“ Vou lhes contar uma história. Ela é especial!

Há um tempo atrás, uma garota sofria. Seu grande amor havia partido.

Todos sabemos como estudar é importante, então ele teve que deixá-la.

Tristeza foi o que realmente não lhe faltou. Dias e dias, meses e meses, ela viva mecanicamente. Falava só quando era estritamente necessário, e estudava, estudava muito, porque, apesar de tudo, ela queria ser advogada.

O último ano que lhe faltava no colegial foi assim. Ele não permitia nada que fosse distração. Seus amigos se distanciaram, até seus pais aderiram a esse feito.

Consequentemente, ela se tornou uma pessoa sozinha e amargurada.

Chorava todas as noites, tinha a esperança de que ele voltasse e tudo voltasse a ser como antes.

Como nem sempre tudo é da forma como desejamos, ela se formou e ele não voltou. Seus pais já consideravam a filha como um caso perdido. Totalmente entristecida com todos que a rodeavam, ela se mudou para fazer a faculdade que tanto queria.

A nova cidade era aconchegante. Um mês após sua chegada, ela conseguiu um emprego de garçonete e comprou um apartamento. A nova rotina dela era estudar na parte da manhã, alguns dias na parte da manhã também, e trabalhar no tempo vago.

A lanchonete onde trabalhava era propriedade de uma família. Ela fez amizade com todos.

Três anos após sua partida da sua antiga cidade, quando voltava para casa, ela recebeu uma carta.

Nela continha o seguinte texto:

Amiga,

Sinto tanto a sua falta.

Por que sumiu? Aconteceu tanta coisa nesse meio tempo.

Eu me casei. Acredita?

Eu mandei um convite para a sua casa, mas seus pais me disseram que você havia se mudado e não deixou endereço.

Eu fiquei tão mal! Queria que você minha madrinha.

Mas isso não é muito importante agora. O que realmente importa é que como eu consegui seu endereço.

Eu contratei um detetive particular pra te encontrar, garota. Você não têm noção de como foi difícil.

Bem, eu estou grávida. Todos ficaram tão felizes. Eu estou de três meses.

Ainda é pouco, mas estou tão orgulhosa.

Quero que você seja a madrinha desse bebê, e não aceito nada além de sim com resposta.

Agora que eu sei onde você se encontra, talvez eu vá te visitar.

Queria tanto saber como você está. Seus pais me disseram que você ainda estava mal quando partiu.

Eu choro escrevendo pra você. Sabe por quê? Eu te amo, amiga. Não quero te ver mal. Nunca.

Me número é esse: 0000-0000

Me ligue, por favor!

Com amor,

A. H.

Entrou em casa imediatamente, e correu pro telefone. As duas ficaram horas conversando.

Ficou sabendo onde sua antiga amiga morava, e prometeu uma visita após a formatura. Em um mês ela já estaria formada e empregada. Pois como era uma das melhores alunas da sua turma, conseguiu um emprego num grande escritório de advocacia para logo assim que pegasse seu diploma, já exercesse sua função.

O mês que faltava passou voando. O dia de sua formatura havia chegado, enfim conseguiu.

Todas as tardes ela assistia um programa sobre saúde na TV. Qual foi sua surpresa ao vê-lo aquele dia na TV? Ele havia conseguido o que queria afinal. Era um médico formado agora, provavelmente estava feliz.

Uma lágrima solitária escorreu pelos seus olhos. Imediatamente desligou o aparelho.

A cerimônia de formatura foi fantástica. Todos irradiavam alegria.

Mas um aperto lhe era sentido. Todos estavam com seus familiares, mas ela estava sozinha. Não permitiu que sua amiga, nem os colegas da lanchonete viessem, mas não era isso que lhe faltava. Sentia falta de uma presença.

Agora formada, voltava para casa.

O novo emprego, coincidentemente, era na cidade onde sua amiga morava.

A mudança foi feita, se despediu dos colegas e partiu.

O emprego era o que sonhava. Já ganhava consideravelmente bem, e tinha um certo conforto. Enfim voltou às boas com a amiga, e em pouco tempo seria madrinha.

Essa era a felicidade, enfim?

Não. Ela sentia-se vazia como sempre, e sabia o motivo, mas não podia fazer nada que pudesse reverter essa situação. Teria que aprender a conviver com essa ausência.

Um tempo depois, voltou a falar com os pais. Sentia falta deles.

Era uma das melhores advogadas do escritório, madrinha de uma menina linda de olhos azuis, e se considerava estável.

A amiga via que ela não era plenamente realizada, e resolveu agir.

Num belo dia ensolarado, ela foi acordada com o telefone a tocar.

Um programa de televisão a convidava para uma entrevista no dia seguinte.

Ela se animou com a proposta.

Acordou cedo e foi impecável, para onde ficava o estúdio do programa.

Estava calma e respondia tudo que lhe era perguntado calmamente e, às vezes, com um leve sorriso nos lábios.

Acabada a entrevista, ela já saia do palco, mas um voz incrivelmente familiar ecoava:

“Onde esteve esse tempo todo?”

Virou-se e deu de cara com ele.

Estava em choque.

“Eu não devia ter ido embora, eu sei. Eu me arrependi amargamente. Te procurei todos esses anos. Você não sabe o quanto me fez falta. Eu posso ser um médico agora, mas nada disso me importa se você não estiver comigo. Me perdoa, eu.. te amo. Muito.”

Ela chorava, platéia gritava e ele a encarava.

“Volta para mim.”

Um largo sorriso se abriu em seu rosto e ela assentiu.

Não podia fazer nada que fosse diferente disso.

Ela sempre o amou com cada fibra do seu ser, e saber que ele escolheu a medicina a ela, doeu. Demais. Todos a julgavam, mas ninguém entendia que ela havia perdido. Ninguém entendia que ela sofria com a sua ausência.

Vê-lo ali, em carne e osso à sua frente depois de tanto tempo, e ainda mais se declarando, reforçou ainda mais o que ela sentia.

Não havia outra resposta que não fosse a afirmativa, definitivamente não.

Ele sorriu, e correu até ela a abraçando. Aplacando toda a saudade que os consumia.

Hoje os dois são casados, e podemos dizer que vivem felizes para sempre! ”

Terminada a história, Bella olhou para cada um dos rostinhos infantis que a encaravam divertidos. Ela abriu um sorriso devido à satisfação que lhe atingia em razão do que cada rosto naquele recinto expressava.

“Tia Bella, não precisava fazer esse suspense todo. No fim todo mundo já sabe que essa é a sua história e a do Doutor Ed.”

Ela se encontrava na ala infantil do hospital, onde Edward trabalhava. As crianças para quem ela contava eram todas com câncer. Ela era advogada, mas se sentia bem em visitar aquelas crianças nos dias de folga.

As sonoras gargalhadas logo eram audíveis.

Sentiu-se sendo abraçada por trás.

“Qual história contou dessa vez?”

A voz melodiosa do seu amado em seu ouvido lhe causou arrepios.

“A nossa.” Respondeu sorrindo.

Os dois realmente mereciam a felicidade.

Mais um ponto de alegria está a caminho, Bella está grávida.

Mas Edward ainda não sabe, então isso fica ente nós.

FIM