era estranho, na parte esquizofrênica da minha cabeça que se perguntava: quem é essa bela estranha?

Minha caixinha, minha caixinha. Posso abri-la?

Uma pequena parte de mim diz que eu sou esquizofrênica.

Quem sabe, as enfermeiras da minha maternidade tenham me deixado cair de cabeça quando nasci.

Mas eu nem sei se eu nasci numa maternidade.

Posso ter deixada em um saco plástico no Rio Mississipi ou em uma lata de lixo.

Isso é cheiro de bacon?

Será que o Jack estará na festa? Não, que eu me preocupe porque eu não me preocupo por estar preocupada.

Foda-se.

- Emma?

- Sim?- ela me respondeu do outro lado da linha.

- Me busque nesse minuto, eu quero ir para festa.

- Sim... – ela murmurou animada depois de comentar o quanto eu não iria me arrepender antes de desligar e eu sorri para o meu BlackBerry enquanto ela continuava comentando o como estava fazendo-a  feliz.’’ Pelo menos alguém!’’- murmurei mentalmente.

- Obrigada, Emma. Obrigada, amiga.- eu murmurei para mim mesma.

Jack narrando:

Era uma loucura! Uma completa loucura!

Roberta tinha toda a sua casa praticamente lotada: garotas desciam com tudo na pista de dança, casais nos sofás ou no grande quintal  e garotos bebendo. Principalmente quando se era capitão do time de basquete e ex-namorado de uma das lideres de torcida mais desejadas da cidade. Era praticamente idiota tentar não ser popular para Jack: rico, bom aluno e particularmente atraente com altas taxas de confiança que pareciam atrair o sexo oposto.

Ele ria alto com um dos amigos enquanto Rebecca o tomava por trás, ronronando em seu ouvido coisas que não devem ser ditas aqui.

- Olha quem te encara, olha quem te encara... – Igor murmurou rindo com um copo de bebida em uma das mãos.

Ele sabia que sua ex-namorada poderia correr e arrancar seus cabelos nesse exato momento, por outra mulher tanto atraente quanto as demais o estar abraçando-o sedutoramente com um desejo escondido fazer muito mais que abraçá-lo por trás.

Ele olhou para um dos lados do salão e seu sorriso se desmanchou quando viu os olhos extremamente tristes dela seguido por um sorriso de reconhecimento o que o fez pensar no que havia atrás daquela garota tão complicada, selvagem, ou melhor, intensa.


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