Maldito Vinho. escrita por Spaild


Capítulo 1
Único.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126175/chapter/1

Da abóbada noturna vertiam gotas de água como se cada uma das pequenas estrelas chorassem a ausência da lua. A rainha dos céus havia sumido naquela noite e tudo parecia deveras sombrio.

Tomou mais um gole de vinho e sentiu o gosto do Bordeaux lhe descer delicadamente pela garganta. Olhou de soslaio para a garrafa que Walter deixara sobre sua mesa, um Château Lafite Rothschild safra de 1945.

- Bela safra Milady. - ela ouviu o tom harmônico que era a voz de seu servo.

- É o que dizem. - respondeu.

- A safra de 1945 é muito especial para apreciadores por ser considerada uma das melhores do século 20.

Integra ignorava os comentários sobre o vinho, não queria saber nada sobre a bebida, apenas que ela servia uma boa quantidade de álcool para uma mente cansada. Tomou mais um gole, deixando uma gota escorrer pelo canto dos lábios.

Integra sentiu a ponta enluvaada do dedo de Alcuard lhe secar o canto dos lábios, e seus olhos irradiaram ira. Quem aquele servo impertinente achava que era?

- Alucard? - O tom deveria ter saído com reprovação, mas a entonação era outra. Lasciva talvez.

Soou como um convite erótico aos ouvidos do servo, mas ele conhecia sua senhora extremamente bem para saber que aquilo era apenas um equivoco, talvez provocado pela meia garrafa de vinho que vinha tomando.

Alucard decidiu deixar aquilo no ar, sem piadinhas de duplo sentido desta vez, queria ver até onde a desenvoltura de Integra embriagada poderia ir.

- Está chovendo. - Comentou ao chegar na janela.

- Bela observação Alucard, - ela disse mordaz. - se não tivesse a feito não saberia.

O vampiro encarou os olhos azuis de Integra, meio zonzos a olhar para o céu noturno. Ela levou os dedos finos até o bolso interno de seu terno que havia sido deixado sobre o braço da cadeira e retirou de lá uma de suas cigarrilhas de figueira. Alucard como um bom servo a ascendeu.

- Isto um dia a matará Mi Lady.

- Morrerei de qualquer forma. - ela respondeu depois de tragar.

- Não necessariamente e a senhorita sabe do que digo.

- Já discutimos isto Alucard, não sirvo para a eternidade. - ela soprou a fumaça acre no rosto de seu servo.

- Serviria a meus desejos. - disse um tanto irritado.

- Azeite e vinagre não se misturam servo meu.

- Mas dão um excelente tempero Integra. - e os dedos dele tocaram-na na face.

- Apenas o sal me basta.

- Para esfregar em minhas feridas. - ele retrucou.

Ela não responderia aquela afirmação de Alucard, em contra partida mais um gole de vinho fora tomado, tingindo novamente os lábios de um rubro misterioso. Que gosto teria os beijos de Integra neste momento, Uvas fermentadas e figo? Seria uma boa mistura?

- Tua simples presença ferve o meu sangue Integra. Tu saber o poder que tens sobre mim.

Ela sorriu para ele.

- Não digo do poder que os Hellsing lhe deram, digo do poder que tens unicamente por seres mulher, por exalar um cheiro que me enfeitiça, por ter uma pele que me fascina e pelo teu gosto misterioso que um dia hei de provar.

Integra levantou-se de sua cadeira, desvencilhando-se do vampiro impertinente, andando até a janela fria pela chuva. A respiração quente da líder da Hellsing deixava o vidro com um leve embaçar.

- Não seja presunçoso servo.

- Sou realista Integra.

A mulher girou seus calcanhares provando estar muito mais lúcida do que ele poderia imaginar, ou era somente o instinto que os anos de treinamento lhe dera, ela manteve a compostura e se aproximou de Alucard.

- Sua realidade não condiz com a minha, estás em um outro tempo vampiro, não sou a sua prometida, não me darei a você assim tão facilmente.

- Mas em teus sonhos tu me clamas Lady Integra, teus gemidos deixam claro tua necessidade.

Integra corou, ela mesma não entendia o porque de sonhos tão impróprios envolvendo aquele Alucard a sua frente, de olhos tão vermelhos como sangue. Era sede.

O tapa estalado abriu a brecha necessária, tão breve a cintura de Sir Hellsing era arrebatada por ele que os unia pelos quadris, percorrendo em seguida o nariz gelado pela curva do pescoço quente, arrancando arrepios e um leve gemido.

- Estás vendo Integra, tu me queres tanto quanto eu a ti, respeite os desejos de seu corpo.

- Prefiro uma farpa sob minha unha.

O beijo roubado foi dolorido, mas nunca desprazeroso, ao contrario, Integra sentia seu corpo moldar-se ao do vampiro enquanto suas línguas mesclavam os sabores de seus donos.

Integra acordava assustada com o som de um trovão, a pulsação acelerada bem como sua respiração, ainda vestia o terno verde, e sua garrafa de vinho só faltavam as duas taças que consumira. Fora tudo um mero sonho, nada com o que devesse se preocupar realmente, ou deveria, na verdade deveria sim, porque ela, Integra Hellsing não podia sonhar com vampiros lhe beijando. Era errado.

Suspirou, que mal fazia se aquela realidade existia apenas no mundo dos sonhos. Ouviu então a risada de seu servo, ameaçadora, como se ele soubesse tudo o que se passara nos sonhos de Integra.

Maldito vampiro que exercia um poder descomunal sobre ela, maldito seja seus olhos, seus cabelos, sua pele fria, seu corpo e sua alma esteja onde quer que esteja. Maldito sim, pois entrar nos sonhos dos outros deveria ser proibido, ainda mais daquela maneira despudorada.

Novamente ele riu.

"Minha senhora precisa de mim?"

- Vá se foder Alucard.

"Ainda não Integra, ainda não..."

Maldito vampiro, maldita chuva, malditos sonhos e Maldito vinho!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Ahhhh, enganei vocês bonitinho! Hsuahsuahsuah Admitam!

Hmmm... piadinha de duplo sentido despudorada essa hein? SHaushaushau Não me matem, acabei de criar tudo isto!

Ahhh, agradeço a Rii-chan que betou pra mim deixando ela mais legível já que estou sem o maldito do Word.

Beijões da Jun.

Eu sumi, mas não morri!