Malfeito Feito II escrita por Miller


Capítulo 21
It's a boy, not a dog - Capítulo Vinte.




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Lilian Potter

Dor. Essa era a palavra que descrevia Lily naquele momento. Muita, muita, muita dor. Dor para caramba.

Lily gemeu quando mais uma contração a atingiu.

– Deus – ela bufou e levantou de onde estava sentada.

– Lily? Você está bem? – James perguntou e Lily teve vontade de bater nele pela pergunta completamente estúpida.

As altas taxas de hormônios enlouquecidos e em ebulição no corpo de Lily naquele momento pareciam estar fazendo-a ficar extremamente irritada.

– Não, eu não estou bem – Lily resmungou e caminhou por entre os bancos até chegar ao corredor central da Igreja com James em seu encalço. No altar, Petúnia parecia mais do que nunca um cavalo irritado. Lily teria rido da cara da irmã, não fossem as dores absurdas que estava sentindo naquele momento.

As pessoas a encaravam e perguntavam o tempo todo se ela estava bem, e foi apenas pelos dezessete anos de boa educação que a mãe dela havia dado que Lily não mandou todos à merda.

Ao longe, o barulho da ambulância foi ouvido.

– Lily – a mãe dela foi até onde Lily caminhava de um lado para o outro. Não que isso fizesse a dor passar, apenas que a perspectiva de ficar parada era completamente insuportável. – Não fique nervosa okay?

– É Lily, sua mãe tem razão, não há motivos para ficar nervosa – Sirius disse quando chegou até onde elas estavam. – É apenas um bebê que vai sair de dentro de você, nada demais – e sorriu como se aquelas fossem as palavras mais acolhedoras do mundo.

O que é que tinha demais não é mesmo? Apenas um bebê – um ser humano, com pernas, braços e cabeça – estaria saindo de dentro dela por um lugar que parecia pequeno demais para sair. Nada de-mais. Porque ficar nervosa?

– Deus, saia da minha frente Sirius, antes que eu bata em você – Lily disse completamente irritada e ainda mais nervosa depois das palavras de Sirius.

Outra contração atingiu-a e Lily grunhiu. James rapidamente foi até ela.

– Hey, vai ficar tudo bem – ele disse.

Lily gostaria de poder dizer à ele que só dizia isso porque não era dele que um bebê estava saindo por entre as pernas, mas preferiu ficar com a boca fechada. James devia estar tão nervoso quanto ela e não queria piorar as coisas.

A ambulância estacionou em frente à Igreja e Lily teria corrido até a porta não fosse a dor agonizante que a atingia. A mãe dela caminhou rapidamente para a saída da Igreja enquanto todos os convidados – que pareciam ter esquecido que estavam em um casamento – cochichavam entre si e encaravam Lily como se ela fosse botar um ovo a qualquer instante.

Não que ela estivesse muito longe disso, porque ao invés de um ovo seria um bebê.

Lily sentiu os braços de James a envolvê-la e o encarou. Foi como se uma grande parcela da irritação que estava sentindo por causa da dor tivesse sumido. Vê-lo ali, em seu lado especialmente em um momento como aquele, a fez amá-lo ainda mais.

Há um ano, Lilian Evans JAMAIS poderia imaginar que acabaria casando com o (na época) estúpido do Potter. E mesmo agora, o Evans tendo sido substituído pelo Potter, ela ainda não conseguia entender o porquê de ele estar ali. Então talvez os óculos de James o ajudassem a ver o que ela não via. Lily deu um meio sorriso à James que retribuiu nervosamente.

– Lily – ela ouviu a mãe chamar e virou em direção às portas da Igreja por onde Jane Evans e mais dois enfermeiros entravam com uma maca.

Mais uma contração a atingiu e o nervosismo voltou com força total.


 

James Potter

E então Lily foi levada para a sala de parto e James a acompanhou. Não que ele não quisesse fazer aquilo, mas não se sentia preparado realmente.

James não conseguia acreditar realmente que em pouco tempo teria seu filho ali, junto dele.

Desde que Lily havia dito que estava grávida, James nunca tinha pensado no bebê em si. Ele sabia que ele estava lá dentro da barriga de Lily, e que se movia, e que comia, e que pensava, mas nunca pensou realmente que ele fosse sair. Era um pensamento estúpido, mas a idéia de ter de cuidar de criança parecia recém tê-lo atingido.

Os médicos deram a ele um jaleco e uma máscara para vestir e James sentiu como se seu estômago o tivesse abandonado.

Finalmente, quando tudo estava pronto e as dores de Lily pareciam estar cada vez mais fortes, a médica disse que estava na hora. Era como se James estivesse em um sonho e tudo parecia estar envolto em névoa.

– James – ele ouviu a voz de Lily chamá-lo de muito longe, com esforço ele conseguiu focar os olhos nela. – Obrigado – ela disse e os olhos verdes (naquele momento escuros por causa da dor) o fitaram com lágrimas nos olhos.

– Eu faria qualquer coisa por você – ele respondeu e ela sorriu.

E aquilo realmente não era uma mentira. Ao dizer aquelas palavras James soube que era plenamente verdadeira. Era uma coisa estranha, dado ao fato de que tinha apenas dezoito anos, mas James sabia que nunca mais iria amar outra pessoa como amava Lily.

E então, o nervosismo o deixou, dando espaço apenas para a felicidade daquele momento. E daí que eles eram novos demais? E daí que eles ainda não estivessem totalmente preparados para aquilo? Os dois iriam enfrentar aquilo junto, porque tinham o apoio um do outro.

Duas enfermeiras foram para os lados de Lily, cada uma delas dizendo palavras acolhedoras e calmantes. James segurou a mão da ruiva e sentiu-a ser apertada fortemente quando mais uma contração a atingiu.

– Faça força – a médica pediu à Lily e James sentiu como se sua mão fosse ser arrancada de seu braço pela força com que Lily a apertava.

Lily estava parecia ter atingido os níveis mais altos de tons de vermelho em sua pele. Mas ela continuava fazendo força e uma das enfermeiras a ajudava empurrando com um braço a sua barriga para baixo.

James sentiu-se como em um sonho de novo, mas um sonho onde ele sentia-se suar frio e tremia devido ao nervosismo.

– Saiu a cabeça – a médica disse e James pensou ter ouvido um ‘Graças a Deus’ da parte de Lily, mas quando a olhou ela estava concentrada novamente.

E de repente Lily fez força mais uma vez e a enfermeira empurrou sua barriga, um estranho barulho de ‘ploct’ e um choro fininho de bebê.

James sentiu algo quente em seu peito e sorriu para Lily que parecia mais cansada do que nunca, mas mesmo assim sorriu em retribuição. Virou os olhos para onde uma das enfermeiras – para quê tinha tantas, James realmente não sabia – tinha um pequeno bebê nas mãos. Não teve tempo de ver muita coisa, apenas o fato de que ele tinha os olhos verdes de Lily e cabelos estranhamente espetados (aquilo era normal para um bebê?) – e então James desmaiou.


 

Marlene McKinnon

E então as portas foram abertas na sala de parto e uma maca saiu de lá. Lene sentiu-se eufórica para ver se era Lily, mas reconheceu os cabelos espetados de James.

– O que aconteceu? – Sirius perguntou preocupadamente quando os enfermeiros passaram por onde estavam. – O que fizeram com ele.

– Ele apenas desmaiou quando o bebê nasceu – o enfermeiro explicou e estava claro pelo tom de voz dele que queria rir. Lene estreitou os olhos para o enfermeiro que ficou sério imediatamente. – Vamos levá-lo para o quarto onde a menina – e apontou o dedo para a sala de parto onde Lily estava – vai ficar.

Ele saiu carregando a maca e Lene ouviu um risinho baixo atrás de si. Quando virou viu que era Sirius. Também estreitou os olhos para ele.

– Quê? – perguntou.

– Se fosse você quem estivesse vendo o filho nascer tenho certeza de que seria bem pior do que o James – Lene respondeu.

– O quê? – Sirius perguntou indignadamente. – É claro que eu não...

– Ah, calem a boca vocês os dois – Dorcas interveio com impaciência. – Vocês ouviram o que o cara disse? O bebê nasceu! Nasceu – ela sorriu.

Lene sorriu em retribuição.

– Harry nasceu? – Lene disse completamente feliz. – Ah Deus, eu quero ver!

– Todos nós queremos, mas isso vai ser apenas depois que ele sair de lá e for para a maternidade – a mãe de Lily disse e caminhou em direção à uma enfermeira que saia da sala de parto. Ela trocou algumas palavras com a mulher e voltou para onde eles estavam.

– Lily está bem, o bebê está bem. Logo os dois serão liberados. – ela disse e sorriu parecendo finalmente ficar um pouco menos preocupada.

Algum tempo depois, após o bebê ter sido levado à exames e tudo o mais que precisava, liberaram o acesso à maternidade.

Lene caminhou rapidamente junto com Sirius, Remo e Dorcas – a mãe de Lily havia ido falar com a filha – e ficaram em frente à uma grande janela de vidro de onde era possível enxergar os berços. A enfermeira que os acompanhava apontou o berço onde Harry estava e todos olharam em sua direção.

– Então ele realmente tinha a cabeça de James – Sirius comentou e Lene deu um tapa em sua cabeça. – Au!

– Cale a boca – Lene disse e o encarou irritada. – Ninguém te ensinou que não se faz comentários maldosos para bebês?

– Eu não estava fazendo nenhum comentário maldoso... – Sirius a encarou com um sorriso no rosto. – Mas você parece achar que ter a cabeça de James é um problema.

– Eu não...

– Ah, tem os olhos de Lily – Remo disse e os dois pararam de discutir e olharam na direção do bebê.

Ele estava acordado e mexia os bracinhos incessantemente. O bebê seria uma cópia exata de James, não fossem os grandes olhos verdes de Lily.

– Eu pensei que eles não abrissem os olhos tão cedo... – Sirius comentou e Lene balançou negativamente a cabeça.

– Sirius, você nunca leu nada sobre nascimento? – Lene perguntou e Sirius a encarou estranhamente.

– O quê? Porque eu leria uma coisa dessas? – ele perguntou e ergueu uma sobrancelha. – Porque VOCÊ leria uma coisa dessas?

Lene preferiu não responder.


 

Remo Lupin

– Hey – uma voz interrompeu os risos de Dorcas e Remo que se divertiam à custa da discussão de Sirius e Lene.

Remo, assim como todos os outros, virou para ver quem havia falado. Era James.

– Ah, me contaram que você não conseguiu agüentar as dores do parto e desmaiou – Sirius comentou divertidamente e James revirou os olhos.

– Haha, morri de rir – James disse sarcasticamente. – Na verdade eu desmaiei porque eu não tinha mais circulação no braço.

Todos o encararam sem entender e James explicou:

– A Lily estava segurando muito forte a minha mão – disse e todos riram.

– Tem os seus cabelos – Remo comentou e apontou para o bebê (que era facilmente reconhecível pelo monte de cabelos negros).

James foi até o vidro e Remo viu quando os olhos dele se encheram de lágrimas.

– Isso é completamente surreal – James passou a mão pelos cabelos.

– É meu amigo, bem vindo à vida de papai – Remo disse e deu tapinhas nas costas dele.

– Hey, o que vocês acham de irmos comer alguma coisa? – Dorcas perguntou e todos (menos James que continuava olhando o bebê) a encararam. – Quê? Todo esse nervosismo me deu fome – ela disse.

– Vou com você – Remo falou e virou para James. – Parabéns cara! – deu um abraço no amigo que tinha um sorriso enorme no rosto.

– Obrigado – James agradeceu.

Remo seguiu Dorcas pelo corredor até a cantina do hospital, onde eles compraram um hambúrguer e algum refrigerante e sentaram em uma mesa qualquer.

– Você não prefere que eu te leve em algum lugar aqui perto para comer? – Remo perguntou encarando a comida desconfiadamente. Não era muito fã de comidas de hospital.

Dorcas deu de ombros e deu uma mordida no hambúrguer.

– Estou bem aqui – ela disse enquanto tomava um gole do refrigerante. – Já percebeu que agora a Lily e o James são ‘pais’ de verdade? – ela perguntou com um fluxo de pensamentos diferentes.

Remo não tinha pensado nisso realmente.

– Uau – ele disse.

O pensamento de ver James cuidando de uma criança era realmente muito estranho, para não dizer quase impossível.

– É – Dorcas concordou com sua exclamação e Remo sorriu para ela.

Era bom tê-la ali depois de tudo.

Dorcas soltou uma risada baixinha.

– Quê? – ele perguntou curioso.

– Eles são James e Lily, o Potter e a Evans – ela balançou a cabeça. – Esse mundo é mesmo muito estranho.


 

Sirius Black

Sirius, Lene e James foram para o quarto onde Lily – finalmente, Sirius acrescentava mentalmente – estava.

Assim que estavam em frente a porta, Remo e Dorcas os alcançaram.

– Ah, vocês não iam fazer isso sem a gente – Dorcas disse e James abriu a porta do quarto.

Lily estava deitada na cama desconfortável do quarto, um de seus braços com uma agulha espetada e a aparência de ter sido atropelada por um grande caminhão. Mas ela sorria mesmo assim.

James foi até ela e deu um pequeno beijo em seus lábios.

– Hey, você está bem? – ele perguntou e Lily sorriu ainda mais.

– Só não digo que estou pronta para outra, porque eu nunca mais quero ter filhos depois de toda aquela dor – Lily respondeu em seu habitual humor estranho.

James fez uma careta pelo comentário.

– Ah, me desculpe pelo seu braço – ela corou.

– Ah, sim eu ainda posso usar minha mão, nem se preocupe – James brincou.

– Hey casal – Sirius foi até a cama e se apoiou no ombro de James. Os outros o seguiram para perto. – Agora vocês já sabem que brincar de médico sem luvas não dá certo – Sirius disse e recebeu um tapa na cabeça.

– Ah, cale a boca – James resmungou e Lily revirou os olhos.

– Mas então, eu estava pensando...

– Uau, eu não sabia que você era capaz disso – Remo disse e Sirius estreitou os olhos para ele.

– Estava pensando que depois que a Lily for para casa junto com o Harry – e sorriu marotamente. – Podíamos fazer uma festa ou qualquer coisa do tipo.

– Hum, acho que isso é uma boa idéia – Lene concordou e olhou para os lados com a testa franzida. – Hey, cadê o bebê? – perguntou.

– Levaram para mais um check-up – Lily respondeu e parecia impaciente.

– Nem fique impaciente – Sirius disse e deu alguns tapinhas no braço livre de Lily. – Depois você não vai ter tempo para nada – e ergueu as sobrancelhas sugestivamente.

– Deus, Sirius, eu ainda sinto vontade de bater em você – Lily disse e balançou a cabeça.

– Quê? Só estou dizendo a verdade.

Lily sorriu para ele.

– Sabe, eu nunca pensei que um dia eu fosse gostar de você – Lily disse – Mas é incrível que mesmo você sendo o idiota que é – Sirius fez um careta. – eu fico extremamente feliz de tê-lo aqui agora – ela sorriu e Sirius tentou disfarçar que estava emocionado. James deu alguns tapinhas em suas costas.

– Sim, porque em qualquer lugar em que eu esteja tudo fica melhor – Sirius disse e Lily conseguiu esticar o braço e dar um tapa em seu peito.

– Deus, acho que retiro o que disse – ela revirou os olhos.

Continua...


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