Gato Preto escrita por Lilly


Capítulo 5
A entrada - Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Esses capítulos estão ficando muito curtos?



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Cherie o tinha guiado para fora da cidade, o que na verdade, demorou bem menos do que ele imaginaria, não era uma cidade tão grande quanto aquela que tinha deixado. Uma floresta densa se estendia à frente deles e para desespero do moreno, era exatamente para lá onde a gata o levava, o interior de uma tenebrosa e provavelmente assassina floresta, toda feita de árvores negras e rajadas gélidas de vento. Ele quase podia ouvir o gemer dos mortos e monstros terríveis da escuridão que se abrigavam ali - o que é claro, era cortesia de sua própria imaginação.

_Cherie, espera - ele pediu, antes que eles de fato adentrassem a floresta, impedindo-a a alguns metros de distância das árvores. - O que está acontecendo? Eu nem devia estar aqui, esse lugar não faz sentido e também...

Ela o fez se calar com uma cotovelada na costela.

_É claro que devia. Ninguém vem para cá sem motivo nenhum - torceu o nariz.

_Tá, que seja, destino e todo esse blá blá blá...

_Não ouse - seus cabelos se eriçaram. Ele estremeceu e balançou os ombros, se afastando um pouco.

_Tudo bem, entendi. Mas então me explique para o que o destino, os deuses, ou qualquer coisa desse tipo quis que eu viesse parar aqui?

Ela lhe lançou um olhar distante aos céus, o semblante completamente depressivo - isso durou cerca de três segundos, novamente ela olhava para ele, com sua postura arrogante completamente recuperada. Jogou o cabelo para trás e saltou à frente, parando a dois passos da primeira árvore da floresta. Olhou para trás, Christian lhe fitava atônito.

_O destino não é gentil.

_Que porra?

_Descubra sozinho o motivo.

_Cacete - gemeu.

_Ninguém vive nessa floresta - ela comentou. - Por isso é tão silenciosa. Só os animas inferiores vagam aqui dentro.

_Me pergunto por que - revirou os olhos, sarcástico. - Essa floresta é sinistra, ninguém devia andar aí dentro. Ninguém. Nem a gente. Ponto.

_Você acha assustadora então... - ela murmurou.

_Você não? - tornou surpreso.

_Não mesmo. Sabe, existem histórias sobre esse lugar.

Ele esperou. Um minuto. Mais um. Mais outro. Depois de dez minutos inteiros, suspirou e revirou os olhos.

_Conte.

_O que? - ela piscou confusa.

_As histórias. Não quer contar?

_Ah, isso? - ela empinou o nariz. - Quer ouvir? Claro que quer, minha voz é simplesmente incrível e não pode resistir a ela, é claro que não pode...

"Já faz alguns anos e quase mais ninguém comenta sobre isso, mas um príncipe já viveu aqui, nessa floresta. O filho amado de nossa terrível rainha, provavelmente, sua cria favorita.

Ele viveu aqui mais ou menos até os 10 anos, era criado por vários empregados, cercado de mordomos, jardineiros, cozinheiros, faxineiros e tudo o mais que você puder imaginar e mesmo assim, ele não era só mais uma criança mimada e mal criada. Ele era um princepezinho bonzinho e educado que sempre ajudava a qualquer um que precisasse..."

_Tipo uma gata de rua mau educada?

_Do que você está falando?

_Parece um daqueles contos auto biográficos que a gente conta pra fazer as pessoas gostarem da gente - observou.

_Você é um filhote estranho... - pigarreou antes de prosseguir.

"De toda forma, um dia, esse princepezinho ficou noivo. Eu sei que pode parecer muito estranho, mas esse casamento, que aconteceria quando ele chegasse aos 17 anos, era muito importante para o reino. Era justamente com uma princesa de um povo nômade vizinho que vivia assaltando os comerciantes de nossa rainha, o que claramente, estava massacrando a economia. O casamento seria a solução óbvia aos dois lados para que a paz fosse restaurada.

Como o princepezinho era muito gentil, em nenhum momento ele protestou ou se mostrou contra, e todos seguiam felizes com suas vidas, afinal, tudo estava dando muito certo... Mas bem, é claro que isso não durou muito.

O princepezinho tinha dois irmãos mais velhos, e um deles, ninguém sabe qual, ficou irado quando soube que era o caçula o que assumiria o trono, já que ele, afinal das contas, era o mais velho e devia ser o próximo rei, naturalmente. Foi quando aconteceu... aquela tragédia. O irmão mais velho do princepezinho matou o caçula, ninguém sabe direito com, o corpinho estava completamente desfigurado, jogado do lado de fora do pequeno castelo onde vivia. Só se sabe que após assassinar a criança na própria cama de dormir e jogá-la pela janela, ele ateou fogo à casa e metade da floresta foi consumida em apenas um dia. Em três dias já não havia mais rastro algum de que uma floresta um dia aqui existiu. E os três príncipes, em apenas um dia, desapareceram."

_Há quanto tempo foi isso?

_Muito.

_Muito quanto? Quero dizer, tem uma floresta aqui, sabe? Ela já cresceu de volta e tudo o mais...

Cherie balançou a cabeça e foi até a primeira árvore. Assim que tocou nesta, ela desapareceu, um punhado de cinzas ficara no lugar.

_Digamos que ela ainda está se reconstituindo. E à propósito, não toque nas árvores - sorriu.

_Que história horrível - resmungou. - Nada muito emocionante, só trágico e bizarro.

_Tem também os barulhos...

_Oh, gemidos e galhos se quebrando na calada da noite?

_Isso. Dizem que até hoje se pode ouvir as empregadas chorando enquanto o fogo queima suas...

_Ok, sem detalhes. Já se esforçou o suficiente, Cherie - riu-se.

_Não devia ter medo. Você já entrou nessa história.

E ela avançou, dando o primeiro passo para dentro da floresta.


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