Caminho em direção a minha sala retomando o controle do meu temperamento que poucos minutos atrás estava aos pedaços.

Opto por me focar nas aulas esquecendo toda a conversa que tive com Serizawa, afinal era melhor esquecer de tudo do que ficar remoendo cada frase áspera sua.

Qual o problema em me contar a verdade?

Ela pode ser cruel, mas sempre vai ser melhor que uma mentira ou mesmo a dúvida.

Dou um suspiro antes de notar que alguns alunos estavam cochichando e algumas vezes olhando pra mim.

Prefiro não ligar, mas algo me diz que meu dia no colégio ficaria cada vez pior.

Desabotôo meu casaco enquanto sigo parra a área onde Hana estava me esperando. Passo por um corredor notando os olhares de alguns alunos, o que me faz ficar alerta sobre o que poderia estar acontecendo ou o que pode acontecer.

Será que Allan se machucou de novo?
-Senpai – uma garota diz parando na minha frente.

Olho-a, vendo o temor e algo mais em seus gestos o que me deixa preocupada.

-Por favor, não vá para a sala de lazer – ela pede quase gritando.

Vejo alguns olhares surpresos e outros mais contidos, mas dura o tempo que passo correndo por eles indo em direção á sala onde Hana me esperava.

Sinto meu coração aumentar seu ritmo cardíaco ao segundo que vou me aproximando da sala não sabendo o que me guardava.

Paro na porta, vendo Hana sendo segurada por duas garotas enquanto a terceira pisava no jogo portátil dela deixando-me irritada no segundo seguinte.

-Hei! – exclamo chamando suas atenções enquanto me aproximo delas.

A garota que pisava o brinquedo me encara ao segundo que acerto um soco em seu rosto voltando-me para as duas que seguravam Hana acertando um chute em um e um soco na outra.

-Idiota – Hana me xinga ajeitando-se – Tem idéia da encrenca que acabou de se meter?

Arqueio uma sobrancelha antes de seguir seu olhar deparando-me com um grupo de homens sendo que eram chefiados por Domyouji ao segundo que volto meu olhar para a esquerda dando de cara com o “clã” e Hiromi eu estava sentada sob a mesa me encarando.

-Hora de acertar nosso assunto – ela anuncia solene – Takada Katherine.

Engulo em seco recebendo o toque de ombro de Hana que me faz olhá-la de lado.

-Dessa vez vai ter que brigar sério – ela comenta brincalhona.

-Me preocupo é apenas com você – digo – Vai ficar bem os espancando?
-Uma vez a mais na vida não vai me ferir – ela diz dando de ombros.

-Então... – olho para Hiromi – Manda ver.

 Como se fosse cena de filme de ação, eles vêm ao nosso encontro já com os punhos fechados prontos para nos acertar e nós preparadas para nos defender de cada um deles.

Desvio de um chute agarrando a gola da camisa de um levando ao choque com outro garoto. Só que acabo recebendo um soco que me faz cambalear sendo que sou agarrada para a seção de socos e chutes, saco Hana não me ajudasse.

Vejo seu sorriso sádico acompanhado da sua expressão neurótica que não via faz tempo que até tinha me esquecido de como aquilo me assustava.

Acordo para a realidade quando recebo um chute que me faz bater minhas costas numa cadeira antes de parar o soco de um garoto quebrando seu pulso, afasto-o para o lado concentrando-me nos demais que ainda vinham ao nosso encontro enquanto Hiromi e Domyouji ficavam apenas assistindo.

Abaixo-me evitando um chute, aplicando depois uma rasteira seguida de meu tornozelo no peito de mais um. Ergo-me recebendo uma cotovelada nas minhas costelas seguida de uma mão agarrando meu pescoço.

Tento me livrar do aperto, mas estava complicado.

Se não fosse o chute que Takuya aplica nele, certamente estaria em apuros.

-Katherine – ele me ampara – Você está bem?

Ofego olhando sua face preocupada ponho a mão em seu ombro e forço um sorriso do qual ele não acredita nem um pouco, porque me ajuda a levantar e fica me segurando enquanto reparo em Ken e Rui.

Nenhum deles com uma expressão relaxante.

-Pensei ter dito que não queria que se intrometesse com ela, Suzuhara – Rui diz sério olhando-a.

Hiromi se aproxima dele com uma expressão desnorteada.

-Rui-sama – ela diz com reverência – Eu quis parar Domyouji-san, mas ele me obrigou a ajudá-lo a acabar com a irmã de Allan-kun.

-Deixa de ser descarada, garota – Hana cospe as palavras sendo segurada por Ken.

-Rui-sama – ela diz triste – Obrigada por estar aqui.

Em seguida o abraça enquanto ele não move um músculo. Arqueio uma sobrancelha antes de soltar um sorriso de descrença diante daquilo tudo.

Era duro acreditar que a grosseria da Hiromi se desmanchasse pelo Rui daquela maneira.

-Suzuhara – ele diz solene a afastando de si – Por que acha que eu acreditaria em você?

A expressão dela torna-se angustiante que penso que daqui a pouco vai começar a chorar.

Cobra de quinta categoria.

-Rui-sama sabe que não minto para você – ela responde olhando-o nos olhos – Rui-sama é a única pessoa que pode me entender.

-Então vai ser a única pessoa no meu caminho – Hajime se pronuncia chegando mais perto de nós.

Olho-o vendo que estava com raiva que até parecia que iria partir a primeira pessoa que visse na frente.

-Katherine – Allan diz ficando na minha frente – Tudo bem com você? Não se machucou muito? Algum osso quebrado?
-Ela está bem, senpai – Takuya o tranqüiliza – Domyouji e Hiromi que são nossos problemas.

-Hideki já está cuidando dele – ele informa sério.

Nós retornamos nossos olhares para Hiromi que exibia uma expressão tão inocente que me pergunto se ela faz aula de teatro.

-Será que já não basta maltratar sua irmã? – Hajime indaga – Por que tem que atormentá-las?

-Domyouji me obrigou a ajudá-lo – ela se defende aninhando-se em Rui – Rui-sama acredita em mim, por que você não acredita?

-Deixe-me acertar um tapa nela – Hana pede sendo segurada ainda por Ken que também estava bastante mal humorado.

-Rui-sama! – ela exclama assustada.

Ele se desprende dela dando um pesado suspiro antes de olhar para Allan e Hajime.

-Melhor cuidarem disso – ele sugere vindo na minha direção.

Sem um segundo de hesitação ele me reboca para fora da sala lançando um olhar para seus companheiros que nos seguem trazendo Hana consigo.