O que fazer quando as incertezas contamina o coração invadindo a alma e tudo que se tem é medo de dar uma nova chance à vida, o que fazer quando a mente se torna insana e domina todos os nossos sentidos nos tornando criaturas incapazes de tomar uma decisão correta, o que fazer quando o passado nos faz cativo impedindo-nos de ter um futuro.

         Assim era a situação de Edward, era como se ele estivesse sendo arrastado de um lado pelo passado e do outro pelo futuro, em consequência estava sendo partido ao meio abrindo novas feridas ao mesmo tempo em que rompia as que já estavam fechadas, podia visualizar seu corpo coberto de sangue e seu coração lançado por terra, destruído pelas duas forças que, mas amou.

− Deus ajuda-me, me ensine como proceder, conduz-me a um caminho, mas tranquilo onde não tenha que fazer escolhas tão dolorosas. Sei que a raiz de toda minha dor é a tentativa de permanecer sendo o Edward do passado quando não há mais sombra dele em minha vida, o que sou hoje me faz mais feliz, porém é tão difícil admitir isso, é como se estivesse indo contra tudo que construí, como se estivesse negando minha Júlia. Estou confuso, perdido dentro de mim, não tenho mais certeza de nada, o que afirmo é que se eu amo a Bella nunca amei a Júlia e se amei a Júlia não amo a Bella. Diga-me senhor é possível sentir dois amores tão diferentes, fala para mim que não estou sendo negligente com minha saudosa esposa ao sentir coisas tão intensas por Bella.

          Com o coração elevado a Deus Edward adormeceu sentindo uma paz sobrenatural que nunca encontrou nem em Júlia ou Bella.

           Bella balançava de um lado para o outro buscando conforto, seu coração batia em ritmo regular enquanto sua mente vagava em busca de respostas, não sabia mais o que fazer, se continuava lutando ou desistia, já estava tão ferida, sua armadura estava em farrapos, tinha medo que a próxima batalha a destruísse de vez. Estava tão absorta em seus pensamentos que não percebeu a aproximação de Alice que tomou um dos balanços para si.

− Quer conversar? – Alice perguntou chamando a atenção de Bella.

Bella se sobressaltou se assustando.

− Desculpe-me, não tinha a intenção de assustá-la.

− Tudo bem, é bom que esteja aqui, estou tão perdida, não sei o que fazer da minha vida.

− Bella o que posso dizer é que apenas viva.

− Não consigo.

− Se você desistir estará fazendo a mesma coisa que ele, ai que não haverá esperança mesmo. Você precisa seguir em frente só assim poderá ajudar Edward, vai chegar uma hora que ele terá que decidir.

− E se ele nunca fizer.

− Confie em mim Bella, tudo vai se resolver da melhor maneira possível, apenas siga com sua vida e quando perceber tudo estará em seu devido lugar. Você já fez o que tinha que ser feito por Edward, ajudou-o de uma forma que nem imagina, a verdade é que nem ele sabe.

− Como pode saber de tudo isso – Bella perguntou.

− Conheço meu irmão melhor do que ele mesmo, o vi passar por vários estágios de sua vida e em nenhum deles o vi ser tão autentico como tem sido agora. A entrada de Júlia na vida dele foi catastrófica, não por ela, mas pela Georgiana, Edward verdadeiramente amou aquela mulher e isto fez dele cativo, ele se aprisionou.

− Não consigo entender!

− A Georgiana achava pouco o que Edward dava a Júlia, dizer que a amava e demonstrar isso por meio de gestos singelos como presentear com um livro, um cd ou canção composta não era suficiente, a megera não se conformava com isso, ela queria que meu irmão enchesse sua filha de joias, presentes caros.

− E ele fazia isso?

− E ai que vem o grande problema, Júlia não aceitava, pois para ela não havia nada mais grandioso que o amor que Edward dedicava a ela. Seu pobre pai ficava no meio desta guerra sofrendo junto com sua filha e meu irmão não deixava que nos interferíssemos, não podíamos falar nada que ele se irritava.

− Georgiana matou Júlia não é Alice?

− Sim, ela a matou. Antes de morrer Júlia me confessou que finalmente teria paz e consequentemente daria a mesma ao seu amado, ela nem ao menos lutou pela sua vida, já desconfiava que estivesse doente desde que se casou, mas se calou.

− Edward sabe disso?

− Ela pediu para não contar, que na hora certa ele saberia e entenderia.

− Pobre Edward, meu amor, minha vida o ar que eu respiro.

− Ele se sente da mesma forma Bella.

− Eu sei!

− Vamos dormir, já é tarde – Alice disse estendendo a mão a Bella.

De mãos dadas as duas entraram na casa rumos aos seus quartos, àquela noite Bella e Edward dormiram profundamente e em paz.