Eu sou uma pessoa forte,

ou fora isso que pensei.

- Você não deveria dormir aqui, senhor. – Sua voz tinha um tom de frieza. – Sua vadia... – Seu olhar não demonstrava alegria muito menos tristeza. – Violência. – Sempre tinha aquela expressão de tédio estampada em sua face. – O quê? Oh, eu deveria deixar vocês pensando por mais algum tempo antes de falar? – Apesar das palavras um tanto cruéis é assim que ela age. – Dizem que “garotas fáceis” têm o mamilo escuro. – Seu olhar transmitia maldade enquanto um sorriso sádico era formado em seus lábios. – Ei vocês estão no meu caminho. – Uma voz ao fundo fora ouvida, a mesma transmitia um ar pesado no local. – Do que você está falando? Você estava no caminho também. – A garota saíra do local após falar. - Se você acha um desperdício por que não as usa? Afinal tem o suficiente para cinco vezes ao dia, não? – Emoção era a única coisa que faltava na garota, não sabia por que agia assim, apenas queria ser normal e se dar bem com todos, o que realmente se tornara difícil. – Como é doce o som, que salvou um desgraçado como eu... – Seu olhar distante perdia-se na imensidão azul do céu.

- Papai por que você sorri mesmo estando triste? – Uma voz infantil fora ouvida. - É verdade o que dizem papai? Você é infeliz por que Hinata nasceu? – A voz de criança ressoava na mente da garota, esta levantara de sua cama em um pulo. Seus cabelos grudavam em sua face pelo suor que escorria de seu rosto, a garota ofegante fora até o banheiro lavara seu rosto para em seguida pegar um frasco pequeno de lá retirando duas pequenas pílulas, logo em seguida engolindo-as.

- O que você está tomando? - Uma voz masculina sonolenta fora ouvida.

- Vitamina, para evitar espinhas papai. – Sorrira em seguida voltando para seu quarto e deitando na cama. – Eu não posso dizer que estou tomando calmantes para dormir. – A Hyuuga pensava.

Desde que a garota entrara para aquela escola esses sonhos começaram, a atormentavam todas as noites, assim precisando tomar calmantes para tentar dormir. Não entendia o porquê de falar a verdade era algo ruim, pois somente falou a verdade para aquelas pessoas desde que entrou naquele colégio, porém isso fez com que a odiassem, assim como seu pai.

Sempre sonhara em fazer seu pai orgulhar-se dela assim como sua irmã, ser uma boa estudante e filha, mas não conseguia. Sempre metida em confusão na escola, sempre motivo de briga e escândalo, sempre sendo o desastre para seu pai, a filha que fora renegada, a decepção daquela casa.

Seu pai nunca quis saber o porquê dela ter agredido a freira, ninguém queria escutá-la, queriam apenas apontar-lhe o dedo culpando-a, sem ao menos saberem o que acontecera. Então para que falaria se não queriam a escutar, para que falaria que a freira a qual batera e jurara matar se chegasse perto novamente de sua amiga era uma molestadora? Não havia uma razão para falar e ser acusada de mentirosa. A garota que era sua amiga também lhe virara as costas, mas Hinata compreendia que era por medo, medo de ser molestada novamente.

Então jurou silêncio para todos seus atos, se ninguém queria escutá-la por que iria tentar explicar-se? Apenas achou que aquelas pessoas poderiam compreendê-la. “Ah, por favor, aquela velha batedora de carteira? Conta outra.”, porém enganara-se novamente. Ninguém nunca iria entender o que realmente se passava em sua cabeça, ninguém nunca iria escutá-la, ou perceber quanta tristeza sua voz transmite quando canta seu hino favorito, ninguém a não ser ele... Uchiha Itachi bastou apenas um olhar e ele notara todos seus sentimentos, confundindo a garota que sempre pensara ser descompreendida.

Deitou-se na cama fechando os olhos, rezando que quando os abrisse tudo não passasse de um sonho, ou melhor, um pesadelo, no qual nunca teria sido expulsa do Katria, que continuava estudando lá com sua amiga, e que aquela freira nunca tivesse existido, que apenas não passava de uma ilusão de sua cabeça, algo que realmente queria que fosse, uma ilusão.