Percy Jackson, depois do Fim escrita por dudsandrade


Capítulo 2
Meu primeiro encontro vai por água abaixo




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– Annabeth? – Chamei, sem acreditar no que meus olhos estavam vendo. Ela estava com sua camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue, um shorts jeans e uma mochila nas costas, como sempre, mas estava absurdamente linda. Ela não havia me reconhecido de primeira, e fez um movimento impulsivo de pegar a sua faca, quando finalmente viu quem havia lhe chamado.

–Percy! – Disse ela correndo para me dar um abraço apertado – O que você está fazendo aqui uma hora dessas?

–Posso lhe fazer essa mesma pergunta, eu creio. O que você está fazendo, pulando os portões do seu novo internato?

–Eu vim ver você, é lógico. – e nisso, nossos dois rostos ficaram num tom escarlate – Mas não fuja da minha pergunta. O que está fazendo aqui, como me achou? – Ela me fitava com aqueles seus olhos cinza tempestade, como se tentasse buscas a resposta na minha mente

–Estava andando. E acabei encontrando você.

–Sozinho por Nova York, as 3:30 da madrugada?

–É, basicamente. – E a beijei. Nossa, nós havíamos nos visto a menos de 24h, mas eu sentia uma saudade tão grande. Eu passei as últimas semanas acordando e a vendo todos os dias, e sabendo que agora ela morava na minha cidade, eu tinha um desejo incontrolável de vê-la. Nossa respiração estava acelerada, e continuamos nos beijando até que uma luz acendeu no pátio da Elizabeth High. Notaram que alguém havia saído.

–Acho melhor sairmos daqui, não acha?

–Pro seu apartamento? – disse Annabeth, num tom que não dava para distinguir se ela queria ou não ir de verdade. Talvez fosse pelo fato de minha mãe e padrasto iriam nos pegar. O sono deles é mais leve que uma pulga, e eu não sou exatamente silencioso, ainda mais quando Annabeth está comigo. Ela me deixa tão estabanado e desastrado. Acho que é isso que chamam de amor. Ou de babaquice, o que preferir.

–Venha. – disse. – Vou lhe levar ao meu lugar favorito no mundo inteiro.

Dei um sorriso de orelha a orelha e peguei sua mão, entrelaçando nossos dedos. E juntos, corremos. E, pela primeira vez, não nos preocupávamos com monstros ou missões. Éramos apenas dois adolescente quase normais correndo em Nova York as 3:30 da manhã.

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O fato é que eu já fiz muitas coisas irresponsáveis, mas essa, de longe, foi uma das maiores: Roubei o Prius de Paul, meu querido padrasto. Ok, eu o “tomei emprestado”. Eu pretendo devolve-lo tá legal? E dessa vez sem patas de pégasos amassadas no seu capô. É, eu sei que ainda não tirei minha licença, mas dessa vez, pelo menos, eu já tenho dezesseis anos. É um pouquinho menos pior.

Annabeth esperava do lado de fora enquanto eu entrava no meu apartamento e, pé ante pé, pegava a chave do carro. Depois de muito esforço e quase ter derrubado um vaso da minha mãe no meio da sala (tive de fazer uma manobra ninja para impedir que ele caísse no chão), fomos até a garagem e pegamos o carro. Annabeth não parava de perguntar “Para onde estamos indo?” ou “O que você pensa que está fazendo!?”. E tudo que eu respondia era:

–Aguarde e verá, minha sabidinha. –  e dava um sorrisão do tipo não-vou-lhe-contar-nada. Óbvio que ela não gostava dessa resposta, mas desistiu depois de ver que não adiantava insistir. Eu estava comprometido a surpreendê-la esta noite.

Dirigi por aproximadamente uma hora, por toda o estreito de Long Island, até finalmente chegar à extrema margem sul da ilha.. Eu podia ouvir os familiares e nostálgicos barulhos das ondas rachando na beira da praia, e sentir aquela brisa marinha no ar. Eu me sentia mais forte, e mais confiante, e eu tinha certeza de que nada daria errado nesta noite (ou madrugada).

Preciso dizer como eu tenho uma tendência a estar errado?

Estacionei perto de um chalé na beira da praia, antigo, com pintura clara e janelinhas brancas com cortinas desbotadas. Eu me sentia em casa, e descendo do carro, abri a porta de Annabeth e, oferecendo uma mão para ela descer, como um gentleman, disse: Seja bem vinda a praia de Montauk, minha sabidinha.

Annabeth desceu do carro, e a luz da lua e de umas poucas estrelas davam à ela uma aura prateada, que se tornava dourada nos cachos de seus cabelos loiros. Ela olhava atônita para a paisagem, com um sorriso no rosto, ao mesmo tempo em que analisava, e possivelmente reconstruía na sua mente, todo aquele lugar. Ela disse por fim.

–Que lugar é esse?

–Montauk? É simplesmente o lugar em que eu passei os melhores momentos da minha infância nele. Naquela casa – e apontei para o chalé enterrada as dunas. – eu e minha mãe costumávamos vir todos os verões, e foi nesta mesma praia que meus pais se conheceram, e se apaixonaram. – Segurei a mão dela, e puxei para perto do mar, que agora molhava nossos pés. – E é aqui que eu quero dizer que a amo, Annabeth, e pergunto se você quer, oficialmente, ser minha namorada. – É, eu não tenho idéia de onde tirei coragem - ou criatividade - para dizer tudo aquilo. Deve ter sido o poder do oceano, ou eu que estava muito feliz mesmo.  O que importa é que eu havia conseguido o que queria: surpreender Annabeth. Ela me encarava com seus olhos da cor da tempestade, mas neles havia uma expressão que eu nunca havia visto antes neles: uma mistura de surpresa, alegria, e alívio, talvez, como se ela quisesse muito que eu dissesse isso, apesar de não admitir.

Percebendo que já havia passado quase um minuto com me encarando, o que para mim pareceu uma eternidade, ela por fim resolve dizer:

–Sim! Mas é claro que sim! – E me beijou. Começou um beijo calmo, mas logo nos entregamos ao prazer e precisávamos nos separar para poder respirar. Eu a abraçava apertado, e fazia carinho em sua cabeça, quando começou a garoar. Ora, quem se importa com uma chuvinha?

E, como se o tempo estivesse lendo meus pensamentos e dito “Há, agora você vai ver!”, do nada começara a chover muito, muito forte. Seria uma cena de filme romântico linda, não fosse pelo oceano também ter se revoltado, e os ventos nos jogarem areia e folhas de palmeiras em uma velocidade absurda. “Poxa pai! Para que isso agora?” Pensei, mas pelo jeito fui ignorado, pois a tempestade apenas piorava.

Annabeth então me puxou e começou a correr em direção ao carro, enquanto eu procurava a chave em meus bolsos. O problema, é que ela não estava neles.

–Onde raios você meteu essa chave? – Gritava Annabeth, desesperada – Eu não acredito que... ah, Não!

Foi quando vi o que ela olhava: a chave, ainda pendurada na ignição, e o carro trancado por dentro.

–Não acredito que fiz isso – eu xingava a mim – Ok, hora do plano B.

–Que plano B? – gritava Annabeth, já completamente ensopada. Nossa, com aquela camiseta molhada dava para ver perfeitamente as curvas de Annabeth e... Não, foco Percy Jackson!

 –A sua sorte é que Atena sempre tem um plano – e dizendo isso, Annabeth me puxou para aquela casa a beira mar, que eu tantas vezes fui com minha mãe. Mal chegamos à porta e juntos, demos um empurrão nela, e me assustei como ela cedeu facilmente.

Entramos na escuridão do chalé, completamente encharcados.

Eu não poderia estar mais feliz.


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