O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 9
Capítulo 9




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Após as maravilhosas férias de Natal vividas na mansão do Lord das Trevas, o grupo mais famoso da casa de Salazar Slytherin se via novamente em Hogwarts. Nesse meio tempo, os meses haviam passado como uma verdadeira flecha, e o fim do ano letivo já anunciava sua chegada. O jovem herdeiro de Voldemort, entre os excelentes resultados dos exames e jogos de Quadribol excepcionais, mostrava-se cada vez mais encantado com os passeios noturnos que fazia com sua capa de invisibilidade. Era simplesmente perfeito! Passar a conhecer cada pequeno canto da escola, estar à vontade no território de seu inimigo, mesmo com seus amigos o alertando sobre os iminentes perigos. Mas para cuidar disso estava Draco, que na maioria das vezes insistia em acompanhá-lo para garantir sua proteção, algo realmente desnecessário, mas indiscutível para o amigo. Contudo, outro tipo de preocupação assombrava o jovem herdeiro do Lord, um dado crucial para obter a pedra. Dado este que não podia ser descoberto com a ajuda de sua capa:

Como passar pelo cão de três cabeças?

Neste exato momento, os cinco Slytherins se encontravam sob a sombra de algumas árvores, no pátio da escola, aproveitando o intervalo entre as aulas de Poções e Transfiguração para discutir o assunto.

- Não encontrei nada em meus livros de criaturas obscuras que pudesse ajudar – o jovem Nott suspira, folheado mais uma vez o empoeirado livro que tinha no colo.

- Grande novidade... Esses seus livros nunca ajudam em nada mesmo, como você – Draco replica, mas notando o significativo olhar de Harry resolve se calar e aproveitar as carícias que o amigo fazia em seu cabelo.

Cabe apontar que os jovens estavam situados na seguinte disposição: Harry encostado no tronco de uma grande árvore, com Draco apoiando a cabeça em seu colo. Pansy sentada à frente do moreninho, estando entre Blaise e Theodore, sendo que o último encarava o loiro com um olhar assassino, mas se privava de comentários para não estressar ainda mais um preocupado Harry.

- Bom, eu também não consegui nada com meu pai – Harry suspira – na verdade ele sugeriu que eu lançasse um Avada Kedrava no tal cachorro, mas acho que não seria muito discreto.

Todos concordaram silenciosamente e Harry continuou:

- Pelo visto não resta alternativa, se não ir falar com o meio-gigante.

- O que? – perguntam em coro.

- Gente, sem drama, é a única coisa a fazer.

- Falar com aquele lambedor-de-botas-do-velhote? Por Salazar, deve haver outra saída!

- Infelizmente, Draco, essa é a única saída viável.

- Hum... Ok, mas eu vou com você.

- Para estragar tudo? – Theodore pergunta com desdém – Obviamente Harry precisa de um ser pensante ao lado dele.

- Que não seria você... – dá um sorrisinho de lado ao mais puro estilo Malfoy – Já que uma pedra possuiu um QI maior do que o seu.

- Você deve estar confundindo...

- Chega! – Harry interrompe – Não temos tempo para discussões bobas.

Os dois rivais se calam a contragosto. E uma sorridente Pansy toma a palavra:

- Não sei se isso vai ajudar Harryzito, mas Joanne ouviu Lucia e Emilia comentando que Roger disse ao David que falou para o Marcus que esse meio-gigante maluco só sabe falar de dragões.

Alguns segundos foram necessários para todos assimilarem a informação e em seguida, um malicioso sorriso logo surgiu nos belos lábios de Harry. Dragões... Era perfeito!

- Ótimo! Draco, levante-se logo, precisamos falar com aquele idiota agora.

O loiro não fez o amigo repetir, colocando-se em pé num salto e oferecendo a mão para ajudar o menor, como um perfeito cavalheiro. Mão esta que foi aceita com um lindo sorriso de Harry e assim seguiram até a cabana de Hagrid, onde este se encontrava sentando tranquilamente na porta tocando o que parecia ser uma flauta de madeira rudimentar.

- Eles não ensaiaram nenhum plano... – Theo comenta, tentando conter o ciúme e transparecer apenas indiferença.

- Não precisam ensaiar – a menina contesta com malícia – Não existe dupla mais sincronizada que esta, não é mesmo B?

- Sem dúvida, Pan... – sorri, observando os dois se afastarem cada vez mais.

Draco e Harry caminhavam casualmente, conversando sobre trivialidade. Ao passar por Hagrid, o pequeno Lord suspira e encara o amigo:

- É sério Dra, não sei o que fazer com aquele ovo de Dragão.

- Ora, jogue fora. Afinal, o que você poderia fazer com um perigoso Dragão Norueguês?

- Tem razão, vou lançar um feitiço para pulverizar aquele ovo e...

- ESPERE! – uma aflita voz o interrompe, fazendo o menino sorrir internamente e se voltar com uma expressão neutra:

- Pois não?

Como havia planejado, um interessado Hagrid os seguira:

- Er... Eu... Desculpe, mas não pude deixar de ouvir – suas grandes bochechas estavam vermelhas, como as de uma criança pega em flagrante ao cometer uma travessura.

- O que você quer, meio-gigante? – Draco pergunta rispidamente, mas é logo acalmado pelo amigo:

- Dra, por favor, deixe-o falar... Hagrid, não é mesmo?

- Isso! – sorri maravilhado. Harry, o pequeno de seus adorados Lily e James, sabia o seu nome.

- Então... Hagrid, está interessado num ovo de Dragão?

- Oh! Bom, isso... Isso seria maravilhoso... Digo, como um verdadeiro sonho!

- Imagino – comenta com desinteresse – Mas você tem certeza que pode cuidar de uma criatura como esta?

- Mas é claro! Para quem cuida do Fofo, um Dragão seria como um gatinho.

- Fofo? – perguntam Harry e Draco ao mesmo tempo.

A princípio Hagrid se mostra hesitante, mas logo sorri. Afinal, não havia problema em comentar sobre seu doce animalzinho com duas crianças, sendo uma delas o filho de seus adorados amigos.

- O Fofo é um cão de três cabeças muito bonzinho, mas um pouco incompreendido...

Os jovens Slytherins o encaravam em silêncio, com um único pensamento em mente: "Aquela coisa tinha nome?... FOFO?"

-... É um ótimo guardião – Hagrid continua – mas dorme como um filhotinho ao ouvir uma música.

Um sorriso logo aparece nos lábios de Harry ao ouvir aquelas palavras:

- Música?

- Exato. Uma flauta, uma harpa, até mesmo uma caixinha de música consegue derrubar aquele grandão... Hahahahahaha...

- Sei, sei... – revira os olhos – Entendo. Muito bem Hagrid, agora Draco e eu precisamos voltar para a aula, mas tenha certeza que lhe mandarei o ovo de Dragão por coruja.

Os olhos do guarda-caça brilharam:

- Oh, Harry! Obrigado. Obrigado mesmo!

- Certo, certo... Não se preocupe. Até mais.

"Idiota..."

Pensavam as duas pequenas serpentes, voltando para junto dos outros com um sorriso vitorioso adornando seus lábios.

Já sabiam como passar pelo cão de três cabeças, agora só precisavam de mais informações sobre a pedra para enfrentar qualquer encantamento que a protegesse. Esta etapa, de acordo com Harry, seria cumprida à noite, pois com sua capa de invisibilidade ingressaria na Seção Reservada. Com certeza lá estariam escondidas as informações necessárias, ou pelo menos, era isso que esperava. O tempo passava depressa, já estavam no mês decisivo e não podiam falhar. Assim, com diversos planos em mente, os pequenos e astutos Slytherins seguiram para a próxima aula do dia, na qual, segundo Pansy, Harry poderia humilhar mais alguns Gryffindors.

-x-

A lua nova já imperava majestosamente no céu de Hogwarts com os relógios marcando 23h00min, hora em que todos os estudantes deveriam estar em seu sétimo sono. O jovem herdeiro de Voldemort, contudo, era uma exceção. Com a adrenalina bombeando seu sangue, Harry se esgueirava pelos corredores sombrios mantendo a capa de invisibilidade bem sujeita ao corpo. Qualquer um que olhasse em sua direção agora, não veria absolutamente nada e isso tornava as coisas muito mais emocionantes.

A biblioteca estava escura como breu e muito entranha. Harry logo sussurrou um "Lumos" e colocou a ponta da varinha para fora da capa para enxergar o caminho entre as fileiras de livros. A Seção Reservada era bem ao fundo. Saltando com cautela a corda que separava esses livros do resto da biblioteca, ele ergueu a varinha para ler os títulos. Estes não informavam muita coisa. Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas antigas que a maioria Harry só entendia graças aos ensinamentos de seu pai, que o instruíram na magia antiga e obscura desde os seis anos, provavelmente nenhum outro aluno de Hogwarts entenderia o que estava escrito ali. Sem dúvida eram fascinantes.

- "Theo ficaria louco aqui..." – pensa com um sorriso, continuando a busca.

Alguns livros sequer tinham título. Um possuía uma mancha escura que fazia lembrar sangue. Harry arqueou uma sobrancelha interessado. Talvez fosse sua imaginação, talvez não, mas parecia ouvir um sussurro inaudível vindo dos livros, como se eles soubessem que havia alguém ali que não devia estar.

Precisava começar por alguma parte. Procurando na prateleira mais baixa um título que lhe ajudasse, um grande volume preto e prata chamou sua atenção: "Rituais obscuros com artefatos mágicos – comprima a morte num livro". Puxou-o com esforço, porque era muito pesado, e equilibrando-o nos joelhos, deixou-o abrir ao acaso.

Um grito agudo de gelar o sangue cortou o silêncio – o livro está gritando! Harry fechou-o depressa, mas o grito não parou, uma nota alta, contínua, de furar os tímpanos. Amaldiçoando até a décima segunda geração do autor, o jovem Slytherin ouviu passos que vinham pelo corredor do lado de fora e não pensou duas vezes antes de enfiar o livro de qualquer jeito no lugar e correr para valer. Passou por Filch quase à porta. Os olhos claros e arregalados do zelador atravessaram-no, Harry escorregou por debaixo dos braços estendidos e saiu apressado pelo corredor, os gritos do livro ainda ecoavam em seus ouvidos.

O menino parou subitamente diante de uma alta armadura. Estivera tão ocupado em fugir da biblioteca que não prestara atenção onde estava indo. Talvez porque estivesse escuro, mas ele sequer reconheceu onde se encontrava.

- O senhor me pediu para vir direto ao senhor, professor, se alguém estivesse perambulando durante a noite e alguém esteve na biblioteca, na Seção Reservada.

O sangue pareceu esvair do rosto de Harry. Onde quer que estivesse, Filch devia conhecer um atalho, porque sua voz baixa e áspera estava se aproximando, e para contrariedade do menino, foi Snape quem respondeu:

- A Seção Reservada? Bom, eles não podem estar longe, vamos apanhá-los.

Harry ficou imóvel no lugar em que estava quando Filch e Snape viraram o canto do corredor à frente. Eles não podiam vê-lo, é claro, mas era um corredor estreito e se chegassem mais perto esbarrariam nele. Dessa forma, recuou o mais silenciosamente que pôde. Havia uma porta entreaberta a sua esquerda. Era a única esperança, isso ou lançar um malefício nos dois, mas apesar de tentadora esta hipótese não estava em cogitação. Assim, esgueirou-se pela porta, prendendo a respiração e para seu alívio, conseguiu entrar no aposento sem que percebessem nada. Fora por pouco, por um triz. Passaram-se alguns segundos até ele reparar em alguma coisa na habitação em que se escondera. Parecia uma sala de aula fechada. Os vultos escuros das mesas e cadeiras se amontoavam contra as paredes, mas escoada na parede à sua frente havia uma coisa que parecia não pertencer ao lugar, alguma coisa que parecia que alguém acabara de pôr ali para tirá-la do caminho.

Era um magnífico espelho, devia ter quase dois metros, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto: "Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn". Não era um espelho qualquer e Harry sabia disso, guiado pela curiosidade Gryffindor, despiu-se da capa e se aproximou, esperando ver sua imagem refletida. Seus olhos, porém, arregalaram-se assustados e na mesma hora olhou para os lados na tentativa de encontrar o que o espelho refletia.

Nada, foi o que encontrou. Estava sozinho naquela sala abandonada. Virando-se mais uma vez para o espelho, observou, novamente, não só a própria imagem – mais velho, aparentando pouco mais de 15 anos – mas parado ao seu lado, um conhecido homem sujeitava carinhosamente seu ombro, a face estampava puro orgulho. Seu pai, Lord Voldemort. Estava feliz, estava orgulhoso... Outro detalhe, no entanto, foi o que mais chamou a atenção de Harry. Uma pessoa segurava sua mão, deixando-o no meio, entre seu pai e esta pessoa. Parecia um homem, um jovem com pouco mais de 15 anos também, mais alto que ele, mas uma sombra distorcida impedia que distinguisse o rosto. Era um adolescente, um adolescente alto e forte que segurava sua mão e a beijava galantemente sob o aprovador olhar de seu pai.

- Oh, Merlin!... – murmura, com as bochechas encantadoramente coradas ao notar que na imagem refletida pelo espelho, sua mão, a mão que o desconhecido beijava tão sedutora e elegantemente, mostrava-se adornada por um magnífico anel. Um anel de brilhantes com um suntuoso diamante no centro. Um anel de noivado.

Será que esse espelho mostrava o futuro? Foi seu primeiro pensamento. E olhando novamente para a alegre imagem, decidiu que precisava de uma segunda opinião. Com esforço, desviou os olhos do sorriso orgulhoso de seu pai e do anel que brilhava resplandecente em seu dedo.

Oculto mais uma vez pela capa, Harry esgueirou-se com cuidado de volta às masmorras e ao passar pela escultura em auto-relevo de serpente que o separava do salão comunal Slytherin, assustou-se quando uma conhecida voz o surpreendeu:

- Harry? É você, Harry?

Em pé ao lado da lareira, um preocupado Draco Malfoy olhava em direção à porta que Harry acabara de cruzar. Este na mesma hora tirou a capa e lançou um radiante sorriso ao amigo.

- Encontrou algo sobre os encantamentos que possam proteger a pedra?

- Não.

- E por que esse sorriso? – o encara confuso. Estava claro que enquanto os outros Slytherins desfrutavam de suas confortáveis camas, Draco passara a noite toda à espera do melhor amigo.

- Encontrei algo bem mais interessante na verdade... – sorri ainda mais – Venha, Draco! Vou lhe mostrar!

O loiro o encarou por alguns instantes, confundido, mas logo foi se juntar ao menino debaixo da capa.

Caminharam em silêncio pelos corredores sombrios. As costas de Harry estavam pressionadas contra o peito de Draco e este, sujeitando a cintura do moreno, podia sentir o delicioso aroma daqueles cabelos revoltos já que era quase uma cabeça maior do que Harry. Sem dúvida aquela era uma posição agradável, os pensamentos do loiro diziam, mas foram logo interrompidos ao entrarem numa sala abandonada, onde Harry os despiu da capa e se afastou, seguindo para perto de algo parecido a um espelho antigo.

- O que...? – Draco não consegue sequer terminar a pergunta, pois situando-se bem à frente do espero, observou uma imagem que o deixou sem fala.

Era impossível...

Era inacreditável...

Era simplesmente perfeito!

Parecia uma grande festa no jardim da mansão Malfoy, mais à frente, diante de um altar, Draco pode distinguir a si próprio, com mais ou menos 20 anos, usando um elegantíssimo traje negro de gala. De repente, o Draco do espelho sorriu. Caminhando de braço dado ao Dark Lord vinha um encantador Harry de 20 anos, usando um delicado e ostentoso traje branco. O olhar apaixonado dos dois, o sorriso satisfeito de Voldemort enquanto entregava seu filho, o elegante clima festivo... Não cabiam dúvidas, era o dia do seu casamento. O seu casamento com Harry!

- Então, o que está vendo? – uma conhecida voz o trás de volta à Terra.

- Er... Eu... Eu não tenho certeza... – engole em seco, tentando disfarçar a cor vermelho-vivo que subia por suas bochechas – Estou... Er... Estou segurando a Taça das Caças... E... Os Gryffindors choram humilhados.

- Sei... – o encara com desconfiança.

- E você, o que vê no espelho? – pergunta rapidamente, tanto pela curiosidade quanto para mudar de assunto.

- Meu pai está orgulhoso de mim e está feliz. E há outra pessoa me... Er... Comigo, mas não consigo ver quem é. Uma névoa negra cobre o rosto.

- Será que esse espelho mostra o futuro? – seu tom era claramente esperançoso.

- Pode ser... Mas sinceramente não tenho certeza.

Olhando mais uma vez para o espelho, uma antiga lembrança logo tomou conta da mente de Draco.

(Flashback)

Um lindo garotinho loiro de frios olhos acinzentados compartilhava a mesa do café da manhã com seus pais. Na cabeceira, o lugar de honra era ocupado pelo patriarca da família, o imponente magnata Lucius Malfoy. À direita deste, encontrava-se a sempre deslumbrante Narcisa Malfoy, encarando o menino à sua frente com um sorriso indecifrável nos lábios. Sorriso este que o pequeno de seis anos, quase sete, parecia nem notar ao ter sua concentração voltada àquele delicioso prato de torta de maçã regada com calda de caramelo. Sua mãe, porém, consegue despertá-lo ao comentar casualmente:

- Lucius, querido, creio que já está na hora de começar a procurar uma noiva para Draco.

O patriarca, que até agora estava concentrado no jornal em suas mãos, parece ponderar as palavras de sua esposa.

- Talvez, Narcisa. De fato, todas as famílias de sangues-puros já começam a procurar uma boa prometida logo cedo...

- Ouvi dizer que os Parkinson e os Zabini já estão negociando.

- Mesmo? Oh, é uma pena, eu esperava que a jovem Parkinson entrasse para nossa família.

Draco fez uma carta ao ouvir isso. Pansy era sua amiga, de jeito nenhum poderia vê-la de outra forma.

- E o que me diz da pequena Astoria Greengrass?

- Parece uma boa candidata – comenta, mostrando-se pensativo, mas olhando de esgueira como seu filho prestava atenção na conversa.

- Há também a filha dos Bulstrode...

- Não é muito bonita, mas a família é influente.

Um atordoado Draco observava os dois discutirem como se ele sequer estivesse presente.

- Mas tem também aquela jovem... – Narcisa continua, porém, uma voz infantil a interrompe. Infantil, mas repleta de uma frieza adulta.

- Não – Draco os encarava seriamente.

- O que foi, Draco? Não quer uma noiva? – o maior pergunta.

- Não. Eu já tenho uma noiva.

- Tem? – perguntam em coro, evidentemente desconcertados.

- Sim – responde calmamente – Harry será minha noiva quando crescermos.

- Harry? – Lucius não consegue conter um sorriso.

- Isso! Quando crescermos vamos nos casar e ser muito felizes. Ele me dará muitos filhos e viveremos numa mansão maior do que esta. Ah, teremos também um cachorro, um Husky Siberiano chamado Charlie!

Uma divertida Narcisa não podia deixar de encarar seu filho com carinho.

- E o pequeno Harry já está sabendo disso, filho?

- É claro que não – responde como se fosse óbvio – Será uma surpresa, mamãe.

Lucius encarava o menino com orgulho. Draco sem dúvida mostrava-se um verdadeiro Malfoy, pois os membros desta família estavam destinados a amar e possuir aquilo que representava o que existia de mais belo e poderoso no universo, em outras palavras, seu afilhado. É claro que o pequeno loirinho ainda não tinha plena consciência de suas palavras, mas Lucius podia vez que o coração já começava a falar mais alto. Desde então, esta idéia, ainda que inconsciente, jamais abandonara a mente de Draco. Quando crescessem Harry seria sua "noiva". Estavam fadados a permanecer juntos, como o céu e as estrelas.

(Fim do Flashback)

- Seria perfeito... – comenta mais para si que para o outro.

- Ganhar a Taça das Casas?

- Taça?... Oh, sim! Claro... Seria maravilhoso humilhar aqueles Gryffindor na frente do velhote maluco.

Harry apenas sorri, olhando novamente em direção ao espelho. Quem seria aquele jovem que beijava elegantemente sua mão? Algo em seu coração dizia que sabia a resposta, mas que preferia não arriscar. Aquele jeito galante e ao mesmo tempo protetor parecia muito conhecido, mas a dúvida ainda nublava seus sentidos. De qualquer forma, teria tempo para analisar a imagem, amanhã mesmo já planejava uma nova visita à sala abandonada. Esta passava a fazer parte de seu roteiro para escapadas furtivas.

-x-

Duas semanas haviam passado e Harry voltava todas as noites àquela sala abandonada perto da biblioteca, na tentativa de descobrir quem era o estranho junto com ele e seu pai. Esquecera completamente da Pedra Filosofal e seus amigos mostravam-se confusos diante disso. Foi só quando os levou ao espelho que pareceram entender. A primeira a ir foi Pansy, que, emocionada, vira-se na casa de campo dos Parkinson com seu pai. Este apenas lia um antigo livro para ela, sentados tranquilamente no tapete em frente à lareira, diante do cálido sorriso de sua mãe. Pareciam felizes. Juntos, sem viagens de negócios ou discussões pelo meio. Na outra noite, Harry seguiu com Blaise à antiga sala. Este se viu como o dono de um influente jornal, dando ordens a todo e qualquer mortal, e assim como Harry, não conseguiu distinguir quem era a pessoa que o abraçava. Podia ver apenas que era uma mulher. Uma elegante mulher.

O último a acompanhar o pequeno Lord foi Theodore, que sentiu sua pose fria balançar por alguns instantes ao reconhecer sua mãe o abraçando. Parecia tão doce e amável. Seu cabelo castanho caía como uma cascata pelos ombros ocultos com o elegante vestido de veludo verde-esmeralda, seus brilhantes olhos verdes contemplavam o filho com carinho e amor. Sentimentos que ele jamais conhecera com a rígida criação do Sr. Nott. E para completar seu deslumbre, Theo observou a imagem do espelho refletir um alegre Harry vindo ao seu encontro e diante do sorriso de sua mãe, pedir para estar ao seu lado para sempre, apenas movendo os lábios, mas deixando claro suas intenções e seu amor com o beijo que se seguiu.

- Por que você está sorrindo, Theo? O que está vendo?... – um inocente Harry perguntou na ocasião.

- Nada, apenas contemplo o passando dando sua bênção ao futuro – respondeu de maneira enigmática, para total confusão do menino.

Contudo, mais uma noite se passou e lá estava Harry Riddle, sozinho, observando mais uma vez aquela misteriosa imagem que o espelho refletia. O pequeno Slytherin o contemplava sentado no chão, em silêncio, desfrutando daqueles minutos de solidão após um barulhento jantar no Salão Principal. Não sabia o porquê, mas era relaxante fica ali. Contemplar o belo anel em seu dedo. O sorriso de seu pai. E tentar adivinhar quem era o charmoso desconhecido que o cortejava. Era realmente relaxante. E não havia nada que o impedisse de ficar ali a noite inteira. Nada.

A não ser...

- Então, outra vez aqui, Harry?

Harry sentiu seu sangue gelar. Olhou para trás. Parado junto à porta estava ninguém menos que Alvo Dumbledore encarando-o com aquela irritante expressão amável em seu enrugado rosto.

- Não o vi entrar, diretor – comenta tranquilamente, deixando uma implacável máscara de frieza adornar suas feições juvenis.

- Percebi, meu jovem. E fico feliz que esteja aproveitando o presente que lhe dei.

- Uma gentileza desnecessária, mas gratificante, devo admitir. Eu e meu pai não esperávamos.

A face do ancião endureceu por alguns instantes ao ouvi-lo mencionar o "pai". Mas logo voltou a sorrir calidamente, parando ao lado do menino.

- Então, você, como centenas antes de você, descobriu os prazeres do espelho de Ojesed.

- Espelho de Ojesed?

- Sim. Espero que a essa altura você já tenha percebido o que ele faz?

- Talvez... – replica friamente – Mas tenho certeza que o senhor está louro para me contar, não é mesmo?

O diretor deixou uma expressão enigmática adornar sua face e respondeu com calma:

- Deixe-me explicar. O homem mais feliz do mundo usaria esse espelho como um espelho qualquer, ou seja, se veria exatamente como é.

- Nos mostra o que desejamos, seja lá o que for.

- Sim e não – contesta com tranqüilidade – Mostra-nos nem mais nem menos que o desejo mais íntimo de nossos corações.

Observando o menino encarar o espelho em silêncio, com o semblante pensativo, Dumbledore se animou a continuar:

- Posso perguntar o que você vê quando está diante desse espelho, Harry?

- Pode... Mas isso não significa que eu vá responder – diz com um falso sorriso.

Dumbledore, naquele momento, sente uma louca vontade de lançar algumas maldições ao menino, mas se contém, observando-o retomar a palavra com uma expressão que deixaria qualquer Comensal da Morte receoso:

- Na verdade, vejo meu pai...

- Sim? – os olhos azuis brilhavam interessados.

-... Ele é o Ministro da Magia. Hogwarts está em ruínas e... Bom, digamos que o senhor fica muito bem com a face banhada em sangue, diretor.

Aquele tom gélido e o sorriso arrogante nos lábios do menino fizeram o diretor estreitar os olhos perigosamente, contendo-se para não ensinar uma bela lição ao fedelho. Mas não... Ainda não era à hora. Precisava manter-se firme e assim, logo seria tão intocável quanto o próprio Lord Voldemort. Sim... Se tudo corresse conforme o planejado, hoje mesmo completaria o ritual que garantiria sua invencibilidade. E o mais gratificante é que faria tudo isso bem debaixo do narizinho arrebitado daquele fedelho enxerido.

- Sabe o que eu vejo nesse espelho, Harry? – pergunta com burla, estando mais tranqüilizado – Eu vejo esta magnífica lua cheia de hoje sendo testemunha de um ritual que dará espaço à minha vitória.

Azul e verde se encararam fixamente. E seguindo de volta à porta, o diretor acrescentou com um último sorriso:

- Sinto muito, Harry, mas parece que seu desejo não poderá ser cumprido.

Era hoje! O velhote maluco estava praticamente jogando em sua cara que utilizaria a pedra para cumprir o ritual hoje. E fazia sentido, considerando que já estavam em junho e que provavelmente era a última lua cheia do mês, o dia perfeito para o velhote seguir com seus planos. Isso, é claro, se ele não se chamasse Harry J. Riddle e fosse o herdeiro do Lord das Trevas. Alvo Dumbledore não sairia vitorioso desta vez, pelo menos não se ele pudesse impedir.

- Vamos ver qual desejo se realizará no fim, velho idiota... – murmura com desprezo, pegando sua capa e seguindo às pressas ao salão comunal Slytherin para encontrar seus amigos, pois hoje seria o dia em que o grupo das serpentes mais habilidosas de Hogwarts borraria aquele sorriso estúpido dos lábios do diretor.

Depois dessa noite, Harry se prometia que Dumbledore pensaria duas vezes antes de enfrentar os jovens e determinados alunos da casa de Salazar Slytherin.

Continua...


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