Hidden escrita por jduarte


Capítulo 38
Chateada


Notas iniciais do capítulo

Eu já disse que amo vocês? Sério!!!!
São tantas leitoras que dá vontade de chorar!
Fiquei somente alguns dias sem entrar no site, e de repente tive que responder váaaaaaaaaaaaarios reviews!
Não pensem que a coisa é ruim, não, eu amo reviews!
Beijooooos, e muito obrigada.
Ju!



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- Eu falei com você, babaca! – gritei novamente, agora entrando na sua frente.

   O cara revirou os olhos. Havia uma placa em seu pescoço, escrito: Taurinis Flegus - Guarda em Treinamento.

   Respirei fundo.

- O que você quer tampinha? – perguntou ele olhando – literalmente, e fazendo com que eu ficasse muito mal por causa da minha altura – para baixo.

- Porque é que machucou meu irmão? – rebati.

   Ele riu.

- É eu machuquei seu irmão sim. Vai fazer alguma coisa a respeito? – caçoou abaixando para ficar na altura de meu rosto.

   Pensei num taco de baseball acertando em cheio seu rosto, mas tudo o que fiz foi acertar seu nariz com o ossinho do final da mão, e empurrando para cima. Ouvi o barulho do osso do nariz dele se partindo, e a agonia percorreu minha alma.

- Sua. Idiota! – berrou o cara segurando o nariz, e o sangue escapava pelos meios de seus dedos pingando no chão de cimento.

   Revirei os olhos fechando as mãos em punhos, e as sobrancelhas em riste.

- Isso foi por ter machucado meu irmão. – disse travando a mandíbula. Chutei sua virilha repetidamente, fazendo o entortar as pernas e cair de joelhos no chão de dor, e disse: - E isso, é por ter me chamado de idiota!

- Isso vai ter volta. – sussurrou ele com a voz esganiçada de dor.

   Dei de ombros, e como ele ainda estava no chão e ninguém havia visto meu ataque ninja, dei um chute em seu estômago, e saí correndo.

   Que beleza, sua covardona, bate e sai correndo! Uma grande inspiração para seu irmãozinho, uma voz irritantemente sábia ecoou em minha cabeça. Azar o meu. Rebati. Isolei essa voz em algum lugar bem extinto em minha cabeça, e pensei – graças a Deus – sozinha, covarde e louca, bela mistura!

   Corri para meu irmão, peguei-o no colo e comecei a subir as escadas do quarto.

- Mila, tô com medo! – sussurrou meu irmão afastando meu cabelo que havia caído em sue rosto.

- Shh... Já vai passar. Eu prometo.                                          

   Depois de abrir a porta com somente uma mão, entrei, deitei meu irmão em minha cama, e percebi que havia algo muito estranho.

- Onde está Yana? – perguntei.

   Rubens abaixou a cabeça, e uma lágrima percorreu silenciosamente seu rosto infantil.

- Rubens, cadê a Yana?

   Ele levantou o rosto.

- Ela morreu. – disse com a voz esganiçada pelo choro.

   Meu coração acelerou mais que uma Ferrari.

- O-o que? – gaguejei.

   Meu irmão soluçou algumas vezes e até perdeu o ar.

- Eles vieram um pouco mais tarde de quando você saiu. Ele estava encapuzado, e tentou me pegar, mas a Yana berrou e ele se assustou, então ele apontou uma arma pra mim... – Rubens não conseguia continuar a falar.

   Depois de um bom tempo de silêncio, eu explodi em um soluço alto e sofrido. Foi tão alto que tive que tampar minha boca com as mãos.

- O que mais? – perguntei com a cabeça dolorida de tanta informação de uma só vez. Parecia que eu precisaria me acostumar com isso. Aqui, quando você pisca, alguém morre.

- Ela entrou na frente, e depois caiu desacordada. Ele a levou.

   Abracei meu irmão ainda mais forte.

- Eu estou aqui, e não vou morrer para te salvar, eu vou matar pra te salvar. – sussurrei.

   Ele riu sem humor algum.

- Estou falando a verdade, meu Anjo. – meu rosto estava melado pelas lágrimas, e isso não era muito agradável.

   Rubens fungou e limpou as lágrimas que se acumulavam em torno de seus pequeninos olhos inchados e azuis.

   Dei uma boa olhada em meu irmão. Como ele tinha mudado desde que chegamos aqui! Parecia tão crescido, tão maduro. Seus olhos azuis pareciam líquidos e cristalinos, o cabelo loiro claro e ondulado, as maçãs do rosto coloridas de uma cor rosada lhe davam uma aparência angelical e infantil, e, para sua idade, ele era bem alto. Já batia em meu ombro, com bem mais da metade de minha idade.

- Eu te amo, Mila. – sussurrou ele aconchegando-se em meu ombro, e fechando os olhos.

   Fiquei sem reação, mas após um tempo sorri.

- Eu te amo maninho. – disse beijando seus cabelos.

   Suspirei. Isso era tão estranho, quero dizer, essa falta que minha mãe e meu pai faziam. Era uma saudade que doía até o fundo da alma, e corroia meu cérebro em busca de memórias.

   Minhas memórias eram um tanto quanto estranhas. Uma hora eu aparecia vestindo um vestido longo e cheio de babados, outra hora me via na frente de um espelho oval e comprido, com um vestido de festa, algumas vezes tinha um relance de um par de olhos verde esmeralda que me traziam certa paz... Simplesmente estranhas.

   Senti os ombros de meu irmão se soltarem depois de um bom tempo, e o deitei na cama. Quanto tempo eu fiquei fora? Perguntei a mim mesma com a cabeça pirando.

   Que dia era hoje? Perguntei lembrando-me do combinado ridículo que Bernardo havia feito. Eu realmente preciso urgentemente de um calendário, anotei mentalmente.

   Olhei carinhosamente para meu irmão. Ele não havia crescido muito, somente o suficiente para parecer um homenzinho de dez anos bem crescido. Oh, quando foi que eu parei de prestar atenção no que acontecia à minha volta?

   Rubens respirou fundo se ajeitando no colchão fino. Aproveitei para deitar ao seu lado, e abracei seu corpo frio, passando a manta que estava no pé da cama em torno de seu corpo.

   Fechei os olhos ouvindo somente o barulho da chuva batendo na janela aberta, e proporcionando o prazer instantâneo e caseiro.

   O sono veio, mas a lembrança do estúpido “resgate” que Bernardo havia feito ainda não saia de minha cabeça, e não deixava com que minha cabeça desligasse. A última coisa que lembro, foi passar meu irmão para atrás de mim – com medo que o maníaco que tentou matar meu irmão aparecesse –, beijar seus cabelos ondulados e com cheiro adocicado de mutante, e fechar os olhos com o sono invadindo meu organismo com uma rapidez extraordinária.

   Era uma mulher, na verdade eu, mas não se parecia comigo, ela tinha o cheiro adocicado como eu, mas não era porque ela era uma mutante. Ela usava um perfume francês muito cheiroso e que eu adorava. Minha vista parecia estar opaca e meio embaçada.

- “Para você, meu amor.” – sussurrou uma voz que eu bem conhecia em meu ouvido.

   Sorri instintivamente, virando-me para ver seu rosto mais uma vez, e esboçar um sorriso ainda mais brilhante quando vi seu rosto recém-acordado vindo em minha direção com todos os dentes brilhantes à mostra.

- Bernardo! – eu tentei exclamar sem sair voz alguma. Coloquei a mão na garganta rapidamente. – Bernardo! – berrei indo atrás dele.

   Ele levava algo escondido atrás das costas, e parecia embrulhado dentro de sua mão. Quando ele abriu, a surpresa foi inevitável. Era uma rosa azul da mais perfeita e totalmente intacta.

   De repente minha visão estava de volta, só que perdida no tempo. Eu estava dentro da mulher. Era como se fosse um inquilino em um corpo permanente e totalmente controlado. Eu não mexia nenhuma parte do corpo, nem conseguia falar.

- “Oh, que linda!” – exclamei sem exclamar realmente.

   Minhas mãos se fecharam em torno da flor, eu pude sentir o toque de seda em meus dedos, pude sentir o cheiro suave, e o medo de um daqueles espinhos entrarem em alguma parte de meu corpo, mas o pior de tudo, foi não poder fazer nada. Ficar como uma criança assistindo show de marionetes.

- “Que bom que gostou!” – respondeu Bernardo se aproximando de mim e beijando minha testa.

   Uma luz azul piscava em sua cabeça, perto do cabelo loiro escuro, e fazia seus cabelos reluzirem a luz para dentro de meus olhos, e praticamente deixarem-me cega.

   Passei os dedos por entre seus fios e agarrei um chumaço de cabelo entre meus dedos. Ele não protestou. Encostei minha testa na sua, e fechei os olhos aspirando o cheiro de perfume masculino que me enlouquecia. Sorri ao lembrar de um encontro que nem ao menos tivemos na vida real, e beijei a ponta de seu nariz.

   Coloquei a mão sobre o ventre e saí da mulher que eu “era”, mesmo assim ficando de costas para ela. A mulher falou algo incompreensível e Bernardo sorriu tão feliz que era possível pegar seu sorriso e dar uma volta no mundo. Ele respondeu algo colocando as mãos por cima das da mulher, e beijou seus lábios amorosamente. Bernardo disse algo, e beijou-a mais uma vez. Ele se afastou, e eu tentei mais uma vez:

- Bernardo! – mas como antes, nada, nem ao menos um soluço das lágrimas torrenciais que molhavam a calça e blusa branca que eu usava, saiu de minha boca.

Parecia que algo dentro de mim havia quebrado, rachado, rasgado.

   Ele caminhou para mim, e pensei que fosse esticar o braço para ao menos me beijar, me consolar e pedir desculpas – coisa que não ia adiantar muito, mas pelo menos iria aliviar meu constante choro –, mas seu único movimento foi continuar andando. Bernardo chegou tão perto de mim que pude sentir seu cheiro. Pensei que ele fosse trombar comigo, mas ele passou direto por dentro de mim, como se eu fosse algum tipo de fantasma. As partículas que ainda sobraram de meu corpo em forma de nuvem se rejuntaram, e eu prendi a respiração.

   Acordei com a respiração ainda presa, e com medo que ainda fosse um sonho, tateei meu irmão que ainda dormia ao meu lado, e soltei o ar que ficou preso em meu pulmão. De tanto prender o ar comprimido dentro daquele espaço pequeno demais para mim, o sangue voltou latejando em minha cabeça, fazendo com que não fosse nada legal ficar com uma baita dor de cabeça por pelo menos uns oito minutos.

   Dei uma olhada pela janela e vi que em uma das grades havia um ninho de passarinho feito com folhas secas. Dentro havia alguns pequenos ovos desprotegidos – ou assim pensei até ver um pássaro de porte médio atacar meus dedos quando tentei tocar em seus “filhos – e com frio.

   Cobri meu irmão que se encolhia com o frio, e beijei seu rosto frio por causa da corrente de ar que vinha do banheiro.

   Nem liguei, pegando Rubens no colo e deitando sua cabeça em meu ombro. Queria protegê-lo e cuidar para que suas memórias não fossem em um lugar horrível como esse.


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Notas finais do capítulo

anne kaulitz; Dieiphanny-mcp; DRACENA; JaqueMartins; Tha_Thacullen; maaricullen; julianafmf; red_reaper; Tata777; FabianaMenezes; Kitara; Chii_nakamura; Capitu_M_Cullen; Carla-Charlene; Marcela; M_Becker; helenadasilva; MillaMCullen; borboletasazuis; Beatte; lehgatinha716; lorenasantos; Gyane; gauckcullen; lele_lily; Nah_Lautner; black_rose; LeticiaMartins; whitealyss; LadySpohr;
Muito obrigada por me acompanharem desde o começo!
Beijooooos,
Ju!
Ps: Se eu esqueci de mencionar alguém, me manda um MP!