O cemitério estava frio e sombrio, como sempre. Havia um homem com o semblante triste e arrependido segurando as lágrimas encarando uma sepultura.

Ninfadora Tonks Lupin – Filha, Amiga, Mãe e Prima querida.

Era estranho pensar em Dora morta, ela era tão feliz e agora que tinha tido seu filho Ted. Se ele tivesse sido mais rápido poderia ter a salvo. Mesmo que ela ficasse triste pela morte de seu marido, ela estaria viva. Isso era importante para Draco.

A última vez que Draco viu Tonks ainda era a época em que Harry Potter e Hermione Granger estavam sendo caçados pelo Ministério comandado indiretamente por Voldemort.

Ela, sua prima, estava andando calma e excitada por em breve ser mãe. Tonks comprava roupas para Ted e sua barriga era visível, ela ria e acariciava sua barriga com os olhos brilhantes.

Draco andava pelas ruas sem rumo e a viu na loja, uma sensação estranha lhe invadiu algo dizia para ele vigiar Tonks até quando ela estivesse num local seguro. Será que era assim o instinto de proteção ou apenas culpa?

Culpa por nunca ter reconhecido como sua parente, ter renegado que metade do sangue do qual pulsava nas veias delas era como o dele.

De repente Draco sente os músculos de seu rosto mexer e eles formaram um sorriso do qual não da existência.

Ouviu Tonks agradecer a vendedora e a porta abriu com ela cheia de sacolas nas mãos.

- Quer ajudar Tonks? Perguntou Draco sem pensar, como se tentasse uma forma de redenção com aquele gesto

- Malfoy?! Assustou a bruxa desequilibrando-se com pouco

- Você está bem? Preocupado o bruxo segurou os braços dela e assim pegando algumas sacolas

- Devolve, por favor. Pediu ela educadamente

- Eu só quero ajudar. – explicou Draco percebendo a incredulidade no rosto de Tonks – Dizem que grávidas não podem carregar muito peso.

- Não conhecia seu lado cavalheiro com traidores de sangue, Malfoy. A bruxa ainda estava descrente com a atitude do garoto a sua frente

- Só estou tentando ajudar. Sorriu Draco tímido

- Er... Tudo bem, não eu estou muito longe daqui. Tonks mordeu o lábio inferior pensando se ela tinha falado demais

- Não precisa se preocupar, eu não vou tentar atacar você, eu só quero lhe ajudar.

- Então vamos não estou muito longe daqui, só sete quadras. Respondeu a bruxa dando um voto de confiança

Eles caminharam em silêncio se encarando às vezes, Tonks ficou aliviada ao lembrar que estava na Londres trouxa, ou seja, ficaria difícil de Draco atacá-la.

Aos poucos Draco ficava impressionado com várias crianças correndo e brincando felizes naquele bairro.

- Sra. Lupin! Uma menina corria em direção à bruxa saltitante com os cabelos roxos, devia ter oito ou nove anos

- Olá Vivian, esse é o meu primo Draco, Draco essa é muita vizinha favorita Vivian. Apresentou Tonks sorridente

Era a primeira vez na vida dela que considerava Draco como seu parente.

- Oi Draco. Cumprimentou Vivian – Sra. Lupin faz pouco tempo que passaram alguns bruxos vestidos de preto, eles eram comensais?

- Eram. Infelizmente eram.

- Eu ouvi eles dizerem que não acharam ninguém na mansão dos Black.

-Acho melhor terminarmos essa conversa em minha casa. Tonks olhou para os lados com medo de estar sendo vigiada.

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A casa de Tonks não era grande, mesmo assim confortável. A sala de visitas tinha uma lareira que aquecia e dava ar de um pouco medieval com uma mesinha de centro dois sofás e três poltronas azuis escuras.

Vivian apenas contou sobre os comensais que ela tinha visto pelo bairro, perguntou sobre as novidades do mundo bruxo e contou sobre os feitiços simples que aprendeu lendo os livros de Tonks e Lupin.

Um silêncio constrangedor se formou após a saída da garotinha.

- Então você e Lupin se casaram. Falou Draco bebendo um pouco de chá

- É. – Tonks segurou sua xícara com certa força desnecessária – Er... Obrigada por ter me ajudado com as compras, acho que eu teria tropeçado com tantas sacolas e atrapalhada como eu sou. Deu ombros

- Não precisa agradecer. – Falou Draco sem pensar e corou furiosamente

- Achei que você não tivesse um lado bom e desculpe se vou ofender, mas você herdou o lado negro da família.

- Creio que sim. – o bruxo se levantou deixando a sua xícara quase sem chá na mesinha de centro – É melhor eu ir, ou sentiram minha falta e desconfiaram.

- Tudo bem. A bruxa levantou-se também – Eu o acompanho até a porta.

- Obrigado pelo chá e pelo voto de confiança. Eles caminhavam até a porta.

De onde Draco Malfoy tirou tanta educação de repente? Perguntava Tonks mentalmente

- Adeus, Draco. Despediu-se a bruxa

- Adeus, Tonks. E Draco fez algo que Tonks não esperava, ele a abraçou

Ela ficou em alguns em choque e depois retribuiu hesitante.

- Se cuida Tonks. Draco beijou-lhe a testa, afastou um pouco e aparatou.

Algo em Draco lhe dizia que aquele era o primeiro e último adeus dava a Tonks.

Ele estava certo, depois quando ele a viu novamente ela estava fria, sem vida. Quase não acreditou no que viu e segurou seu choro de desespero.

Olhou o relógio e resolveu se apresar, pois ele tinha que levar Scorpions na estação 9¾ para o seu primeiro ano em Hogwarts. 

Já não havia mais sinais do trem, já estava longe. Draco olhou de relance aonde tinha visto os Potters e os Weasleys e os viu conversando com Ted, desviou o olhar rapidamente sorrindo para Astoria, essa chorava baixinho olhando para os trilhos sentindo falta de seu menino, que agora crescido, era até difícil imaginar para ela uma mãe tão coruja.

De repente Draco sente uma mão em seu ombro, virou a cabeça e viu quem era e sorriu.

- Olá Vivian! Cumprimentou Draco

- Olá Draco, Astoria! Quanto tempo, não é? Vivian esticou ainda mais o sorriso e balançou seus cabelos ruivos.

- Parece que tem medo de nos visitar. Brinca Astoria

- Falta de tempo, mas agora eu terminei meu curso auror e vocês vão me ver muito ainda.

- Soube que você está namorando, Srta. Fortier. Falou Draco como um pai severo

- É, ele é lindo tá pai! É o Alessandro Ubber. Riu Vivian

- Eu vi você lá, Draco. No túmulo da minha mãe. Falou Ted atrás do loiro

- Ih Ted, Draco vai lá toda semana. Vivian falou tranquilamente

- Não quero você lá de novo. Disse Ted – Não com tanta frequência alguém pode te ver lá.

- Nos últimos dezenove anos eu visitei Tonks e não é o que as pessoas pensam de mim que vai me impedir, Ted. Draco disse entredentes, controlando-se para não ser mal educado – Eu era primo de sua mãe, não éramos próximos, mesmo assim parentes.

- Eu sei, Draco. Suspirou Ted – Mesmo após esses anos as pessoas lembram- de quem você já foi um dia.

- Draco, querido vamos, não estou me sentindo muito bem. Falou Astoria, tentando sair dali junto com seu marido se uma discussão.

- Claro Astoria. – Draco passou o braço na cintura da esposa – Até a vista garotos. Despediu-se e os outros assentiram

Por mais que o tempo passasse Draco sempre ia deixar seu buquê de flores no túmulo a Tonks, o arrependimento eterno do Malfoy, foi não ter sido alguém mais próximo dela em vida.

Mas o passado não se muda, mas o futuro se planeja.