O que será que tinha acontecido? Aquela menina mimada que sempre usava roupas de cores pretas e pitava o cabelo de vermelho em um grito de atenção tinha mudado tão drasticamente. Parecia outra pessoa, uma esforçada e que leva os assuntos a serio. Apesar de as vezes dar umas pequenas recaídas não estava sendo nada difícil estudar junto a ela.

                Pelo final de semana não teve aula na escola, então decidimos de nos encontrar na casa dela, pois na minha não seria possível, eles não gostam muito de visitas ainda mais uma menina que se veste daquela maneira com certeza não seria bem aceita pela minha família. Todos ali eram bem conservadores, a minha mãe era uma dona de casa pode parecer nada de mais, porem ela vai à igreja quatro vezes por semana, de vez em quando até dirigia as missas quando o pastor estava doente ou ocupado, sendo extremamente rígida e exagerada. Papai é um contador, mais é aquele tipo de pai quieto que não tem autoridade, quem manda na casa mesmo é minha mãe. Daisy, minha irmã é aquele tipo de garota de família, não como as garotas de família de hoje em dia, mais para as de antigamente mesmo, ela se guarda pra o casamento, borda panos prato, vai a igreja regularmente, não tem amigos só amigas e essas são poucas por não sair muito.

                Já eu sou um menino ótimo e obediente na frente deles, por que se entrarem no meu quarto teriam um ataque cardíaco, cartazes de bandas espalhadas por todos os locais, a bagunça com que fica a as roupas no chão, o único lugar que é arrumado lá dentro é a prateleira onde ficam os livros, porque se ficassem bagunçados poderiam sumir e abaixar minhas notas, o que eles exigem sempre em primeiro lugar e ai eu acabei ganhando esse estranho lance competitivo doentio nos estudos.

                Olhei pra o relógio que estava em um amontoado de roupas, eu tinha mesmo que limpar aquele quarto ou vou acabar me perdendo aqui dentro, os ponteiros marcavam duas horas em cheio, estava bastante atrasado já que demoraria cerca de meia hora pra chegar até lá, ela morava na zona leste da cidade e eu na zona norte, teria que pegar um ônibus já que minha mãe não gosta de bicicletas e diz que a moto é do ser lá de baixo.

                Peguei os livros e sai do quarto, garanti de trancar bem a porta já que se o vissem por dentro iria gerar a maior confusão. Desci as escadas até a sala, mamãe rezava o terço em frente a figura da Virgem Maria, Daisy estava costurando um botão da blusa do papai, o mesmo estava na mesa de jantar fazendo o resto do trabalho, é sustentar uma família de quatro pessoas não deve ser fácil. Fui em direção a porta.

- Gary onde vai? - minha mãe perguntou.

- Ali! – Falei abrindo a porta.

- Viu Richard!(meu pai) – Disse chegando mais perto. – Seu filho vai se drogar e se jogar aos desejos mundanos!!!

- Eu não acho que... – Tentou falar mais novamente foi interrompido.

- Ele é uma má influencia pra a Daisy! – Disse armando o escândalo. – Ele vai se encontrar com uma vadia qualquer por ai.

- Não está exagerando? – Ele perguntou meio inseguro!

- Não devia ter falado isso! – Falei baixo só o suficiente para só meu pai escuta.

- E-X-A-G-E-R-A-N-D-O? – Disse inconformada.

                Pronto o circo estava armado. Por que era sempre assim? Peguei um papel e anotei um recado dizendo que era tutor de uma colega e que voltaria lá pelas oito. E fui em direção a estação de metro, legal estava quinze minutos atrasado mais os trinta pra chegar, quarenta e cinco minutos, o metro estava bem vazio raridade, tinha apenas quatro pessoas lá: uma mulher e seu bebe de colo, um velhinho que constantemente olhava o relógio de bolso, e por ultimo uma menina que segurava seu ursinho de pelúcia muito pequena para andar de metro sozinha.

                Depois de longos trinta minutos chego ao meu destino, o metro que antes estava bem vazio agora estava lotado de pessoas, algumas ainda tinham que ficar em pé, sai de lá enfrentando a multidão de pessoas embarcando e desembarcando na estação, apertei o passo se me atrasasse mais nem adiantaria ter vindo. Logo pude ver o prédio onde ela morava, cheguei e peguei o elevador para o sétimo andar onde ela morava. Lentamente o elevador chegou no andar, sai e toquei a campanhinha ela abriu com um olhar maléfico.

- ESTÁ ATRASADO!! – Disse chutando entre minhas pernas, cai direto no chão.

- Ai! Ai foi golpe baixo. – Disse um menino dentro do apartamento deitado num dos sofás.

- Louca!! – Falei levantando vagarosamente.

- O QUE DISSE SENHOR ATRASADO?! – Falou fazendo um olhar cheio de psicopatia.

- Coitado Blue ele já ta bem machucado! Talvez nem tenha mais filhos. – Falou levantando.

- Não se mete ou o próximo é você! – Disse olhando pra ele.

- Seu Namorado? – Perguntei olhando pra ele.

Takechi e Blue: Eca!! – Falaram um olhando pro outro.

- É só o meu vizinho. – Falou apontando com o polegar. – E esse já ta indo pra casa.

- Bom tchau! – Falou indo pra casa dele que era ao lado.

- Entra! – Disse mudando totalmente o estado de raiva para um meigo.

                A casa era um tanto arrumada, a televisão estava ligada na cessão de cinema da tarde, haviam dois sofás em frente a TV e um tapete entre eles. Ela pegou o controle remoto no sofá e desligou a TV, logo pegando uma pequena mesa de madeira bem clara e colocando em cima do tapete, depois trouxe os livros colocando em cima da mesa, e depois duas almofadas atrás da mesma sentando em uma e batendo a mão em outra pedindo pra me sentar.

                Sentei-me e logo começamos a estudar, por incrível que pareça ela prestava atenção nos mínimos detalhes, me olhava freqüentemente vendo o que meus lábios falavam. Ela fazia varias perguntas desde as inteligentes até as mais idiotas, logo minutos, horas iam se passando e estávamos nos momentos finais.

- Esse é o Quartzito um exemplo de rocha metamorfica. – Disse apontando para o livro do meu lado da mesa.

- Deixa eu ver! – Falou chegando mais perto encostando de leve em meu peito. – Hoou! – Disse se escorregando e caindo em meu colo. – Desculpa! – Disse um pouco corada.

- T-tudo bem. – Eu disse sem jeito. – Então pode sair do meu colo?

- F-foi mal! – Disse totalmente vermelha saindo do meu colo.

- E-então err... porque decidiu me aceitar como tutor? – Perguntei tentando mudar o assunto.

- Hunn? Ahh eu ouvi a sua conversa com aquela menina acho que é May. – O nome dela ela lembra né. – Você disse que ganharia pontos extras e sua familia era muito exigente com notas, então a minha também é, essa foi uma das razões de me mudar tão cedo me sentia  sufocada.

- Entendo! – Disse pensativo, olhei no relogio e eram quize para as oito, me levantei rapidamente a assustando. – Ja é tão tarde! Eu tenho que voltar! – Falei levantando e pegando os livros.

- Eu te acompanho até a porta. – Disse se levantando e me acompanhando até a porta. – Bem até amanha na aula. – Disse sorrindo, um sorriso lindo.

- Tchau! – Falei me virando. – Aé esqueci.

- Que? – Ela perguntou curiosa.

- Quer ir ao cinema comigo? – Disse num olhar cedutor.

- ... Sim! – Disse um pouco surpresa.

- Então até amanha, marcamos na escola. – Eu disse saindo.

CONTINUA!!