Rock Model escrita por lua_gaga


Capítulo 28
Capítulo 28 - Trabalhando de medico




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“Rápido, rápido, rápido!” Edward exclamou, carregando Nessie pro helicóptero. Eu sentia um aperto enorme em meu coração e sentia que alguma coisa estava errada.

Edward era a pessoa mais calma do mundo e só hoje ele já havia fugido de sua personalidade... Umas quinhentas vezes.

Nós corremos pela pista de embarque, em direção ao helicóptero que já estava ligado e nos esperando. Dois paramédicos desceram do trambolho e vieram ajudar a colocar Reneesme na maca.

Edward sequer me deu atenção quando eu perguntei porque ele estava com tanta pressa.  Ele estava completamente atento a Renesmee. Ele estava ali por ela. Ele havia agido por ela, pra me ajudar... E então eu me arrependi amargamente de ter dito que ali não era o lugar dele.  Não só era, sim, o lugar dele, como eu estava agradecida por ele estar lá.

“Nós precisamos manter a nutrição por via endovenosa.” Ele disse, pra um dos paramédicos. “Se precisar fazer uma lavagem gástrica é melhor que seja em um hospital.” Ele mordeu o lábio inferior e encarou Nessie. “Você vai ficar bem.” Ele sorriu. “Saiu de lá na hora certa.”

Então ele me deu uma olhada preocupada e desviou o olhar. O desanimo me atingiu em cheio. O que fizeram com Renesme?

(...)

Foi tudo muito horrível.

E sim, eu acho que horrível é a palavra certa. O desespero começou quando descemos aqui. Carlisle olhou pra minha irmã e escutou nossas explicações, ele não falou nada. Ele apenas a enfiou dentro da ambulância e correu pro hospital.

Eu era quase como um fantasma ali.

Ninguém respondia minhas perguntas, ninguém ouvia o que eu falava, ninguém me enxergava.

Eu tremia da cabeça aos pés quando falaram que além da lavagem gástrica, teriam que dar laxantes e outras coisas pra fazer ela por tudo pra fora. Quando ela chegou no hospital de Forks, ela saiu da ambulância com a mesma velocidade que entrou e se foi para alguma das salas.

Edward foi junto.

Eu estava sozinha. Eu olhei ao redor da sala de espera e, depois de muito aguentar, caí em uma das cadeiras e fiz o que eu vinha segurando desde o instante que eu entrei no helicóptero. Eu chorei. Chorei por minha irmãzinha, meu único pedaço de Renée... Eu não podia perder. Eu não podia a perder.

Meu sistema nervoso em frangalhos rugia dentro de mim, falando coisas e me fazendo pensar coisas horríveis. Ele pedia, implorava, por paz.

E daí, ainda chorando, eu decidi pra onde tinha que ir. Levantei dali e fui pro lugar menos provável do mundo em que um dia eu pisaria.

Eu fui pra capela do hospital.

Era meio irônico eu ir pra lá, eu nunca rezava. E eu sempre prometi pra mim mesma que eu jamais faria isso também, porque eu nunca fazia e eu não faria a primeira vez pra pedir.

Porque todos pedem, mas ninguém lembra de agradecer.

Ninguém simplesmente reza.

Sempre, por mais intimo que seja, tem um pedido. Uma segunda intenção. O ser humano não é puro, ninguém é completamente fiel a Deus. Quem já não se perguntou se ele existe mesmo? Ou então porque todo mundo pede tantas coisas pra alguém que nunca ninguém viu?

Eu entrei na peça simples. Tinha cadeiras próprias dos dois lados como em uma igreja, mas em número menor. Um pequeno altar com uma imagem de Cristo acima e uma Bíblia sobre a mesa, uma senhora rezava agarrada a um terço bem na frente, ajoelhada sobre o apoio que o banco tinha.

Eu entrei, de forma desconfortável e tremida sentando na última cadeira.

Capela: http://www.diocesepontagrossa.com.br/portal/upload//editor/image/Capela%20HBJ.JPG

Encarei a imagem de Jesus crucificado acima do altar. Ela se destacava por ser de madeira e estar sobre a pedra branca.

A mulher a minha frente, vestida de preto e com um rosto cansado chorava fortemente agora.  Então, por alguma razão, eu me ajoelhei também.  E tremendo por muitas emoções, eu coloquei a cabeça entre as mãos.

“Eu... Eu sinto muito nunca ter rezado.... Nunca ter dito uma palavra pela minha mãe e-e-e-eu.... Eu preciso de sua ajuda! Eu não sei nenhuma oração e-eu...Sinto tanto... Tanto... ela tudo o que eu tenho, eu não sei o que vai ser de mim sem.... Ela tem só seis anos! Não podem tirar ela de mim! Por favor.... Se você é tão justo como dizem... Eu-u...” botei a mão tremendo contra meu rosto. “Só.... Não leva ela. Eu preciso dela, eu.... Ela....” eu não agüentei então. E eu chorei. Coloquei meus braços contra o encosto do banco da frente e apoiei meu rosto neles. E eu chorei. Chorei demais, eu solucei.

E eu não sei quanto tempo durou. Quanto tempo eu fiquei ali. Quanto tempo eu chorei apoiada no banco, naquela capela.

Só sei que depois de um tempo eu ouvi paços retumbando pelo local e senti uma mão em meu ombro. Era a senhora do banco da frente.  Seu rosto estava vermelho de lágrimas e ela me olhava compadecida. “Ele é justo, minha filha,” ela sorriu, afagando suavemente meu ombro. “Você vai ver.”

Mordi minha bochecha por dentro e concordei.

Ela sorriu e se afastou.

Mal sabia ela, o quanto estavam valendo suas palavras de conforto agora, quando ninguém me confortava.

Dolorida, saí da sala. Logo atrás da senhora de preto, ela já havia sumido. Tentei ir pra sala de espera outra vez, mas eu não queria ir pra lá. Não queria ficar sozinha lá outra vez.

Caminhei pra saída. Eu ficaria no jardim da frente do hospital. E eu não queria nem me importar com o frio ou se eu ficaria doente. Eu não queria saber de mim.

Senti, então, uma mão puxar meu pulso. Eu virei automaticamente pra trás e fui puxada pros braços de meu pai. Ele me abraçou com tanta força e saudade, me passando tanta força, tanto calor. Tanto amor fraternal.

“Como ela está?” eu perguntei, sentindo as palavras arranharem minha garganta. 

Ele não respondeu de imediato, então eu o encarei. Ele sequer olhava pra mim, ele tinha um olhar exasperado firme num ponto acima de mim.

“Pai...” chamei.

Ele direcionou seus olhos pros meus. “Teremos que dar alguns remédios pra ela...”

“Ela vai ficar bem, pai?”

Ele então me olhou de verdade. Seus olhos azuis diretamente nos meus castanhos, e do nada, ele sorriu de canto.

“Eu nunca perdi um paciente em toda minha carreira, Isabella.” Ele sorriu de verdade. “E eu não vou começar agora.”

Eu quase gritei de tanta felicidade, pulando em seu pescoço. “Eu te amo, pai.” Disse. “Eu te amo demais!”

Ele nada disse, só me abraçou de volta. E eu estava viva outra vez.

*

Dois dias depois.

Caros alunos e alunas de Forks High School,

Eu pensei em palavras que descrevessem o quanto eu amei minha estadia aqui-.

Hm... Não. Amassei a folha e recomecei:

E aí, galera. Tudo em cima?

Argh! Não! Definitivamente, não.

Quem sabe alguma frase de Shakespeare? Não, muito padrão. Confesso: jamais imaginei o quão complicado é fazer um discurso de formatura.  Quando me convidaram, achei que seria uma tarefa simples pra quem já enfrentou oceanos e mares na frente da maior galera, mas estava muito enganada.

Renesme gemeu alguma coisa inaudível, ainda dormindo e me fez levantar os olhos pra ela. Eu estava no hospital ainda. Nessie, estava em observação e precisava receber medicamentos de doze em doze horas. Depois, ela ainda precisaria seguir com outros mais leves.

Ela estava fora de risco.

Mas só em pensar no que aquela vadia ridícula fazia nela... Ah, ela era tão doente!

Eu pretendia pedir a guarda de Nessie por isso, mas seria ligeiramente complicado, levando em consideração de que quem entraria com o processo seria eu, e eu sou menor, ou então meu pai... Mas daí seria ainda mais difícil. Porém, por ela ter sofrido maus tratos e ter sido quase morta... Bem, aí é outra coisa.

“Bella,” Edward entrou no quarto. “Como ela passou?”

Eu sorri da poltrona onde eu estava espremida entre o meu caderno e minhas próprias pernas e levantei. 

“Bem,” eu sorri e fui até ele, envolvendo meus braços ao redor de seu pescoço. “Graças a você.”

Ele sorriu e retribuiu o abraço, eu aspirei profundamente o cheiro de sua pele, fazia quanto tempo que eu não fazia isso?

“Você sabe que foi tudo você, não sabe, Bella?” Ele perguntou.

“Como assim?” meu rosto descansava na curvatura de seu pescoço.

Eu o ouvi sorrir, então ele me abraçou com mais força. Encaixando seu corpo ao meu, em um abraço completamente gentil. Um abraço fraternal. Um abraço de amigos.

“Bella, eu nem sonhava que era envenenamento por mercúrio... Não fazia nem idéia de que ela estava sem fazer o verdadeiro exame da bacia... Foi tudo você, Bella.” Ele mexeu em uma mecha de meu cabelo. “E você nem sabe disso...” comentou por fim.

“Eddie, se você não estivesse lá...” eu suspirei. “Ela teria morrido.”

Como ele não podia ver isso?

“Não, Bella, se eu não estivesse lá, você teria feito de algum jeito. Você não depende de mim pra nada,” ele riu. “Eu, sim, dependo de você.”

Eu sacudi a cabeça, sem crer.

“Preciso fazer um discurso.” Sorri. “Quer me ajudar, ex-orador?”

“Vai seguir meu legado?” ele brincou.

“Quem sabe?” pisquei.

Nessie resmungou alguma coisa e se mexeu, em seguida abrindo os olhos e piscando algumas vezes. Sonolenta.

“Oi...” ela sussurrou, abrindo um sorriso.

“Oi, meu amor.” Eu sorri e fui até ela, me sentando na beira da cama.

“Onde eu estou, Bella?” ela perguntou.

Eu sorri. “Um pouco longe de casa.”

Ela enrugou o cenho. “Estou faminta.” Disse, depois de desistir de pensar.

Eu ri um pouco. “Bom saber.” Respondi, acidentalmente, em inglês.

Ela revirou os olhos, chateada. Seus olhos passearam pelo quarto, depois de um tempo, procurando alguma coisa. Nessie viu Edward sentado na poltrona, a encarando.

“Oi.” Ela cumprimentou, sorrindo.

“Oi.” Ele repetiu.

Ela me olhou, então. “Ele entende o que eu falo, Bella?” perguntou.

“Alguma coisa.” Respondi, incerta. Edward não sabia nada de português.

Ela sorriu. “Me trás comida, Bella?”

Enruguei verdadeiramente o cenho e levantei. Será que ela já podia comer?

(...)

Carlisle disse que ela podia comer, mas moderadamente. Não é como se ela estivesse realmente recuperada, então, ele havia mandado a enfermeira levar um suco de mamão e uma sopa sem graça pra ela.

Eu estava indo avisar minha irmã nesse instante sobre isso.

Rodeei a recepcionista dali e segui rumo ao quarto, abrindo a porta sem cerimônia.  Estranhei a cena de cara: Edward com os braços cruzados, sentando e bem emburrado na cadeira e Nessie rindo descontrolada na cama.

“O que foi?” quis saber, curiosa.

“Ela me disse que eu era um veado homossexual achando que eu não entenderia.” Ele explicou.

Eu arregalei os olhos. Nessie parou de rir imediatamente.

“Que mentira!” ela rosnou. “Eu nem sei o que é homossexual!”

Edward estava chocado. “Mentira? Como assim mentira?” ela apontou pra ela e me encarou. “Bella, ela falou mesmo!”

“Que horror, Edward! Ela tem só seis anos.” Resmunguei. Ele cruzou os braços com mais força sobre o peito. “Nessie, Carlisle mandou lhe trazerem comida.”

Ela concordou, animada e nada disse.

E daí, antes de eu me sentar na cama, ouvi uma grande movimentação no corredor. Edward e eu nos entreolhamos e fomos imediatamente até a porta.  Eu precisei me segurar na soleira pra não desmaiar, então.

Charlie e Claudia estavam ali, na minha frente, e não pareciam nada felizes.

Ai, Deus!


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