Hidden escrita por jduarte
Notas iniciais do capítulo
Bom, esse é o penúltimo capítulo da 1ªTemporada.
Espero que tenham curtido, como eu curti, esse tempo que passamos juntos. Mas não esqueça: AINDA NÃO ACABOU TUDO!
- Aceita um suco? – perguntou Meredith.
- Sim, aceito. – disse enquanto observava os meninos brincando no jardim, com um cachorro pequeno. – Aquele é o cachorro de vocês? – perguntei.
- Aham. É o Pepe. É um velhote sacana, mas adora crianças. – respondeu ela.
Sentamo-nos à mesa da sala glamorosa de estar, com nossos drinques na mão, quando a porta abriu.
- Querida? – perguntou uma voz que eu conhecia bem.
Meu coração bateu tão rápido que levantei imediatamente do sofá, sem conter a excitação de poder rever a pessoa que me ajudou a escapar daquela prisão.
- Aqui! – respondeu Meredith ao chamado.
- Os meninos foram guardas as coisas. Então cadê a moça que disse que conheceu? – perguntou King beijando os lábios finos de Meredith.
- Atrás de você. – sussurrou ela.
- Camila? – perguntou ele quando se virou.
- Oi.
- Nossa! – disse ele me abraçando. – Pensei que nunca mais fosse te ver. Pensei que... você já estivesse longe!
Os óculos dele estavam meio embaçados.
- Bem, - disse o soltando. – aqui estou eu!
Depois, algo pareceu o incomodar, e ele disse:
- Acho que agora conhecerá meus filhos, não é?
- Parece que sim.
Captei Rubens quase caindo, com o canto de olhos, e disse:
- Só um minuto.
Lonlye ajudou-o a se levantar e eu disse:
- King está aqui.
- Ahñ? Por quê? – perguntou Rubens.
- Ele é o marido da mulher do ônibus.
- Vamos embora, Mila. – disse Lonlye.
Lancei-lhe um olhar de: “Deixa De Ser Bobo!”, e continuei:
- Ele tem dois filhos.
- Da nossa idade? – perguntou Rubens.
- Não sei. – menti.
Os dois ficaram brincando mais um pouco com os cachorros, até que eu disse:
- Bem, vou voltar para lá, e depois de mexer no Pepe, quero as mãos bem limpas. – avisei.
- Tá legal. – os dois disseram.
Voltei lá para dentro, e percebi que agora havia mais de duas pessoas na sala. A conversa fluía muito mais rápida, muito mais animada, e eu ouvi um pedaço.
- Eu não quero ninguém, mãe.
- Não estou pedindo pra você se casar com ela, só pedindo para conhecê-la. Vai gostar dela. – disse Meredith.
Aparecia na sala, e meus olhos pareceram pular das órbitas.
- Camila? – perguntou ele.
- Bernardo. – disse eu.
- O que faz aqui? – tornou a perguntar.
- Vim passar uns tempos aqui.
- Hmm... Isso é bom. – disse ele com a voz meio estranha. Ele não parecia feliz em me ver, como eu estava.
Ouvi um pigarro atrás de mim, e vi que vinham de Norbert.
- Norbert? Nossa! – disse eu.
- Quanto tempo, não é?
A pessoa do lado dele, era Vitória.
- É casado com ela? – perguntei.
- Sim.
- Ele é o meu fardo. – brincou ela o beijando carinhosamente.
Eu estava meio deslocada dali. Não parecia estar no meu ambiente natural. Aquela família estava tão unida, que parecia ser de outro mundo.
O silêncio ficou pesado, até que Meredith me salvou, anunciando que iria colocar a comida na mesa e que precisava de toda a ajuda possível. Todos foram e Bernardo ficou me encarando.
- Então... – começou ele.
- Desculpe. – disse eu.
- Pelo quê? Ser livre? – perguntou.
- É. Tudo o que eu mais queria era ficar com você, mas eu fui fraca, e fugi.
Bernardo tocou meus ombros.
- Posso te mostrar uma coisa?
Assenti.
Ele pegou em minha mão gentilmente, e entrelaçou os dedos nos meus, fazendo meu coração bater tão rápido, que pensei que fosse explodir.
Começamos a subir a escada, e ele me puxou pelo corredor, e parou em uma porta marfim. Bernardo a abriu e continuou puxando-me pela mão.
- Esse é meu quarto.
Observei que, não era tão diferente do outro. O do castelo.
- Desistiu de cuidar de especiais.
- Sim. Desisti de ficar escondendo o que sou, e o que sinto. – disse ele.
- É? E o que você sente? – perguntei me aproximando dele.
Bernardo mordeu os lábios, e desconversou.
- Você está diferente...
Passei a mão livre por seu cabelo loiro e vi que a áurea azul ainda piscava em sua volta.
- O que é a coisa azul que pisca a sua volta? – perguntei interessada.
- Você vê?
- Sim.
- Em você eu fico vendo uma áurea rosa claro. Desde o primeiro dia, vejo isso no fundo de seus olhos.
A conversa levava um rumo totalmente diferente do que estava previsto.
- Isso quer dizer que somos feitos um para o outro. – disse Bernardo.
- Um para o outro, é? – perguntei me aproximando ainda mais.
Ele segurou minha cintura.
- É. É estranho ver você sem aquela roupa horrível.
- Sério? – perguntei.
- É. Essa te dá um ar mais adulto. Gosto disso.
Passei a mão de seu cabelo, para seu rosto, e disse:
- Isso é errado.
- O que?
- A sensação que você provoca em mim é errada.
- Que sensação? – ele se fingiu de idiota.
Ri. Era difícil falar de sentimentos com a pessoa amada. Ele era a pessoa que eu queria passar o resto da minha vida, como não seria difícil. Já era difícil não falar, imagine botar tudo pra fora.
- A sensação estranha do amor. Ah, você sabe...
- Não, não sei.
- Borboletas no estômago, membros fraquejando, estado físico de manteiga... – disse eu. – Sabe porque eu não fiquei? Porque todos me diziam que se eu o beijasse, te mataria. E isso não foi legal.
- Porque diziam isso?
- Porque você é humano. E...
- É, mas acontece que eu não sou humano. Sou igual a você. – interrompeu Bernardo.
Uma pequena parte de mim queria matá-lo por não me contar antes, mas outra parte estava feliz, pois poderíamos ficar juntos.
Abaixei a cabeça derrotada.
- Queria ter sabido disso antes. – murmurei.
- Sabe quando brigamos a primeira vez, e eu disse algo, não lembro o que, e você ficou chateada? – perguntou.
- Sim. Você disse a Adam que ele era mais estranho que nós.
- Que vocês? Não. Eu me referia aos outros guardas. – disse ele.
- Sério? Pareceu outra coisa.
- É. Eu sei. Perdão. Você me perdoa?
- Não sei.
- Por favor...
Ele não me deixou terminar.
Bernardo meio que se abaixou para olhar dentro de meus olhos, e fez uma coisa inesperada. Levantou meu queixo, e encostou seus lábios carinhosamente no canto dos meus. Abri a boca inconscientemente, esperando pelo próximo passo, e fechando os olhos. Ele apertou-me mais contra seu corpo emoldurado e quente, beijando-me profunda e docemente.
A sensação de tê-lo para mim durante alguns minutos deixava tudo mais divertido. Passei as mãos para seu cabelo, o prensando mais em mim. Seu hálito de menta deixava-me tonta, e eu queria mais, muito mais. Abracei seu pescoço, ficando na ponta dos pés. Bernardo se encaixava perfeitamente em meus braços. Pareciam feitos sob medida para ele. Quando a língua de Bernardo tocou a minha, meus sentidos ficaram bobos e tudo o que fazia sentido era a presença inigualável de Bernardo me beijando deliciosamente.
A única coisa que eu pensava no momento era: Como ele beija bem! Eu tinha n coisas para falar para ele, mas na situação que nos encontrávamos, estava meio impossível.
Eu queria mais, só que meus pulmões pareciam explodir pela falta de oxigênio. Separamo-nos com pequenos e longos selinhos ritmados. Ele era muito bom pra ser verdade.
- Você não faz idéia há quanto tempo eu quero fazer isso. – sussurrou Bernardo para mim, com os olhos carregados de doçura.
Voltei a beijá-lo, só que ele agora me tirava do chão alguns centímetros, e traçava as linhas de minhas costas.
- Acho que eu vi sua ficha. – disse eu depois que nos beijamos, e repetimos a coisa toda, umas dez vezes.
- É? E qual é a bobeira que tá escrita?
- Não lembro. Ah, só estavam as iniciais. B. K. F.
- Bernardo King Foster Astif. – disse ele.
- É um nome legal. – disse eu.
- Eu estava lá. – disse ele.
- Onde? – perguntei.
- Quando você saiu com o idiota do Leroy. A raiva foi tanta que eu estourei um vidro.
- Foi você?
- Sim. Desculpe?
Beijei-o novamente e ele riu.
- Beijos, beijos, beijos. – disse.
- Vá se acostumando, adoro beijar você. – sussurrei em seus lábios.
Minha barriga roncou e ele logo entendeu o recado.
- Vamos comer.
- Sim, senhor! – bati continência brincando com ele, e Bernardo me pegou no colo, de surpresa, fazendo com que eu gritasse. Ele riu, botando-me no chão.
- Será que tudo vai acabar bem? – perguntei pegando em sua mão, e sentindo-me extremamente bem ao entrelaçar meus dedos nos seus.
- Tenho certeza disso. – sorriu.
Quando descemos, Meredith nos olhava com carinho.
- Mãe, sabe quando você disse que eu não preciso casar com ela? – Bernardo perguntou, e Meredith assentiu. – Eu não preciso. Eu quero.
Viramos para falar com King que passava por nós e ia até a sala, quando percebemos que ele estava ao lado de um relógio velho e sem conteúdo, e puxava uma corda lá de dentro.
Uma dor de cabeça alucinante me ocorreu, fechei os olhos por alguns segundos, beijei os lábios de Bernardo dizendo que iria ali e já voltava e eu cambaleei chamando os meninos que ainda brincavam com Pepe.
- O que você está fazendo, pai? – perguntou Norbert que havia acabado de entrar na sala.
- Você sabe o que. – rebateu King com os olhos inchados e vermelhos.
Norbert tentou impedi-lo de continuar a puxar a corda, mas Bernardo interviu.
- Não pode fazer isso! – gritou Bernardo.
- Posso sim! Você é meu filho. Não sabe o que ela fez? Não sabe o que a família dela fez com a nossa? Não sabe?
- Sei. Lógico que sei! Mas não importa! Eu a amo, pai.
- Tenho pena desse seu amor. – rebateu King.
- O que? Não! Por favor! – Bernardo tentava implorar.
- Não posso deixar isso acontecer, filho. É errado. – dizia ele.
- Pai... Não! – gritou Bernardo antes de eu desabar no chão, e tudo ficar embaçado. Vi alguém se aproximar de mim, e reconheci pelo cheiro, ser Bernardo.
- Você está bem? – perguntava ele.
Eu abria a boca, mas nada, absolutamente nada saia. Eu parecia estar presa dentro de um sonho. Era louco, absurdo, e sufocante.
Uma lágrima caiu pelo canto de meus olhos, descendo pela minha bochecha. A única parte de meu corpo que eu podia mexer eram minhas mãos. Peguei seu rosto por entre elas, enxuguei uma coisa que parecia ser uma lágrima, e icei meu corpo para cima, para poder encostar meus lábios nos seus, pelo que parecia ser uma última vez.
Arqueei as costas com a dor, e arfei.
- Não! Camila! – ouvi-o gritar.
- Mila? Mila! – meu irmão parecia gritar. Um choro sufocante cortou o ar.
E eu olhei para King.
E tudo ficou preto.
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Continua??