O Diário de Uma Ex-black escrita por igorleon


Capítulo 3
Capítulo 3 - 20 de Dezembro de 1970


Notas iniciais do capítulo

Finalmente tive tempo de terminar o terceiro capítulo.



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Ao sentir o chão se materializar sob seus pés e se certificar que a luz instigante foi embora, Tonks abriu os olhos e se deu conta de que estava num lugar muito diferente do da primeira lembrança que visitara. Ela estava numa espécie de sala de jantar, e apesar da decoração renascentista, o chão e as paredes feitas de pedra batida davam um ar de calabouço aquele ambiente. E as pessoas que estavam sentadas numa  enorme mesa a sua frente só aumentavam ainda mais o aspecto sombrio do lugar.

Todos na mesa estavam conversando animadamente enquanto saboreavam um banquete aparentemente apetitoso. Todos menos uma garota. Todos menos, Tonks logo se deu conta, Andrômeda Black, que olhava cabisbaixa para o seu prato enquanto brincava com a carne, usando um garfo dourado.

A garota estava acompanhada de Bellatriz, que estava com a aparentemente permanente expressão de superioridade, e do seu lado, uma jovem de iguais cabelos longos, porém loiros, olhava de um lado a outro, distraída. Provavelmente a outra irmã, Narcisa, pensou Tonks. Do outro lado, um homem de barba que aparentava ser alguns anos mais velho que as moças ria audivelmente, enquanto um rapaz incrivelmente parecido com ele fitava Andrômeda sem se preocupar em ser discreto.

No entanto o que mais assustou Tonks não foram essas pessoas, nem mesmo o velho senhor barbudo Black que sentava na ponta da mesa, que ela teve certeza ser o patriarca dos Black. O que realmente a causara calafrios fora a mulher que encontrava defronte a ele, sentada numa impetuosa postura autoritária. Se não fosse pelas poucas rugas, Tonks pensaria que ela era irmã gêmea de Bellatriz, tamanha era a semelhança das duas. Só podia ser ela. A mãe de quem Andrômeda reclamara no começa da lembrança. Sua avó: Druella Black.

– O Sr. Lestrange, seu pai, já se recuperou da varíola de dragão, assim espero? – a voz de Druella era rouca e impetuosa.

– Oh sim, é claro – respondeu o homem barbudo – Ele ainda tem umas recaídas, mas nada sério. Vaso ruim não quebra, não é mesmo?

Todos riram, menos Andrômeda.

– Então não há mais motivo de adiantar o casamento, não é mesmo Rodolfo? – sibilou Druella.

– Sim, nenhum motivo a mais – respondeu o mesmo homem barbudo, mais concentrado na coxa de peru que estava comendo do que no que lhe era dito.

- A nossa Bellatriz está tão animada... – o olhar de Druella se repousou sobre a filha.

- Oh claro, muito animada – replicou Bellatriz, apesar de seu olhar não confirmar o mesmo.

- Estava certo desde que eram crianças de que Sirius, um sobrinho nosso, se casaria com a nossa Bela, mas houve um pequeno contratempo e... – Druella pareceu perceber que estava falando demais - Pobre Walburga, imagino o quanto tenha sido difícil pra ela, mas foi necessário, uma atitude de coragem a dela.

Pela primeira vez, Andrômeda desviou os olhos do prato e fitou a mãe.

- Cygnus e eu – Druella olhou para o velho a sua frente ao dizer isso – fazemos questão de que a festa seja aqui mesmo na nossa casa.

- Garanto que mamãe irá adorar a idéia – respondeu Rodolfo – Mas quanto a esse Sirius... O que tem ele?

Tonks percebeu que Bellatriz ajeitara-se na cadeira ao escutar esse nome. Decididamente, ouvir o nome de Sirius a incomodava.

- Oh, é uma longa história – respondeu Druella – Ele se aliou a todo tipo de escória da nossa sociedade. Um desperdício, um garoto tão bonito e com um futuro promissor.

- Quando você diz escória... – começou Rodolfo.

- ...sangues-ruins, mestiços, lobisomens... A culpa toda é de Hogwarts, se você quer saber. Cygnus e eu assumimos um grande risco mandando nossas filhas para um lugar onde qualquer um pode entrar. Mas graças a Merlin, nunca ouve nada de errado e elas não se poluíram com a impureza daquele castelo.

Bellatriz lançou uma mirada intimidante à Andrômeda, que a confrontou na mesma intensidade. Apesar de “conhecê-la” a tão pouco tempo, Tonks já nutriu uma repulsa grande pela sua avó.

- Com licença – murmurou Andrômeda, levantando-se da mesa e praticamente correndo para o corredor mais próximo.

- Andrômeda, volte aqui, aonde vai?! – a voz de Druella ecoou de uma maneira assustadora por entre as paredes de pedra.

- Deixe que eu falo com ela, mamãe – Bellatriz ergueu-se do assento e desapareceu pelo mesmo corredor que a irmã.

Tonks não perdeu tempo em segui-las. Resistindo a vontade de pelo menos tentar azarar nem que seja um daqueles idiotas sentados a mesa. O corredor por onde Bellatriz e sua mãe adentraram era escuro e ainda mais medonho do que a sala de jantar; as paredes decoradas com quadros e mais quadros de pessoas trajando vestes antigas e Tonks teve certeza de que se tratavam dos antigos membros da família Black.

A garota viu Bellatriz subindo agilmente pela escada de caracol que levava até o andar de cima e a seguiu. Chegando à um novo corredor, ela não precisou caminhar mais. A mulher de cabelos negros estava lá, segurando o braço de Andrômeda.

- Me solte Bella... – a raiva era eminente na voz de Andrômeda.

- Pra que, pra você voltar a escrever pro sanguinho? Não mesmo! É meu dever manter a arvóre da minha família limpa, mesmo que um galho ruim como você queira sujá-la!

Solte minha mãe, sua...” murmurou Tonks, sua mão se fechando em punho. Já estava pronta pra esbofetear a cara de Bellatriz, mas mais uma vez lembrou-se de que o que estava presenciando não passava de uma mera lembrança.

- Eu não acredito que você vai se casar com aquele nojento, filho dos Lestrange... – replicou Andrômeda – Você seria mesmo capaz de se casar só manter essa bobagem de sangue-puro?

– É por um bem maior – Bellatriz lutava para manter a calma – Além do mais, não será só eu. Cissa e você também.

O queixo de Andrômeda caiu.

– Do que você... – sua voz era um murmúrio.

– Porque você acha que Rodolfo trouxe o seu irmão junto com ele, hein? Não ficou obvio para você? Você foi prometida à Rabastan Lestrange, irmãzinha!

A expressão de Andrômeda era de puro choque, como se lhe o que acabara de ser dito fosse, de alguma forma, irreal.

– Não... Nunca! Não mesmo! A Cissa... A Cissa pode ficar com ele se quiser...

– Não seja tola! Cissa já está prometida para o filho dos Malfoy, Lucius, você sabe disso!

- Não... Sem chance, não mesmo! – Tonks sentiu o coração gelar ao ver o olhar cruciante de Andrômeda. Ela respirou fundo, como se aquele ar lhe trouxesse forças, e continuou – Sabe Bela, as vezes eu sinto pena de você. Sempre tão... Você não é digna de respeito e muito menos de temor, mas sim de piedade.

Bellatriz soltou o braço da irmã, seu olhar soberbo tremeu por um instante. Ela pareceu lutar para permanecer composta, e sem responder, se retirou, indo em direção as escadas.

Andrômeda voltou ao quarto, seguida por Tonks. Sentando-se na escrivaninha e apanhando um pergaminho e uma tinta de dentro da gaveta, a jovem Black se pos a escrever ligeiramente. Tonks esticou o pescoço para ler o que ela estava redigindo numa fina caligrafia.

Encontre-me no Beco Diagonal amanhã as 11 da noite, urgentemente.

Antes que pudesse ler o restante da mensagem, o mesmo gancho invisível e a claridade cegante puxaram Tonks de volta ao seu quarto. A lembrança acabara, mas a curiosidade que pareceu tomar conta de todo o seu corpo aumentara mais.


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Notas finais do capítulo

Enfim: crítica, elogio, sugestão... O importante é a sua review :]