Os meus pais estavam à porta da casa de banho com um sorriso nojento no rosto. Eu não os queria ver, não queria saber deles para nada, não depois de me terem abandonado. Senti uma lágrima solitária a escorrer-me pela bochecha. Virei as costas com a intenção de sair dali a
correr. Não queria falar com eles. Mas não consegui fugir, alguém me impediu, agarrando-me no pulso violentamente provocando-me imensa dor.

- Aii! Larga-me! – Disse entre soluços.

- Com que então namoras com o filho do médico. Não é que a menina é esperta? Conseguiu começar a namorar com um rico. – Disse a minha mãe.

- Eu amo-o e ele ama-me! – Disse-lhes. – Não estou com ele por interesse.

- Pois, sim! Nós acreditamos. – Disse o meu pai sarcasticamente.

- Não tenho que vos dar satisfações de nada! Por isso, deixem-me em paz! – Disse tentando ir-me embora mas ele puxou outra vez o meu pulso bruscamente, sentindo outra vez uma dor imensa.  

- Nós queremos que arranjes dinheiro para nós. Ele não te vai negar dinheiro. – Começou a minha mãe. – Vais arranjar esse dinheiro a bem ou a mal mas queremos o dinheiro. Tens de te aproveitar do teu namorado ser um rapaz rico. Podes ajudar a família. – Continuou ela. Ela era doentia.

- Vocês não são minha família. Vocês abandonaram-me. – Gritei entre soluços.

- Queremos o dinheiro! Ouviste? – Disse ele apertando o meu pulso, já ferido, com força.

- O que se passa aqui? – Perguntou o Carlisle interferindo. Ainda bem que ele apareceu, não me ia conseguir livrar-me deles. Eu não estava com o Jasper por interesse. O dinheiro mal me importava, eu amava-o, mesmo. – O que é que estão a fazer com a Alice? – Perguntou o Carlisle alterado. Nunca o tinha visto zangado, ele era sempre tão calmo.

- Nada. – Disse o meu pai largando o meu pulso já negro, muito negro.

- Não foi isso que eu vi e a Alice não está assim por nada. – Disse ele. – Eu vi muito bem o que lhe estavam a fazer, não sei o que são a ela mas pensava que eram gente de confiança. Quero vos fora desta casa imediatamente! Ninguém magoa pessoas da minha família, na minha casa! – Disse o Carlisle realmente zangado. Os meus pais ficaram estupefactos a olhar para o Carlisle. Eles não estavam à espera de serem apanhados. – Não ouviram? Saiam da minha casa, imediatamente. - Os meus pais saíram o mais rápido possível de casa do Carlisle e foram embora. Nem sabia o que é que eles estavam a fazer aqui, nem que conheciam o Carlisle e a Esme. Eu continuava a chorar. O meu pulso doía-me muito, estava cada vez mais negro. – Alice, estás bem? – Perguntou o Carlisle preocupado. Neguei com a cabeça. Ele chegou-se ao pé de mim e abraçou-me. Deixei-me acalmar no abraço do Carlisle. Tal como a Esme era a mãe que eu não tive, o Carlisle era o pai que eu não tive. Parei de chorar mas ainda gemia de dor. – Alice, onde te dói? – Perguntou ele. Ele ainda não tinha visto o estado do meu pulso.

- O pulso. – Disse esticando o braço para ele poder ver o pulso. Ele pegou-me no pulso delicadamente e examinou-o.

- Alice, isto está com muito mau aspecto. Tens de ir ao hospital. Preciso de ver se não partiste nada. – Disse ele. – Anda! Prometo que vai ser rápido. – Disse ele. Fui com ele em direcção à garagem. Encontrámos a Esme a meio do caminho.

- O que se passa? – Perguntou ela alarmada vendo o meu estado. – O que se passou, Carlisle?

- Um casal que eu conheci em Boston estava a meter-se com a Alice. Não sei o que eles queriam dela mas estavam a magoá-la. – Disse ele mais calmo. – Vou com ela ao hospital, o pulso dela está em muito mau estado. – Informou à Esme. A Esme pegou no meu pulso e viu que ele estava muito negro.

- Alice, o que é que eles queriam de ti? – Perguntou a Esme. – O que é que eles têm a ver contigo?

- Eles são os meus pais. – Disse muito baixinho.

- Os teus pais? – Perguntou a Esme incrédula. – O que é que eles estavam a fazer aqui?

- Não sei. – Respondi sinceramente.

- Eu conheci-os em Boston, quando fui lá e eles disseram que eram de cá. Simpatizei muito com eles e em conversa eles disseram que iam para cá passar o Ano Novo. Eu convidei-os para a festa. Não sabia que eles eram os pais da Alice. – Disse o Carlisle tão surpreendido como a Esme.

- O que eles queriam, querida? – Perguntou a Esme, docemente. Voltei a chorar, eu tinha medo que eles começassem a pensar que eu estava com o Jasper apenas pelo dinheiro, o que era mentira. Eu não queria que eles pensassem isso. – Querida, podes contar-nos. – Disse a Esme compreensiva acariciando a minha bochecha afastando algumas lágrima que ali se encontravam.

- Eles sabem que eu namoro com o Jasper e queriam que eu me aproveitasse disso para lhes dar dinheiro. Eu não aceitei. Eu não estou com o Jasper pelo dinheiro, eu amo-o mesmo. – Disse um pouco desesperada.

- Nós sabemos disso, querida! – Disse a Esme voltando a acariciando as minhas bochechas. Sorri um pouco com isso. Ele não pensavam que eu estava com o Jasper pelo dinheiro.

- Esme, tenho de a levar ao hospital. Vou ser rápido. Consegues aguentar com a festa? – Perguntou o Carlisle.

- Consigo. Vai lá. Despachem-se, quero-vos cá antes da meia-noite. – Disse ela, dando-me, de seguida, um beijo na testa. Eu e o Carlisle continuámos o caminho em direcção à garagem e fomos até ao hospital. No hospital, o Carlisle fez-me um raio-x ao pulso e viu que ele estava deslocado e não partido.

- Alice, isto vai doer um pouco mas tenho que por o teu pulso no sítio para o ligar. – Avisou o Carlisle.

- Está bem. – Disse muito baixinho. Ele pegou no meu pulso delicadamente e fez um movimento repentino para o pôr no sítio. – Aii! – Gemi depois do movimento. Tinha doído um pouco mas agora, a dor
estava a aliviar um bocado. Ele ligou-me o pulso e depois deu-me um analgésico para as dores.

- Já está, vamos voltar? – Perguntou.

- Sim, vamos. – Respondi. Dirigimo-nos os dois até ao carro e depois voltámos para casa, para a festa.