Diario de um Semideus 2 - As Portas da Morte escrita por H Lounie


Capítulo 2
O que são amigos se comparados ao poder?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/122532/chapter/2

Uma quarta feira fria, setembro de 2014. Tentando fingir que alguém pode vir e me salvar de mim mesma.

Aí então você pode vir e me dizer: Juliet, porque raios você está assim? Ah, com todo prazer vou lhe responder que eu tenho razões suficientes para estar assim e não, eu não quebrei uma unha ou derrubei um perfume, eu apenas descobri que não presto.

Sim querido diário, eu não presto. E tem mais, eu deveria queimar ou sei lá o que acontece quando as pessoas são lançadas ao tártaro, só sei que é isso que deveria acontecer comigo. Eu vou contar exatamente o que aconteceu.

Estava eu, toda diva tentando acertar aquele maldito alvo que se move lá na arena com o arco que tomei emprestado de um filho de Apolo. Uma tarde agradável, poucas pessoas na arena e uma milagrosa disposição. O maldito alvo insistia em fugir de mim e eu já estava pra lá de irritada com ele. Para se ter uma ideia eu estava lançando meu maravilhoso poder de amor por todo o lugar, sem controle algum por estar completamente irritada e concentrada no alvo fujão.

Nick, o conselheiro de Apolo chegou até mim, só que ele parecia... bem, ele parecia diferente. Seus olhos pareciam fixos demais o sorriso malicioso em seus lábios não me deixou muito animada. E então quando me dei conta, ele estava me beijando. Não foi um beijo desses que se vê por aí, foi uma coisa cinematográfica. Lindo e romântico. E aí você perguntaria que mal tem nisso, afinal Nick é um gato. A coisa toda é: EU TENHO NAMORADO, que viu toda a cena, por sinal. Isso mesmo. Vou ali morrer, volto logo.

AAAIIII, eu me odeio e pior, estou com medo. Muito medo. Você sabe que Will é filho de Nêmesis e se sei lá, ele resolver se vingar? E se ele usar o tal chicote de Nêmesis em mim? Ai minha beleza! Preciso de um herói para me defender de meu namorado.

Mas mudando de assunto antes que eu enlouqueça, enfim Nico contou a todos o que sabia. Depois dessa euforia toda de natal Nico resolver contar sobre o que ele descobriu de Annith, aquela vaca. Quem ela pensa que é? Eu devia... eu devia... Argh! Que nojenta, alguém deveria fazer algo.

Mas agora devo ir, é hora do jantar e se eu me atrasar Drew vai me fazer usar aquelas botas ortopédicas que não combinam com nada e limpar o chalé sozinha.

See you later. Juliet.

____________________

– Uma revolução que incomodará a todos no Olimpo. – Continuou ela, vendo que nenhum de nós dois iria responder. - E essa revolução é irreversível e está apenas começando.

A adormecida balançava para frente e para trás, como quem se embala em um balanço.

– Porque nós dois? – Perguntou Luke, desafiador.

– As pessoas que foram feridas por aqueles que gostam são as mais perigosas, pois sabem que podem suportar qualquer coisa. – Respondeu ela, demorando-se em cada palavra, respirando fundo a cada uma delas. – Preciso que voltem ao acampamento. Preciso que reconquistem a confiança de todos. Preciso que ambos voltem a liderar.

A expressão de Luke se tornou de raiva, apenas raiva.

– Luke, acalme-se. – Sussurrei.

– Eu não vou fazer isso novamente! - Berrou ele, avançando para cima da mulher adormecida. Em seu sono ela sorriu.

– Então receio que terei que te mandar de volta para o mundo inferior, para que volte a aguardar o julgamento para que um dia possa renascer.

– O que, você ainda nem foi julgado Luke? – Perguntei.

– Sabe quantas pessoas morrem por dia? – Retrucou ele com indiferença.

– Você pode ser grande filho de Hermes, basta querer. – Sussurrou a mulher de terra.

– Da última vez que ouvi isso, acabei traindo meus amigos.

– E o que são os amigos se comparados ao poder? – Perguntou ela, a pergunta foi lançada a nós dois. – Filha de Apolo, sei que entende o que digo. O que os deuses foram para você a vida toda?

Não respondi, Luke muito menos.

– Uma semana. Vocês dois tem uma semana para mostrar que estão comigo, caso contrario, os dois voltarão para o Hades.

Sua imagem começou a tremeluzir.

– Ei, espere! E quanto a nossas armas? – Perguntei, ansiando por ter o arco dourado comigo novamente.

– Não estão comigo.

E ela se desfez em terra. Não sei quanto tempo ficamos em silêncio, apenas encarando um ao outro, ambos chocados.

– Quer dizer que não estamos mais mortos? – Minhas mãos estavam tremulas e eu estava prestes a me desmanchar em lágrimas quando senti Luke me dar um abraço desajeitado.

– Não sei bem ao certo, mas acho que teremos uma semana para descobrir.

Luke estava quentinho, completamente pálido, mas mesmo assim, bonito de morrer, não... de morrer não, só bonito mesmo.

Ótimo, eu estava vivendo um sonho antigo bem no meio de um pesadelo. O que ouvi da adormecida me deixou assustada e irritada. Imagine o que é tentar encontrar uma coisa que te faça ficar calma quando tudo a sua volta parece um mar de problemas, imagine o que é tentar descobrir o porquê de estar irritada em um momento que você sonhou que seria perfeito, quer dizer, Luke estava ali, com os braços ao meu redor em um quase abraço afetuoso, por que eu tinha que estar assim tão mal?

Claro que havia coisas a decidir, como por exemplo, obedecer aquela mulher maluca ou simplesmente voltar para o Hades. Parte de mim queria correr para o acampamento e anunciar que eu estava viva, mas parte de mim sentia que eu estava longe de estar pronta para mentir, longe de estar pronta para enganar meus amigos. Eu nem ao menos sabia de que forma teria que enganá-los, o que faria, o que aquela mulher iria pedir e quais seriam as conseqüências disso para meus amigos.

Eu não me importava com os deuses, tudo que eu queria é que eles de danassem, só não queria ver meus amigos morrendo por algo que eu causei.

– E então? – Luke me soltou, olhando-me nos olhos. – O que faremos?

– Eu não estou pronta para mentir, mas não quero morrer... mais uma vez. – Admiti.

– Olha, talvez nós só tenhamos que lutar ao lado do exército daquela mulher em alguma batalha, talvez isso não signifique que tenhamos que mentir para os nossos amigos. Talvez seja até melhor, quem sabe poderemos alertá-los sobre o que está por vir.

– Sabemos o que está por vir? – Senti um meio sorriso se formar em meus lábios, Luke segurou minha mão.

– Não, mas aposto que vamos descobrir. Agora, que tal tomarmos o rumo de Long Island?

Sorri para ele, assentindo e apertando meus dedos ao redor de sua mão.

– Luke, você foi um canalha. – Disse ainda rindo. – Não me leve a mal, mas você foi.

– Eu sei, - ele riu comigo. – Perder minha vida foi um preço leve a pagar se levar em conta tudo que fiz.

– Mas foi por uma boa causa, eu até concordava com você, em partes, claro.

– Sério? – Ele parecia surpreso enquanto balançava nossas mãos para frente e para trás.

– Algumas coisas. Apolo nunca deu muita atenção para mim, foi me ver só uma vez, me arrastando de uma vida segura para um mar de problemas, mas não achei isso motivo suficiente para mudar de lado na guerra, não até agora, ao menos.

– O que aconteceu, digo, como foi que morreu? Caramba, falar assim é tão estranho. - O sorriso de Luke só aumentava enquanto conversávamos.

Contei a ele sobre a missão e sobre como os deuses declararam guerra uns contra os outros e como acabei morrendo no campo de batalha. As imagens voltaram a mim da maneira mais dolorosa possível, se misturando com os sentimentos sombrios que surgiram enquanto eu caía ou imaginava estar caindo em direção ao reino de Hades.

– Muito heróico.

– Ah, cala a boca garoto! Não te contei para você ficar rindo de mim! – Fiz bico, odiava que ficassem rindo de mim.

– Não estou rindo, estou falando a verdade.

– Sei.

– É sério. Teremos que descer o monte Tam? Isso não parece nada bom. Aquela mulher bem que podia ter nos deixado lá em baixo.

Segui seus olhos encontrando árvores minúsculas que ficavam aos pés da montanha.

– Temo que este seja o único jeito. – Não estava nem um pouco animada para descer uma montanha.

– Bom, então é melhor começarmos logo. – Concluiu ele, me puxando pela mão para que andasse.

– Droga, estamos em São Francisco. Sem armas, sem dinheiro e com cara de quem morreu e não foi enterrado, o que é bem o nosso caso, se for pensar. E ainda por cima tem a coisa toda com a névoa.

Luke riu como se eu houvesse contado a maior piada do século.

– Tem razão, tem razão. Mas não tema quanto a dinheiro e roupas limpas. – Disse ele, tocando na parte cheia de sangue seco em minha blusa. Droga, eu bem que podia estar mais arrumada. – Você tem um filho do deus dos ladrões para cuidar dessas coisas para você. E quanto a armas, conheço um lugar, um lugar que costumava ser meu, de Thalia e de Annabeth.

A expressão de seu rosto mudou quando ele disse o nome de Annabeth. Maldição. Ele devia gostar dela ainda.

Di immortales! – Disse ao perceber o quanto teríamos que andar para chegar a base da montanha. Assim que disse, um trovão ribombou no céu.

Luke olhou para cima, visivelmente incomodado.

– Acha que eles sabem que voltamos? – Perguntei.

– Creio que sim.

– Mas se vamos servir ao propósito de uma inimiga eles irão tentar nos matar.

– Creio que sim.

– Luke, quer parar?

– Creio que sim. – Ele riu. – Vem, vamos andando, vamos levar o dia todo para descer.

Hesitei, aquilo deveria ter no mínimo uns 700 metros de altura.

– Não está pensando que eu vou te carregar, não é mesmo? – Brincou ele. – Eu estou morto sabe, isso aqui é apenas o que restou de um corpo em decomposição. Não aguento todo seu peso.

– Todo o meu peso? Está me chamando de gorda?

– Claro que não! Só estou dizendo que não vou te carregar.

– Você bem que poderia...

– Mas não vou. E não adianta fazer essa carinha de cachorrinho pidão.

Eu o segui rindo, apertando forte a sua mão, com medo de escorregar e acabar caindo.

– Bela vista da baía de São Francisco, não acha? – Perguntou ele.

– Nem estou prestando atenção nisso, estou mais preocupada com os possíveis monstros que podem nos atacar. Luke, estamos sem armas! – Choraminguei.

– Você tem uma adaga aí.

– É, mas eu não sei usá-la, usei apenas uma vez para me livrar de Píton. E ainda não sei como fiz aquilo.

– Então dê ela para mim, quer dizer, deixe-me ficar com ela, caso algum monstro apareça eu tento me virar e proteger você.

– Me proteger? Ah, virou cavalheiro agora? – Perguntei, mantendo-me perto dele, pronta para me segurar caso fosse cair.

– Você ainda está esperando que eu te carregue?

– Bom, dizem que jamais devemos abandonar a esperança.

– Quem foi o idiota que disse isso?

– Não faço a menor ideia.

Já era metade do dia e havíamos descido muito pouco, eu estava exausta e podia ver que Luke também.

– Vamos morrer de novo Luke! Nunca vamos acabar de descer.

– Essas suas piadas estão me deixando mal. – Riu ele. – Quer parar para descansar agora?

– Acho bom.

E Assim fizemos. Sentamos a sombra de uma enorme árvore, no meio de uma trilha que seguia para a base da montanha.

– Vamos morrer de novo antes de chegar a Long Island. – Luke me olhou de forma estanha. – Tudo bem, vou parar com isso.

– Você me diverte muito, sabia?

– Que bom, como pagamento você poderia me carregar até lá embaixo.

– Se eu fizesse isso acabaria morrendo de novo. – Um sorriso caloroso se formou em seus lábios, enquanto ele me puxava para junto dele. – E você é uma heroína, não é? Descer uma montanha não deve ser nada para você.

– Eu não sou uma heroína, meu caro vilão. Eu mudei de lado. – Comentei rindo.

– Hum, passou para o lado negro da força.

Ficamos rindo por um bom tempo, até perceber que alguém ou algo nos observava de trás de uma árvore.

– Fique atrás de mim Lyra. – Sussurrou Luke, enquanto o enorme ser se movia até nós.

– Que droga é essa?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diario de um Semideus 2 - As Portas da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.