Lembra-se de quando eu comparei Neji com um boneco de neve? Mudei um pouco o meu conceito sobre o Hyuuga. Algo melhor, certamente. Claro que eu sempre vou considerá-lo frio. Ele ser frio é um fato, convenhamos. E ser branco é outro fato. Mas apesar disso, ele consegue ser doce. Você ficou em choque, não é? Sinto informar, mas isso é verdade. Ele só tem medo de se mostrar uma boa pessoa e coloca aquela máscara de gelo.

            Não disse que mudei meus conceitos sobre Neji? Pois é. De boneco de neve, frio, branco e sem sentimentos, ele passou a ser sorvete de coco: frio, branco e doce. E também é uma delícia. Não pensem malícia, okay? Foi somente uma frase muito infeliz. Se bem que não posso negar que ele é gostoso. Eu sei, estou começando a levar isso para outro assunto.

            Mas ele não é o picolé. Não, é o sorvete de massa mesmo. Sabe por quê? Porque no sorvete de massa, posso montar um bonequinho, colocar calda de chocolate, fingindo ser o cabelo de Neji, e aqueles granulados pratas, para serem os olhos. Criativo, não? Eu, particularmente, acho isso uma obra de arte! Já ele...

            - Tenten... De novo fazendo isso com o sorvete?

            - Não posso? – fiz bico.

            - Poder pode... Mas por que eu?

            - Não posso esculpir meu namorado em sorvete?

            - Por que não esculpe a Hinata?

            - Porque ela não é fria. – eu sorri. – Bom, eu posso fazer o seu tio.

            - Certo, pode fazer eu. – suspirou. Eu sabia que ele não era tão chegado em seu tio.

            Já estávamos o verão. Óbvio, não é? A não ser que eu fosse louca o bastante para chupar sorvete no inverno daqui. Todo dia que tem esse doce geladinho eu faço uma miniatura do Neji. E ele sempre me repreende por eu só fazer a sua escultura em sorvete, mas já acostumei com seus momentos “eu sou um homem de TPM”. Juro que mesmo conhecendo-o há tanto tempo, não sabia que ele era chiliquento.

            - Pronto! – comemorei ao terminar.

            - Dessa vez você não fez aquele sorriso, pelo menos. – suspirou.

            - Aquele sorriso era kawaii. – retruquei.

            - Não, não era.

            - Você que acha... Bom, agora vou ter que matar o bonequinho. – choraminguei.

            - Sorte que é o boneco, não eu.

            - Mas é uma miniatura sua não se importa?

            - Não. – respondeu.

            - Tudo bem então. – sorri e peguei a primeira colherada. – Quer um pouco?

            - Não quero experimentar comer uma miniatura minha.

            - Se você soubesse o quão gostosa essa miniatura é... – saboreei o doce.

            - Se meu coração é uma bola de sorvete de coco para você, meu cérebro também seria?

            - Sim, por quê? – perguntei.

            - Acho que já sei qual sorvete você é. – ele disse.

            - Qual?

            - Sorvete de cocô, Tenten. – bufou.

            - Eh? Por quê? – choraminguei. Aquilo era um insulto!

            - Cabelos marrons como de cocô e um cérebro de cocô. – sorriu de canto.

            - BAKA! – gritei. – Isso é um insulto, sabia?

            - Desculpe-me. – disse sarcástico.

            - Se não gosta de mim e da escultura, vamos terminar. – choraminguei novamente. É, acho era eu quem estava na TPM.

            - Não exagera Tenten. – pediu.

            - Você não me ama mais...

            - Claro que amo. – me abraçou. – Era uma brincadeira Tenten...

            - Tudo bem... – correspondi o abraço dele e peguei mais uma colherada do sorvete de coco. – Promete que nunca mais vai implicar com a sua miniatura em sorvete?

            - Prometo. – dito isso, ele me tomou os lábios.

            E na brincadeira de nossas línguas, o gosto do pedaço da cabeça de sorvete de Neji fazia presença. Um beijo frio e doce, assim como o Hyuuga. Tudo bem que eu implicava, agia como uma criança na sua frente e cismava em fazer as miniaturas de sorvete, mesmo que ele não gostasse, eu sabia que ele me amava de qualquer forma.

            - Sabe você não é sorvete de cocô... – disse. – Você é o meu sorvete de chocolate.

            Aí sim, um elogio e tanto, não? Sorri da forma mais doce e meiga possível e o tomei em outro beijo. Acho que o fruto do nosso amor geraria um sorvete de flocos: pequenos pedaços de chocolate, com um sorvete que não era de coco, mas era branco, frio e doce assim como Neji.