Capítulo XX

Bella entrou no apartamento de Edward e deixou em cima da mesa as chaves que ele tinha lhe dado, ouviu o barulho de chuveiro e sorriu ao constatar que ele deveria estar tomando banho, ótimo! Pensou ela. Também precisava de um longo banho...

Caminhou até o banheiro, precisava se esquecer de suas recentes preocupações. Precisava tanto dos braços de Edward para tranqüilizá-la e provar pra ela que mais uma vez, sua cabeça estava formulando loucuras.

Caminhou em passos lentos até o banheiro, com um sorriso no rosto, tirando suas roupas conforme se aproximava ainda mais do banheiro. Abriu a porta, se deparando com a visão mais perfeita e magnífica de Edward de costas,
com a água lhe escorrendo pelos ombros, pelas costas largas e perfeitamente esculpidas, suas maravilhosas nádegas... A saliva veio à boca e sua respiração falhou, seria possível um homem ser tão magnífico daquela maneira?

Ele tirou os cabelos da testa enquanto a água caia em sua cabeça, os colocando para trás sensualmente com os dedos...

“Ed– Sua mãe não te ensinou que é feio ficar olhando para os outros?”

Bella sorriu, mais logo deixou de sorrir quando sentiu um beijo em seu pescoço, franziu a testa virando–se assustada, pronta para chamar por Edward que estava no...

Ed – Hey, calma, sou eu!

Edward olhou os olhos assustados de Bella, ela o mirava com a testa franzida em total confusão.

Ed – O que foi? Te chamei assim que cheguei,mas você não me respondeu...O que faz aqui no banheiro, assim pelada... Vai tomar banho sem mim, baby?

Bella se virou com rapidez olhando o boxe seco e o banheiro sem nenhum um único sinal de vapor, olhou Edward que seguia vestido do mesmo jeito que estava quando saiu de casa, olhou para o boxe novamente...
Estava tendo alucinações?
Franziu a testa confusa levando a mão sobre os olhos.

Ed – Bella?

Edward se aproximou ainda mais dela, tirando-a rapidamente daquele maldito banheiro...

Ed – Olhe para mim.

Bella tirou a mão dos olhos e o olhou.

Bella – Acho que estou doente. Ando ouvindo vozes,tendo alucinações,sonhos, vendo coisas...

Abaixou a cabeça ainda mais confusa.

Bella - Agora mesmo, vi você no...

Ed – Precisa descansar, precisamos comer, tomar um bom banho. Tivemos uma noite longa.

Sorriu para ela, acariciando os lábios trêmulos.

Ed – Tivemos um domingo corrido e teremos uma segunda feira pior ainda. Bom, o nome já diz não?

Bella assentiu e sorriu quando ele lhe beijou a testa e os lábios, seguiram para sala.

Ed – Trouxe uma pizza de Mussarela, daquelas bem recheadas como você gosta. Ajude-me a colocar na mesa, ainda está quente !

Bella – Preciso colocar uma roupa e...

Ed - Apenas coloque algo simples, me poupe o trabalho de lhe arrancar as roupas e se vista apenas com um roupão.

Bella sorriu, se aproximou dele o beijando mais uma vez na boca, sentindo o cheiro delicioso da mussarela derretida.

Edward sentou na cadeira e fechou os olhos, Bella acabara de ir ao quarto e ele mal podia agüentar as pernas bambas pelo susto que tinha tomado, levou a mão sobre o peito notando como seu coração batia de forma acelerada, sentiu vontade de esmurrar algo...

Sentia vontade de gritar e arrancar os cabelos, aquela sensação e agonia o consumiam. Jamais tinha sentido algo parecido, mais não podia...

Oh Deus não podia deixar que Bella simplismente saísse de sua vida, e era o que aconteceria, era o que aconteceria se ela soubesse...

Bella – Como foi sua conversa com a Tânia?

Edward pigarreou, afastando os pensamentos sobre o assunto.

Ed – Tranqüilo, nem tocamos em seu nome.

Bella assentiu compreensiva e sentou-se na aconchegante mesa ao lado de Edward.

Ed – Ela segue com a idéia do Divórcio amigável, creio que em mais alguns meses estarei livre.

Levantou-se para buscar duas taças e uma garrafa de vinho, os serviu em silêncio...

Ed – E depois nos casaremos Bella...

Olhou nos olhos chocolates tão brilhantes.

Ed – Se casará comigo, não é?

Bella franziu a testa abrindo um sorriso.

Bella - Que homem mais inseguro! Aponte-me um só motivo para que não me case contigo? É meu amigo, meu amante, meu confidente...

Aproximou-se sensualmente lhe beijando os lábios, relaxando com a presença agradável de seu homem. Era tudo tão incrível!
Edward tinha o dom de lhe tirar todas as preocupações da cabeça!

Bella – Só você faz o que quer de mim.

O puxou para sua altura lhe sussurrando ao pé do ouvido.

Bella – Só você me toca e me beija por inteira...

Edward mordeu os lábios e sorriu. Colaram seus lábios poucos segundos depois, em um beijo firme e molhado, com o gosto do vinho e o leve sabor da mussarela.
Tocou na face tão delicada, e sem ao menos perceber, ficaram por minutos apenas se olhando.

Bella – Estava certo quanto à doença de Emmett, realmente é rara.

Edward desviou o olhar rapidamente e esse gesto não passou despercebido.

Bella – Tem um tipo raro de Leucemia. Tive que correr uma maratona para que os exames dele fossem parar nas mãos de um excelente Oncologista! Meu professor Romero, é um dos melhores do país!

Ed – Fico feliz que tenha conseguido Bella, Emmett é forte...

Bella – É forte, mais a doença que o atinge é ainda mais forte. Nunca vi exames como aqueles, Edward. É uma coisa completamente... Rara! Rose está arrasada, pensava que o marido a traia, quando na verdade passava noites incansáveis no hospital.
Espero que de alguma forma eu os possa ajudar, sinto algo, sinto algo diferente nesse caso. Como me sentia com Clarissa!

Bella terminou sua pizza começando a se incomodar com o silêncio de Edward. Beberam mais uma taça de vinho e se encontraram satisfeitos.

Bella – O que foi?

Edward a olhou.

Ed – Acho que vai fazer seu melhor, como sempre faz Bella. É a melhor médica que já vi!

Bella – Obrigada, mas não estou lhe perguntando sobre isso. Estou perguntando o que se passa com você.

Edward a olhou nos olhos, vendo que dessa vez era ela quem possuía o dom de penetrar em sua alma, se permanecesse mais um minuto olhando para ela dessa maneira, todos os seus segredos seriam desvendados.

Bella – Está estranho, ausente...

Ed – Peço que me desculpe, mais é que não vejo a hora...

Bella – Não minta para mim.

Edward se calou, engoliu a saliva se levantando, tirou seu prato e pegou seu copo os levando até a espaçosa pia.
Bella não se moveu, esperou ali, pacientemente até que ele voltasse.

Bella – Sente-se Edward...

Puxou a cadeira e a colocou bem na sua frente para que, pudesse olhá-lo diretamente nos olhos.

Edward olhou para cadeira em seguida para Bella, precisava de uma saída, precisava...

Bella – Se abra comigo, sabe que pode confiar em mim, se é o divórcio que te preocupa eu te entendo... Juro que te entendo.

Ed – Nada me preocupa.

Bella – Não minta para mim...

Negou com a cabeça começando a se chatear, com a recusa dele se abrir com ela.

Bella – Tivemos uma noite maravilhosa ontem, não deixe que a visita de Tânia a estrague!

Ed – Nada e ninguém irão estragar, de forma nenhuma... – Lhe sorriu – Apenas estou preocupado e afoito. Queria nunca ter me casado, para apenas poder me casar contigo nesse minuto e prendê-la para sempre junto a mim.

Bella amoleceu, sorriu levando a mão sobre a face tão bela de Edward.

Bella – Não tenho pressa. Lembra-se do que me disse?- lhe sorriu daquela forma terna e perfeita – Temos a eternidade...

Edward assentiu, mais soube naquele momento, que para ele, já não havia eternidade...

Bella – Quero que faça amor comigo, agora nesse instante!

Aproximou-se sentando no colo dele, de frente para ele.

Bella – Quero que volte a sorrir daquela forma e que volte com sua tranqüilidade, que me dá tanta segurança.
O beijou nos lábios, sentindo aquelas mãos firme pegar em seus quadris...

Bella – E então acordaremos antes que o sol nasça, faremos amor de novo e veremos o sol nascer!

Edward sorriu, era impossível de não o fazer.

Ed – Isso é muito, mas muito tentador...

Bella assentiu, desatou o nó que prendia seu roupão e o deixou escorrer por seus ombros...

Bella – Oh, Sim...

Ela lhe lançou um olhar cheio de promessa e sedução.

Bella – Explícitamente tentador!

Então o celular de Bella tocou, o toque deixava claro do hospital que ligavam,
suspirou e fez uma careta olhando Edward, que também fazia uma careta e um suspiro de pesar, soltando-a imediatamente para que ela se levantasse.

Ed – Juro que vai me pagar em dobro, essa sua provocação!

Bella sorriu, colocou o roupão novamente e correu para pegar o celular, o atendeu, e ouviu surpresa o que a enfermeira da noite animada havia lhe dito. Após alguns minutos agradeceu pelo recado e desligou o telefone, olhou Edward com surpresa.

Bella – Senhor Perez foi para casa! Parece que sua filha cuidará dele em casa e pagará todos os medicamentos!

Edward olhou para Bella e sorriu de forma enigmática...

Ed – Que ótima notícia!

Bella – Sim. Foi Lica quem ligou, disse que o senhor Perez mandou um grande beijo e fez questão que me ligassem para me avisar e agradecer! E sabe o mais engraçado?

Sorriu com vontade, aproximando–se de Edward.

Bella – Mandou um grande abraço para você também!

(...)

Julho chegou mais rápido do que o esperado.
Trazendo uma onda de realidade que Edward pensou que poderia adiar por mais alguns meses...

Olhou Bella que com os cabelos soltos e desarrumados como todas as manhãs de sábado. Ela lhe servia o café da manhã da forma mais deliciosamente sensual e provocante, se é que isso era possível.
Ahh pode apostar, com ela era sim possível!!!
Durante o passar dos meses tinha aprendido que com a mulher que tinha ao seu lado, nada era impossível...

Bella era uma mistura de tudo.

Fazia de sua vida algo tão ativo, que Edward não se surpreenderia se emagrecesse cerca de 10 quilos a cada semana ao lado dela.
Sorriu negando com a cabeça quando ela desajeitada quase queimou os dedos.

Era bom vê-la mais tranqüila e sorridente no início de julho.

Semanas atrás parecia que nada, nada além da saudade de Charlie poderia lhe causar emoção. Tinha confortado-a em seus braços, e repetido que seu pai não estaria feliz, vendo que ela estaria tendo uma recaída novamente.

Em um ato inteligente tinha convidado Alice e Jasper para um almoço preparado por eles mesmos. O que de certa forma, com a presença de sua irmã grávida tinha alegrad-a e dado forças para que tudo voltasse ao romantismo e calor de antes.
Ela corria e trabalhava como nunca...
Aliás, ambos corriam e trabalhavam como se jamais tivessem feito antes.

Edward tentava expandir seus negócios depois de tantos anos de estratégias e Bella como sempre, estabelecia uma rotina desgastante de horas no Pronto-Socorro, e se dedicava de coração a procura incessante por diagnósticos e tratamentos para a doença de Emmett McCarty.

Os dias eram super ocupados e Edward sentiu-se relaxado quando percebeu que Bella já não se ligava mais em assuntos do passado. Poder respirar e voltar à tranqüilidade, era o melhor que tinha lhe acontecido.

Mas à noite quando dormia... Seus olhos se recusavam a fechar e sua mente se recusava a parar de trabalhar, imaginando o que aconteceria caso Bella soubesse da verdade...

Estava tudo caminhando tão bem, para que pensar nisso agora?

Seu divórcio caminhava de vento em polpa...

Abaixou a cabeça mexendo e brincando com os dedos de Bella, o anel que ele tinha dado a ela, brilhava e reluzia com toda sua beleza. Aos poucos, a convenceu em se mudar completamente para o apartamento dele, claro que deixando seu próprio apartamento lá, para o que ela ou ambos necessitassem...

Era gostoso dividir um espaço, uma intimidade e principalmente uma cama com Bella... Sim, uma cama.
Uma cama que era freqüentemente super agita e quente...
Uma cama onde ambos se perdiam e ultrapassavam a cada noite os limites do prazer e do que a sociedade julgava correto, mais uma vez um sorriso escapou de seus lábios, se algém soubesse o que acontecia naquela cama...
Viu que Bella lhe sorriu e com a testa franzida perguntava do que ele estava sorrindo.

Ed – Diga-me como ainda não te fiz um filho?

Bella sorriu.

Bella – Porque faço controle de natalidade, sou médica lembra? Tomo pílulas.

Edward não soube ao certo o porquê sentiu-se tão decepcionado ao ouvir o que ela tinha falado. Já deveria ter pensado nessa questão, com a intensidade que faziam amor, seria impossível que Bella ainda não estivesse grávida.

Grávida...

Sentiu vontade de pedir para que ela interrompesse o uso daquele remedinho e lhe desse o prazer de ter o filho que há tempos lhe fora negado...
Sentiu vontade de dizer que não existiria outra mulher, que ele “Edward”, quisesse engravidar ou outro filho sem ser, o dela, que quisesse amar.

Mas não podia, não estaria sendo justo com Bella...

Lifehouse - Come Back Down

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Ela amava o que fazia. Amava sua correria que vivia salvando vidas, seria muito egoísmo da parte dele que lhe pedisse um filho agora, ainda mais quando o destino incerto de ambos poderia ferrar literalmente com tudo!

Edward bufou. De novo, a merda desse assunto em sua cabeça...

Bella – Ok meu amor, chega de viagem e experimente as panquecas que fiz!
Edward voltou para o ponto inicial de seus pensamentos, Bella.

A olhou nos olhos, vendo o divertimento e a ansiedade para que ele aprovasse as panquecas, e ainda fizesse aquela cara de deslumbrado, que a faria pular em seu colo e o beijar nos lábios...
Beijos que se tornariam mais quentes, que gerariam carícias ardentes, e por fim os levaria novamente para a cama ou qualquer outro lugar do apartamento...
Levou um grande pedaço de panqueca a boca e fez aquela cara de deslumbrado...

Ed – Deus, isto está maravilhoso!

Bella sorriu. Como amava aquele homem, meu Deus!

Viver ao lado dele durante todos esses meses era a cura para sua alma ferida e cansada pelo dia-a-dia, não tinha como explicar, apenas o amava e ponto!

Bella – Sério?

Seus olhos brilharam. Soltou aquele gritinho e antes que Edward pudesse terminar de mastigar um outro pedaço de panqueca, pulou em seu colo, beijando-o na boca, no rosto, sentiu que ele a abraçava, e lhe sorria daquela maneira especial que Bella tanto adorava ver...

Ed – Já pode casar!

Ela soltou uma gargalhada alta.

Bella – É mesmo?

Ele assentiu.

Bella – Então colocarei uma roupa bem bonita e sairei à caça!

Edward deixou de sorrir instantanêamente fazendo uma careta, que desencadeou gargalhadas de Bella e um beijo terno nos lábios.

Bella – Tomaremos café e iremos até a casa da minha irmã, tudo bem?

Ed – Assim tão cedo Bella? Nada de banheira, chuveiro, cama, cozinha ou...?

Ela lhe deu um tapinha, com um sorriso travesso nos lábios entendendo bem a pergunta de Edward.

Bella – Não, essa manhã não. Essa manhã ficaremos com minha irmã, almoçaremos lá e então passaremos na casa dos McCarty...

Edward se retraiu.

Bella – Preciso falar com Rose, ver como ela está. Emmett foi internado essa semana para exames rigorosos, e um alto acompanhamento médico.

Ed – Então creio que ela estará no hospital com ele.

Bella – Sim. Mas nesta tarde voltará para casa, Louise volta hoje da casa dos avós, Rose ficará com ela durante toda à tarde e noite.

Ed – Então não seria natural que ela quisesse ficar a sós com a filha?

Bella – Edward?

Franziu a testa.

Bella – Só passaremos para ver está tudo bem. Vejo Rose e Emmett com freqüência, não fofocaremos e nem conversaremos sobre as últimas atualidades... Além do mais sinto saudades de Louise.

Edward por fim assentiu. Uma das características mais recentes de Bella era argumentar com ele até que por fim saísse vitoriosa. Às vezes ele tinha o privilégio da vitória, mas na maioria das vezes ela sempre terminava por vencer.

Bella – Amor? Se não quiser ir não tem problema...

Droga! Edward praguejou em pensamento. Ela sempre quebrava todas as suas defesas quando falava dessa maneira, doce e compreensiva.

Ed – Está tudo bem Bella, iremos os dois. Mas de noite me pagará com muitos juros, a falta do meu complemento alimentar matinal...

Ela soltou um sorriso suspirando.

Bella – Se soubesse que os meus castigos eram assim tão “ruins” argumentaria contigo mais vezes e te tiraria da cama antes do seu café!

Edward sorriu.

Ed – Vamos tomar o café, depois um banho “separado” e sairemos, ok?

Bella assentiu. Tomaram o café com assuntos tranqüilos e antes dela, Edward se encaminhou para um banho de banheira.

Bella olhou a janela tão extensa e a claridade tão intensa que se formava naquela grande sala, seu sorriso desapareceu, seu coração deixou de bater rápido e pôde enfim fechar os olhos e respirar profundamente...

Uma das coisas que havia aprendido com seu pai, era que pelos olhos podia ver a alma de uma pessoa.

Uma das coisas que havia aprendido com seu pai, era que havia nascido para vencer o mundo, não para se tornar escrava dele...

Uma das coisas que havia aprendido com seu amado pai, era saber quando alguém lhe escondia algo...

E Edward lhe escondia algo!!!!

O silêncio reinou. Ela se levantou, caminhando até a janela onde de cabeça erguida, olhou a vista impressionante da cidade.
O que ele nem podia imaginar era que ela, às vezes, podia chegar tocar e ler a alma dele...

Havia passado meses, apenas o observando, em uma tática infalível que Charlie havia lhe ensinado quando tinha entrado na faculdade.
Mas agora, ele já não podia esconder, e ela, esperava que ele chegasse ao seu próprio limite para então, o encostar na parede e contar a ela o que ele vinha escondendo...

Bella não era boba...
Bella jamais fora boba...
Mas Bella tinha medo!!

Talvez esse tenha sido o fator principal para que se mantivesse calada, mesmo quando ele intimamente se unia a ela, a olhava de forma enigmática, e então a abraçava com força, como se quisesse dizer que não suportaria viver sem ela...

Edward tinha segredos que não queria ou não podia dividir com ela...

Amava Edward e o tinha colocado no ponto mais alto de sua vida, de forma tão rápida, que nem ao menos tinha se lembrado do que seu pai tinha lhe ensinado :“Pare, observe e depois aja.”

Ela não tinha parado, ela não tinha observado...

Apenas tinha agido, sem perguntas e sem medo das conseqüências. Mas agora tudo tinha seu limite; sentia-se de certa forma culpada por estar aplicando em Edward, o amor de sua vida, uma tática de jogo, mas não tinha como evitar, não tinha outra opção. Edward era o mistério em pessoa, e as coisas a sua volta também se tornavam cada vez mais misteriosas.
Quando ele a observava daquela forma, como tinha feito no café da manhã, Bella ficava mais convencida de que estava fazendo o certo.

Não era outra mulher, ela sabia disso.
Era algo além disso, além do que rodeia os casais normais...

Tinha aprendido a lidar com Edward, a respeitar suas vontades, se acostumado com seus mistérios e esperava com paciência que ele, aos poucos fosse liberando informações sobre si mesmo.

Mas agora a situação se encontrava em um estado tão delicado, que talvez não conseguisse fazer amor com ele, sem se desmanchar em lágrimas perguntando o que Diabos ele estava escondendo dela?

Conseguia manter os pensamentos afastados quando estava em seu trabalho, quando cuidava e corria na luta alucinada para a sobrevivência de Emmett, quando via sua irmã tão linda e amada na espera de seu lindo bebê.

Mas então voltava para casa, Edward fazia amor com ela lento e deliciosamente, e implantava nela o medo de que, o que ele tivesse escondendo pudesse acabar com uma história tão linda de amor...

Ed - Pensei que estivesse no outro chuveiro.

Bella virou e o olhou. Não levava roupa nenhuma, e com uma tolha enxugava os cabelos numa tonalidade mais escura por estarem molhados, mas ainda assim, com uma tonalidade única.

Bella – Me distraí com a vista da cidade.

Caminhou até ele.

Bella – Já ia me esquecendo de te dizer... Recebemos um convide do Senhor Perez para irmos almoçar na casa de sua filha, no próximo domingo.

Ed – Perez? – cobriu sua cintura com a toalha – Pensei que já não fosse mais seu paciente.

Bella – Sempre será meu paciente, faz questão que eu seja sua médica. Pensei que já houvéssemos discutido sobre isso, Edward.

Bella molhou os lábios e manteve a cabeça alta, o olhando, esperando e esperando...

Edward abaixou o olhar, confirmando seu pressentimento. Quando ela o olhava daquela forma podia lhe enxergar a alma.

Ed – Ok, sem problemas. Só me lembre novamente durante a semana!

Bella sorriu.

Bella – Obrigada. Vou ao banho...

Ed – Ok. Colocarei uma roupa e irei abastecer o carro. Ele estava na reserva quando eu olhei no painel, ontem a noite.

Bella se virou com a intenção de seguir para o banheiro, mas foi surpreendida pela mão de Edward que a segurou pela cintura, se olharam nos olhos... Um momento de silêncio e...

Ed – Eu te amo! Eu a amo muito. Nunca se esqueça disso!

Bella cerrou o maxilar. INFERNO, ele destruía todas as suas defesas quando dizia essas palavras e a olhava com essa intensidade...

Bella – Eu também te amo.

Se aproximou mais, rodeando seus braços no pescoço dele e o beijou apaixonadamente nos lábios.

Bella – Sempre amei, sempre amarei...

Disse com todo coração, e então se encaminhou para o quarto, se despiu e entrou no chuveiro quente.

Quando saiu do chuveiro, Edward já tinha ido ao posto. Seca, escolheu sua roupa, ainda se confundia um pouco fora de seu armário, tinha estabelecido critérios de ordens em sua casa, em suas coisas, em seu closet... Dividir um espaçoso closet com Edward, era ao mesmo tempo, confuso e organizado.
Cada um tinha seu lado, exceto pelas gavetas do meio nas quais guardavam meias, calcinhas, esses tipos de roupas.

Escolheu uma calça jeans escura bem colada ao corpo, para parte de cima uma cacharrel de gola alta preta e de algodão, que delineava suas formas como nenhuma outra peça, colocou as botas de salto alto na cor também preta. Maquiou-se como de costume, abusando do lápis e do rimel, dando aos olhos aquele aspecto misterioso e chamativo. Corou as bochechas com o blush rosado e os lábios com um gloss simples quase na cor de seus lábios. Deixou os cabelos mais cumpridos soltos, perfumou-se e gostou do que viu. Eram raras às vezes que podia ser dar ao luxo de andar de salto e bem arrumada.
Estava tão acostumada com o uniforme verde, 2 números maiores que o seu, os sapatos confortáveis que deixavam a meia aparecer, o cabelo preso na altura da nuca e o rosto com a maquiagem quase imperceptível.

Sorriu de si mesma achando um exagero. Claro que se arrumava mais nos finais de semana, em especial eles eram feitos para isso!

Colocou uma jaqueta de couro marron escuro por cima da cacharrel, estava frio, mas excepcionalmente essa manhã, arrumou sua bolsa e caminhou até a sala deixando-a em cima do sofá.

O telefone tocou. Bella o atendeu rapidamente constatando que era o advogado de Edward.

Bella – Edward saiu Doutor Díaz, quer deixar algum recado?

Díaz – Não será necessário Bella, acho que você mesmo pode me ajudar. Preciso saber se um documento está com Edward, os advogados de Tânia enviaram uma cópia para o meu escritório e para Edward, eu não recebi a minha, poderia checar se ele recebeu a dele?

Bella – Claro que sim, mas que tipo de documento seria?

Díaz – É o acordo do divórcio assinado por Tânia, eu preciso dele para hoje em poucas horas.

Bella – Irei procurar, aguarda na linha?

Díaz – Sim, obrigado Bella.

Bella subiu direto para o quarto que Edward e ela faziam de escritório. Encontrou mais caixas ali, negou com a cabeça pensando que se Edward tinha recebido o documento recentemente, não o colocaria na caixa. Olhou por sua mesa e não estava ali. Caminhou até a mesma de Edward e ali por cima tinha dezenas de papéis, fez uma careta, procurar uma folha de papel naquele monte de plantas, desenhos e contratos, seria quase que impossível...

Bella – Doutor Díaz? Posso retornar sua ligação daqui a pouco? Há centenas de plantas, desenhos e esboços aqui. Pode até ser que o próprio Edward te retorne, ele só foi colocar gasolina no carro.

Díaz – Ok Bella. Estarei aguardando sua ligação, preciso dessa confirmação com urgência!

Desligaram o telefone e Bella sentou-se na cadeira de Edward, suspirou e começou a passar os olhos pelos desenhos por cima da mesa, não pode deixar de admirar seu homem, ele era tão talentoso, tão esforçado e competente. Balançou a cabeça deixando que seus pensamentos voltassem para a procura tão importante do documento que Díaz precisava.

Por mais de 5 minutos procurou por toda a mesa, checando cada papel e nada encontrou. Bufou e olhou no relógio, certamente o posto deveria estar cheio, pois Edward já tinha tido tempo o suficiente para abastecer centenas de carros. Procurou mais alguns minutos, deixando os documentos na mesma posição para que Edward pudesse se achar em sua própria bagunça, fez uma careta, não estava por ali. Checou na primeira gaveta e ali apenas continha: lápis, blocos de papel vegetal, borrachas, instrumentos para seu trabalho, na outra gaveta continha seus contratos organizados perfeitamente em pastas, e na última gaveta...

Franziu a testa.

A última gaveta estava trancada!

Nara E S Posthumus

http://www.youtube.com/watch?v=vhh3TSw8ac0

Edward sentiu seu coração bater de forma anormal, uma fina camada de suor cobriu sua testa, sentia uma carga elétrica percorrer seu corpo.

Atenção, algo lhe dizia.

Atenção! Algo repetia incansavelmente dentro de seu ser...

A porcaria do posto estava lotado, o que dificultava sua concentração para manter contato com seu interior e descobrir o que estava errado. Agradeceu. Quase que soltando um palavrão em conjunto com a boa educação e entrou no carro com pressa... Colocou as mãos no volante e respirou fundo.

Porque estava com tanta pressa? Que angústia e presságio eram esses?

Bella tentou abrir a gaveta mais uma vez e teve a certeza que estava mesmo trancada. Bufou, sabendo que teria que esperar para que Edward abrisse e assim, achasse o documento para dar ao advogado.

Preparou-se para se levantar, então olhou o abajur por cima da extensa mesa, franziu a testa e de curiosa que era, o levantou. Apenas para ter certeza que seria impossível que... Ficou imóvel ao constatar que ali tinha uma chave.

Ótimo! Pensou. Assim poderia agilizar ainda mais esse maldito processo de divórcio. Voltou a se sentar e colocou a chave na pequena fechadura, girou e a gaveta destravou como ela imaginava...

Edward estacionou em sua vaga com a mesma velocidade que tinha dirigido até o condomínio, apertou o botão do elevador e murmurou mil pragas, ao constatar que ele estava parado no último andar.
Deu um soco na porta do elevador chamando atenção de um casal de idosos que ia em sua direção.

Estava acontecendo alguma coisa, algo estava errado, sabia disso, podia sentir...

Bella abriu a gaveta vendo que ali tinha: uma pasta cinza e um envelope amarelo.
Na pasta cinza encontrou os benditos dos documentos do divórcio, abriu já pegando o telefone para ligar para o advogado. O primeiro documento era sobre o contrato, Díaz atendeu rapidamente e ainda mais rápido, desligaram. Só precisava mesmo da confirmação.

Bella guardou o documento novamente na pasta, direcionando-a a gaveta para arrumar o envelope que quase veio junto no processo de retirada. Então, debaixo do envelope alguma coisa chamou sua atenção...

Edward abriu a porta dando de cara com a grande sala vazia.

Ed – Bella?

Chamou- a rapidamente, indo até a cozinha e o banheiro de baixo, não a encontrando ali.

Ed – Baby, ainda está no banho?

Não obteve resposta mais uma vez, subiu as escadas caminhando pelos cômodos, entrou no escritório e finalmente a encontrou...

Ed – Hey, não me ouviu te chamar?

Viu Bella levantar os olhos e sorrir para ele negando com a cabeça. Ela estava em sua própria mesa, assinando certamente alguns prontuários.

Bella - Desculpe, estava distraída com esses prontuários. Abasteceu o carro?

Edward assentiu. Seu coração batia aceleradamente fora do normal e sua respiração ofegante, parecida com quem tinha corrido 10 quilômetros sem parar...

Bella – Está tudo bem amor?

Levantou-se caminhando na direção de Edward.

Bella – Está suando frio!

Edward abraçou Bella com força, apertando os olhos com ainda mais força.

Bella – Hey, o que foi?

O acariciou nos cabelos, sentindo o coração de Edward batendo com tanta rapidez...

Ed – Não é nada. Apenas me senti mal no caminho, acho que foram suas panquecas...

Ela o olhou nos olhos e ele lhe sorriu, arrancando então um suspiro de alívio e um sorriso divertido dos lábios de Bella.

Bella – Bobo!

Ele lhe beijou os lábios.

Ed – Vou lavar o rosto, me espera na sala? Saímos em um instante.

Bella assentiu vendo ele sair rapidamente pela porta do escritório, mas então ele parou e se virou, olhando-a de cima a baixo com um sorriso maravilhoso.

Ed – Você está linda!

Bella sorriu, com os olhos mais brilhantes e cristalinos do que o normal...

Bella – Obrigada.

Ed – Alguém me ligou? – se lembrou de repente - Esqueci que Díaz me ligaria hoje pela manhã...

Bella – Não.

Ela o olhou nos olhos erguendo o queixo.

Bella- O telefone não tocou desde que você saiu de casa...

Edward assentiu, antes de novamente caminhar para fora do escritório.

Parou abruptamente no corredor.
Seu sorriso se desfez e seu coração pareceu parar de bater por alguns instantes. Ficou imóvel, com a respiração ainda mais agitada, com o suor frio se instalando com mais intensidade sobre sua testa...
Sentiu a presença de Bella em suas costas, virou-se de uma vez e a encontrou parada, também imóvel. A encarou nos olhos tão profundamente...

Ed – Você está mentindo.

Sussurrou o suficiente para que descesse os olhos até as mãos de Bella e constatasse que ela segurava aquele maldito prontuário e a porcaria daquela carta. Engoliu em seco com as mãos já tão trêmulas, quanto seu queixo.

Bella – Sim, eu estou mentindo...

Ela mordeu os lábios, franzindo as sobrancelhas que denunciava o controle sobrenatural que fazia para não se derramar em lágrimas, ergueu a mão mostrando os papéis que Edward já tinha visto.

Bella – E você também está!

Ed – Bella...

Bella – BELLA O QUÊ? PARE. DE. MENTIR. PARA. MIM!

Ponteou cada palavra e Edward deu um passo para trás com seu corpo tremendo com uma intensidade assustadora, jamais, jamais tinha sentido o que sentia neste momento...

Bella – O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ? O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ESSES MALDITOS PAPÉIS? O QUE VOCÊ ME ESCONDE, EDWARD?

Respirou com força abaixando o tom de voz quase que em um sussurro.

Bella – Quem é você?

Edward não movia um único músculo.
Seus olhos bem abertos continham o medo visível de um coração que estava prestes a se estilhaçar...

Seu coração ia ser partido.

Ele tinha algo mais naquela vida sem ser seu coração?
Sem ser Bella que ocupava todo o espaço desse órgão?

Sentia espasmos por todo o corpo, seus pêlos estavam arrepiados dos pés a cabeça. Em seu estômago ondas se agitavam feito o mar com ressaca, lhe causando um tremendo desconforto...

Olhou naqueles olhos chocolates tão cristalinos pelas lágrimas...
Olhou naqueles olhos que esperavam por uma resposta, que imploravam por uma explicação...

Uma explicação que Edward não poderia dar.

Engoliu a saliva e por fim seu corpo obedeceu a sua mente, deu um passo à frente em direção a Bella.

Deus! Estava tão linda...

Bella – Edward?

Ela voltou a sussurrar, com os olhos quase não mais conseguindo conter as grossas lágrimas, seu rosto assustado, porém paciente, esperava e esperava...

Edward ouviu seu nome mais uma vez e deu outro passo em direção a Bella, que mais uma vez franziu a testa, respirando profundamente, na tentativa alucinada de manter o controle...

Bella – Pelo amor de Deus... – Ela suplicou – Diga-me o que está acontecendo.

Edward franziu a testa cerrando os punhos, debilmente negou com a cabeça, informando a ela em mudas palavras que não podia, que não podia lhe dizer o que acontecia...

http://www.youtube.com/watch?v=tqxDUMcVjws

Bella – Não?

Ela murmurou.

Bella – Não o que? Não pode me dizer? É isso que está me dizendo? QUE NÃO PODE ME CONTAR O QUE TANTO ESCONDE?

Edward apertou os olhos com força, tentando inutilmente se controlar, aquela era uma das raras vezes que vira Bella gritando daquela forma.

Bella – Pelo Amor de Deus Edward! O que estes papéis estão fazendo com você? Porque vem agindo de maneira tão estranha e desconfiada em relação ao Senhor Perez? Porque não quer ir ver Rose? Porque não me disse que algo está acontecendo? Porque me olha dessa forma? Porque jamais voltou a falar sobre o passado? O que há no passado Edward? O que há de misterioso por trás desses seus olhos, eu preciso, Santo Deus, eu preciso saber!

Ele permaneceu calado para o tormento de Bella, ela baixou as mãos respirando com dificuldade, tentando imaginar algo, algo de tão grave que estivesse acontecendo para que ele não pudesse lhe dizer.

Ele estava com algum problema de saúde?

Ele estava passando por alguma dificuldade ou com problemas na família?

Edward tinha família?

Bella – Me escute...

Rogou ela mais uma vez entregando seu coração em uma bandeja a Edward.

Bella – Foi algo que eu fiz? Acontece alguma coisa com seu trabalho? Está passando por alguma dificuldade financeira, está...

Ed - Pelo amor de Deus, Bella...

Ele conseguiu dizer, com o peso da culpa pesando tanto sobre seus ombros que mal conseguia parar em pé.

Ed – Você não fez nada.

Se aproximou ainda mais, ficando em frente a ela, notando o pânico e o medo visível naqueles olhos tão perfeitos.

Ed – Não fez nada...

Repetiu acariciando o rosto perfeito dela.

Bella – Então me diga o porquê de tantos mistérios... – olhou nos olhos dele – Eu tenho respeitado o seu espaço desde do começo, tenho entregado tudo de mim sem pedir nenhuma única informação sobre você. Eu tenho respeitado seu jeito calado e apaixonado de ser, mas Edward... Não faria amor com você outra vez, sem que te perguntasse o que você me esconde!

Respirou fundo, observando que ele mantinha a mesma expressão de angústia.

Bella – Confie em mim, talvez eu possa te ajudar!

Aproximou-se ainda mais, tocando no rosto de Edward, com a voz lhe faltando pelas lágrimas... Bella estava completamente desesperada.

Bella – Há outra mulher? Cansou de mim? Cansou de nós?

Ele negou firmemente com a cabeça, mas sem proferir palavras.

Bella – EDWARD FALE COMIGO!

Deixou que outro grito descontrolado escapasse de sua garganta. Sentiu que o vento lá fora se tornava intenso, uma tempestade poderosa iria cair, o céu parecia escurecer em uma rápida velocidade.

Bella o tocou na testa, o rosto...

Bella – Está com problemas de saúde? Problemas em sua família? Tem uma família, querido?

Deixou um gemido baixo escapar, segurando o choro por alguns segundos.

Bella – Confie em mim... Sou sua mulher, lembra? – Abriu um sorriso de nervoso – Sou sua mulher, sua futura esposa... Não tem porque esconder algo de mim. Porque estava com esses papéis, Edward? Perdi a carta e a encontrou? Foi isso? Perdi, e você a encontrou guardando-a pra mim?

Esperou por mais uma resposta que não veio.

Sentiu Bella se afastar e as mãos que o acariciavam no rosto permanecerem no alto, olhando nos olhos dele com uma expressão completamente vulnerável.

Ed – Eu sinto muito Bella...

Ele disse, tão emocionado e trêmulo como ela.

Ed – Eu sinto muito baby, mas não posso te falar.

Bella permaneceu com a testa franzida, desceu as mãos e limpou rapidamente uma lágrima que tinha deslizado teimosamente pelo seu rosto.

Bella – Porque não pode me contar? O que há de tão grave por trás dos seus olhos que eu, sua mulher, não posso saber? OLHE PRA MIM, EDWARD!

Ed – Não posso...

Bella – OLHE-ME EDWARD!

Ele negou com a cabeça e Bella deixou que outro gemido escapasse de seus lábios.

Bella – É isso. Você tem outra mulher?

Ed – Não.

Se aproximou dela com muita rapidez. Olhando-a nos olhos, colocando uma mão do lado de cada lado do rosto de Bella emoldorando-a, mantendo ela bem próxima ao seu rosto.

Ed – Não há outra mulher está me entendendo? Só existe você! DROGA BELLA!DEIXE ESSE MALDITO PASSADO, DEIXE ESSE MALDITO PASSADO PARA TRÁS!

Bella – De que passado fala Edward? Deus! Você se lembrou de algo?

Ele empalideceu ainda mais, se é que isso era possível.

Bella – Descobriu algo sobre nós? Como nos conhecemos, como... - Calou-se por alguns instantes. – Eu entendo que estava distraída, ausente. Eu entendo que com a perda do meu pai tudo acontecendo tão depressa, esqueci de pensar sobre isso, de pensar sobre o nosso passado e...

Ed - Você prometeu que o nosso passado ficaria para trás.

Bella – O que tem nosso passado de tão ruim que deve ser assim, enterrado?

Colocou as mãos sobre o rosto dele da mesma forma que ele fazia com ela.

Bella – Lembrou-se de algo? Algo que não gostou?

Edward engoliu a saliva grudando suas testas, descendo as mãos para a fina cintura de Bella.

Bella – Edward - Ela choramingou em desespero – Por favor, converse comigo.

Ele a abraçou com força, enterrando a cabeça naqueles cabelos tão cheirosos e sedozos. Rodeou a cintura dela com seus braços, trazendo-a de encontro ao seu corpo, até que Bella tirasse os pés do chão.

Ed – Não posso... Não me peça isso, me peça qualquer coisa, qualquer coisa Bella. Isso tem que ficar guardado comigo, não é da vontade do destino que isso interfira em nossas vidas. Pelo amor de Deus, esqueça, esqueça isso!

Bella conseguiu se soltar do abraço forte que ele lhe dava, o olhou nos olhos com tanta tristeza que Edward se perguntou se ela voltaria a olhá-lo com aquele olhar fascinante, com aquele sorriso maravilhoso.

Ela pegou do chão o prontuário do Senhor Perez e a maldita carta, que tinham caído em algum momento do qual ela não se lembrava. Engoliu a saliva com dificuldade e deixou que outro gemido escapasse de seus lábios.

Bella – Não posso.

Disse abrindo outro sorriso extremamente nervoso.

Bella – Não posso esquecer quando só há coisas a serem lembradas. Não quer me contar, ótimo! Eu descobrirei sozinha, Edward.

Ele arregalou os olhos com a respiração completamente ofegante.

Bella – Pois eu sei que sabe, sei que sabe que eu vou me lembrar, e quando isso acontecer, voltaremos a nos ver e então discutiremos a verdade sobre os fatos.

Ed – Não faça isso. Não faça isso comigo, Bella! Não posso, não consigo se quer fazer qualquer coisa sem você.

Bella – PODE SIM. – ela gritou mais uma vez– PODE ME ESCONDER SEGREDOS QUE SÃO LIGADOS NÃO SÓ A VOCÊ, MAS TAMBÉM A MIM. O que há de tão misterioso entre eu e você, Edward? É disso, não é? É de você que falo nessa carta não é? -Ergueu a mão mostrando a carta para Edward – Esteve comigo no hospital quando Perez apareceu pela primeira vez não foi?

Edward se virou de costas, não podia encará-la.

Bella – É por isso que queria que eu não fosse mais sua médica? É por isso que pegou esse prontuário? Para que eu não visse datas? Para que não conferisse horários? POIS É ISSO QUE IREI FAZER!

Sentiu seu rosto corar violentamente, e a cada grito que dava sua cabeça rodava ligeiramente por alguns segundos.

Bella – IREI CONFERIR DATAS, PESSOAS, E IREI CAÇAR CADA UM QUE TE CONHEÇA. POIS É IMPOSSÍVEL QUE NINGUÉM O TENHA VISTO NESSE MUNDO, EDWARD... Escondeu a carta para que não tivesse perigo de eu a ler quando as coisas se tornassem piores, quando eu começasse a recordar, quando eu começasse a desconfiar de você.

Ed – Pare.

Bella – ANDA MANIPULANDO MEUS PASSOS, MEUS ATOS PARA QUE JAMAIS DESCONFIASSE QUE ME ESCONDE ALGO, QUE TE LEMBRA SOBRE NÓS DOIS.

Ed - Pare.

Bella – O QUE HÁ DE TÃO RUIM QUE NÃO POSSA ME CONTAR EDWARD? O QUE FIZEMOS DE TÃO PROIBIDO QUE NENHUM SER HUMANO TENHA FEITO NESTE MUNDO?

Edward a olhou, sua garganta estava seca, nuas narinas inflavam com a intensidade de sua respiração. Bella estava com os olhos mais vermelhos que o próprio rosto.

Ed – TUDO... Eu fiz tudo o que nenhum humano faria.

Bella se calou de imediato. Com seu corpo tremendo de nervoso, angústia e medo. Sentia a cada palavra de Edward...
Abaixou a cabeça fazendo um sinal de negação, como quem dizia que havia desistido.
O silêncio reinou pelo corredor até que a chuva e os raios desabassem sobre a cidade.

Edward já não conseguia segurar as emoções!

Talvez tivesse feito por tanto tempo, que seu corpo sacudiu em um soluço, então em outro, até que se formasse um choro que indicava o desabafo de seu interior, jamais tinha chorado daquela maneira, não nessa nova vida.
Estava assustado.

Seu coração batia tão rápido que suspeitava que logo pararia completamente, como em um infarto...
Não sabia o que fazer, não podia olhar nos olhos dela, não podia abrir os lábios sem que deles, a verdade escapasse, e em vez de tristeza, visse nos olhos de Bella um sentimento que poderia bater de frente com o amor...

Ódio.

Ela o odiaria se soubesse da verdade e Edward, e isso, ele não poderia suportar.

Murmurou uma centena de pragas.

Porque não tinha queimado aqueles malditos papéis?
Porque simplesmente a vida e o destino não poderiam apagar de uma vez por todas, qualquer vestígio daquele passado...

Ele estava ali por um motivo, amar Bella e ser amado por ela.

Se esse motivo, ali, não mais existisse, o que um homem que havia aprendido tudo com aquela mulher, poderia fazer da vida sem ela?
Não havia vida sem Bella...
Não havia vida antes de Bella...

Bella era sua vida!

Se o destino lhe tomasse ela, seria o mesmo que lhe arrancasse sua vida.

“Sua vida”

Aquilo de repente lhe soou tão impróprio de se dizer...

Tiziano Ferro - Sere Nere

http://www.youtube.com/watch?v=Ga9sIlmVh50

Bella – O que eu fiz, para que não ter um pingo da sua consideração e confiança ? O que houve para que tudo desmoronasse assim, Edward? O que mudou entre nós, desde o dia que entrou no meu apartamento para me fazer amor até o dia de hoje?

Ed – Bella...

Bella – Não!!! Quer saber...?

Colocou-se na frente de Edward, levantando o queixo dele para que a olhasse nos olhos.

Bella - Eu o amo demais para permitir que seus segredos acabem com algo de mais perfeito, que tenho em vida!

Negou com a cabeça com veemência.

Bella – Não posso permitir que saia da minha vida. Pois você nesse instante é minha vida... Entende o que falo?

Respirou profundamente, tentando manter o tom de sua voz alto o bastante, para que ele não desviasse a atenção.

Bella – Te perdôo por me magoar agora...

Mordeu os próprios lábios trêmulos.

Bella – Perdi meu pai, não posso perder você! Eu sei que sabe... Eu descobrirei o que se passa Edward, com você me dizendo ou não. Acredite, eu o sinto. Deixarei que esfrie a cabeça e veja se é dessa forma que quer fazer, se é dessa forma que quer agir, mas que fique bem claro...Que fique bem claro Edward, que não te perdoarei se mentir para mim uma segunda vez!

Edward engoliu a saliva e segurou a respiração.

E se perguntou mais uma vez, por onde Bella havia estado escondida e que “ele”, “Edward”, não tinha a achado antes??????

Nesse momento queria se auto socar até que não sobrasse uma única característica ou forma em seu rosto.
Seria mais fácil de suportar se ela gritasse, se ela lhe estapeasse o rosto e desejasse que ele fosse para inferno...
Mas não estava preparado para aqueles olhos que imploravam que ele o culpado, não a abandonasse...
Não estava preparado para ouvir o que ela havia lhe dito!

Ed – MEU DEUS, Bella...

Ele deixou escapar de seus lábios antes que seus olhos o traíssem mais uma vez. Suas mãos percorreram aquele rosto tão belo, seus olhos miraram com profundidade aqueles olhos tão perfeitos, olhos que rogavam para que ele dissesse algo, qualquer coisa que fosse...

Poderia ele se perdoar algum dia?
Poderia ele ser capaz de trocar seus princípios por amor, como Bella fazia naquele instante?

Bella esperou que ele lhe dissesese algo, algumas daquelas palavras que só ele podia dizer para lhe acalmar o coração e alma. Esperou que ele a abraçasse daquela forma que só ele sabia fazer. Esperou que ele dissesse que iria passar...

Ed – POR DEUS MULHER! Como pode ser tão perfeita?

O abraço que ela esperava chegou com força total. Amassando-a contra aqueles músculos tão fortes que tantas vezes tinha lhe acolhido de forma tão carinhosa, quanto prazerosa...

Ed – Porque você faz isso comigo? Que algum dia você possa me perdoar por todos os meus pecados...

Deixou que um soluço escapasse de seus lábios, seguidos por um soluço alto que Bella liberou...

Bella – Você é meu anjo... – sorriu – Nem se você quisesse pode ter pecados é meu salvador! Porque me olhou e velou meu sono quando a única coisa que eu poderia lhe oferecer era minha dor... Porque prometeu ao meu pai, que com todo seu amor cuidaria de mim e me amaria... Porque a mim proferiu palavras bonitas, propôs casamento e filhos...

Respirou fundo.

Bela – O que quer que tenha guardado por trás desses olhos, não pode ser tão terrível que apague o sentimento que sinto por ti. Sabe Deus o que seria de mim sem você para me acudir quando meu pai me deixou tão de repente. Eu só rogo para que confie em mim e divida comigo seus segredos, pois não posso deixar que parta de minha vida Edward, não sou forte para isso, é o único homem que me amou e que me tocou por inteira, é o único homem do qual penso em ter filhos, do qual penso que posso ser plenamente feliz... Por isso volto a lhe pedir que confie em mim...

Sua voz sumiu por alguns instantes.

Bella – Meu amor confie em mim, sou sua, de corpo e alma, em qualquer lugar, em qualquer vida!

http://www.youtube.com/watch?v=mPAeOlTvcmo

Ed – Bella... – Apertou os olhos – Pelo amor de Deus, Bella!

Segurou com mais firmeza o corpo da mulher.

Ed – Se te contasse meus pecados te perderia... Compreende-me baby? Posso conviver com a sua desconfiança, mas jamais poderia viver sem seu amor...

Bella – Meu amor é seu, seja lá o que esconde.

Ed – Não é tão fácil...

Bella – Sim, é fácil! O que de tão grave no mundo pode ter feito você, para que o ódio vença meu amor. Que é tão grande, por todos os deuses, é tão grande!

Ed – Roubei seu amor de outra pessoa...

Bella – Não. Você me trouxe o amor.

Ed – Roubei a devoção e sua atenção de outro homem...

Se separou dela.

Ed – Sou um pecador e Deus sabe disso, Bella. E quando você souber também, me condenará como tal!

Bella - Diga-me o que te torna um pecador. Compartilhe seu pecado comigo Edward, se for o certo, irei para inferno com você!

Ed – Jamais, o céu é seu Bella... – Franziu as sobrancelhas – O Céu é seu amor, nunca pense diferente!

Bella – Não acredita em mim?

Sussurrou com a voz abafada pelas lágrimas.

Bella – Nada nesse mundo o torna tão pecador do que não me amar do jeito que o amo, essa é a única coisa pela qual eu não te perdoaria, pois eu não aceitaria!

Ed – Meu amor é seu Bella e tudo mais que eu possuir nesta vida!

Por fim conseguiu acalmar-se, respirar fundo...

Ed - Não pertenço a esse mundo e as consequências por querer pertencer, serão irreversíveis... Tomei atitudes e decisões, que agora, me questiono se foram as certas...

Bella – Se questiona se é certo me amar?

Ed – Não. Me questiono se é certo tudo o que fiz por te amar.

Um gemido estrangulado escapou dos lábios de Edward.

Ed – Não faz idéia de como começamos Bella...

Se aproximou novamente dela.

Ed – E me torno ainda mais pecador por não poder lhe dizer, que tudo o que eu fiz me trouxe diretamente a você...

Bella – Do que fala Edward? Por Deus, me diga do que fala??

Ed – Eu falo do que acontece sem que os humanos possam ver. Eu falo do que acontece quando um “homem” como eu, se apaixona por uma mulher como você.

Bella – O que acontece quando um homem como você, se apaixona por uma mulher como eu?

Ed – Destinos são mudados Bella...Escolhas são feitas...O universo passa a girar para um outro lado desconhecido...

Bella – E como sabe disso?

Edward molhou os lábios, sua voz se tornando ainda mais baixa, mas ainda simcom presença...

Ed – Porque eu já estive do outro lado.

Bella – E qual é o outro lado Edward?

O silêncio reinou por alguns instantes, tudo o que se ouvia era o barulho da chuva e as batidas intensas de dois corações...

Bella – Qual é o outro lado Edward?

Ela voltou a perguntar, com a voz sumindo e o controle escorrendo por seus dedos.

Bella – Droga Edward! Qual é o outro maldito lado?

Ed – Eu te amo Bella... Sempre amei, sempre amarei.

Bella franziu a testa, o que ele queria dizer com aquilo?

Estava lhe dizendo adeus?
Estava repetindo suas próprias palavras?
Sentiu ele se aproximar, colar suas testas e então beijá-la nos lábios.

Ed – Vá para casa de sua irmã...

Bella negou com a cabeça.

Ed – Vá até lá e depois vá até a casa de Rose, e a tranquilize com sua voz tão serena e acolhedora... Vá até a casa de Perez...

A beijou nos lábios mais uma vez, deixando que livremente as lágrimas escapassem de seus olhos.

Ed– Descubra a verdade. Pois eu sou um covarde... Não posso lhe contar. Descubra a verdade e se julgar que ainda pode, que ainda pode me amar, volte para mim.

Bella o segurou com força pela blusa.

Bella - NÃO QUERO TE DEIXAR...

Ed– Descubra... Descubra toda a maldita verdade, e então volte para mim...

Bella – NÃO FAÇA ISSO COMIGO!

Ed – Não posso. Não posso me pôr dentro do seu corpo novamente, sem que você saiba com que está fazendo amor.

Bella – SEI COM QUEM FAÇO AMOR, COM VOCÊ, COM VOCÊ EDWARD...

Ed – Vá Bella...

Ele a soltou, virando-se de costas rapidamente para conter o pranto desesperado que lhe invadia o peito.

Bella – EDWARD...

Ed – Vá agora! Pelo amor de Deus, vá Bella!

Bella – Não faça isso comigo...

Ed – Um dia talvez você me agradeça...

Bella - Não faça isso comigo Edward. Não sei amar, não sei viver sem você.

Edward se virou com tanta rapidez que Bella assustou-se, e em uma fração segundo ele a pegava com força e a encostava à parede.

Ed – DESCUBRA A MALDITA VERDADE, PORRA!

Ele lhe gritou com força e com fúria, deixando que de sua voz a dor e a angústia falassem por si só.

Ed – ESTÁ ME ESCUTANDO, BELLA? MERDA! NÃO SEJA FRACA, NEM SEJA TOLA...

Sacudiu- a pelos ombros.

Ed – DESCUBRA! AGORA, QUEM QUER QUE VOCÊ DESCUBRA, SOU EU! E MESMO DEPOIS DE TODA A VERDADE, VOCÊ AINDA ME ACHAR DIGNO... VOLTE PARA MIM.

Bella ficou estática, encostada firmemente a parede com o corpo de Edward pressionando-a.

Os olhos cristalinos de Edward, denunciavam todo o pavor e dor que sentia.
O que ele estava fazendo?Não conseguia falar, não conseguia respirar nem emitir uma única reação.
Queria gritar, queria chorar, queria fazer perguntas...
Queria seu “Edward” novamente.

Suas sobrancelhas se franziram e de seus olhos as grossas lágrimas escorriam com uma cachoeira.

Ed – Vá...

Ele murmurou tão dolorido como ela.

Ed – Vá Bella. Antes que nem Deus possa impedir minhas ações e reações... Somente Vá.

Edward saiu de perto dela e tão rápido como havia a encostado na parede, soltou-a, virando-se rumo à porta de saída do apartamento.

Os seios de Bella subiam e desciam em uma respiração ofegante. Assim que uma estrondosa batida de porta foi ouvida, Bella apertou os olhos e um grito alto de dor escapou de seus lábios. Bradou alto um nome:

Bella - EDWAAAAAAAAAARD!

Depois gritou por ajuda ao único homem que aqui, não mais estava...

Bela – PAPAAAAAAAAAI!

Bella soluçou sem parar, com seu corpo deslizando pele parede, consumida por um dor forte e um arrepio por todo seu corpo.
Por longos minutos permaneceu assim... E então uma doce caricia do vento, que de algum lugar batia em sua pele e lhe aquecia a alma, conseguiu se levantar. Ouviu algum barulho de algo batendo, nessa mesma hora seus olhos se abriram, tomada por uma força inexplicável.

Limpou o rosto agora tão borrado, abaixou-se e mais uma vez tomou pegou em suas mãos a carta e o prontuário.
Caminhou até a sala em passos lentos, pegando sua bolsa que estava no sofá e antes que pudesse deixar o apartamento, a janela da sala bateu com força...

O dia já escuro, se tornou ainda mais escuro. O vento chacoalhava as plantas e as árvores lá em baixo, onde pessoas corriam para se abrigarem do temporal.

Bella não se cobriria do temporal.

Algo dentro dela avisou: que o verdadeiro temporal ainda nem tinha começado...

http://www.youtube.com/watch?v=cGzKCTDGxbU&feature=related

Edward dirigia até o limite da razão e da loucura, estava em um estado tão conturbado que se amaldiçoou quando o carro quase perdeu a direção, indo de encontro ao poste.
Estacionou em qualquer lugar, colando a testa ao volante enquanto sua consciência gritava "covarde" e ao mesmo tempo lhe dizia que era o certo a se fazer.

Ed – Oh, Senhor Deus... - Deixou escapar entre os soluços – Eu sinto muito...

Murmurou com os punhos fechados, ouvindo o barulho violento das grossas gotas de tempestade caia contra o capô do carro.

Ed – Esse é o preço por se amar nesse maldito mundo?

Outro gemido estrangulado escapou de seus lábios.

Ed - INFERNO...!

Socou o volante, uma, duas, três, quatro vezes.

Ed – Para quem peço “eu” ajuda, quando se vira as costas para a eternidade?

Edward bateu com a testa no volante seguidamente, para depois socá-lo mais uma vez.

Ed – Como pode nem um anjo vir ao meu socorro? VOCÊS PODEM ME ESCUTAR, EU SEI QUE PODEM...

Edward deixou o carro com fúria no meio da estrada, dando-se conta da intensidade da chuva e do vento forte que se fazia fora do calor do carro...

Ed – O QUE FAÇO AGORA?

Olhou para cima, abrindo os braços em direção ao céu, sentindo as grossas e doloridas gotas de chuva batendo sobre a pele, causando um arrepio intenso, estava completamente encharcado...

Ed – ESSE É O CASTIGO QUE SE RECEBE POR AMAR TANTO ALGUÉM NESSE MALDITO MUNDO?

Um trovão forte ecoou no céu, desenhando aquele traçado iluminado até a ponta do horizonte. Edward encostou-se no carro, apertou os olhos deixando que o choro invadisse seu ser...

Sentia medo, frio e dor...

Sentia que o melhor teria sido que ele estivesse em seu lugar, olhando de cima, protegido das intensas emoções que rodeiam os humanos.

Deus, sem ninguém para guiá-lo o que faria Edward naquele maldito mundo?

Bella iria se lembrar.

Bella iria descobrir.

Bella jamais o perdoaria!


Abriu os olhos para ver um carro para a sua frente, um grande carro, parecido com uma limusine.

O vidro do carro abaixou lentamente e Edward olhou quem de dentro olhava para ele com um belo sorriso no rosto.

xxx - Está sendo muito mais fácil fazer o seu serviço, do que você fazer o meu? É difícil ser um homem não é, senhor Cullen?

Bella tomou outro gole de vinho tentando ao máximo escutar o que sua bela irmã falava. Alice abraçada com Jasper no sofá logo ao lado do seu, tentava conversar alegremente com a irmã enquanto acariciava a grande barriga, da qual logo nasceria um lindo bebê...

O almoço tinha seguido de forma mais tranqüila, percebendo que algo estava errado, Alice e Jasper tinham optado por assuntos mais amenos e nada relacionados a Edward.
O telefone tocou e Jasper com um beijo terno nos lábios da esposa se levantou para atendê-lo.
Era raro o dia que ele passava em casa sem atender um único telefonema. Ser presidente das empresas Swan era uma grande responsabilidade, ser pai e marido eram ainda maiores.

Jasper desempenhava sua função com perfeição, e sabia que não poderia agradecer jamais o voto de confiança que seu sogro tinha lhe dado.

Jasper tinha um compromisso com aquelas duas mulheres, e Alice não poderia falar nada menos do que seu marido, ser perfeito em todos os aspectos.

Olhou a irmã nos olhos confirmando suas suspeitas, ela tinha chorado e muito...

Alice – O que houve, querida?

Aproximou-se de Bella, sentando-se ao seu lado no grande sofá.

Alice – Acontece algo com Edward?

Bella olhou a irmã e seus olhos mais uma vez se encheram de lágrimas.
Sentia uma aperto no coração, uma vontade de chorar e gritar, até que sua garganta não pudesse mais suportar.

Bella – Acho que estamos dando um tempo.

Disse quase em um murmúrio, viu o olhar surpreso que sua irmã lançou.

Alice – Mas o que houve querida? Eu tinha certeza que...

Bella – Há segredos, Alice...

Limpou as lágrimas com seu nariz novamente se tornando vermelho.

Bella – Há tantos segredos que precisam ser desvendados antes que sigamos.

Alice – Segredos? Que segredos, querida?

Alice percebeu o silêncio de sua irmã. Deveria consolá-la, e não enchê-la de perguntas.

Alice – Escute...

Bella a olhou, deixando que de seus olhos as lágrimas escapassem livremente.

Alice – O que quer que esteja acontecendo, o melhor é que seja resolvido e desvendado o quanto antes.

Bella assentiu.

Alice – Segredos e mentiras não são bases para um casamento, Bella. Fidelidade, respeito e amor constroem um casamento. Se Edward é seu, ele será seu, querida. Não importe o tempo que levar...E eu estou aqui Bella, sua irmã, sua amiga, sua mãe quando for necessário.

Ambas se emocionaram.

Bella – Não posso respirar sem Edward, Alice.

Alice sorriu, com seus olhos ardendo em emoção.

Deus! Tinha esperado por tanto tempo que o coração de sua irmã se enchesse de amor.

Bella - Ele me esconde segredos, mas ao olhar nos olhos dele percebo que ele me ama. Eu sei que ele me ama Alice, mas o que há de tão grave que o nosso amor não posso suportar? Sou dele, me entreguei a ele de todas as formas que uma mulher pode se entregar a um homem. Dividi meus segredos, minhas dores... Mas agora ele parece tão distante de mim. O que pode ser tão grave, Alice? O que pode ser tão grave para que nosso romance termine assim?

Alice – Nada está terminado, querida! Oh Bella...

Abraçou a irmã com carinho, lhe acariciando os cabelos.

Alice – Há tanto sobre amor que eu gostaria de lhe explicar...Nada é assim tão rápido, feliz e excitante. Amar implica responsabilidades, dores, alegrias e um montante de sentimentos que jamais nós humanos poderíamos explicar.

Bella – Preciso saber da verdade Alice, preciso descobrir sobre a verdade que Edward fala...

Alice – Então descubra meu bem. Mas percorra o caminho ciente de que pode não gostar do que vai encontrar.

Bella olhou nos olhos de Alice e assentiu.
Estava preparada para qualquer coisa, menos deixar que Edward saísse de sua vida.
Precisava voltar no tempo, rever detalhes, botar sua mente apagada para funcionar, precisava de fatos, de provas e de verdades.

Bella – Alice? Pode me dar a carta do papai?

Alice franziu a testa, porém assentiu.

Bella – Gostaria de ficar com ela por algum tempo...

Alice – Sem problemas... Está lá em cima, pedirei a Jasper trazer.

Bella – Obrigada... – Limpou as próprias lágrimas- Obrigada, Ali!

Alice sorriu e Bella acariciou a barriga da irmã.

Mal podia esperar para ver o rostinho de seu sobrinho, de pegá-lo nos braços e o embalar até que ele dormisse, sentiu-se feliz por Alice.
Sentiu-se feliz pela vida bela e calma que sua irmã estava levando.
Então seu sorriso desapareceu quando imaginou sua própria vida...

Sem Edward ao seu lado...
Sem o amor dele para lhe aquecer o corpo e a alma...
Sem seus filhos para embalar nos braços e ensinar as primeiras palavras...

Alice – Bella?

Alice a chamou pela terceira vez, Bella a olhou.

Bella – Preciso ir Alice.

Alice assentiu surpresa.

Bella – Dê um beijo em Jasper e me ligue se qualquer coisa acontecer.

A irmã voltou a assentir.

Alice – Aonde vai querida?

Bella – Visitar um paciente...

Alice – Emmett?

Bella negou com a cabeça, deu um beijo em Alice pegando sua bolsa.

Bella – Perez.

Alice – E a carta?

Bella – Tem razão, a carta, onde está?

Alice – No escritório, na segunda gaveta.

Bella mais uma vez agradeceu.

Com a carta na mão dirigindo seu carro com velocidade,
perguntou o motivo de seu sexto sentido estar gritando para que falasse, para que ouvisse Perez...

Ed – O que está fazendo aqui?

xxx - Até o inferno escutou seus gritos moleque! Vai pegar um resfriado e serei obrigado a vim lhe fazer uma visita adiantada.

Ed – Você... Você não poderia estar falando comigo... Eu não poderia me lembrar de você...

xxx – É... De fato! Isso é pra você vê a confusão que você armou! Entre, não estou com paciência para os dramas humanos...

Edward entrou na limusine molhando os bancos de couro, seus cabelos caiam pela sua testa e seus lábios roxos tremiam, denunciando o frio que sentia.
Olhou o homem a sua frente...

Ed – O que está fazendo aqui? Não pode estar aqui...

xxx- Claro que posso! Eu posso estar a onde eu quiser estar...

Ed – Não, não pode.

xxx- Sim eu posso... Me deu essa escolha não se lembra, “Edward”?

Edward se arrepiou dos pés a cabeça.

Essa era a sensação que as pessoas sentiam quando ele se aproximava?

Ed – Veio para me buscar?

xxx – Não! Não vim te buscar. Vim te oferecer uma oportunidade...

Ed - Uma oportunidade?

xxx- Sim, uma boa oportunidade.

Ed – Que oportunidade?

xxx - Você pode voltar Edward...

Edward franziu a testa, sentindo que seu corpo estava perfeitamente aquecido. Olhou nos olhos divertidos do homem a sua frente...

Ed – O que quer dizer com voltar?

xxx - Quero dizer que pode voltar no tempo.

Ed – Não. Não se pode voltar no tempo...

xxx – Sim. Pode voltar no tempo... Suas escolhas serão desfeitas. As conseqüências não existirão e nada disso terá acontecido.

Ed – Nada disso o quê?

xxx - Nada do que viveu nos últimos meses... Nenhum acidente, nenhuma morte, nenhum velório, nada de lágrimas, de pessoas feridas, de pedidos de casamento...

Ed – Quer dizer que tudo o que vivi jamais terá existido, de fato?

xxx - Sim.

Ed – E como fará isso?

xxx- Eu volto para a minha vida miserável sem amor. Vivo mais alguns anos, até alguém decidir que estou pagando pedágio por aqui e venha me buscar – sorriu zombeteiro - e você volta para o seu lugar e deixa que o universo volte a girar no sentido que sempre girou...

Ed – E porque eu faria isso, Perez?

Perez arrumou a gravata e encostou-se ao banco com o característico sorriso nos lábios...

Perez – Porque você já sabe que nesse mundo, o amor jamais será o suficiente.

Edward apertou maxilar, cerrou os punhos olhando o temporal que desabava do lado de fora do carro.

xxx - E então Edward? O que vai ser?

Edward apertou os olhos com força, sentindo seu coração “tão vivo” bater de forma descontrolada. Sentia tudo ao seu redor girar.
Sentia-se enjoado e enojado...
Queria gritar, mas de sua garganta esse grito não saia. Voltou a abrir seus olhos confusos para Perez.
Deixou que uma lágrima escapasse de seus olhos tão vermelhos e atordoados.

Seu coração doía... Sua alma gritava de sofrimento, mas não tinha, não tinha outra alternativa a não ser a decisão que tomara naquele instante.

Encarou Perez nos olhos, e sua resposta saiu de seus lábios...

CONTINUUUUA =x !!!!!!!!!!