Gato Preto escrita por Lilly


Capítulo 1
Um ladrão - Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Haha tenho vergonha de publicar coisas e dificilmente posto ou deixo muito tempo algum texto aqui. Decidi reviver e terminar um dos excluídos (terminar de verdade) então se alguém estiver lendo, seja bonzinho (Ou não... é um país livre).



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Assim que a policia se aproximou demais ele se viu numa situação extremamente desagradável: Ou seria preso, coisa que no momento estava fora de questão, ou entrava na casa que tinha medo desde muito criança, por conta de estranhos sons e vultos que via nela, apesar de ser abandonada. Acabou entrando, o que era óbvio demais para que ele simplesmente não fizesse. Pulou o muro e entrou por uma janela aberta, por onde cortinas velhas e cor-de-rosa balançavam com o vento agradável daquela noite.

Enquanto andava o chão rangia, o mesmo rangido que por muitas noites não lhe deixou dormir. Caminhou até uma escada, sentou no primeiro degrau e respirou fundo. Não queria estar ali, mas despistara a policia. Teria de ficar um tempo ali até a poeira baixar, então era melhor se acostumar. Sabia que não seria tanto tempo assim, iria embora o mais cedo possível, no dia seguinte, seria o ideal.

Uma vela veio quase flutuante em uma porta à sua direita, ele sentiu o corpo gelar e o coração acelerar. Pensou em fugir, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento uma figura estranha surgiu: Uma mulher de cabelos longos e lisos negros surgiu. Ela tinha um rabo e orelhas negras de gato, pequenas e sedosas. Sua pele era branca como um pedaço de papel e seus olhos verdes, partidos como os de um gato. Ela caminhava com a elegância e o orgulho de um felino, além de um sorriso zombeteiro em ar de provocação.

_Ora essa... Tenho visita. Isso é uma noticia muito... Deliciosa - Ela saltou em habilidade assombrosa até ele e cheirou os cabelos castanhos e desarrumados do rapaz - Você é bonito e cheiroso... Acho que vou gostar de você - Ela se referiu ao cheiro de peixe adquirido na peixaria do pai do rapaz.

_O que... Quem... Quem é você?

_Sou um gato preto. Não tenho nome... Quer me dar um nome? Nunca tive pais, amigos ou donos para me dar nomes. Isso seria extremamente confortável - Ela se acomodou no degrau ao lado dele e pousou a cabeça em seu colo como um gato, enquanto balançava seu rabo de um lado ao outro pacientemente.

_Um nome? Eu tenho que te dar um nome? - Ela concordou com a cabeça - Hm... Que tal... Cherie?

_Combina - ela miou sem se mover - Espero que consiga dormir sentado, pois não vou me mover. Hum... Qual o seu nome, humano?

_Eu sou Christian. Você mora aqui? - Agora seu coração diminuía o ritmo, o susto começava a passar.

_Há muitos anos - Ronronou prolongando o "u". - Acho até que assustava alguns vizinhos andando por aqui - ela esfregou o rabo na cara dele como provocação, mas ele estava surpreso demais para se irritar. Ela era a razão por várias noites mau dormidas e tantas lendas em torno daquele lugar pavoroso.

_Então era você... Espera... Quantos anos você tem?

_Dez - Ela ronronou.

_Jura? - Perguntou incrédulo.

_Aham... Gatos amadurecem mais rápido - Novamente passou no rosto dele o longo rabo, dessa vez ele notou que ela era mesmo um gato.

_Estou sonhando. Daqui a pouco um coelho vai passar correndo com um relógio por aqui - Ele murmurou.

_Você é estranho - Ela riu - Humanos são muito estranhos... Desde quando coelhos sabem ver horas? Eles não são... Nem de longe... Gatos... - E ela dormiu. Bem típico de gatos, ele pensou.

E ele dormiu mesmo sentado, de jeito nenhum se permitiria acordá-la, ela o encantava demais. Acordou com dor nas costas, como devia acontecer. Ela não estava mais ali e após um bom tempo procurando-a desistiu.

Onde ela teria se enfiado? Foi até a cozinha ver se tinha algo comestível e se surpreendeu: Na geladeira tinha simplesmente tudo o que ele desejasse comer.

Tirou uma fatia de bolo e um copo de leite, mania que tinha desde os 5 anos. Enquanto comia, ela estava fora da casa. Pulando atrás de algumas borboletas enquanto ria e miava alto, e mesmo tão alto ele não conseguia ouvir, estava distraído demais pensando no que faria dali pra frente. Para onde iria? Tinha tentado roubar um carro e tinha sido pego no flagra. Quem tenta roubar o carro de um policial? Cara, porque um policial andaria naquela coisa e largaria ela por um dia e meio na frente de um cemitério?

Sete da noite fora o horário exato em que ela voltou. Com os cabelos desarrumados e expressão mais viva no rosto.

_Você ainda está aqui - Ela sorriu - A maioria vai embora. Acho que têm medo de mim... Me pergunto por que... Eu sou simplesmente incrível.

_Como poderia deixar o meu gato de estimação sozinho? - Ele brincou.

_Realmente seria cruel - Ela sentou no chão ao lado dele e miou. Ele demorou cerca de dois minutos para notar que ela queria que afagasse suas orelhas. Enquanto o fazia notou que arcara realmente com a responsabilidade de ser o dono dela, ideia que lhe revirou o estômago.

_Espera aí... Sou mesmo o seu dono?

_Você me deu um nome - Ela deu de ombros - Além disso - Ela mexeu as orelhas - Posso me acostumar com massagens diárias.

Ele riu. Isso mesmo. Gatos não têm donos, têm empregados. Ele se tornara um empregado. De certo modo, era melhor do que ser ladrão, como antes... Ela pulou nele e lambeu seu rosto, em seguida saltou no sofá que estava próximo. Ele coçou a cabeça. "Esse é o sonho mais sem sentido que já tive, e mais real também".

_Você é bastante bonita - Ele comentou se arrependendo logo depois. Ela é um gato! Não tinha de ser bonita, não tinha que falar, não tinha nem que dar aquela risada depois do que ele disse!

_Sei disso. - Ela se espreguiçou e espalhou-se no sofá - Mas lembre-se de que gatos pretos dão azar - Disse como quem dá pouca importância ao assunto.


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