- Ótimo, vou com você – Ela pegou as chaves de meu carro e me entregou – Só para garantir que chegue em casa bem

Sorri, sempre gostei de Esme. Minha mãe.

Comi as omeletes preparadas por ela e em seguida fomos direto pegar a estrada.

Quando nos aprofundamos mais na estrada já não estava mais tão confiante desde que sai de Forks, a velocidade baixa e um medo percorria meu corpo não sei de que, ou quem mas não conseguia mais pisar no acelerador muito menos prestar atenção na estrada que trouxe muita tristeza para minha vida, agora eu dirigia meu carro na estrada em que meus pais perderam a vida... Não é completamente estranho e aterrorizador

Como sei que não vou sofrer um acidente de novo, ou encontrar algum na estrada fiquei com a síndrome do pânico. Minhas mãos já não estavam firmes no volante, estavam sem vida suando frio, para ajudar estava confusa. Não consigo mais.

- Esme assume – Pisei com tudo no freio, fazendo o carro parar bruscamente no meio da pista – Não consigo mais

- Pode deixar querida, sei que deve ser muito difícil passar por aqui de novo.

Trocamos de lugar e ela continuou o percurso, em alta velocidade mas em uma perfeição que jamais um humano alcançaria.

Abaixei no banco e a tristeza me inundou, sei que ainda é muito cedo para dizer, mas será que não vou esquecer do acidente? Flashs de vidros estilhaçados do carro capotando, de sangue jorrando de cada imagem que aparece em minha cabeça é tudo nos mínimos detalhes, fazendo me sentir ainda mais mal, eu sonho com meus pais... Sempre dizendo não, negando e se decepcionando comigo mas não sei por que!

- Pronto Clarissa, chegamos – Nem percebi que toda a viajem já tinha se passado – Acho que tarde demais

Apressada me levantei e pude ver Lucy, carregando uma mala de viajem para um carro preto estacionado a nossa frente. Depressa sai do carro e corri em sua direção, ela não está fazendo algo certo por isso tenho que impedi-la

- Lucy o que está fazendo?! – Barrei sua passagem, não pude ver seu rosto que era coberto por um chapéu

- Eu pedi para você não me procurar mais Clarissa, agora me deixe passar e tente ser feliz longe daqui – Disse ríspida sem levantar o olhar

- Olhe para mim Lucy -  Levantei seu rosto

Quem poderia ter feito uma coisa destas com ela, seu lábio inchado e seu olho roxo me assustaram

- Satisfeita? – Escutei uma voz masculina a chamar de dentro do carro – Tomara que um dia nos vejamos novamente

- Lucy quem é esse cara? – Ela tentou passar por mim, mas segurei seu braço, ao reclamar de dor ergui a manga de sua blusa, seu braço cheios de hematomas me deixaram ainda mais preocupada – Lucy o que está acontecendo? Quero conversar com você! – Ela iria embora com esse homem preciso saber o que está acontecendo, precisava conversar com ela! – Ela olhou para o carro e voltou seu olhar a mim

- Já volto – Deixou sua mala no chão e correu de volta para sua casa

Um homem loiro alto de corpo atlético saiu do carro, impaciente bufando com cara de “alguém está querendo apanhar”, batendo forte os pés no chão foi até o encontro de Lucy que o olhava apavorada

- Você é surda ou se faz – Ele sussurrou a ela apertando seu braço delicado – Não quero falando com ninguém além dos empregados – Ele a chacoalhou

- Você está me machucando – Ela reclamou tentando se soltar

Meu sangue ferveu. Quem esse sujeitinho acha que é?! Ela não permite que nem seus pais encostem um dedo nela imagine um estranho?

- Quem você acha que é brutamonte de meia tigela?! – Puxei seu ombro para que ficasse de frente para mim, parecia uma formiga perto dele mas tamanho não é documente e esse sujeito não sabe quem eu sou!

- Não te interessa vadiazinha – Sabe quando fogo sai pelas ventas, é o que aconteceu agora

- Me interessa sim se não eu não estava perguntando, covarde você tem merda na cabeça! Não vê que está machucando ela! - Berrei

- Eu faço o que quiser com ela, ela é minha propriedade – Lucy continuava na tentativa de se soltar – E é melhor sair do meu caminho se não quiser descansar com uma bala na testa – Ele sacou uma arma e apontou para minha cabeça

- NÃO! Deixa ela em paz! – Lucy se rebelou no braço dele e começou a esmurra-lo – É a mim que você quer deixe ela em paz!

Em estado de choque com uma arma ainda apontada para mim, estava sem reação, já cheguei várias vezes a beira da morte mas nunca desse jeito... o que me surpreendeu.

- Arma não é brinquedo criança – Esme apareceu entre do lado do homem e apertou com uma força exagerada a mão dele

Ele soltou a arma e caiu de joelhos no chão, aposto que não sobrou um ossinho sequer inteiro na mão do rapaz. Esme chutou para longe a arma e colocou Lucy e eu atrás de suas costas, nos acobertando

Aproveitando que estávamos protegidas Lucy colocou rapidamente um papel em meu bolso, a olhei confusa e ela me respondeu “Me ligue em um ano, somente em um ano”

- Srª Cullen está tudo bem, preciso ir com ele – Lucy se esquivou dos braços de Esme – É um acordo feito com a minha família e a dele, fique tranqüila – Ela tentou parecer calma mas senti o medo em sua voz

- Não querida esse rapaz machucou você, não posso deixar

- Por favor, sei o que estou fazendo, não deixo ele me tratar assim de propósito. Vamos John, levante esse traseiro daí e vamos acabar com isso logo – Olhou para mim pela última vez e sussurou um Adeus

Pegou a mala que antes carregava e foi para o carro preto, logo em seguida John levantou apressado e correu para o carro de medo de Esme sempre segurando sua mão quebrada. O pneu cantou e logo não sei via mais o carro naquela rua, minha amiga se fora, não sei para onde, nem por que.

- Esme ficou maluca não? Expor o segredo por minha causa – Me coloquei em sua frente

- Que se dane o segredo, o importante é que está bem – Ela me abraçou, e eu retribui

Não vim para Olympia para voltar de mãos abanando, fui conversar com a mãe de Lucy ela tem que saber.

- Srª Thiele! Mas ele praticamente espancou a sua filha! A Senhora não viu todos os hematomas no braço da coitada

- Amor jovem minha querida... – Não creio!

- O que?! Você sabia que ele apontou uma arma na minha cabeça?Acho que não né! Por que você está tão preocupada com seu jantarzinho idiota que não viu tudo acontecendo na sua porta, em frente da sua casa

- Escute aqui querida, não acolhi ninguém nessa casa para ser ofendida

- Você só está escutando a verdade! A tua filha foi espancada e o que você me fala... Amor jovem... Aposto que teu marido te estapeava e esmurrava também né, será que no meio não tinha uns chutes, não! Ele andava armado e a cada palavra tua ele a apontava para a tua cabeça não? – Minha voz se elevava a cada palavra

- Olha quer saber de uma coisa criança, ela foi atrás de ser alguém na vida! Atrás de faculdades e lugares melhores para viver, você é igualzinha a minha outra filha drogada que fica aqui arrumando barraco na porta da casa dos outros

- Eu?! Pelo menos me preocupo com ela! Acho que não vou conseguir nada aqui – Conclui – Um dia se arrependerá de não ter notado suas filhas – Ela me olhou com indiferença

Segui para a porta com raiva, não pretendo olhar na cara dessa mulher tão cedo. Esme me esperava no carro, me acomodei no banco do carona e ela deu a partida

- Podemos voltar para casa? – Perguntou colocando o cinto de segurança em mim, estava em estado de choque

- Sim

Ela arrancou com o carro e logo já estávamos na estrada.

- Obrigado... mãe – Agradeci acrescentando mais força ao falar “mãe”

Quando virei meu rosto para vê-la seus olhos brilhavam e seus lábios um sorriso largo e brilhante

- Não tem de que filha

LUCY – POV

Prefiria me jogar desse carro e morrer atropelada do que enfrentar todas as coisas repugnantes que esse cara pretende fazer. Mas não posso arriscar a vida da minha irmã, ela e minha amiga Clarissa são as duas únicas coisas que restaram para meu zelo depois que meu pai fugiu com a amante e minha mãe se desligou da família

Minha irmã depois que terminou o tratamento contra as drogas estava perdida em dívida com os mafiosos, que começaram a perseguir e a ameaçar de morte... a coitada só tem quatorze anos meu Deus... Quase entrei em depressão ao vê-la toda estropiada num beco, quem era o cobrador era John, ele se encantou comigo e conversou com o pai

A dívida seria paga se eu me entregasse por um ano a John, isso quer dizer as coisas mais cruéis e nojentas estão para vir. Mas o importante é que minha irmã e amiga estão bem, e em um ano estarei de volta para casa e poderei seguir minha vida

- Viu o que não faço por você amorzinho – Colocou sua mão suja e esmagada sobre minha coxa – Mas um dia pego aquela vagabunda de jeito... como você disse que se chamava Srª Cullen? – Sua mão desceu mais para o interno de minha coxa

- Tira essa mão nojenta de mim – Afastei sua mão

- Acho bom ir se acostumando querida, por que vai ficar cada vez pior – Ele pegou meu rosto e apertou – Seria horrível um rostinho tão lindo desse viver inchado

Quando ele se aproximou para um beijo virei o rosto e acabei o recebendo na bochecha, em resposta levei mais um tapa na cara, não forte, mas doeu como se fosse um

- Espere chegarmos em casa, vou amansar você – Afaguei o lugar do tapa que ardia

Como posso agüentar a tudo isso? Como VOU agüentar... comecei a chorar quando estávamos próximos do aeroporto

- Onde estamos indo? – Perguntei tentando esconder o soluço

- Spokane, meu pai tem grandes negócios lá que preciso administrar... Espero que não ligue de ficar longe da drogada de sua irmã

- Cale a boca desgraçado

- Você se deu bem nessa, mas o que é seu está guardado – Falou ameaçadoramente, enquanto passávamos do lado de uma viatura policial

Espero ter forças para não roubar-lhe uma arma e atirar contra minha própria cabeça.

CLARISSA – POV

Ao anoitecer chegávamos em casa, exausta fui direto para meu quarto... Nem percebi que todos estavam ali, até Bella.

No quarto me joguei na cama com as mesmas roupas em que passei o dia, e fechei os olhos... Agradecendo por estar em casa, mas ainda confusa e nervosa por causa da situação de Lucy, qual acordo eles poderiam ter feito?

No fim acabei relaxando minha cabeça, a deixando vazia.

- Clarissa, posso entrar – Bella perguntou da porta

- Não... – Minha voz foi abafada pelo travesseiro

- Você faria um favor pra mim? – Ela entrou no quarto e sentou-se nos pés de minha cama

- Depende

- Você faria o grande favor de entregar isso a Jacob para mim – Ela me estendeu um envelope – faria?

- Nem conheço ele Bella, e... Por que você não entrega a ele? – Me sentei na cama com as pernas cruzadas

- Edward vai comigo terminar de fazer as inscrições em Harvard, os Cullens não podem pisar em solo La Push, meu pai vai sair para pescar... só sobrou você Clarissa, por favor?

- Sou uma Cullen se você esqueceu

- É mais, Cullens vampiros se me entende não podem ir para La Push... E você é bem humana – Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha

- O que tem a ver vampiro não poder andar por aí? – Só o que me falta, ser vampiro e ainda ter limite de terreno

- Er... É que Jake... e seus amigos são... lobisomens – Por fim riu sem graça do que acabou de falar

- Lobisomens?! – OMG até isso existe

- É sim lobisomens, mas eles são legais com os humanos... só que eles tem uma birra com vampiros só isso

- Eles não vão me machucar então? – Comecei a ficar um pouco mais aliviada

- Lógico que não, Jake é um cara muito legal – Totalmente aliviada – Então vai entregar ou não? É que amanhã é aniversário dele, e vou estar fora... não queria fazer essa desfeita

- Ta bom, entrego

- Obrigado Ciss – Me entregou o envelope e se apressou a sair do quarto

Depois que fechou a porta pude assim continuar de onde estava, em busca dos sonhos.