xx Justin xx 

Eu andava cansado demais, todo aquele trabalho pesado que eu andava tendo só me deixava cada vez mais estressado.

Graças a Deus minha turnê havia acabado. Agora eu poderia passar mais tempo em casa, me dedicando mais a mim mesmo e a minha família que agora incluía Kenny, Scooter e Usher. 

Hoje tinha sido um dia realmente muito cansativo, eu tive que passar o dia todo com a mesma gente velha viciada em trabalho. 

Eu sentia falta de fazer coisas de adolescentes, claro que não posso reclamar de nada, mas uma folga de vez em quando é bom.

Eu estava voltando para casa, as reuniões quase eternas do Scooter eram bastante longas sempre então eu era meio que obrigado a voltar tarde para casa.

 A chuva tinha dominado a cidade neste domingo, eu estava dirigindo meu carro, o que eu quase não faço já que Kenny insiste em dizer que eu não estou protegido e me acompanha para qualquer lugar durante 24 horas por dia.

 Agora eu estava mais perto de casa, só faltavam mais algumas ruas.

Eu estava distante, pensando em tudo o que tinha me acontecido nesses últimos anos. 

Encarar toda essa fama era extremamente difícil para mim, principalmente quando se tratava de pressão. 

Olhei rapidamente para o parque que ficava a somente duas ruas da minha casa, eu adorava ir lá, me acalmava.

 Meus olhos percorreram todo o local, mas uma coisa chamou minha atenção. Havia uma garota lá. 

Diminui um pouco a velocidade do carro e continuei a observar ela e seu rumo. A garota ia se distanciando cada vez mais, até sumir da minha visão. 

Eu não estava entendendo o que ela fazia a essa hora da noite na rua e na chuva.

 Voltei a enxergar sua silhueta que estava andando rumo à ponte que havia no parque. 

Parei o carro e ela continuou andando até lá. Agora eu só conseguia enxergar a sombra dela, estava subindo na ponte. 

Deus, aquela garota pretendia cometer suicídio e eu estava ali parado no carro. 

A adrenalina tomou conta do meu corpo, eu tinha que impedir aquilo, de qualquer forma.

Desci imediatamente do carro, coloquei meu capuz na cabeça, minhas mãos nos bolsos e apressei meu passo. 

xx Kristin xx

Eu enfim tinha conseguido sair daquele hospital. 

Eu me sentia horrível por estar tomando essa atitude, não era muito sensato fazer isso, mas quem ligaria afinal? 

Andei até o parque bastante angustiada, mas logo tudo passaria e eu me livraria de todas essas sensações. 

Logo eu não sentiria mais nada e todo o sofrimento que em mim existia iria embora.

Porém uma parte de mim estava dizendo que eu não devia fazer aquilo.

A chuva engrossava mais a cada segundo, minha blusa era fina e eu já devia estar a ponto de arranjar uma doença, mas e daí? Isso já não importava agora.

 Avistei a ponte ao longe, eu estava sentindo uma última vez o cheiro de terra molhada que já era constante ali e eu adorava. 

Eu me aproximava da ponte cada vez mais, eu estava decidindo se aquela era mesmo a decisão certa, depois seria tarde demais pra se voltar atrás.

 A cada passo que eu dava, ia lembrando de toda a minha vida, tudo o que eu tinha passado e agora eu tinha certeza de que essa era a decisão certa.

 Lágrimas começaram a brotar em meus olhos, eu estava tentando reprimir o choro, mas estava difícil então eu resolvi deixá-las descerem.

Agora eu sentia um misto de sentimentos inexplicáveis, tudo de uma vez, mas eu acima de tudo estava com medo. 

Cheguei em frente a pequena ponte, era agora ou nunca. 

Subi na ponte e o vento começou a bater mais forte no meu rosto, fazendo também meus cabelos grudarem no meu pescoço e testa. 

Minha visão estava embaçada tanto pela chuva como pelas lágrimas formando-se em meus olhos. Eu iria contar até dez e depois tudo acabaria.

"1, 2, 3, 4, 5, 6...", Comecei a contar até que fui interrompida. 

-EI! - A voz falou chamando minha atenção, provavelmente era um garoto. Me virei para ele e vi o garoto mais lindo que eu veria em minha vida.

 Virei novamente para frente, agora eu iria. 

-EI! Por favor, garota, não faça isso! Eu não sei quais são seus motivos, mas, por favor, não pule! - O garoto gritava. 

Eu continuava a chorar. Então o garoto deu mais uns passos.

-E porque eu não faria isso? Porque um estranho está me pedindo?! - Gritei de volta, com a voz trêmula. 

 Ele abriu a boca pra falar algo, mas não conseguia. 

-Por favor, isso não vai aliviar a sua dor, por favor, não pula! - O garoto suplicou mais uma vez.

 Eu não sabia por que, mas senti que aquilo era verdade. 

-Eu imploro, por favor, não pule. O que te afligir, eu vou te ajudar, confia em mim, eu não vou machucar você. - Ele não parecia mentir, e sua voz de anjo me transmitia algo realmente bom. 

Ele chegou mais perto de mim e estendeu sua mão para me ajudar a descer. 

Segurei sua mão e por um instante um calor percorreu todo o meu corpo. 

Seu toque era suave e eu estava me sentindo segura com aquele garoto que eu não conhecia.