Saíram finalmente. Seus pés automaticamente os guiaram para o lugar de sempre: Starbucks Coffe na Beechwood street. O clima estava agradável, e haviam pouquíssimas pessoas na rua. A primeira semana de férias é sempre a melhor: os moradores já viajaram, e os turistas ainda não chegaram; em suma, os “cidadãos respeitáveis” não se encontravam, e os únicos lugares em que se podiam encontrar pessoas eram pubs imundos repletos de punks, após as 20 horas.

Já se encontravam sentados há um bom tempo, e a quantidade exagerada de copos vazios de café sobre a mesa acusavam o mesmo. Durante esse tempo Mikey não se dirigiu diretamente ao amigo nenhuma vez sequer, e se o fazia, era com o olhar perdido em alguma outra coisa. Frank apesar de incomodado, tampouco sabia o que dizer. A verdade é que não haviam opções plausíveis, já que eram apenas dizer a verdade ou contar uma mentira, e nenhuma das duas eram agradáveis, mas no momento não existia outra coisa a considerar; Frank sabia que isso na podia ir mais além.

F: Mikey... Você não acha que devemos falar sobre isso? – disse finalmente, dando início a conversa que tentavam evitar.

M: Acho... – olhou finalmente para o amigo, abaixando os olhos logo em seguida –... Só não sei se quero.

F: Entendo. – bebericou seu café e fitou as ruas vazias por alguns segundos – Mas também entendo que não haja outro jeito de melhorar as coisas entre nós senão jogar toda a merda no ventilador logo de uma vez.

Mikey sabia que o amigo estava certo, e também queria enterrar de uma vez esse clima pesado entre eles, mas não conseguia iniciar uma conversa. Ele queria, mas as palavras simplesmente não saíam. Por sorte Frank o conhecia o suficiente para saber disso, afinal, ele sempre se emudecia quando se tratava de alguma conversa importante. Não era proposital, era simplesmente espontâneo.

F: Okay, então acho que tenho que começar. – juntou as mãos cruzando os dedos e se pôs a fitá-las – Então, você tem receio que eu me envolva com Gerard, e não só tem receio como já percebeu que realmente existe essa possibilidade. Okay, eu concordo, existe sim essa possibilidade. Eu estou realmente me sentindo atraído pelo Gerard, e eu acho que é recíproco, ou melhor, eu tenho certeza disso. – Frank ia jogando todas essas verdades sobre Mikey, que simplesmente bebia suas palavras com uma sensação desagradável no estômago – Nós não planejamos isso, e tampouco temos a intenção de nos envolver, só que estão acontecendo algumas coisas e eu realmente estou confuso com elas, e creio que seu irmão também esteja. – respirou fundo – Olha Mikey, o fato é que naquele dia em que eu e Gerard ficamos sozinhos, nós... Uh... Tivemos um... Momento. – Mikey arregalou os olhos se culpando internamente por não ter percebido – Quero dizer, não chegamos a realmente fazer qualquer coisa, mas estivemos bem... Perto. – engoliu seco já com a face rubra e em chamas – O que eu estou tentando dizer é que eu e o Gerard quase nos beijamos. É isso.

Cuspiu finalmente todas as verdades que trancafiava em sua garganta. Não sabia como o amigo reagiria, mas sabia que fizera o certo. Mikey era seu melhor amigo, e querendo ou não ele era parte de tudo isso, e tinha direito de saber.

Mikey ficou em silêncio por um momento; estava provavelmente tentando digerir tudo aquilo. Sua expressão se encontrava apática, inexpressiva, e suas mãos estavam inquietas. Olhou para o amigo que se encontrava extremamente nervoso, como se esperasse por uma explosão a qualquer momento; respirou fundo, ajeitou os óculos e esboçou um sorriso pequeno.

M: Eu... Não sei o que dizer. – aquela resposta teria apavorado o menor, se não fosse pelo sorriso antecedente. – Uh... Acho que não há nada que eu possa fazer em relação a isso, então... Bom, eu os mandaria a puta que os pariu se eu não amasse tanto de vocês, mas bem, infelizmente eu amo, então acho que terei que... Me... Acostumar.

Frank sequer se lembra de como reagiu ao escutar isso, só sabe que sentiu como se tirassem toneladas de cima de suas costas. Simplesmente pulou sobre o amigo para um abraço, dando-se a liberdade de chamá-lo de “cunhadinho” só para vê-lo irritado.

Após finalmente terem colocado os pingos sobre os Is, olharam no relógio e perceberam que já haviam se passado quase 3 horas desde que saíram.

M: Enfim. Hora de voltarmos para casa, afinal, acho que você tem algum assunto pendente por lá.

F: Oh dude... Você não faz idéia. – riram e se puseram a fazer o caminho de volta.

Chegando em casa encontraram Gerard já se preparando para sair.

M: Hei, hei, hei. Onde é que você pensa que vai?

G: Eu ia dar umas voltas. Vocês assholes me deixaram aqui à deriva do tédio a tarde toda!

F: Culpa do Mikey! – defendeu-se.

G: Imaginei que fosse... – deu de ombros.

M: Enfim. Eu acho que talvez seja melhor que você fique. – disse olhando para Frank e novamente voltando seus olhos para o irmão que o fitava confuso. – Eu e o Frank, ou melhor, o Frank tem algo pra te dizer.

G: Uh... Okay. Diga.

M: Não antes que eu vá para o meu quarto, POR FAVOR. – fez uma cara de desgosto e subiu, o que arrancou risos de Frank, aumentando ainda mais a expressão curiosa do mais velho.

G: Então, vai me dizer logo ou vai esperar que eu morra de curiosidade?

F: Okay. Uh... Prefere se sentar, ou...

G: Assim está ótimo. – ambos ainda se encontravam em pé embaixo das escadas. – É algo ruim? – preocupou-se.

F: Uh... Depende do ponto de vista. Quero dizer, levando em consideração alguns acontecimentos recentes, eu diria que não. – disse fazendo rodeios.

G: Uh... Você estaria falando dos “quase” acontecimentos recentes, certo?

F: É, pode-se dizer que sim. – aproximou-se do maior – Bom, o fato é que eu não gosto de deixar “assuntos” pendentes, então digamos que eu já tenha resolvido a “introdução” do tema.

G: “Assunto” pendente?.. – respondeu já começando a compreender a subjetividade do menor – E então o que falta para a... – aproximou-se também, colando seus corpos – ...Conclusão?

F: –Sorriu maliciosamente– Falta o desenvolvimento.

Ao dizer isso ambos sorriram com malícia, e seus olhares se encontraram de um modo extremamente sexy. Gerard subiu lentamente uma das mãos sobre o corpo do menor, até chegar a sua nuca e agarrá-la com força. O menor fez o mesmo, agarrando-o pela camiseta. Sem mais condições de esperar, finalmente atracaram suas bocas ferozmente. A vontade acumulada, a expectativa de serem flagrados por Mikey, e o excesso de hormônios que liberavam em suas salivas tornavam cada movimento enlouquecedor, os fazendo arfar a cada toque úmido e quente de suas línguas. Era desesperador quão boa era aquela sensação, assim como o efeito que os toques nada delicados de suas mãos masculinas causavam em seus corpos. Por um momento se esqueceram de quem eram ou de onde se encontravam, e tudo que queriam era sentir ao outro de todas as formas possíveis, até que uma voz de espanto quebrou o clima, fazendo-os acordar daquele enlouquecedor transe sexual.

M: Oh my God! – disse Mikey com uma expressão de nojo tão intensa que parecia que poderia vomitar a qualquer momento. – Não dava pra pelo menos irem para o quarto? Isso é traumático! – disse se direcionando para a cozinha com expressão de reprovação.

Gerard e Frank finalmente se separaram; passaram as mãos sobre seus cabelos já suados, e se puseram tão supresos quanto Mikey ao notar que estavam ambos sem suas camisetas. Olharam-se envergonhados, repetindo quase em um único som a mesma expressão de Mikey, rindo logo em seguida da situação constrangedora em que se encontravam.