R e α l i d α d e

— Como?

— Apenas responda. – Foi direta novamente.

— Não sei porquê você está querendo saber a resposta para algo tão... Absurdo.

— Só preciso saber, está bem? – Disse, estranhamente, calma. Olhou para o lado, mas mal conseguia enxergar o que havia de fato ali. Era noite, e não havia muita iluminação no quarto do morango.

— Rukia... – Iniciou levantando-se de sua cama. – Isso é ridículo. Como pode pensar numa coisa dessas?

— Por que você não responde logo?! – Exaltou-se. Cruzou os braços enquanto caminhava na direção da cama do amigo (Que era uma das poucas coisas que conseguia enxergar no momento), onde se sentou rapidamente.

— Por que essa sua pergunta não faz o menor sentido, oras! – Irritou-se.

— Então suponho que seja verdade. – Constatou.

— Não! Claro que não. – Exclamou surpreso.

— Ué, quem cala consente...

— Não nesse caso. – Finalizou.

Silêncio.

Após um breve intervalo de tempo, Ichigo bufou e voltou a sentar-se em sua cama, porém agora ao lado da Kuchiki, que mantinha o olhar voltado para fora da janela. Seu semblante permanecia triste.

— Admita Ichigo... Sou mesmo um estorvo na sua vida, não é? Talvez isso explique a razão pela qual você esteja me ignorando ultimamente.

— Pensei que esse assunto já tivesse acabado... – Desviou. E o silêncio tomou conta do ambiente novamente.

— Pode ser sincero. – Disse amena, ainda triste.

— Não é verdade, tonta. – Negou deitando-se no espaço vazio de sua cama.

— Hum... – Fez uma pausa antes de continuar. – Acho... Que vou dormir. – Levantou-se. Forçou a vista um tanto pra conseguir visualizar a maçaneta da porta e andou rumo a ela. Mas, conteve-se por um instante na esperança de que, quem sabe, fosse chamada pelo shinigami atrás de si, mas como não houve reação alguma por parte dele, voltou a caminhar.

— Rukia.

A morena virou-se imediatamente.

— É complicado explicar. – Disse ele pausadamente.

— Entendo...

— Não. Você entende o que acha que está acontecendo.

— Não creio que seja assim.

— Ok. – Cansou-se de tudo aquilo. – Vou te mostrar a realidade.

Ichigo se levantou novamente. Caminhou até Rukia, curvando-se devagar para alcançar seu rosto na altura apropriada.

Suspirou por um instante enquanto fechava os olhos.

Rukia notou algo de diferente no olhar do ruivo enquanto ele se aproximava. Algo novo que a fez ficar nervosa, tensa.

Algo que ela certamente gostaria.

Um toque. A mão de Ichigo tocou levemente o alvo rosto de sua amiga. Inclinou o pescoço horizontalmente para o lado oposto ao que sua mão repousava, de modo que fosse possível dar um leve beijo naquela bochecha, agora, rosada.

E foi o que fez.

Logo, movimentou sua boca pelo delicado rosto da garota até que se encontrasse com os finos lábios dela. Mas antes de completar tal feito, entreabriu os olhos para checar a reação da pequena. Viu seu rosto levemente corado, seus olhos fechados; aceitando de muito bom grado tudo que ele lhe proporcionara até então.

Beijou-a. Um beijo tímido, rápido. Ainda assim, perfeito.

Separaram-se. Olharam fixamente um para o outro. Incertos do que dizer ou fazer.

— Rukia... – Iniciou após um tempo. – Desculpe.

— Pelo que?

— Por não ter tido coragem de revelar a você... Até agora. – E foi silenciado pelo indicador de Rukia.

— Não importa mais. – Sorriu levemente. – Agora... É melhor você calar a boca. Senão vai estragar o momento.

— Engraçadinha.

Beijaram-se novamente. Mas dessa vez, de modo intenso. Transpassando mais uma vez o sentimento recíproco guardado em seus corações: Amor.