-Às vezes sinto vontade de ser como essas abelhas.

-Você quer dizer ter ferrões, pequenas asas, passar sua vida fazendo mel para uma rainha e ser amarela como listras pretas? Ou o contrário, ser preta com listras amarelas? Eu nunca consegui perceber o que é na verdade, não que eu ficasse observando abelhas... Até agora.

Ela o olhou com um sorriso de canto, seus olhos fitaram o rosto dele vermelho e um pouco embaraçado. Era sempre assim que ficava quando falava demais por não achar meio de parar de falar.

-Não, eu quis dizer ter asas. Não ter asas de verdade, seria estranho, mas sabe poder ser livre e voar aonde quisesse. Pousando em cada flor e por que não, fazer um pouco de mel talvez. Tudo isso metaforicamente. Eu gostaria na verdade de poder viajar por todos os lugares que sempre li à respeito.

Ele encarou com um olhar de medo. Medo de perda, de mudança, não sabia conviver com esses sentimentos.

-Eu gosto de você do jeito que você é Chuck... Sei que é egoísta, mas não desejo que você vá embora.

-De que adianta voltar a viver se eu não...

Não terminou sua frase. O confeiteiro a encarava com medo, seus olhos denunciavam uma insegurança. Antes que ele pudesse perdê-la disse:

-Por mais incoerente que parece foi você que me fez voltar a viver Chuck, e o único lugar no qual eu quero estar é onde você está.

Ela sorriu, um sorriso completo. Pela segunda vez percebeu que não via o por quê de deixar tudo aquilo. Ela tinha tudo.

-Nenhuma outra pessoa, que não fosse você Ned, poderia ter me trazido à vida novamente.

Ele sorriu e com a mão enluvada apertou a mão da garota morta, que sorriu de volta e apertou firmemente para jamais soltar... Mesmo que jamais se toquem.