Capitulo sete: o adeus. 

Faz duas semanas que o Edward está estranho, desde aquele desastre que foi meu aniversário, já tentei conversar com ele, porém suas palavras são sempre as mesmas: “Bella, não se preocupe eu sei o que eu estou fazendo”.

O que ele está fazendo?

Isso era o que eu me perguntava todas às vezes. Eu sei que eu poderia ler a mente dele e descobrir, mas graças a minha promessa de evitar ao máximo usar algum de meus poderes com ele, tirando os de proteção é claro, fiquei com essa pulga atrás da orelha.

Tentei também ver seu futuro, imaginar o que poderia ser, se ele estava tão diferente por causa dessa coisa, com certeza seu futuro estaria mudado. Mas nada me veio. Esse poder por meu pouco uso, só nas horas necessárias, ainda estava ‘cru’, eu não o desenvolvi, então, só sei usá-lo do mesmo modo que aprendi na cabeça de Alice: só vejo alguma coisa quando a pessoa se decide. Esse era o problema, o Edward não se decidia. Sempre algum ponto crucial mudava e isso atrapalhava toda a visão.

- Bella – Edward tirou-me dos meus pensamentos após estacionar na vaga de Charlie, péssimo sinal, isso significaria que ele não ficaria por muito tempo – preciso conversar com você – ele disse sem transparecer emoção, assim como tudo o que ele fez nessas semanas.

- claro – disse sorrindo, mas como ele fez uma cara de dor eu o fechei na hora. Ambos saímos do carro junto, eu iria entrar em casa, mas como ele tomou o rumo para a floresta eu o segui. Ele andava a passos lentos, agia como se não soubesse que eu tinha a força um pouco maior, ele ignorava totalmente o fato disso e de tudo que eu contei para ele sobre mim, ele não queria aceitar isso, e acho que ele acabou se convencendo disso, de que aquilo nunca havia existido, que tinha sido apenas um sonho ruim e que eu era, sim, uma humana indefesa.

Ele andou alguns metros para dentro da floresta, aonde eu e qualquer outra pessoa conseguiria ver a casa, e se virou para mim.

- Bella, nós vamos embora - ele disse rápido, porém claro. Não queria acreditar no que eu ouvi, pensei em todas as possibilidades de interpretação e consegui achar uma razoável, eu teria que arranjar uma desculpa para deixar o Charlie.

- quando você diz ‘nós’… - falei esperando uma confirmação para a minha teoria.

- quero dizer eu e minha família. - Alice e Jasper não seriam capazes de me deixar como ele falava. - Carlisle já está mais velho do que aparenta e logo as pessoas irão notar nosso não envelhecimento - nesse caso estamos no mesmo barco, querido. Falei para mim mesma. – nós decidimos que seria melhor partir agora.

- se vocês me dessem um tempo eu poderia ir com vocês. – disse tentando-o convencer de minha teoria.

- Bella, meu mundo não é para você – como ele poderia dizer aquilo! Eu sou tão, até mais, forte quanto ele. Ele realmente tinha ignorado tudo que eu havia dito a ele. – não pense que só porque você tem necessidade de sangue você não é humana, você ainda pode envelhecer. Você ainda pode sangrar, assim como… naquele dia.

- Edward, o que aconteceu com o Jasper não foi nada…

- tem razão, nada comparado ao que poderia ter sido – ele me interrompeu. Ao menos que ele bebesse meu sangue e morresse o que seria sim uma tragédia, porque se algo acontecesse comigo eu estaria pouco meu lixando desde que todos estivessem bem, porém eu não deixaria que nada acontecesse com qualquer um deles, eu nunca me perdoaria.

- não tem nada a ver, não ia acontecer nada comigo.

- e lá vem você de novo com essa idéia de que nada pode te machucar, isso só dificulta mais as coisas, essa sua falta de senso de proteção, Bella. – ele deu uma pausa - minha família não é para você Bella, e nós vamos embora. – ele disse se cansando, ele não esperava que isso fosse tão difícil.

- Alice e Jasper não teriam coragem de me deixar assim, eu sei.

- eles já foram. Eu fiquei apenas para avisar você. – senti meu chão sumir, não, não poderiam, eles não fariam isso comigo.

- não pode ser! Você está mentindo, eles não me deixariam assim.

- ok, Bella, ouça a verdade, eu estava apenas te poupando dela, mas já que insisti – ele continuava sem animo nenhum, ele falava tudo com uma frieza sufocante. – você foi apenas uma distração, um brinquedo para essa nossa vida eterna, você não é boa o suficiente. Eles não te amam. Eu não te amo. – essa não poderia ser a verdade, mas, como alguém que te ama pode dizer o contrario com tanta frieza? Ninguém, nem o ser mais sem alma desse mundo, poderia dizer isso para o verdadeiro amor.

- ok – disse querendo explodir em raiva, como eu fui tola em acreditar em todas essas mentiras, aquilo tudo foi só um teatro, ele nunca me amou!

- só peço que me prometa algo: não faça nenhuma besteira e tente se manter inteira… por Charlie – ele completou depois de alguns segundos. Como ele tem capacidade de me pedir algo depois de falar tudo aquilo na minha cara?!

- você é um… (acrescentem o palavrão que quiserem), como tem capacidade de me pedir alguma coisa, é claro que eu não farei nada, pois isso acabaria com o Charlie, mas você não tem moral nenhuma para pedir isso!

- em troca eu também te prometo uma coisa: eu prometo que você nunca mais me verá, será como se eu nunca tivesse existido – ele ignorou a minha última fala para ele, disse isso e foi embora.

Eu não acreditava em como ele poderia ter feito uma coisa dessas comigo, como todos fizeram isso comigo. Considerava os Cullens praticamente como minha família. Não achei que Carlisle, o Cullen que eu conhecia a mais tempo, que me tratava como uma filha, ou Esme, que tinha um carinho para comigo impressionante para quem quase não se falam. Rosalie e Emmett que apesar de eu não saber se sentiam o mesmo, eu tinha um grande carinho por eles, Alice, que dizia ser a minha melhor amiga e todo aquele papo, com ela, sim, eu tinha um forte relacionamento e por fim Jasper, ele sabia de tudo, ele não podia simplesmente ir, ele sabia que eu era forte o suficiente. Não acreditava como isso poderia ter se desfeito, ou quando isso ocorreu, estávamos todos bem, até… a minha festa de aniversário.

Acabou que a culpa foi toda minha novamente, se eu não tivesse ficado tanto tempo sem caçar, com a mania de deixar até o ultimo segundo, e com esse corpo com extinto próprio, ficando mais frágil a cortes na presença de vampiros.

Mas eu não podia esquecer que isso também foi culpa minha, se aquela vez eu não tivesse ficado sem caçar a ponto de desmaiar e quase morrer, segundo o Jasper, meu corpo não teria desenvolvido essa auto defesa, enfim, eu não teria me cortado na hora de abrir os presentes e o alto fluxo de sangue, também causado pela auto defesa, não teria despertado os instintos do Jasper, que estava, assim como eu, há muito tempo sem caçar.

Ouvi um raio cair à longe.

Reparei que ainda estava na floresta, igual a uma babaca, mas que diferença fazia? Eu fui descartada como lixo, eu não era boa o bastante para ele, eu não era boa o bastante para ninguém. Foi por isso que ele me largou como lixo, foi por isso que o Jared me largou como lixo, Meg fez o mesmo após descobrir que eu não era totalmente normal, foi para a Inglaterra, nunca mais deu as caras por aqui, nunca mais falou comigo. Aposto que Matt faria a mesma coisa comigo se descobrisse alguma coisa estranha em mim, talvez até a pequena Isa se afastasse por conta própria, ela não teria essa inocência para sempre. Mas do que adiantaria esse para sempre, passaria mais um ano e eu não poderia ver mais qualquer um deles, a última chance que eu tive de ser feliz ao lado de alguém foi uma total mentira.

Não sei por que eu insistia em vampiros e em humanos, eu seria considerada uma inimiga se soubessem o que eu faço com eles, eu necessito dos dois para viver, do sangue de um e do veneno de outro. Eu estava totalmente sozinha no mundo

Escorreguei por uma árvore até sentar ao chão, um choro começou do fundo da minha garganta e se intensificou, estava a ponto de gritar, uma dor enorme se instalava em meu peito, não consegui ficar sentada e cai para o lado deitada no chão da floresta. Abraçava meus joelhos numa tentativa de preencher meu peito apertando os pedaços, mas parecia que quanto mais eu fazia isso, mais os pedaços se separavam e maior ficava o buraco.

Perdi a noção do tempo a minha volta, para mim os segundos não passavam. Meu choro foi diminuindo até chegar a baixos soluços e mesmo assim, não abri meus olhos para o que acontecia a minha volta, preferia ficar no meu sofrimento interno quase silencioso.