Atlantis - os Dois Reinos escrita por LadySpohr, Tay_martins


Capítulo 5
Morte!




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Perco-me no meu tempo

De ilusão e dor

Os destinos enlaçados

Por mistérios antigos

Nos trazem lembranças

De existências passadas

Em um mundo perdido!

Droga de confusão, apesar de ter ficado mais calma depois que o Dante me tocou, aliás, que coisa mais estranha eu ter me tranquilizado ao menor toque, ainda podia sentir as chamas nas minhas mãos, o fogo vindo de dentro. Tive que sair para lavar meu rosto, um pouco de água ia me esfriar.

Não consigo entender o que acabou de acontecer lá embaixo. Porque eu senti obrigação de obedecer aquele garoto? Ele parecia mandar em mim, mesmo sem dizer uma mísera palavra, meu corpo simplesmente obedeceu. E agora eu estava ali, dentro de um banheiro com a torneira ligada, jorrando água fria nos meus pensamentos mais sádicos contra aquele Gustavo. Menino mais irritante ainda estava por nascer. Como seria bom se ele sumisse, voltasse lá pra escola de gente muito rica de onde ele tinha vindo.

Depois de ficar perdida nesses pensamentos sem sentido percebi que estava mais do que atrasada para a aula e com certeza a professora não ficaria nada satisfeita. Desliguei a torneira e sequei meu rosto no uniforme.

Logicamente o corredor estava deserto, todos já tinham ido para as salas e só eu estava correndo, desesperada, para não tomar uma suspensão. Aliás, era bem capaz de já ser tarde demais, com certeza a essa hora a carrasca da professora já tinha feito a chamada e já tinha dado pela minha falta. Ausência nas aulas, sem justificativa, podia não dar em nada para os alunos que não tinham que morar ali, mas para os internos, como eu, a detenção depois da aula funcionava e os castigos eram bem reais.

Quando estava quase no final do corredor ouvi algo que me fez estancar, era um grito de socorro e vinha de uma sala no sentido oposto ao que eu estava indo. Aquela voz me era bem familiar. Sim, era o Gustavo, não tinha como confundir aquela voz irritante. Ele devia estar tentando me pregar uma peça por causa do que tinha rolado no pátio, eu não vou até lá de jeito nenhum! Ser vitima de umas das divertidas brincadeiras do Gustavo e sua trupe? De jeito nenhum!

Eu já estava dando o próximo passo na direção das escadas quando vi a cena na minha cabeça, como um flash, rápida, intensa e assustadora. O Gustavo estava parado, congelado de pavor, os olhos cheios de lágrimas, implorando por misericórdia e uma pessoa estava lá com ele, mas eu não conseguia ver seu rosto, só sabia que era um estudante, afinal estava de uniforme. O estranho segurava uma faca e caminhava na direção do garoto mais irritante da escola, ele desferiu três golpes e ceifou a vida do pobre Gustavo.

Queria ter socorrido o garoto na hora que a visão começou, mas fiquei ali, grudada, como se estivesse presa na corrente da  visão, não podia mover um músculo para ajudar e só pude sair do transe quando ouvi os gritos, mas já era muito tarde. Minha premonição veio em cima da hora e eu só pude correr na direção do terrível uivo de dor que rompeu da garganta do ferido.

Cheguei na sala a tempo de ver um aluno fugindo, mas tive que escolher entre tentar salvar a vida do Gustavo ou pegar o criminoso, tive dúvidas, mas decidi ficar e tentar ser útil de alguma forma. Ele estava ali, caído no chão, em uma poça vermelha, exatamente como na minha visão, seu corpo cortado em vários pontos e nos seus olhos já não pude enxergar nem ao menos um sopro de vida. Eles estavam vazios e já era tarde demais para os dois, tanto para alcançar o assassino como para socorrer a vítima.

Corri como louca pelos corredores até chegar a sala da madre e como sempre fui recebida por uma irmã jovem e sem graça que tinha uma única frase decorada: “ A madre não pode te atender agora. Você deve marcar hora!”.

Mas hoje eu não tinha tempo para aquela burocracia toda, eu precisava contar o que tinha acontecido o quanto antes, quem sabe ainda fosse possível encontrar o bandido. Empurrei a freira pequena para o lado e entrei no gabinete da madre superiora sem nem ter sido anunciada.

____ Mas o que você pensa que está fazendo senhorita Úrsula? Está ficando louca? Onde já se viu entrar aqui dessa forma tão intempestiva! Tenha modos mocinha, isso não é uma das suas festas de pijama...

____ A senhora quer fazer o favor de calar a boca! Se eu entrei assim é porque tem um motivo, e se a senhora não calar a boca eu não vou poder falar. O Gustavo foi assassinado numa sala do segundo andar!

Eu não deixei a madre terminar de falar porque poderíamos passar um dia ali e ela não pararia de me repreender. Também tentei encontrar um jeito mais delicado de dar aquela notícia terrível e não encontrei, então falei de qualquer forma mesmo.

As duas religiosas se benzeram e me olharam como se eu  fosse de outro planeta. A madre arregalou os olhos e me segurou pelo braço, me fazendo sentar na cadeira bem no meio do escritório.

____ Úrsula, nós já falamos que não vamos aceitar esse tipo de feitiçaria aqui na escola. Não quero saber seus sonhos ou suas visões fantasiosas, nós aqui somos...

Aquilo estava ficando ridículo, eu não tinha tido uma visão, quer dizer, eu tinha tido, mas depois eu realmente vi o cadáver. Porque era tão difícil acreditar em mim?

____ Madre, não foi uma visão. Eu realmente vi o corpo do Gustavo na sala do segundo andar e ele estava em uma poça de sangue e cheio de perfurações de faca. Se a senhora não acredita, mande alguém verificar.

Ainda meio relutante a madre mandou uma das outras irmãs olharem nas salas do andar de baixo, e em pouco tempo constataram que eu tinha dito a verdade e então a péssima notícia se espalhou por todo lado como rastro de pólvora. E tive que passar o dia naquele escritório, dando explicações sobre o que tinha acontecido milhares de vezes, desde a hora que eu saí do banheiro até a hora que encontrei o corpo. Tomei o cuidado de não mencionar a minha visão, afinal eu já estava tendo bem mais atenção do que gostaria.

Os únicos que não me cercaram em busca das últimas informações foram a minha amiga Ariana, com quem depois eu falaria, e o idiota do Dante, que devia estar em outro planeta, um dia, quando ele voltasse para a Terra talvez ele descobrisse que tinha acontecido um misterioso assassinato dentro da escola.


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