Cooperação Mágica Internacional escrita por Patricia S


Capítulo 1
Capítulo Único




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Após a última aula do dia, como já era de costume, Hermione Granger deslocou-se de qualquer lugar que estava do castelo, na sala do respectivo professor da aula, para a biblioteca.

Madame Pince lhe recebeu com um olhar sem emoção, o que, para a bibliotecária, era o mesmo que recebê-la ao som de uma orquestra inteira, um buquê de rosas e uma festa daquelas comentadas por Rita Skeeter em sua coluna, no Profeta Diário. Madame Pince recebia a todos os alunos com um olhar mortífero, mas Hermione era diferente. Em tantos anos que Madame Pince caminhava por entre todas aquelas prateleiras de livros e mais livros, Hermione fora a única aluna fiel à sua biblioteca e a única que soube e sabia como realmente usá-la.

Hermione seguiu até a escrivaninha onde, geralmente, se acomodava. Abriu seus livros, pergaminhos, molhou a ponta da pena no potinho de tinta e começou a dissertar sobre a revolta dos Duendes no século XIV. Quando seu exemplar de História da Magia por Bathilda Bagshot não lhe ofereceu mais os detalhes que gostaria de expor em seu pergaminho, levantou-se e buscou por alguma enciclopédia que fosse boa o bastante para satisfazer seu desejo. História da Magia não era uma disciplina muito importante para ela, Hermione até pretendia não continuar nela em N. O. M, mas por enquanto era necessário um trabalho perfeito.

Aqueles dias que antecediam as provas do Torneio Tribruxo estavam deixando Hermione mais feliz do que a própria esperava. Em grande maioria, os alunos ocupavam-se com vãs teorias sobre as provas e faziam apostas sobre os campeões e assim tornavam-se ocupados demais para atrapalhá-la, em meio a cochichos e risadinhas abafadas, na biblioteca.

No entanto, havia um porém. A pouco que notou um interesse um tanto quanto estranho de Viktor Krum, o campeão de Durmstrang, e também o melhor apanhador do mundo, como seu amigo Ron Weasley sempre acrescentava, pela biblioteca de Hogwarts. Ele chegava à biblioteca de dez a quinze minutos depois dela, pegava um livro qualquer em qualquer prateleira, sentava-se em algum lugar perto dela e folheava o livros sem muito interesse. Certo fenômeno aguçou a curiosidade de Hermione, embora outra parte sua reclamasse e desejasse que ele fosse para outro lugar e levasse as garotas desesperadas por um autógrafo com ele. As risadinhas abafadas lhe tiravam a concentração.

Hermione tinha pena de Viktor Krum. Deveria ter o que? Dezessete anos? E já carregava toda aquela responsabilidade nos ombros. Deus sabe como Viktor deve ter sofrido, incomodado com as notícias que se espalharam por todos os jornais sobre o fiasco da final da Copa do Mundo de Quadribol, e tudo porque havia agarrado o pomo-de-ouro na hora errada. Hermione conhecia a pressão que Harry Potter, seu amigo e apanhador titular do time de quadribol da Grifinória, sofria e ela não era capaz de imaginar a pressão que Viktor sentia. Ele era conhecido no mundo inteiro. Será que tinha amigos? Pelo o que Hermione assistia nas refeições, hora em que os alunos de Hogwarts, Durmstrang e Beauxbatons se reuniam no Salão Principal, o mais perto de um amigo que Viktor Krum poderia ter era o diretor de sua escola, Igor Karkaroff, que o travava a pão de ló pelo simples fato de Viktor ser um diamante dentre seus alunos, e que com a sua fama, Durmstrang poderia tornar-se maior.

E Viktor continuava na biblioteca, folheando livros aleatoriamente sem o mínimo de interesse. Talvez quisesse um pouco de sossego, paz. Talvez quisesse fugir, nem que fosse por alguns minutos, de sua cruel realidade.

Foi então que Hermione se levantou da escrivaninha, em uma quinta-feira chuvosa, para pegar mais um livro de apoio para outro trabalho, agora de Poções. Viktor Krum, mais uma vez sentado próximo a ela, levantou-se também. Duas garotas passaram ao seu lado, conversando alto sobre o Baile de Inverno, que era tradição do Torneio Tribruxo. Talvez esperassem que Viktor Krum fizesse o convite a uma delas para ir ao Baile, mas o que receberam em troca foi uma brinca de Madame Pince por falarem alto demais.

Hermione embrenhou-se por entre as prateleiras procurando algo que lhe desse informações sobre os antídotos mais poderosos e complicados de se preparar do mundo. Snape queria, no mínimo, dez deles, e Hermione, até aquela hora, conseguira informações sobre cinco. Havia uma enciclopédia sobre antídotos na biblioteca, só bastava encontrar o livro certo. E quando encontrou, agitou a varinha e ele desceu direto para suas mãos.

– Oh! Deus, desculpe-me! – exclamou Hermione. Voltava ao seu lugar quando quase colidiu com Viktor Krum, que fazia o caminho inverso a ela. – Desculpe-me.

– A culpa foi minha – disse o apanhador.

Hermione ensaiou um sorriso para ele e então tomou seu caminho novamente.

– Você poderria...

– O que? – perguntou Hermione. Seu tom de surpresa pareceu mais um tom de reprovação e Viktor pareceu recuar. Percebendo isto, Hermione reformulou a pergunta: – No que posso te ajudar?

Viktor relaxou os ombros.

– Eu estarria... Estou – gaguejou ele – prrocurrando um livro.

– Bem, isso é lógico. Qual livro? Algo especial?

– Ãh, não. Algo parra me distrrairr.

Hermione sorriu. Então começou a caminhar. Viktor a seguiu.

– Alguma preferência? De assunto? Número de páginas... Essas coisas.

– Não.

– Importa-se de ler sobre a escola rival? – perguntou, dobrando a esquina de uma prateleira – Porque posso te mostrar meu livro favorito.

– Isso serria ótimo.

Dobraram mais algumas prateleiras e então Hermione ficou na ponta dos pés para alcançar o exemplar de Hogwarts: Uma História. Ela tinha lido aquele livro tantas vezes que suas impressões digitais deveriam estar impressas em suas páginas.

– É sobre a história de Hogwarts – disse Hermione quando entregou a Viktor o livro – Desde seu início. Conta como foi fundada e como os quatro bruxos fundadores construíram o castelo. É uma leitura divina! Espero que goste tanto quanto eu.

Viktor Krum pegou o livro e voltou ao seu lugar assim como Hermione. Ela estava tão absorta em seu trabalho que nem ao menos lembrou-se de espiar algumas vezes para ver se Krum estava realmente lendo o livro e não apenas folheando, como fizera com os demais. 

Quando terminou o trabalho, esperou a tinta secar, guardou todo o seu material na bolsa e devolveu os exemplares da enciclopédia ao lugar de origem. De volta a escrivaninha, deparou-se novamente com Viktor Krum, que agora estava de pé ao lado das suas coisas, Hogwarts: Uma História em seus mãos em uma posição desconfortável, como se o livro fosse um trabalho mal feito e ele esperasse que um professor muito, muito bravo fosse dar nota. Hermione comprimiu os lábios para conter um sorriso de diversão.

– Pois não? – ela perguntou quando Viktor Krum a encarou quando se aproximou e não disse nada.

– Querria agrradecerr pelo... Pela dica.

Hermione sorriu.

– Não há de quê.

Ela pegou a bolsa e ajeitou às costas. Seu pergaminho ainda não estava totalmente seco e como não queria ter pontos descontados por entregar um pergaminho manchado, como era praxe de Snape, Hermione o levou nas mãos.

– Bem, até o jantar – disse ela, meio constrangida por um situação pouco desagradável. Mesmo a pessoa mais hábil a fazer amigos estaria incomodada com aquela situação, principalmente quando o outro parecia mais incomodado.

Ela deu meia volta e acenou para Viktor que ainda não se movera. E então, quando pensou estar distante o bastante para apertar o passo e sair da biblioteca o mais rápido possível, Viktor tornou a chamá-la:

– Herrmione, esperre – pediu ele, caminhando em seguida ao seu encontro.

Hermione esperou.

– Sim?

– Eu querria... Ãh... Você gostarria de irr ao... Ao baile comigo?

– O que disse?

– Você aceitarria me acompanharr ao Baile de Inverrno? – repetiu Krum – Andei pensando e não há outrra garrota que eu queirra acompanharr que não seja você.

Hermione abriu e fechou os olhos. Aquilo era uma piada ou o quê?

– Aceita? – perguntou ele mais uma vez, agora um pouco perturbado.

– Sim – respondeu ela, ainda perplexa – Seria bom... De grande... Seria agradável ir ao baile com você.

Viktor sorriu. Seu rosto iluminou-se.

– Ótimo. Ótimo. Então... Ah, vejo você mais tarrde.

E saíu.

Hermione ainda demorou-se a sair do lugar. Algo havia acontecido ali, mas seu cérebro era incapaz de absorver tanta bizarrice de uma só vez. E era absolutamente inexplicável aquela teimosia de seus lábios a se curvarem em um grande e largo sorriso de felicidade.


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