Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 2
Capítulo 1. Sozinha


Notas iniciais do capítulo

N/A: Bom, minha intenção com esta história é propor um final melhor para a Tanya!... Achei que ela e a Leah, ambas, tiveram finais mto tristes na Saga, com a publicação de BD!
Não considero a Tanya com a PUTANIA que fica se metendo entre Edward e Bella!
Então, trago um final melhor para ela, mas quem quiser descobrir qual será e COM QUEM, precisa ler!!!
Aí está mais um capítulo!
Boa leitura e divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/124696/chapter/2

1. SOZINHA

Voltamos para o Alasca sem acreditar no que havia acontecido. Deixamos para trás a atmosfera de júbilo e alívio da casa dos Cullen, e retornamos para a nossa montanha. Viajamos em silêncio. Eleazar só fazia os mínimos movimentos necessários para dirigir em altíssima velocidade, Carmen estava paralisada ao seu lado. Kate, Garret e eu sequer respirávamos; os dois tinham as mãos entrelaçadas, e todos oscilávamos entre o ódio, a tristeza, a ansiedade e a saudade.

Lembrei-me da última vez que havíamos feito este retorno de Forks, há alguns meses, mais precisamente em agosto, sob circunstâncias totalmente diferentes. Edward e Bella tinham acabado de se casar e nós voltamos três dias depois. Eles já haviam partido para a lua-de-mel e os Cullen estavam envolvidos com a reforma de um chalé para presenteá-los quando voltassem. Chegamos até a conhecer o local. Esme estava empolgada e fazendo um ótimo trabalho.

Como poderíamos imaginar que o casamento de Edward com sua humana teria desdobramentos tão desastrosos para o nosso clã?

Irina já estava longe desde então, mas agora a certeza de que ela jamais voltaria era aterradora, revoltante. Quando a tensão dentro do carro parecia chegar ao limite da sanidade alcançamos nossa propriedade e em alguns minutos já avistávamos nosso amado chalé encravado ao pé das majestosas montanhas do Parque Nacional de Denali. Apesar da cobertura de neve, era possível identificar as enormes toras de madeira do telhado em V ao contrário, que se estendia até o chão. Ao lado esquerdo a estufa e, do outro lado, o meu atelier de escultura – passatempo que adquiri aos poucos e que me ajudava a expressar meus sentimentos, tão bem quanto palavras ou atitudes.

As quantidades de neve no chão eram o indicativo que o tempo não andou muito bom nos últimos dias, mas chegamos a casa em uma ensolarada e sorridente manhã, muito embora nossos humores não estivessem em sintonia com absolutamente nada disso. Saímos do carro em frente a casa e Kate imediatamente levou Garret para dentro, Carmen e Eleazar os acompanhando. Eu disparei em uma corrida desesperada pela neve.

Não me preocupei em avisá-los, Kate me conhecia o suficiente para saber o quanto eu precisava extravasar toda a raiva e a tristeza, que me consumiam até o cerne dos sentidos.

Meus pés sequer tocavam a neve. Cruzei o rio com um salto simples, sem humor para as brincadeiras que sempre fazíamos e que minha querida irmã adorava... Adorava... No meu tropel insano percebi que meu rosto estava desfigurado num choro sem lágrimas e forcei minhas pernas a acelerar. Comecei a circundar a enorme extensão de todo o Parque e mudei minha rota em direção ao Golfo, ao mar gélido que Irina tanto amava.

Quando me vi na direção de Anchorage parei violentamente na neve. Eu não poderia me arriscar a cruzar o perímetro urbano com minhas emoções no mais completo caos. O cheiro de sangue humano, que de há muito já não abalava mais meus instintos, poderia, neste momento, ser uma agonia a mais na minha dor. Já bastava meu peito, eu não precisava sentir a garganta queimando também.

Ouvi um guincho desesperado e alto quando cai de joelhos na neve. Um rosnado explodiu em meu peito. Em alguns minutos seus passos céleres se aproximavam e os cheiros característicos me deram a certeza de que os quatro vinham ao meu encontro.

– Tanya... – Carmen chamou aproximando-se. – Nós te ouvimos gritar e... – ela estacou apavorada. O que ela viu em minha expressão que lhe tenha causado isso, eu não sei. Mas fez com que Eleazar se aproximasse lentamente, como se eu fosse uma fera acuada. Talvez eu fosse mesmo...

Kate também se aproximou aflita e, abaixando-se rapidamente, me abraçou pelo lado esquerdo. Ela murmurava baixinho uma velha canção eslovaca que trazia lembranças de uma época tão distante... Eleazar tocou meu ombro direito sem conseguir dizer nada e Garret nos contemplava solidário à distância.

Não sei quanto tempo ficamos assim. As horas se passaram e a noite veio impassível. Percebi que aos poucos Eleazar, Carmen e Garret nos deixaram, respeitosos. Somente Kate permaneceu e amanheceu o dia em nosso abraço. Chorávamos sem lágrimas. Até que ouvi Garret vir removê-la delicadamente, murmurando:

– Venha. Talvez ela precise mesmo desse tempo sozinha. Deixe-me ao menos cuidar de você. – seu tom era respeitoso, contido e carregado de devoção.

Sim. Eu estava sozinha. Sozinha...

As horas se passavam e este pensamento martelava em minha mente impiedosamente, causando um turbilhão de emoções e reacendendo uma infinidade de lembranças.

Revivi toda minha trajetória até aqui. As reminiscências vinham em um turbilhão de flashes na velocidade da luz...

Recordei um milênio em minutos, até este momento. Até o gesto zeloso de Garret com Kate e percebi que, pelo visto, minha irmã jamais vagaria só pela eternidade.

Carmen e Eleazar, quando se uniram a nós, colocaram tudo em perspectiva para nós três. Irina, Kate e eu não acreditávamos nesse amor eterno, não buscávamos companheiros. Gostávamos de nos divertir com os homens humanos e seu calor, sua maciez, seu cheiro. No entanto, humanos sempre foram tão somente objetos muito úteis para nossas necessidades sexuais.

Quanto aos vampiros, não nos imaginávamos unidas inexoravelmente a outro vampiro, como Sasha havia se unido um dia a Vasilii. Tudo o que aconteceu com ela, por causa disso, nos deixou estragadas para o amor. Aquele amor desesperado que acabou com a razão e com a existência da vampira que nos criou; a quem considerávamos como uma mãe...

Não. Não queríamos isso. Queríamos uma eternidade de prazer e luxúria. Adorávamos nos sentir desejadas e idolatradas.

Nem mesmo meu interesse por Edward, séculos mais tarde, teria a marca da inevitabilidade desse amor inexplicável. Hoje, posso olhar para trás e ver amargamente que eu simplesmente desejava Edward. Era um capricho. Mas o que me divertia mesmo era lhe causar o constrangimento de colocar em perspectiva, através dos meus pensamentos, todo o prazer que eu podia lhe proporcionar. No fundo, no fundo eu sabia que ele sabia que tudo isso estava longe de ser amor.

O pânico gelado em meu corpo se intensificou na medida em que me dei conta de que em mil anos jamais amei ou fui amada verdadeiramente.

O que eu vinha fazendo da minha porção de eternidade?!...

Sozinha...

Não! Eu não posso ter me enganado por tanto tempo. É claro que não!

Esse amor verdadeiro foi a ruína de Sasha e Irina.

Sim! Eu precisava avisar Kate.

É claro que ela acabaria passando pelos mesmos tormentos no momento em que Garret se desse conta de que não poderia abraçar nosso estilo de vida vegetariano. Ele iria embora, como fez Laurent e deixaria minha outra irmã no inferno, assim como Irina ficou.

E pior!... E se ela resolvesse acompanhá-lo? Não! Eu não vou permitir isso em hipótese alguma! Preciso reunir forças para voltar e avisá-la, antes que seja tarde.

Em milésimos de segundos saltei sobre minhas pernas e disparei em outra corrida insana, na direção de mais um crepúsculo que caía preguiçosamente por trás da neve das montanhas.

Minha cabeça girava enlouquecidamente, eu não podia me permitir perder Kate também. Não podia...

Cheguei ao chalé ouvindo claramente Carmen e Eleazar na estufa cuidando de suas orquídeas raras. Não ouvi nem a voz de Kate nem de Garret, com certeza não estavam dentro de casa. Automaticamente rastreei seus cheiros, o de Kate, mais familiar, eu senti primeiro, bem forte e o segui em direção ao topo da montanha. Cruzava o rio num ponto bem ao alto, onde percebi que o cheiro de Garret também estava muito forte, e dentro da floresta pude ouvi-los, claramente. Uivavam ruidosamente entrelaçados e encaixados frente a frente, nus na neve, próximos de uma enorme sequóia jovem, cuja muda nós três – Irina, Kate e eu – plantamos quando nos estabelecemos aqui há três séculos.

Diminui consideravelmente o passo, eles sequer pareciam dar por minha presença. Estavam inebriados demais em seu prazer.

Não era a primeira vez que via minha irmã em um momento assim. Bom, era a primeira vez com um vampiro, mas assim como ela também já me assistiu e ambas já tínhamos observado Irina inúmeras vezes, continuei me aproximando. Gostávamos disso, achávamos excitante e geralmente os homens com quem nos relacionávamos também. Isso quando a brincadeira não era toda coletiva e nos permitíamos nos tocar e acariciar, na medida em que isso elevava o desejo dos nossos espécimes.

Confiando nesse hábito continuei me aproximando.

Porém, algo me fez recuar na intenção que me trouxe até Kate neste momento: tantas vezes já assisti a intimidade de Kate com seus homens e nunca a vi tão entregue, tão extasiada.

A atmosfera ao redor deles era diferente. Pairava uma paz reverente em torno deles, como se a natureza que já era perfeita, aqui no lugar onde escolhemos viver, pudesse ficar ainda melhor, tornando-se extática somente para eles. Os últimos raios avermelhados do sol poente invadiam as copas das árvores e, além de deixar tudo num tom de oliva maravilhoso, também explodiam em sete cores em seus corpos, refletindo um pequeno arco-íris em movimento desenfreado na neve branca.

Os movimentos de seus corpos eram completamente harmônicos e eles se chocavam sutilmente e em velocidade inumana, provocando sons muito característicos da composição corporal da nossa espécie. Seus lábios também se chocavam em beijos desesperados e sedentos, mas ao mesmo tempo cheios de um cuidado, um saborear, um arfar diferentes. Eram beijos cheios de... amor. Garret tocava cada centímetro do corpo de Kate com urgência e delicadeza totalmente incoerentes e incompreensíveis. Ocasionalmente ele uivava o nome dela um pouco mais alto, em resposta a alguma eventual descarga elétrica que Kate parecia soltar, inconscientemente, em seus devaneios. Isso não o desencorajava, pelo contrário, parecia ser o catalisador de mais uma rodada de beijos ardentes, carícias enlouquecidas e sons alarmantemente guturais. Os músculos de seu corpo se retesavam automaticamente, o que o tornava ainda mais sexy e a cena toda mais sensual e hipnotizante.

Contudo, ao contrário de incontáveis outras vezes, essa cena estava longe de ser excitante para mim. Minha mente voejava na velocidade da luz. Então, ao mesmo tempo em que eu me perguntava da estranheza de Kate perdendo o controle assim, tão inconscientemente sobre seu dom no momento do ato sexual; – coisa que há muito tempo não acontecia – também, de repente, me senti uma intrusa ali.

Era como se eu estivesse maculando um momento diferente, único, da existência de Kate – cujos ruídos, por sinal, aumentaram e tornaram-se frenéticos, selvagens.

Como era possível que estes dois ainda não tenham percebido minha presença aqui? Eu parei há dez metros de onde estavam; bem próxima ao tronco de um pinheiro. Eles pareciam estar imersos em um universo paralelo. Alheios a tudo.

Subitamente, me lembrei de que Irina jamais quis estender seus momentos de intimidade com Laurent aos nossos joguinhos. Muito embora, ele, sutilmente, tenha demonstrado certo interesse nisso...! Para Irina, seus momentos com Laurent eram só deles, não havia espaço para Kate e eu. Isso, no início, nos causou estranheza, mas depois compreendemos, até porque era essa discrição que também notávamos em Carmen e Eleazar, Carlisle e Esme, Alice e Jasper, quando estes moravam aqui. Rose e Emmett... Bom, Rose e Emmett não primavam tanto pela discrição, mas estavam longe também de apreciar as intimidades grupais que nós três compartilhávamos com nossas conquistas humanas. Longe de tudo o que aprendemos com Sasha antes que ela conhecesse Vasilii. As festas e bacanais que, em nossos primeiros séculos, eram regadas a sangue humano. Nossas visitinhas aos mosteiros medievais...

Entretanto, somente quando a noite já ia alta senti que o intento que me tirou de meu torpor e luto e me trouxe até aqui, já não tinha o menor significado. Fiquei horas contemplando a beleza de dois vampiros apaixonados se amando e percebi a pequenez da minha existência vazia deste amor puro e verdadeiro.

Girei sobre meus pés lentamente na neve e caminhei, preguiçosamente, noite adentro de volta a casa. Não pude me obrigar sequer a correr. Sentia-me pequena, estéril e miserável. Pela primeira vez em minha existência senti inveja de alguém. Sentia inveja de Kate e essa inveja vinha temperada por uma dose extra de culpa, por ser ela. Já não via mais o amor como a maldição que me parecia antes, a certeza de que Kate, ou Carmen ou mesmo Bella morreriam mil vezes e, de muito bom grado, por seus amores, me fazia enxergar o quão inúteis foram meus dez séculos de existência nesta vida. O quão seria inútil exortá-la a qualquer lucidez que seja, com qualquer argumento que eu pudesse pensar.

Eles jamais saberiam que estive ali. Jamais saberiam das minhas intenções egoístas.

Agora estava clara para mim a honestidade dos sentimentos de Garret em comparação aos de Laurent. Garret não abandonaria minha querida irmã. Ela não sofreria como Irina sofreu com a partida de Laurent. Ela não perderia a razão como Sasha perdeu por causa de Vasilii. O mínimo que eu podia fazer por eles era me recolher em minha aridez, aceitá-lo como um irmão e seguir com minha eternidade da maneira mais digna possível. Ninguém jamais saberia das minhas angústias.

Afinal, eu era a lendária Tanya!...

Uma das gloriosas vampiras que deram origem ao mito de succubus. Eu precisava me agarrar firmemente nestes pensamentos, para tentar ao menos recuperar um por cento da autoestima orgulhosa que eu tive um dia. Eu precisava encontrar um significado para minha existência patética. Mas... Qual?...

Quando me aproximava do rio, de repente, como num raio de intuição. A lembrança veio de novo com tanta força que me lançou novamente ajoelhada na neve. Revivi, minuciosamente, cada detalhe do julgamento e assassinato de Irina, em minha mente. Recordei tudo com tanta força que vi tudo vermelho, como se estivesse acontecendo de novo, e de novo, e de novo... E o ódio voltou acelerando minha respiração desnecessária e acendendo a chama da vingança com força total dentro de mim.

Até então a tristeza me dominava e a saudade me assolava a dor da perda. A raiva foi forte no momento, mas Carlisle apaziguou tudo com seu amparo amigo.

Agora não havia meu amigo ali junto de mim. Não havia perigo para todos os outros clãs reunidos. Não havia ameaça sobre Nessie. Não havia nada... Só um ódio latente despertando de minhas entranhas e gritando em minha cabeça:

“VOCÊ TEM UM MOTIVO PARA CONTINUAR SUA TRAJETÓRIA!...

VOCÊ VAI SE DEDICAR A VINGAR IRINA!...

VOCÊ TEM UM MOTIVO PARA SEGUIR EM FRENTE: CAIUS...

É CAIUS QUEM VOCÊ DEVE DESTRUIR...”

Eu dedicaria cada minuto de minha eternidade vazia de amor a esse ódio que precisava ser aplacado. Eu vingaria minha irmã, cujas cinzas ainda estavam em brasa naquela maldita clareira. Eu acabaria com ele... Caius Volturi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem gostou levanta a mão aí nos comentários!Se amanhã, já tivermos leitores, começo a postar um capítulo por dia! A FIC já está finalizada!bjokas! ;*