Diario de um Semideus 2 - As Portas da Morte escrita por H Lounie


Capítulo 7
Inimigo interno


Notas iniciais do capítulo

Contem trechos da música The War, do Angels and Airwaves e referências ao filme The haunting in connecticut.



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The ocean is on fire, the sky turned dark again, as the boats came in. And the beaches stretched out with soldiers, with their arms and guns. It has just begun

(O oceano está em chamas, o céu ficou escuro novamente, assim como os barcos se espalharam. E as praias lotadas de soldados, com suas armas e canhões. Isso apenas começou)

– Em um dia claro, no meio da noite, dois meninos mortos se levantaram para lutar. The haunting in connecticut, lembra? Isso parece estranhamente familiar agora.

A primeira coisa que pensei foi que Nick estava brincando comigo, querendo simplesmente me tirar do sério. Eu queria protestar, brigar com ele, bater nele e dizer que o que ele dizia não fazia sentido algum, era apenas ficção. Mas a realidade era outra e pior: ele estava certo.

– Em um dia claro no monte Tam, no meio da noite no Hades, dois meninos mortos se levantaram para lutar.

Nick assentiu e me abraçou, fazendo com que eu me sentisse a pior das traidoras. Há pouco uma voz rouca, um sussurro milenar me acordou. Sentia-me desorientada por ter sido acordada repentinamente, porém assim que me dei conta de quem era, fiquei alarmada, colocando-me em pé e seguindo para fora do chalé, antes mesmo que os primeiros raios de sol aparecessem no céu sobre o acampamento.

Assim que cheguei à beira da floresta, vi Luke também acordado e assustado, aparentemente a mesma voz o havia acordado. Ficamos nos olhando por algum tempo, até uma voz cansada e sonolenta chegar a nós.

Ela aprovava tudo que tínhamos feito. Devíamos continuar, estávamos prestes a conseguir que confiassem em nós outra vez. Agora teríamos que seguir Annabeth na missão, fazer conforme o combinado. Afinal, os dois meninos mortos levantaram-se para lutar.

Agora, no alto da colina, eu apenas esperava Annabeth e Luke.

– De costas um para o outro eles se encararam, puxaram suas espadas e atiraram um no outro. Um policial surdo ouviu o barulho, foi até lá e matou os dois meninos mortos. – Continuei o trecho de The haunting in connecticut, me sentindo segura perto de Nick. – Espero que eu consiga mudar o final.

– Todo mundo pode correr atrás e fazer um novo final, não é o que dizem? E leve isso, sim? – Disse ele, me entregando um arco troiano prateado. – Não é como seu arco dourado, mas vai servir.

– Isso é seu Nick. – Disse, sentindo lágrimas se formando em meu rosto.

– Acho que você vai precisar mais que eu. Também é pratico, basta resetar a linha e uma flecha irá surgir.

– Obrigada. Nem sei o que seria de mim sem você maninho. – Brinquei.

– É, provavelmente nada.

Ele sorriu, encorajando-me. Nos últimos dias Nick tem sido mais que um amigo ou um meio irmão, é melhor do que eu poderia pedir se levar em conta coisas que ainda terei que fazer. Agora eu tinha um novo arco, uma adaga – que segundo a história pertenceu a Electra, filha de Agamemnon e da rainha Clitemnestra, a que protegeu seu irmão Orestes de ser morto quando ele era criança – e estava pronta para lutar.

– Tudo pronto? – A conhecida voz de Luke soou ansiosa, depois do ‘encontro’ com a mulher de terra não havíamos conversado.

– Sim. E Annabeth?

– Já está vindo.

Segui Luke e subimos na biga. Havia poucas pessoas ali, e a maioria estava ali por Annabeth. Assim que a filha de Atena chegou, ordenei aos cavalos que voassem, levantando a biga.

Nenhum de nós disse nada pelo que julguei ser quinze minutos, então tentei quebrar o gelo.

– Para onde Annabeth, alguma pista?

– Manhattan.

Ela parecia mal humorada. Mal humorada demais para uma manhã.

– Algum motivo especial? Manhattan talvez não seja...

– Manhattan. – Repetiu ela. – Pode dar a direção?

– Claro. – Luke foi igualmente firme, passando os braços por minha cintura enquanto apontava uma direção.

E ele ainda gostava dela, isso era evidente. Já podia me imaginar servindo de objeto para o joguinho de ciúme que Luke certamente faria.

– Olha Annabeth, acho que eu já lhe disse isso, mas você não tem mesmo opção. E então, pode, por favor, dizer por que Manhattan?

– Um sonho, eu tive um sonho. Eu seguia um cervo prateado até Manhattan. Havia problemas lá e então uma pista.

Então estávamos indo para Manhattan em direção a um problema. Uma ótima maneira de começar o dia.

– Manhattan então.

Não demoramos muito para chegar a Manhattan e também não demorou muito para avistarmos o problema. Um grande problema por assim dizer.

Mesmo do alto podíamos ver carros amassados em frente ao Empire State. Algumas pessoas observavam o que parecia ser um acidente, porém, era fácil perceber que era muito mais que isso, se você como eu também estava com o olhar fixo na criatura que subia pelas paredes do Empire State.

– Isso é impossível! – Berrou Annabeth. – Ele... Ele não...

– Quem é ele Annabeth? – Perguntou Luke.

– O gigante Efialtes. Em outros tempos, ele tentou escalar o Olimpo, mas acabou morto por um ardil de Artemis.

– Um gigante? Mas gigantes só podem...

– Ser mortos por um deus e um semideus simultaneamente. – Completei o pensamento de Luke. – Em outras palavras: Estamos com sérios problemas.

– Annabeth, acho que é hora de você rezar para sua mãe. – Disse Luke calmamente.

Annabeth suspirou derrotada, ainda olhando Efialtes.

Why wont you tell me that It's almost over ?

(Porque você não vai me dizer que isso está quase no fim?)

– Pouse a biga. Temos que pensar antes de agir.

Desci a biga até um parque vazio, julguei que aquele seria um bom lugar para que Annabeth pudesse pensar.

– A realidade por vezes é a mitologia que dizem não ser verdade. – Disse uma voz assim que descemos da biga. – Surpreendente, não acham?

Aquela mulher estranha estava falando com a gente?

– Enigmática você, sim? – Disse uma voz em meio às sombras. Será possível era mesmo...?

– Nico? – Arrisquei.

Um garoto vestido em um casaco preto e em Jean escuro saiu das sombras das árvores. O que ele estava fazendo ali?

– O que faz aqui? – Perguntou Luke antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

– Eu não ia deixar Annabeth com vocês dois. – Ele foi firme, decidido como jamais vi. Aquela proteção toda em relação a Annabeth me deixou enciumada, mais do que eu gostaria de admitir.

A mulher estranha continuava a cuidar de um menino que estava estendido no chão. Ele usava uma camiseta roxa que estava cheia de sangue e tinha uma tatuagem como a que Jason, o filho de Zeus tinha.

– Quem é você? – Perguntei à mulher, tentando ignorar Nico e meu ciúme.

– Carmenta. – Disse ela, como se aquilo fosse – ou devesse – ser suficiente.

– Carmenta?

– Sim. Di indigete, divindade e ninfa da Arcádia, conhecida pelo dom da profecia que recebi no monte Capitólio, em Roma. Semideuses como vocês costumam me procurar para pedir ajuda.

Di indigete? – Annabeth parecia assustada. – Mas isso significa...

– A realidade por vezes e a mitologia que dizem não ser verdade. – Repetiu ela, ainda concentrada em ajudar o menino desmaiado. – E as coisas nem sempre são o que parecem ser. O problema é que as pessoas tendem a analisar tudo pela perspectiva errada. Um grande problema, se me permitem dar minha opinião. Às vezes, para conseguir encontrar o que perdemos, precisamos voar. Precisamos unir forças e procurar em lugares que jamais imaginamos, que sequer sabíamos que podiam existir. Entretanto, os perigos são sempre grandes. É como desenhar sem borracha, existem coisas que simplesmente não se concertam jamais, por mais que se queira.

Eu não havia compreendido uma palavra se quer, mas fingi entender, porque Annabeth parecia ter entendido.

– Quem é ele? – Perguntou Luke, apontando para o menino.

– É o que quero descobrir. Agora se me permitem, devo ir, vocês tem trabalho a fazer e eu preciso levá-lo para casa. Para um lugar seguro para ele.

– É um semideus?

– Sim, ele é.

– Então deve levá-lo para o acampamento.

– O seu acampamento não é o único lugar seguro. – Ela sorriu.

– Não, mas como? Isso é...

Carmenta o silenciou com o olhar, tomou o menino nos braços e uma nevou esverdeada começou a rodear suas pernas. Olhei para Annabeth, querendo entender o que acontecia, mas ela olhava fixamente para Carmenta. Aquela mulher era um tipo de oráculo?

– Lyra, - Virei em direção a Carmenta que já desaparecia em névoa. – Não queime sua própria casa se você não quer morrer.

Believe, do you want this? Believe, do I want this too?

(Pense bem, você quer isso? Pense bem, eu quero isso também?)


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