Alluring Secret escrita por Najayra


Capítulo 1
[Capítulo Único] O Voto Secreto


Notas iniciais do capítulo

Recomendo que assistam ao vídeo antes de lerem a história: http://www.youtube.com/watch?v=t4nwjD0k0jQ

Espero que gostem ^^



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Luka preparava um chá quando Gakupo chegou, se aproximou e lhe deu um beijo no rosto.

- Bom noite, meu amor.

- Olá, querido. – ela lhe deu um selinho – Como foi o dia de trabalho?

- Menos cansativo que o normal.

Já eram dez horas da noite. Gakupo deixou suas coisas sobre uma cadeira e esperou o delicioso chá. Luka o serviu uma xícara e sorriu.

- E sua mãe? Como ela está?

- Na mesma. Murmurando coisas, tremendo, chorando... Eu não sei o que está acontecendo com ela.

- Acho que ela adoraria um chá da filha favorita. – ela riu discretamente.

- Sou a única filha. E sim, vou levar um chá pra ela.

Luka colocou duas xícaras e o bule sobre uma bandeja de prata e subiu as escadas. Percorreu todo o longo corredor até o vistoso quarto de sua mãe. Ao chegar ao destino, deu duas batidinhas leves na porta e anunciou que iria entrar. Ao abrir a porta, não viu ninguém, apenas o quarto pouco iluminado pelo abajur sobre a penteadeira. Deixou a bandeja sobre aquele móvel e avistou um livro sob o abajur. Capa de couro, com cartas dentro, e ao abrir teve a surpresa de descobrir que era um diário.

- Luka, minha filha.

- M-mãe?! Desculpe. Isso é da senhora, não foi minha intenção...

- Está tudo bem. Veio me servir um chá?

- Ahn... Sim.

Luka voltou para a bandeja e preparou tudo para as duas. Sua mãe, Miku, sentou-se na poltrona de frente para a penteadeira. Luka lhe entregou uma xícara e pegou outra para si, apoiando parte do quadril no móvel.

- Luka. – disse Miku depois de um gole – Gostaria de saber o que está naquele diário?

- Não vou dizer que não fiquei interessada. – Luka contornava o desenho grafado na xícara – Mas como é algo pessoal, não irei força-la a me contar.

- É sobre seu pai e eu. – os olhos de Luka arregalaram-se. Miku estendeu a mão, depositou a xícara e pegou o diário – Você está bem crescida. É casada com um belo rapaz e planejam aumentar minha família que eu sei. – Luka deu uma risadinha baixa – Por isso... Acho que já pode saber.

- Saber... exatamente o quê?

- Luka, você é filha de uma humana com um anjo. – a xícara despencou da mão de Luka rumo ao chão. Miku pareceu não perceber a queda ou, no mínimo, ignorou. Voltou os olhos para o diário e começou a ler.

- O anjo caído entregou-se ao contrato do mal. No passado, eles ainda se amavam, mas ela terminou isso com suas próprias mãos. – Luka ouviu, estupefata. Anjos? Estavam falando sobre anjos? E de onde surgiram aquelas palavras poéticas que sua mãe lia? Quem escreveu aquele diário? Ela apenas a fitou e decidiu que iria ouvir cada palavra.

- O anjo mendigo e com o coração partido perambulava em uma cidade ao anoitecer. E veio uma menina com belos olhos. No momento em que seus olhos se encontraram, o patético anjo se apaixonou pela garota. Como os sentimentos proibidos foram crescendo dentro dela, ela abria a Caixa de Pandora. – Miku lia tudo com uma voz calma e ao mesmo tempo ressentida.

- O que ela desejava era o fruto proibido escondido atrás de seu sorriso. Para fazer com que o proibido amor entre um humano e um anjo acontecesse, ela tinha... Que destruir tudo. – os olhos de Miku pesaram em tristeza neste momento, Luka afagou os cabelos da mãe que lhe sorriu de canto – Ela me beijou.

- Como é, mãe?

- O anjo. Aquela bonita garota. Ela me beijou. E eu... Como retribui? Empurrei-a, afastei-a de mim. – seus olhos marejados voltaram a ler o diário – “Vou abandonar meu coração puro. Se me é permitido viver e amar você, eu não hesitarei em cortar estas asas. Deixo-me entregue ao demônio”, foi o que disse o anjo para si mesmo. – as lágrimas caíram.

- Mãe...

- Eu estava noiva. Pronta para o casamento, mas não estava feliz. Pois, o casamento era um dever que tinha de cumprir e não um sonho meu a ser realizado. Ela sumiu. O anjo sumiu. Por dois dias, senti sua falta. Tudo bem que depois de rejeita-la o mínimo que poderia fazer era isso: fugir. Mas eu não queria expulsá-la da minha vida. Porém... Dois dias depois... No dia de meu casamento...

- Ela reapareceu?

- Não... – ela respondia meio em êxtase, avoada – ELA não apareceu, mas... – e voltou a ler o diário, dessa vez com um sorriso no rosto – A noiva negra manchada, no lugar em que deveria tomar o juramento sagrado, ela se deparou com um misterioso garoto que sorria com os olhos tristes. No momento em que seus olhos se encontraram, a patética garota se apaixonou por ele. Como os sentimentos proibidos cresceram dentro dela, ela traiu tudo. Larguei tudo. Meu casamento, minha honra, meus deveres. Larguei tudo para fugir com o garoto por quem me apaixonei, aquele me lembrava dela, meu anjo.

Luka começava a entender a história, começava a ver onde seu pai aparecia nela. Com um lindo sorriso no rosto e lembranças mil fervendo em sua cabeça, Miku continuou seu relato.

- O que eles têm em suas mãos é o fruto da luxúria que haviam desejado, combinando em um frenesi febril. Mesmo suas puras promessas estão sendo quebradas pelo pecado. – ela deu um suspiro, como se lembrasse do momento e continuou – As peças do passado que nos ligaram, depois de removê-las, era como se fossemos nos arrepender amanhã. “Deixe-me mergulhar e me afogar dentro de você”, esse era nosso desejo. – ela estendeu uma mão e vislumbrou um anel de flor. Uma pequena flor feita de prata, sorriu tão maravilhosamente ao apreciar o objeto. Mas o apertou contra seu peito, como se o protegesse e depois as lágrimas voltaram, junto com a história do diário. – Sabe. Meu anjo tinha um amor. Quando a encontrei, estava chorando por causa dele, e eu sequei suas lágrimas. Você demonstraria mais amor por quem te fez chorar ou por quem lhe cessou as lágrimas? O amor entre um humano e um anjo era algo inadmissível, principalmente para o anjo companheiro dela... Chamado Kaito.

- Ah! O pecado proibido mantinha o corte da ferida não curada. O julgamento furioso do arco penetrou o corpo da menina negra. – Miku parou e depositou o diário sobre os joelhos um instante. Afastou um pouco seu vestido, na região dos seios, expondo a marca do tiro que carregava consigo. Luka olhava e ouvia a tudo sem conseguir achar uma reação “adequada” – Meu anjo me abraçou. Pude sentir que chorava por mim, que me amava, que sofria por me ver morrendo. – ela pegou uma das cartas dentro do diário e pediu que a filha lesse. Luka pegou a carta e começou a ler em voz alta.

- Minha querida que aqui jaz fria. Vou dar toda minha vida a você, como jurei naquele dia. Meu pecado contra Deus... Todos os meus atos de traição devem ser pagos com a minha morte. Por isso, vou morrer por você. Eu acredito, este é o meu destino. – quando olhou para a mãe, ela estava chorando. Miku pegou novamente o diário e continuou.

- O anjo caído, libertado do contrato do mal... Em troca de sua própria vida, deixando apenas uma pena, ela salvou a garota e desapareceu.  O anjo caído sem asas e a corada noiva negra pecadora... Mesmo depois de caírem no abismo, os votos os entrelaçaram conservando seu pecado imperdoável.

- Mamãe... – Luka sentia pena da expressão sem vida e incompleta que sua mãe lhe mostrava, como se precisasse de uma metade, como se precisasse do seu anjo para ser ela mesma.

- Quando o fruto proibido cair em decadência, poderemos nos encontrar de novo. Mas até então... – Miku fechou o diário com a carta e guardou em uma das gavetas da penteadeira. Com uma expressão melancólica começou a conversar com Luka – Este anjo me engravidou de você, Luka. Você é metade humana, metade anjo. Antes de ele morrer, mostrou-me seu verdadeiro rosto. Minha anjinha favorita, linda dos cabelos loiros e olhos azuis. Finalmente conseguimos ficar juntas, mesmo que por pouco tempo.

- Mãe... Darei uma volta pelo jardim. Preciso... Processar tudo isso que aconteceu.

- Claro, meu anjo. – Luka sentiu a palavra atravessar-lhe a espinha abruptamente.

- Com licença, mãe. – Luka abriu a porta do quarto e saiu em direção aos jardins.

Tentando digerir os detalhes da conversa, juntamente com o pouco chá que bebeu, Luka apoiou uma das mãos no tronco de uma árvore. Sentiu a textura do tronco enquanto pensava sobre o que ela era. Um pouco adiante, avistou uma criança. Não. Uma jovem moça.

- Olá, posso ajuda-la? – ela disse para a misteriosa.

A jovem saiu de trás da árvore que se escondia e Luka pode ver. Uma menina loira, de olhos azuis e com um belo sorriso. Havia algo em suas costas. ASAS! Ou melhor, apenas uma asa, do lado direito. Ela nada disse, apenas apontou para o ombro esquerdo de Luka. Quando virou um pouco o rosto, percebeu a asa esquerda pregada em suas costas.

- Agora eu entendo... – disse Luka para si mesma, mas o anjo também ouvia – “Quando o fruto proibido cair em decadência, poderemos nos encontrar de novo. Mas até então...”. É isso, não é? Eu sou o fruto proibido. Eu sou o resultado do amor de vocês. Só poderão se encontrar novamente quando minha vida terminar. – ela concluía pesarosa.

O anjo se aproximou sorrindo até parar de frente para Luka.

- Estarei sempre com você e com sua mãe. – disse com uma voz leve e infantil.

A jovem a abraçou e lhe selou os lábios com um beijo. Luka sentiu que com aquele beijo absorvia a jovem loira. Ela estava entrando em seu corpo, estavam se tornando uma só. Luka sentiu a asa direita crescer em suas costas e sorriu. Agora, eram duas almas em um só frasco. Duas pessoas que mamãe amava poderiam estar com ela agora. Ela fechou os olhos e juntou as mãos apertando contra o peito.

- Obrigada. – foi o que ela disse para a moça, ou melhor, para si mesma.

Gakupo procurava por sua mulher e quando chegou aos jardins a avistou. Mas assustou imediatamente, ao ver duas grandes asas brancas em suas costas.

- Querida! – ele corria em sua direção.

Quando ela se virou para falar com ele, as asas haviam desaparecido. Gakupo piscou duas vezes e colocou em sua cabeça que estava muito cansado, estava tendo ilusões.

- Oi, amor. – ela respondeu.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, nada. – seu sorriso era lindo. Mas Gakupo percebeu que um de seus olhos turquesa perdera a cor. Estava mais pálido, mais... Azul. Pensou apenas em marcar um oftalmologista para seu daltonismo e a beijou. – Esqueci-me de falar uma coisa com a mamãe. Já volto.

Ela subiu novamente as escadas até o quarto e abriu a porta.

- Mamãe?

- Sim, Luka.

- Olhe para mim.

Miku se virou e quando viu o belo olho azul de seu anjo no rosto de sua filha e as asas abertas em suas costas, Miku explodiu em alegria. Mesmo já velha, com algum esforço, correu para a filha e a abraçou como nunca o fizera antes. Aquele abraço valia por dois. Era para sua filha e para seu amor. Um abraço em família, finalmente.


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Notas finais do capítulo

Ficou feliz que tenham lido e tomara que tenham gostado
Matta ne ^^v
Domo Arigatou