Peguei meu pijama rapidamente tentando evitar esses pensamentos, mas era inevitável, tudo parecia passar na minha cabeça como um filme. Deitei na cama e abracei meu travesseiro com força, querendo que ele me protegesse dos pesadelos que com certeza eu teria essa noite.

Acordei 5 horas da madrugada com meu corpo suado e minha respiração ofegante. Acho que fiquei uns 30 minutos em baixo do chuveiro tentando tirar as imagens do pesadelo da minha cabeça. Era sempre o mesmo, sempre a lembrança daquele maldito dia que uma hora ou outra voltavam para me atormentar.

Coloquei meu uniforme, mesmo sendo cedo. Depois fiz minha higiene matinal e comi uma maçã, mesmo não estando com a mínica fome. Fiz tudo isso e ainda eram 6 horas, então decidi caminhar. Talvez um pouco de ar fresco me caísse bem.

Andei vagarosamente até a praça e sentei em um dos bancos. Arrependi-me mentalmente de ter vindo depois de 10 minutos lá. Até os passarinhos pareceram se silenciar naquela manhã, me fazendo sentir que estava ainda mais sozinha. Não sei quanto tempo fiquei lá, mas depois de alguns minutos comecei a chorar. Eu não sei por que, mas eu sentia que precisava disso, eu precisava me liberar dessa angustia que estava presa no meu peito, mas por mais que as incontáveis lágrimas caíssem, o coração parecia apenas ficar mais apertado a cada segundo.

Quando voltei para casa o dia já estava bem mais claro considerando que já tinha passado das 7 horas. Lavei o meu rosto e quando desci novamente minha mãe já estava preparando o café.

_Acordou com as galinhas? – perguntou ela vendo que eu estava pronta. Eu apenas sorri – Nossa Sakura, que cara péssima, você está bem? – ela perguntou enquanto coava o café.

_Não dormi muito bem – argumentei.

_Hum – ela disse terminando de arrumar a mesa. Não tomei café com ela, meu estômago estava embrulhado. Logo depois ela saiu e não demorou muito eu também. Cheguei no colégio cedo e me surpreendi quando vi Tenten cabisbaixa sentada num banco sozinha.

_Oi – disse me aproximando.

_Oi – ela disse com um sorriso triste, olhando na minha direção.

_Aconteceu alguma coisa? – perguntei quando vi que ela voltou a baixar a cabeça. Ela negou com a cabeça, então eu apenas sentei em silêncio ao seu lado.

_Não vai insistir? – ela perguntou vendo minha atitude.

_Não. Se você não quer falar é por que não se sente bem com isso. Não vou te obrigar! – disse dando de ombros. Ela deu mais um sorriso triste, ainda fitando o chão.

_Sakura, eu sou , , , bonita? – ela perguntou meio sem jeito.

_Claro Tenten – falei sinceramente sem entender o motivo da sua pergunta.

_Então por que Neji parece não me perceber? – ela perguntou triste. Agora eu entendi, Tenten gostava do Neji a muito tempo, mesmo sendo orgulhosa para assumir isso.

_Tem duas opções – falei e ela me fitou curiosa – Ele pode ter pegado a doença do Naruto e virado um retardado – falei e nós duas rimos – ou ele pode estar esperando uma atitude sua – Quem vê, pensa que eu entendo muito de relacionamentos. Ela apenas assentiu pensativa e nós duas voltamos a ficar em silêncio, desta vez por um longo tempo, até o sinal bater.

_Obrigado Sakura – ela disse quando estávamos nos dirigindo até a sala.

Conversar com a Tenten melhorou meu humor, já que foi bom ver que não sou a única pessoa cheia de dúvidas no mundo, todo mundo passa por isso. Mas isso não durou muito, já que uma onda de tensão me atingiu com força assim que vi Sasuke, então decidi apenas ignorá-lo, e assim fiz nas três primeiras aulas, até que o sinal do recreio finalmente tocou.

_Vou ficar na sala – falei.

_Vou ficar com você – Hinata se adiantou rapidamente.

_Você que sabe, eu vou dormir – disse dando de ombros e logo em seguida me ajeitando numa posição confortável. Todos os outros alunos saíram da sala logo em seguida, deixando a mesma num repleto silêncio que não demorou muito para ser quebrado por um certo loiro de olhos azuis.

_Oi – disse Naruto e eu não respondi, fingindo estar dormindo.

_O oi – disse Hinata. Tinha certeza de que ela estava vermelha.

_Ela esta dormindo? – perguntou Naruto, provavelmente se referindo a mim. Hinata não respondeu, o que me fez chegar a conclusão de que ela apenas assentiu. Os dois ficaram em silêncio um bom tempo e eu pude escutar Naruto caminhar em nossa direção.

_Eu queria falar com você – disse ele receoso, já bem próximo de nós. Hinata continuou quieta. Ela devia estar muito vermelha – Bem, eu estava pensando, se tipo , , , eu e você , , , sabe , , , festa do Neji , , , eu – disse ele parando de falar.

_O q que? – perguntou Hinata confusa.

_Ela aceita sim – falei levantando a cabeça, assustando os dois.

_Você não estava dormindo? – perguntou Naruto envergonhado.

_Pega ela às 9:30, na casa dela – disse ignorando sua pergunta. Hinata se mantinha omissa, com a face rubra.

_Ok – assentiu Naruto vermelho – Obrigada Sakura-chan – disse ele já se retirando da sala.

_Sakura! – alertou Hinata com uma expressão irritada. Eu apenas dei um olhar para ela de “você devia me agradecer” e depois a ignorei voltando a cochilar.

O recreio logo terminou, dando início a chata aula de física, com a professora Anko. Respirei fundo diante daqueles cálculos e me obriguei a prestar atenção naquela aula tediosa. Quando o sinal finalmente tocou, todos se direcionaram para a quadra para a aula de educação física.

O sol estava escaldante e eu sem o mínimo humor, então depois de uns 10 minutos de aula, disse para o professor que estava passando mal e que ia para a enfermaria, mas ao invés disso, fui para o jardim da escola, num lugar escondi e fiquei lá sentada. Logo escutei uns passos atrás de mim e não fiquei surpresa quando vi que era Sasuke.

_Você não tem o direto de ficar me seguindo na minha própria escola – falei de mau humor enquanto me sentava, encostando minhas costas na parede atrás de mim, onde possivelmente era a sala onde a escola guardava os materiais de limpeza.

_Você também não tem o direito de mentir para o professor de educação física dizendo que vai para a enfermaria quando na verdade está matando a sua aula – ele argumentou me irritando.

_Sasuke, eu não estou em um bom dia! – falei sem fitá-lo.

_Não vou incomodar – ele disse sentando-se ao meu lado. Eu apenas suspirei e tentei me aconchegar na parede. Então ambos ficamos em silêncio. Depois de algum tempo assim, eu encostei minha cabeça no seu ombro, intranquila com a minha própria atitude. Eu não sei direito porque eu fiz isso, mas acho que era apenas para eu sentir que não estava sozinha ali, já que no fim, de algum jeito, eu confiava no Sasuke.

Ele não se mexeu, ficou apenas ali sentado, na mesma posição, como se nada tivesse acontecido. Ele não me empurrou, mas também não me abraçou nem nada, o que me deixou extremamente tranquila, já que eu me afastaria se ele tentasse alguma coisa. Por um momento, eu pensei que ele soubesse o que tinha acontecido comigo e estava apenas me respeitando para não me assustar, mas logo lembrei que isso seria impossível já que eu nunca contei isso para ninguém. No fim, acho que Sasuke apenas me entendia, mesmo sem saber o que se passava comigo. Esse pensamento me tranquilizou, Sasuke me tranquilizou.

Aos poucos meus olhos se fecharam e eu dormir, mas não demorou muito e eu acordei assustada com o barulho do sinal. Sasuke continuava na mesma posição, sem mexer apenas um músculo olhando para frente em silêncio.

_Tenho que ir trabalhar – disse meio confusa enquanto me levantava.

_Eu te levo! – disse – se você quiser é claro – adicionou rapidamente vendo que eu olhava feio para ele.

_Não precisa – falei como sempre, mesmo estando morrendo de preguiça.

_Eu vou almoçar lá – ele argumentou.

_Hum , , , então ta – eu não estava com ânimo para negar.

Nem olhei para a placa do carro que ele estava dessa vez. No fim, acho que era só olhar na lista dos carros mais caros do mundo, que eu já acharia ele se quisesse.

Chegamos no restaurante rapidamente, mesmo Sasuke andando de vagar e olha que eu nem alertei ele.

_Quer almoçar comigo? – perguntou quando já estávamos na porta do restaurante.

_Prefiro comer lá na cozinha – disse enquanto saia rapidamente não dando tempo do mesmo argumentar. Quando voltei Sasuke não estava mais lá, então só continuei minha rotina como de costuma, só que indo dormir mais cedo, já que estava exausta.

Quando acordei no outro dia, me senti nova. Arrumei-me devagar, tomei café rapidamente, corri um pouco e cheguei em cima da hora. Estava ansiosa, hoje seria o dia da apresentação. Só que essa ansiedade virou angustia quando percebi que Sasuke não estava na sala, nem na primeira, nem na segunda, nem na terceira, nem na quarta aula. Quase tive um surto quando vi o mesmo entrar na sala atrás de Kakashi e da tia Tsunade na quinta Aula.

_Pensei que não viria – disse olhando feio para ele.

_Estava preparando uma surpresa – disse Sasuke apontando para Kenji e uma menininha super fofa que estava ao lado dele.

_Não acredito que conseguiu – disse dando um abraço nos pequenos.

Logo Tsunade explicou para a turma sobre o trabalho e nós começamos a apresentá-lo. Sasuke tinha uma facilidade enorme para explicar e parecia fácil fazer isso ao lado dele. Depois que terminamos de falar Kenji e Aimi falaram um pouco sobre seu dia-a-dia no orfanato, fazendo todos aplaudirem. Não demorou muito e o sinal bateu e os alunos se retiraram, não sem antes abraçarem as crianças.

_Vamos levá-los no orfanato e depois te levo no trabalho – Sasuke falou e eu assenti. Fiquei quieta durante o caminho, apenas escutando a conversa de Kenji e Aimi, os dois eram muito fofos, mas a garota não pareceu gostar muito de mim. Quando chegamos, Aimi me deu um abraço, entrando na “sua casa” na frente de Kenji. Kenji me deu um abraço e um beijo na bochecha e depois correu atrás de Aimi pegando a mão dela, fiquei encantada com a cena.

_Pelo visto você foi trocada – disse Sasuke me fazendo rir.

_É melhor irmos – falei entrando no carro. O silêncio reinou durante o caminho. Só agora eu parei para pensar: o trabalho acabou! Não há mais nenhum motivo para ver Sasuke. Eu olhei para o mesmo e ele também parecia confuso, mesmo tentando esconder isso.

_Foi um belo trabalho – Sasuke disse quando já estávamos na frente do restaurante.

_É, esta livre de mim – falei rindo. Não que eu quisesse isso, mas queria ver sua atitude. Ele olhou para o volante pensativo, como se procurasse as palavras certas, mas no fim ficou em silêncio.

_Obrigada pela carona – disse saindo do carro e me direcionando para o restaurante sem olhar para trás.

Fiquei desatenta durante o trabalho e Sai não gostou disso. Quando cheguei em casa, arrumei a mesma rapidamente, já que não estava muito bagunçada. Fiz a janta também, mas comi sozinha já que minha mãe provavelmente ainda estava trabalhando. Fui dormir 9 horas e assim que deitei na cama meu coração apertou: perguntou-me se estou realmente livre de Sasuke, por que eu não quero mais isso.