A hora do jantar no The Cullen’s era sempre o período mais animado do dia. Alice fazia questão de aumentar a música – que nunca parava de tocar. Normalmente eram bandas antigas, não me lembro de ter ouvido algo novo ou remixado em nenhum momento. Por volta das oito horas estavam todos animados, como no dia anterior em que fui falar com Esme pela primeira vez. Ela parecia confiante comigo, e eu estava torcendo para que me deixasse realmente trabalhar.

Parei na porta da cozinha, olhando a movimentação dos clientes pela pequena janela. Eu precisava me erguer um pouquinho na ponta dos pés para isso, enquanto Alice, ao meu lado, literalmente pulava para alcançar o buraco redondo, coberto com um vidro fino. Observei em silêncio enquanto a porta da frente se abria, e Jasper entrava com sua irmã. A garota ao meu lado soltou um gritinho e em seguida colocou as mãos na boca, olhando para si mesma.

- Alice, o quê...?

- Jasper! – Falou alto, olhando pela janela novamente. – Ele não é tudo?

Ergui as sobrancelhas, olhando meus primos serem recebidos por Jessica e encaminhados até uma mesa.

- Olha aquela bunda... Ai! – Alice girou os olhos como se estivesse tendo um desmaio ou algo do tipo, abanando o próprio rosto.

Mexi a cabeça negativamente, rindo enquanto abria a porta e me aproximava deles.

- Oi, gente. – Sorri, mas somente Jasper retribuiu. Rosalie pousou os olhos na mancha em minha blusa antes de olhar para meu rosto.

Mike, que trabalhava como garçom ali há pouco tempo, parou ao meu lado com um sorriso ao abrir seu bloquinho.

- O que vão querer, hm? – O garoto já conhecia meus primos. Quer dizer, acho que todo mundo se conhecia nessa cidade. Mike estava no último ano do colégio.

- O que há de bom lá, Bella? – Jasper perguntou com um sorriso.

- Muita coisa. Mas nada meu. – Dei os ombros. – Não estou oficialmente contratada, ainda.

Ambos pareceram desapontados, realmente gostavam da minha comida. Rosalie mexeu rapidamente no cardápio ao lado, e sorriu consigo mesma.

- Quero strogonoff, só. – Disse, sem olhar para Mike. Jasper pediu o mesmo.

Ele assentiu, ainda animado, e se afastou na direção da cozinha.

- Onde está Emmett? – Perguntei para minha prima, tentando puxar assunto.

- Na academia.

Emmett trabalhava lá desde que se formara em Educação Física, e foi assim que se aproximou de Rosalie. Ela se matriculou no lugar só para chamar sua atenção com calças apertadas e coisas do tipo. Bom... Funcionou.

- Hm... – Resmunguei, sem saber como continuar o assunto. – É melhor eu voltar... – Sorri. – Bom apetite. - Acenei rapidamente, me virando.

Mal cheguei perto da porta e Alice saiu, quicando até a mesa e parando com uma pose sexy. Ouvi ela dizer um longo oi, ignorando Rosalie enquanto apoiava ambas as mãos na mesa, fazendo os braços comprimirem os seios na direção de Jasper. Suspirei longamente, divertida, voltando a assistir enquanto os outros cozinheiros trabalhavam.

(...)

As portas do restaurante se fecharam quando o relógio bateu exatamente 1:46 da manhã. Um casal saiu por último, e Esme trancou a porta assim que entraram em seu carro. Eu e Edward suspiramos, cansados, apoiados em uma mesa próxima a janela. Alice já havia ido embora. Mesmo que meu corpo implorasse por minha cama, eu realmente estava gostando de estar ali. Estava animada para o dia seguinte.

- Bella... – Esme se virou, sorrindo timidamente para mim. – Talvez amanhã possamos aumentar seu treinamento, não acha?

Ergui uma sobrancelha, um pouco confusa.

- Aumentar?

- É, quero dizer... Começar a me ajudar com a comida. Não tomando conta de tudo, como logo fará, mas... Agindo mais. – Sorriu. – Concorda?

- Claro! Vai ser ótimo, mesmo. – Sorri largamente, ficando em pé e pegando a pequena bolsa que havia trazido.

Ela afagou levemente meu ombro ao passar por mim e voltou para a cozinha, dando um boa noite para todos os funcionários que estavam saindo. Virei, prestes a me despedir de Edward, mas seu olhar fixado em mim despertou curiosidade o suficiente para que não conseguisse mais sair dali.

- O que foi? – Perguntei enquanto ele se levantava. Balançou a cabeça devagar, ignorando minha pergunta. Como sempre.

Parei por alguns segundos, analisando seu rosto enigmático.

- Você... Está com sono? – Perguntei, mordendo o lábio inferior da maneira mais sexy que pude. -  Podemos ficar por aqui e fazer um café, ou algo do tipo...

- Não, obrigado. – Ele falou quase por cima de mim, sério. – Precisamos descansar.

Abaixei a mão que passava por meu cabelo até minha bolsa, com uma mistura de raiva e gratidão. Por que eu queria tanto ficar perto dele, mesmo sendo absurdamente mal educado?

- Certo. – Resmunguei alto, murmurando um boa noite enquanto disparava para fora dali.

Abri minha picape vermelha, e joguei a bolsa no banco do passageiro, subindo o mais rápido que podia no lado do motorista. Vi pelo canto dos olhos Edward saindo do restaurante antes de todos, novamente querendo se desculpar. Ignorei, dando partida no carro. Uma, duas, três vezes. Nada. Aquela lata velha!

Gritei cheia de raiva enquanto descia, chutando a porta do carro e deixando uma pequena marca por causa da ponta emborrachada do meu all star. O Cullen parou, analisando a situação. Antes que pudesse fazer ou dizer algo, Jacob apareceu por trás do restaurante prestes a ir embora, mas parou, me olhando preocupado.

- Pifou, ãhn? – Perguntou com um suspiro. Respirei fundo.

- É. – Respondi, simplesmente.

- Olha, eu posso te levar pra casa na minha moto... E amanhã levamos seu carro... Tenho uma oficina lá em casa. O que acha?

A oficina, é claro! Jacob sempre gostou dessas coisas. Eu o conhecia desde criança, brincávamos juntos. Mas talvez ele não se lembrasse... Billy, seu pai, vivia trazendo-o para a casa de Charlie nos verões em que eu estava aqui. Ele mudara muito. Estava mais alto, um pouco mais forte – mas, ainda assim, magro. Já fazia algum tempo que era entregador do The Cullen’s, assim como Sam.

Ergui os olhos para Edward, vendo ele parecer tenso. Sorri comigo mesma, tentando enciúma-lo.

- Certo. – Sorri para Jacob, me aproximando da moto já ligada. Ele sorriu largamente, me entregando um dos capacetes.

Ajeitei a bolsa em meu colo e subi, abrindo a perna o máximo que pude para jogá-la do outro lado do banco, empinando a bunda para que aqueles olhos verdes vissem muito bem o que estavam perdendo.