Chuva de Novembro escrita por Lia


Capítulo 1
enough


Notas iniciais do capítulo

Espero que não tenha erros ortográficos, mas se tiver, me avise! ):



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Chuva insistente! Todas aquelas nuvens carregadas davam ao dia uma aparência sombria... Aliás, chovia muito há mais de cinco dias, sem cessar, parecia que o céu estava triste.

Sasuke fitava o infinito pela janela de seu quarto, estava com uma sensação estranha vinda de seu coração, parecia que respirar já não era o suficiente para viver. “Estranho.” Estava bravo também, na noite passada havia se exaltado, e acabou por brigar com seu... Namorado.

Fechou seus olhos, e suspirou. Não gostava de brigar com seu loiro, de forma alguma, mas este precisava entender que não poderia continuar agindo como uma criança.

O som da campainha propagou-se por todos os cômodos da pequena casa, fazendo o coração do moreno falhar. Seus olhos se arregalaram, e mesmo estando chateado com o loiro, um sorriso brotou em seus lábios... “Ele chegou...” Suspirou novamente, ainda sorrindo, caminhou até a porta de entrada, e a abriu. Seu sorriso havia sumido. Avistou um homem desconhecido, que lhe dirigiu a palavra:

- Você é Sasuke Uchiha?

- Sim. – Respondeu seco.

- Olha, um ônibus vindo do outro lado da cidade, direcionado pra cá, se acidentou, e enquanto retirávamos os corpos do local, achamos uma carta que talvez seja pra você. – O homem falou calmamente, lhe entregou uma folha de papel e foi embora.

Por alguns segundos se esqueceu de como se respirava. Fechou a porta, sentindo seu coração se apertar cada vez mais. “Não faz isso comigo...” Os olhos já ardiam só de ver o estado do papel... Todo amassado e sujo de lama.

Sentou-se sobre o sofá, fitou a chuva por uma última vez, respirou profundamente, e pôs-se a ler a carta.

xxxxx

“Sozinho posso te ver melhor, quando se vai o sol, procuro o fio do seu cabelo no lençol. Baixei aquele filme que você disse que era bom, e vi que nada é tão bom quando você não está aqui.

Um dia sem você é triste, uma semana é maldade, um mês não existe. Dou meus pulos, atravesso a cidade. Junto dinheiro pra financiar a viagem, uma bolacha, salgadinho, dois refrigerantes e a passagem.

Já era, já fui, me espera amor! Vou atrasar mais dez minutos... Vou parar pra te comprar uma flor. E estou pronto, na melhor roupa que eu tenho. Uma rosa na mão esquerda, na outra mão um cartão com desenho.

Correndo pra rodoviária, o ônibus sai às nove. Desculpa o cartão molhado, é que novembro sempre chove à tarde... E hoje a chuva tá bolada. Já me sentei, fiz minha oração. Se Deus quiser, nem pega nada.

Tô indo sentado, vendo as montanhas. Lembrando que quanto mais você me perde, mais vezes você me ganha. E aquela briga ontem foi foda, eu não queria te dizer, que eu não queria ter você, mas eu queria que você soubesse que eu me importo. E que eu sinto que essa chuva é o reflexo do estado do meu corpo. E foi pensando nisso, que me joguei pra cá. Pra ver se quando eu te encontrar, eu faço essa chuva parar.

Será que isso é possível? Eu sonhador demais, na entranha dor demais, essa estranha dor é mais do que saudade. É como uma necessidade, de poder ter a certeza que não era verdade, o que você disse por telefone, que tava na hora de eu te provar que podia ser o seu homem. Que um menino que nem pode sustentar um lar, nunca seria bom o suficiente pra tu casar.

Foi pensando nisso, que eu entrei nesse "busão", mas talvez eu seja só um menino com uma rosa na mão. Eu te ligo no celular, te avisando que eu to indo, e te pedindo, pra ir lá para me esperar, mas você, que nunca disse que me ama, mais uma vez desliga sem dizer, se arruma e vai pra cama. Tudo bem, dorme bem amor, te amo. Quando acordar, passa perfume, que o seu homem tá chegando.

Me espera, tá? Me espera...

A cada segundo a chuva aumenta, nessa poltrona, a cada minuto que eu durmo, eu acordo quarenta. Janela embaçada, tampando minha visão. Eu fecho os olhos, e praticamente sinto sua respiração. É como o silêncio do meu quarto sem você. Culpa dessa distância, que me impede de te ver. Me impede de provar que te mereço, e te mostrar que o dinheiro tá pouco, mas que a alegria não tem preço. E eu pensando em você nesse momento, aproveito o tempo, pra treinar o pedido de casamento. Depois da briga, acordei cedo, peguei toda economia e comprei a aliança em segredo.

Juntei moeda por moeda, pra poder estar aqui. Pra mostrar que um menino pode te fazer sorrir. Te sentir mais uma vez, sentir por uma vez, que achar que eu sou teu sonho não é uma insensatez.

Mas espera aí, eu ouço um barulho... O que é que tá pegando? A aliança caiu do meu bolso, tudo balançando. Quem tá gritando? Por que ta girando? Alguém sabe? Tento chamar seu nome, mas minha boca nem abre.

Barulho de chuva, pneu, escuridão. Lembrar seu rosto se tornou a ultima opção. Agarro forte a rosa na lama. Menino ou homem, você me deixou partir sem dizer que me ama.

Eu não pensei que fosse pra tão longe essa viagem. Toca o celular, é você me mandando mensagem. Eu preso nas ferragens, sem me mexer. Sei que você me escreveu, mas fecho os olhos sem saber o quê.”

xxxxx


As lágrimas persistiam em molhar o papel, e um único sussurro saiu pela sua garganta:

- Eu te espero, amor, eu te espero.


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Notas finais do capítulo

A "carta" na verdade é uma música do Projota (Chuva de Novembro), porque claro que eu nunca conseguiria escrever algo tão perfeito.
Enfim, gostou? Deixa um review! xx