Não é o fim...

A casa estava cheia hoje. Seus netos apareceram para a ceia de natal. Como eles faziam praticamente todos os anos, seus três netos iam pernoitar em sua casa e ouvir suas histórias. Histórias essas que fizeram parte de sua infância, adolescência, vida adulta e que continuavam com ela por anos e anos.

Seus filhos todos estavam ali também. Faltava alguém. Alguém muito importante para ela, nada nunca iria suprir a presença dele. Seu grande amor.

Sara ainda se lembrava de como toda a sua história começou.

Ela era uma garota normal, ou o mais normal que ela poderia ser. Ela cresceu em um país totalmente diferente do que ela vivia. Um país quente e tropical, mas no fundo no fundo, aquilo nunca foi o que era para ela, até que ela teve a oportunidade de conhecer o lugar onde sua história realmente começou.

-Hei vó! –um garotinho loiro correu até ela pulando em seu colo. Adam tinha 13 anos e era o filho mais velho de seu primogênito, Scorpius, não teve jeito em não dar esse nome em seu filho. Draco havia insistido tanto e no fundo, ela só estava fazendo manha.

-Adam! –seu pai apareceu. Ele era um homem alto, loiro e a cara do pai, Sara não podia deixar de pensar que ele era Draco toda vez que o via. –Sua avó não é tão nova assim para você ficar pulando no colo dela!

-Garoto se você me chamar de velha mais uma vez... –ela ameaçou o filho que riu.

-Mãe você é tão agressiva. –ele reclamou ainda rindo da cara de sua mãe.

-Você pare de chamar sua mãe de velha... –sua nora apareceu. Os olhos de Sara até doíam ao olhar o vermelho de seu cabelo, um vermelho característico a uma única família. Os Weasley, seus amigos de longa data. –Às vezes eu acho que sua ae tem mais energia do que eu.

-Eu fui criada no Brasil então... Energia é o que não me falta. –Sara riu.

-Mãeeeeeeeee... –ela ouviu o grito estridente de sua filha. Scarlet. Ela corria no corredor. –Mãe seu filho mais novo azarou meu filho! –ela mostrou seu pequeno de 11 anos, ele tinha a cara cheia de espinhas que estouravam sozinhas.

-Dean... –ela ralhou com o filho que apareceu na porta da sala com cara de inocente. Ele tinha 17 anos já, e aquilo estava enlouquecendo ela. Ela não tinha certeza de que foi uma boa idéia deixar Fred weasley ser padrinho do garoto, ele passou muito tempo com os gêmeos Weasley e deu no que deu!

-Eu só tava mostrando um feitiço legal pro Tony. –ele sorriu torto. O sorriso de Draco. Dean era seu filho mais novo, ela se descobriu grávida dele com 36 anos e ele foi uma gravidez complicada, tanto pra ela quanto para seu marido, que sofria com seus desejos noturnos de comer açaí com chocolate, entre outros...

-Se você azarar seu sobrinho mais uma vez... –todos riram da ameaça.

Ela não podia deixar de sentir a inquietação comum com a falta de Draco ali. Ele estava fazendo grande falta. Era noite de natal e ela não podia se imaginar passando esse dia sem ele ao seu lado, mas ela não podia fazer nada...

Depois do jantar ela suspirou olhando a cadeira na outra ponta da mesa, todos sentiram falta da presença marcante de Draco.

-Vó lê Harry Potter pra gente! –pediu Samantha sua neta mais nova, filha de Scarlet também.

-Samy você conhece o Harry Potter... –encrencou Tony seu irmão.

-Mas é diferente ouvindo a vovó lendo... –ela disse. –Eu acho tão legal como ela descobriu que é uma bruxa, aquilo tava tudo na cara dela e ela só descobriu depois de maior de idade e... –quando seus netos começavam a discutir ninguém podia pará-los. Só uma pessoa era capaz do feito, esse alguém era Draco, e ele não estava ali.

Seus filhos já tinham se ido. Seus netos estavam todos dormindo e ela perambulava pela sala. Ela via suas fotos em cima da lareira. Fotos desde que ela era uma criança, fotos da sua adolescência e da sua estadia em Hogwarts. Ela estava olhando sua foto favorita. Uma em que ela estava abraçada com Draco em frente ao lago da lula gigante, eles sorriam um para o outro, eles não sabia que estavam sendo fotografados no momento. Só viram a foto no jornal da escola no dia seguinte, então Sara obrigou a Gina –uma de suas melhores amigas- a fazer uma cópia para ela.

-Matando saudades da sua adolescência? –perguntou a voz que era sempre capaz de fazer com que seu coração perdesse suas batidas.

-Você não é a primeira pessoa que me chama de velha hoje... Tou bem na fita. –ela se virou para seu marido que estava parado na porta, colocando sua capa de viajem no cabide e o pendurando no armário. –Chegou mais cedo do que eu imaginava, foi tudo bem?

-Foi, conseguimos encerrar o julgamento daqueles bruxos das trevas que o Esquadrão de Aurores capturou semana passada. –seu marido era chefe da seção de juizes no tribunal bruxo.

-Que bom, guardei seu prato no forno. –ela disse acompanhando seu marido até a cozinha.

-Espero que você tenha feito àquela farofa que eu adoro. –ele disse se sentando em sua cadeira de costume.

-É claro, ela não podia faltar. –ela observou seu marido comer e então a sensação de plenitude estava ali. Sua vida estava completa.