Após a demorada mordida de Anthony, nós fomos dormir e, ao acordar, percebi que o corpo de Anthony não estava perto do meu e abri os olhos, procurando e o achei.
     Anthony estava em frente à janela aberta e olhava fixamente para fora.

-  O que foi? – perguntei.
-  Uma visita está prestes a chegar... – disse ele, com desgosto.            Não entendi o que ele quis dizer, só o fiz quando Anthony veio até a cama e me envolveu com seus braços enquanto eu me agarrava a ela ao ver uma cobra preta e enorme entrava pela janela.
            Senti vontade de gritar, mas, mesmo que tivesse tentado, eu não conseguiria, pois, ao olhar a cobra, nossos olhares se cruzaram e foi como se ela me hipnotizasse.
-  Olá, Lilith – disse Anthony, sem emoção.
      Então, a cobra se contorceu e se transformou em uma mulher espetacular.
            Ela tinha cabelos ruivos acastanhados e um corpo de dar inveja até a Rosalie e seu vestido preto, justo e curto só ajudava.

-  Olá, Azazel. Ainda se lembra de mim? – perguntou ela, irônica.
-   Acho que sim, afinal de contas, como eu poderia me esquecer de um demônio que insiste em passar a eternidade me atazanando? – disse Anthony, sarcástico.
-  Pare de fazer piadas, pois, como já deve saber, não foi para isso que vim até aqui – disse ela, emburrada.
- E o que é que você quer, então? – perguntou Anthony, impaciente.
-  Não se faça de leso, pelo menos, não mais do que você já é. Você sabe que eu quero que você volte para o inferno, coloque tudo em ordem e me ajude a quebrar os selos – disse Lilith.
-  Beliel já está... – começou Anthony.
-  Nem tente dizer que aquele cara está fazendo algo, pois você sabe que não está. Ele não tem paciência com os demônios para colocar ordem, nem se dá o trabalho de checar as almas pecadoras e até agora não me ajudou a quebrar nenhum selo e você sabe como eu fico estressada quando se trata do meu marido, pois está muito ruim ficar sem ele – disparou ela.
-  Mas... – tentou Anthony.
-  Mas, nada. Aquilo está de fato um inferno, até para mim. Tudo está indo de mal a pior. Isso sem falar na desgraçada que está corrompendo as almas das crianças e de umas pessoas em Seatle. O povo do céu está tomando as suas providências e eu ninguém do inferno quer que eles levem o crédito. Queremos resolver isso e só tem como descobrir mais informações com a Morte – disse ela.
-   Com a Morte? – perguntei.
- Sim, my... – começou Anthony.
- Sim, humana sem sal. A Morte um dos quatro cavaleiros do apocalipse, entende isso ou você além de não saber se arrumar sem um demônio também é desinformada e burra? – bombardeou-me Lilith.
- Lilith, pare com isso. Eu não tolerarei que você fale assim com my lady – disse Anthony, sério.
- My lady? Como você consegue ficar preso a uma humana e ainda ser o cachorrinho dela? Ou melhor, um mero mordomo? – perguntou ela.
- Isso não é da sua conta, por isso, não se meta – disse Anthony.
- Tanto faz, só sei que é melhor você acabar com essa brincadeirinha com humanos e vampiros e fazer a sua parte – disse Lilith.
-Você quer que eu destrua um contrato passando por cima dos meus princípios por causa de um mero capricho seu? – perguntou Anthony.Tremi.
- Não precisa acabar com esse contrato estúpido e nem passar por nenhum dos seus malditos princípios, basta ajudar. Como eu disse, fazer a sua parte – disse Lilith, sorrindo forçadamente.
- Como? O que quer que eu faça? – perguntou Anthony.
-  Eu quero que você fale com a Morte , pois você sabe que ele só é simpático com ele acha que merece, ou seja, com quem ele quer e eu acho que você saberá lidar com ele e conseguirá achar as respostas certas para agir – disse ela.
- Agir? – perguntou Anthony, erguendo uma sobrancelha.
-  Sim, nós, ou seja, Beliel, eu e todo o inferno, queremos que você acabe com essa história – disse ela.
Anthony abriu a boca e ela disse:
-  E nem pense em contestar, pois essa é a nossa decisão e é a sua forma de pagar por não estar ajudando em nada ultimamente.
Anthony ficou emburrado, mas disse:
-  Perfeito, mas eu não quero mais nenhuma visita. Deixem-me fazer o meu trabalho em paz.
Lilith sorriu docilmente e disse:
- Perfeito! Menos uma preocupação!
- Certo, certo, agora, vá, pois eu tenho que arrumar a my lady para mais um dia e planejar como falarei com a Morte – disse Anthony, levantando-nos da cama enquanto eu me agarrava mais a ele.Lilith me fitou.
- Nossa, ela é muito apegada em você, hein? Parece um daqueles bichinhos de estimação... Um daqueles poodles para ser mais exata... – disse ela.
-Lilith... – alertou Anthony.
-Tudo bem, tudo bem, eu paro. Mas lembre-se: ela é só mais humana cuja alma já é sua e que, mais cedo ou mais tarde, você terá que comer. Por isso, eu sugiro que pare com isso e destrua qualquer laço que tiverem, pois ela nunca será nada além de mais uma refeição no meio de muitas que já foram e que ainda virão – disse ela.
- Eu sei disso e não me importo, por isso, deixe-me em paz – disse Anthony, seco.
- Como quiser – disse ela.
Lilith virou-se e foi até a janela com passos sedutores e perigosos.
- Bom, estou indo... Te vejo no inferno, Azazel – disse ela, olhando para Anthony e depois para mim – Que aproveite enquanto pode, pois o seu futuro não será nada bonito, humana.
Então, com uma gargalhada, ela se transformou em uma cobra novamente e se foi pela janela.
      Anthony e eu nos fitamos.
-  O que você vai fazer? – perguntei.
-  Eu não sei, ou melhor, eu sei, mas não queria – admitiu ele.
-  Por que? O que é? – perguntei, curiosa e com medo.
-  Para invocar a Morte, nada melhor do que ficar perto de um médico... Ainda mais se ele já tiver passado pela morte... Se ele já estiver morto e tiver uma família de morto-vivos... De vampiros.
-  Então... – comecei, já sabendo qual seria o primeiro passo para realizar a tarefa que o demônio havia passado.
-  Eu terei que pedir ajuda aos Cullen e, caso a senhorita queira me ajudar, eu precisarei muito de você nesse momento – disse ele, sério.
Pensei que fosse chorar naquele momento.O meu Anthony estava precisando de mim? Eu teria mesmo a chance de ser útil a ele?
-  Claro – falei, entusiasmada.
Anthony sorriu forçadamente e disse:
-  A senhorita acha que pode ir até os Cullen comigo para que eu possa realizar a primeira etapa da minha missão e terminar logo com isso para seguirmos nossa rotina e pacto sem preocupações? – disse ele.
-   Sem dúvidas – falei, rapidamente.
Anthony sorriu de leve e disse:
-  Então, vamos, my lady. Deixe-me fazê-la brilhar para podermos assim começar a ter um pouco de diversão – disse ele, mudando seu sorriso leve para um cruel.
Engoli em seco e balancei a cabeça.
Então, Anthony começou a me arrumar para irmos a casa dos Cullen.Eu não sabia o que esperar, mas tinha certeza de que seria algo no mínimo surpreendente.