Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 33
Capítulo 33 – O traidor


Notas iniciais do capítulo

Meus amados leitores, eu demorei pra postar por causa do feriado... Enfim, está aí!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/121404/chapter/33

Havia acabado de ocorrer o segundo exame do ano, Feitiços. O professor Flitwick liberava os alunos conforme a prova ia sendo entregue, motivo pelo qual os corredores de Hogwarts ainda estavam tão vazios. Alvo Potter fora o primeiro a terminar a prova, seguido por dois alunos da Corvinal, e depois por Rose Weasley, que saiu da sala quase no mesmo segundo que Scorpio Malfoy.

Em frente à fonte central, Alvo estava parado, olhando seu reflexo na água com estranha curiosidade. Não sabia exatamente o porquê, mas aquela prova de Feitiços fora extremamente fácil. Alvo sempre foi um aluno avançado, mas as provas daquele ano, especificamente, soaram ainda mais tolas. Após alguns segundos desde que começara a pensar em como estava exausto, seu melhor amigo aparece, dando-lhe um susto que quase o fez cair na água.

– Como foi na prova? – perguntou Alvo, de modo automático.

– Fui muito bem. – Scorpio fez um bico convencido. – Se demorei pra sair da sala foi porque cheguei a dormir um pouco na carteira. Na verdade, acho que terminei antes de todos.

Alvo deu uma risada interna, olhando para o lado oposto. Sabia que Malfoy era orgulhoso demais para admitir que Rose Weasley, por exemplo, havia terminado a prova antes dele.

– Não agüento mais a McGonagall. – os olhos de Alvo tornaram-se frios e raivosos. – Já faz mais de dois meses que sofro detenção todo final de semana.

– Eu só posso lamentar. – Scorpio demonstrou lamento pela primeira vez na vida sincero. – A nossa diretora é uma traidora do sangue disfarçada de boa gente. Durante meu primeiro e segundo ano escolar ela não largou do meu pé. Interrogava-me sempre que podia a respeito do meu pai e do meu avô, como se eu fosse burro o suficiente pra dizer alguma coisa importante.

Alvo olhou para cima. O céu estava escuro, embora ainda estivesse de dia. Os dois amigos começaram a caminhar em direção ao castelo, como se previssem um temporal que estava por vir.

– Quanto tempo de detenção você ainda terá que cumprir? – perguntou Scorpio.

– Mais dois finais de semana, eu acho. – Alvo bufou de tédio. – Tudo porque eu destruí algumas coisas.

– É complicado isso. – Scorpio passou a mão no cabelo, deixando-o fixo para trás. – Hoje em dia não podemos nem destruir as coisas que já nos mandam pra detenção. Que injustiça!

Alvo riu, descontraído pelo comentário do amigo. Scorpio, por mais frio e previdente que fosse, sabia proferir bons absurdos para fazê-lo rir.

– Antes ficar limpando o chão do que voltar para casa. A diretora disse que da próxima vez eu ficaria suspenso das aulas por uma semana. – Alvo revirou os olhos. – E eu não agüentaria ficar perto do meu pai. Não ultimamente.

– No seu caso, eu também não agüentaria. – Scorpio concordou com a cabeça. – Ainda bem que meu pai e eu nos damos muito bem. Na verdade, pensamos exatamente igual.

Alvo suspirou. Estava com os olhos profundos, cheios de olheiras. Desde que destruiu o Tabuleiro Branco não conseguia mais dormir direito. Freqüentemente tinha sonhos estranhos, e se sentia cada vez mais impulsionado a procurar uma coisa que ele mal sabia do que se tratava.

Quando subiram até o corredor do segundo andar, um garoto do primeiro ano da Lufa-lufa esbarrou em Alvo, que se surpreendeu negativamente. O garoto tinha um cabelo loiro escuro, era gordo e usava óculos marcantes. Tinha bochechas tão redondas que pareciam duas bolas de boliche rosadas.

– Você é muito mal educado, Potter! Esbarra em mim e nem pede desculpas! – disse o garotinho, com um olhar desafiador. – Já me falaram que você é um chato, metido a Voldemort! Logo você, que deveria ser um exemplo!

– Quem você pensa que é, pirralho? – Alvo disse calma e monotonamente, porém a fúria tomava conta de sua voz. – Como ousa falar o nome dele com essa sua língua suja?

– Sou Timmy Durkein, nascido trouxa com orgulho! – o lufano cruzou os braços, nitidamente irritado.

Scorpio Malfoy tirou a varinha do bolso e apontou-a para o garoto de onze anos.

– Vai se arrepender, sangue ruim!

– Você é um Malfoy, poxa. Nem perderei meu tempo falando com você. – Timmy deu uma risada forçada, olhando para os sonserinos com asco. – E Potter, faça o favor de tomar jeito na vida. Você não tem vergonha de ser um traidor, não?

Scorpio Malfoy quase pronunciou um feitiço, mas foi impedido pelo melhor amigo, que lhe segurou o pulso. O garoto de uniforme ouro-negro deu um sorriso satisfeito e aliviado.

– Scorp, ele é só mais um sangue ruim da Lufa-lufa. – Alvo continuou sério. – Não vamos desperdiçar magia com gente dessa laia.

– Potter, me deixe azará-lo! – Scorpio se aborreceu. – Esse pirralho foi longe demais!

– Não, Scorp. – Alvo deu um sorriso estranho. – Me ajude a levantá-lo. Vamos jogá-lo no lugar onde todo o sangue ruim merece estar.

No mesmo instante Malfoy concordou. Já sabia sobre o que o amigo falava, pois haviam feito a mesma coisa outras vezes. Timmy engoliu em seco e rapidamente foi segurado pelos dois batedores da Sonserina de modo brutal. Com os corredores ainda vazios, ninguém notou o que estava ocorrendo. Os dois sonserinos, carregando o lufano pelas pernas e braços, o levaram até os fundos do castelo, onde havia três grandes latões de lixo.

– Me larguem, panacas! Me soltem! – Timmy se debatia entre os dois. Sua voz era esganiçada de modo que chegava a doer os ouvidos. – Me soltem!

– Então tá. – disse Alvo, no momento em que ele e o amigo soltaram o garoto no latão do meio, o de lixo orgânico.

Alvo e Scorpio literalmente rolaram de rir no chão, enquanto Timmy tentava sair do meio do lixo a todo o custo, já que sua varinha havia se quebrado no percurso. Os dois amigos já haviam atirado mais de cinco alunos nascidos trouxas naquele mesmo lugar. Mas para a sorte deles, as vítimas jamais conseguiram provar alguma coisa. Potter com sua risada rouca, e Malfoy com sua risada arrastada, chamaram a atenção de um dos professores que ocasionalmente passava por ali.

– O que os senhores estão fazendo? – perguntou Neville Longbottom, desconfiadamente.

Alvo parou de rir de imediato. Scorpio fez o mesmo, levantando-se do chão.

Professor? É você? – a voz de Timmy saiu da lata de lixo. – Me ajude!

O professor de Herbologia foi até o latão e ajudou o garoto a sair. Alvo e Scorpio se olharam, preocupados.

– Foram eles, professor! – Timmy apontou o dedo indicador para os dois sonserinos. – Foram eles que me jogaram aqui!

Neville transmitiu um olhar reprovador aos dois alunos quartanistas, embora não fosse a primeira vez que faziam algo desagradável. Sem muita delonga, o professor os encaminhou à direção. Alvo e Scorpio sentaram-se no mesmo sofá verde que haviam sentado dois anos atrás, depois da confusão no Clube dos Duelos, onde Alvo lançara a Maldição do Príncipe em Gary Campbell.

Minerva McGonagall estava vestindo uma capa bordô, combinando com o chapéu pontudo e floral. Neville, depois de explicar a situação, deixou a sala.

– De novo aqui, Sr. Potter. – Minerva deu um suspiro de desapontamento. – E desta vez acompanhado do Sr. Malfoy.

Scorpio sequer olhava para o rosto da diretora. Estava de braços cruzados, olhando para a janela. Alvo, pelo contrário, encarava os olhos murchos de Minerva com uma pitada de arrogância.

– Nós não jogamos o pirralho no lixo, já disse. – Alvo disse friamente. – Ele só disse isso porque nos odeia, e quer nos encrencar.

– Então os senhores é que são as vítimas, e não o Durkein?

– Óbvio. – disse Scorpio, finalmente olhando para a bruxa. Seus olhos cinza pareceram ligeiramente dissolutos.

A diretora tinha certeza do que eles fizeram, até porque foram praticamente pegos em flagrante pelo professor Longbottom. Outros alunos já vieram reclamar das atitudes da dupla, vezes anteriores. Semana passada um aluno secundarista veio até sua sala, contar que o haviam trancado no armário de vassouras. Um detalhe curioso, é que o garoto era mestiço.

– Sr. Malfoy, o senhor não me engana. Sei o que fez. – Minerva demonstrou convicção, sorrindo levemente. – Sofrerá a mesma detenção que Potter sofreu nas últimas semanas. Limpará o chão sem usar magia, até o fim deste trimestre.

Scorpio soltou um ruído de desgosto, mas percebeu que de nada adiantaria mentir desta vez.

– Bom... Pelo menos eu terei companhia agora, quando estiver limpando. – Alvo deu uma gargalhada. O amigo fez o mesmo, embora estivesse realmente irritado. – Deste jeito acabarei me tornando um esfregão ambulante.

– Não, não, não, Sr. Potter. – Minerva sentou-se na poltrona e pegou uma pena. – Escreverei uma carta agora mesmo a seu pai, para que venha buscá-lo. O senhor está suspenso das aulas por uma semana.

Alvo arregalou os olhos.

– Não, isso não!

– O senhor foi avisado. Da próxima vez que cometesse...

– ...algum descumprimento com as regras da escola, eu seria suspenso, eu sei. – Alvo completou a frase. – Mas, diretora, eu juro que pedirei desculpas. Juro que esfregarei o chão até o final do ano. Mas não me faça ficar em casa, por favor. Uma semana é tempo demais.

– O senhor não me dá outra alternativa, Sr. Potter. – Minerva McGonagall escrevia sobre um pergaminho. – Achei estranho você ter tanta aversão a sua casa. Outro dia seu pai me contou que tiveram uma conversa, e estavam começando a se entender.

– Oras, eu menti! É... quer dizer... – Alvo deu um profundo suspiro. – Quer dizer, eu tentei me entender com meu pai porque ele estava querendo me transferir para Durmstrang.

– Durmstrang? – Minerva pareceu se surpreender. – Só iria piorar.

– O que iria piorar, diretora? – Scorpio se intrometeu. – A senhora está insinuando que há alguma coisa errada com Potter?

Minerva ajeitou os óculos e olhou para Scorpio com severidade.

– O senhor já pode se retirar, Sr. Malfoy. Vá até a sala do Sr. Jones, que lhe mostrará onde estão os esfregões.

Scorpio encheu as bochechas de ar, igual a uma criança emburrada faria quando acabasse de levar bronca dos pais. Levantou do sofá, e desceu as escadas em passos tão fortes que o chão pareceu tremer.

– Agora, Sr. Potter... Tenho apenas duas coisas para lhe dizer. – Minerva demonstrou preocupação e ao mesmo tempo firmeza em sua voz.

– Diga, então.

– A primeira delas é: Ou o senhor volta desta suspensão dentro dos conformes, ou o senhor será expulso da escola.

– E qual é a segunda? – Alvo tentou demonstrar indiferença, mas no fundo ficara angustiado.

– A segunda é que quero que o senhor saiba, que se houver alguma coisa que o senhor esteja enfrentando internamente, ou alguma coisa que o esteja deixando confuso, pode contar comigo. Farei de tudo para ajudá-lo, Alvo.

– Não preciso de ajuda, diretora. – o adolescente levantou do sofá verde, com demasiada arrogância. – Já vou descendo. Desejo à senhora uma ótima semana. Pois a minha será no mínimo... interessante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!