Soldados da Dor escrita por Natii_C


Capítulo 3
Capítulo 3 - Aparição


Notas iniciais do capítulo

Gente, tãao gostando ? xD
mais um capitulo!
Bjos ;*
qero review , hein? so posto mais se tiverreviwe



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Medo e desespero.

Essas foram as duas únicas coisas que passaram pela cabeça de Bella naquele instante. Seu cérebro congelara. Não havia havia reação alguma. O rosto pálido mostrava o pânico se apossando do seu corpo; a pele gelada era um sinal do desespero.

Um turbilhão de perguntas girava ao redor da sua cabeça. Quem havia mandado a mensagem? Por que o havia feito? O que queria? Assustá-la? Ou será que aquilo seria apenas uma brincadeira? Não, não podia ser uma brincadeira. Quem quer que estivesse fazendo aquilo, queria Bella longe dali e o mais rápido possível. A ameaça parecia também ser algum tipo de aviso.

'' Sua vida está por um fio. Isso não é nenhuma brincadeira. Eu falo sério. Se quiser continuar viva, saia já de São Francisco. É o melhor pra você. A não ser que queira morrer. Talvez a morte, no seu caso, não seja tão bom. Um pouco de dor te ensine a não mexer com a pessoa errada. Isso não é uma ameaça. É a verdade. Ah, e só mais um aviso: não conte nada para ninguém. Vá direto para Nova Iorque. Logo mais você terá outras informações. Pense bem. A vida não é só aquilo que desejamos que seja''.

A mensagem e todo o ar de maldade que havia sob ela, não saia da cabeça de Bella. Na volta pra casa, não conseguia prestar atenção no trânsito. Vez ou outra, acelerava demais, a adrenalina lhe corria nas veias e do nada, freiava de uma vez.

Nada estava sob controle. Nada!

Quando chegou em casa, a chuva começava a cair. O que estava na sua lista de coisas estranhas que aconteceram naquele dia. Agora há pouco, o céu estava limpo, o sol brilhando mais do que nunca e agora, coberto de nuvens pesadas feito chumbo.

As gotas pesadas da chuva caiam dolorosamente e escorriam pelo rosto de Bella, mas ela nem ligava. Estava no mundo da lua.

-Filha! - Esme gritou do escritório. Bella não ouviu. Continuou a percorrer o vazio hall de entrada, o passo apressado em direção as escadas.

-Bella! Bella! Ei, estou falando com você! Será que dá para você me ouvir? - a medida que a garota se afastava, Esme aumentava a sua voz.

-Qual é, mãe? - como se num estalar de dedos, Bella saiu do transe, porém, continuou virada de costas para a mãe. Não queria deixá-la mais preocupada. A vida de Esme era atordoada demais e ter mais um problema com a filha, significava confusão na certa.

Não precisava ser um advinho ou coisa do tipo para saber o que Esme faria caso Bella contasse o que lhe andava acontecendo. Seria a mesma história de sempre. Ela viraria para Bella e surtaria, dizendo ''O que foi que eu fiz pra merecer isso? Hein, Deus? Cuspi na cruz? Só pode ter sido. Como se não bastasse os problemas naquele inferno de trabalho, ainda tenho que aguentar uma filha doente mental que diz que está sendo ameaça só porque recebeu uma mensagem de algum outro psicopata!''

Um silêncio mortal invadiu a casa. O único ruído visivel era da chuva lá fora.

-Olha, Bella - Esme saiu do escritório, os óculos pendurados no pescoço, o salto agulha quebrando todo o silêncio que se impunha no hall - eu sei que ando sendo uma mãe horrível. Não tenho tempo nem para você nem para seu pai. Mas é que, sabe como são as coisas. O trabalho tem me ocupado muito tempo. Me desculpe, filha.  - uma lágrima escorreu pelo rosto angelical envelhecido da mulher.

Bella não teve nenhuma outra reação. Seu peito chiava. Um sinal de que as lágrimas também estavam prestes a derramar.

-Mãe, o problema não é você. Te entendo quando diz isso. Sei muito bem pelo que você está passando.

-Mas então por que você está assim? Por favor, não esconda nada de mim.

-Mãe. Eu... não... estou... te ... escondendo...nada... entendeu? - a dor na voz de Bella era evidente. Ela não queria magoar a mãe, muito menos gostava de mentir para ela. Só que dessa vez, teria que ser assim. Seria melhor para todos. - Dá licença, vou pro meu quarto. Tenho um monte de lição pra fazer.

-Ok.

A curta resposta de Esme era cheia de mágoa.

Quer seja o que Bella estivesse passando e ela não queria contar para ninguém, Esme sabia muito bem, como mãe, que o melhor a fazer, era deixá-la sozinha.

No quarto, preferiu ficar no escuro, se sentia melhor daquele jeito. As trevas pareciam lhe trazer uma calma irrefutável. Pode parecer estranho, mas era verdade.

Sentou-se na poltrona acolchoada cor-de-rosa, as pernas cruzadas, a cabeça jogada de lado, os cabelos castanho-avermelhados se destacando na pele albina, fazendo-a parecer uma boneca de porcelana: frágil.

Pela janela aberta, o vento gelado da noite trazia algumas gotas de chuvas que molhavam seu corpo, como se lavassem sua alma. Com os braços ao redor das pernas, Bella pensava na vida. Lembrava de todos os bons momentos da infância, o tempo que passava com o pai discutindo sobre futebol, as guerras de bola de neve com Alice, Bree e Mike; as brigas com a mãe; as confusões com Billy...

Uma dor se apossou em seu peito. Uma lembrança obscura passou pela sua mente.

Os olhos cor de sangue de Bree, o rosto pálido, uma súbita preocupação misturada com fúria, o sangue latejando numa veia ao alto da testa, a voz embargada. Todos esses sinais despertaram, em Bella, um sentimento estranho. Independente do que estivesse acontecendo, Bella estava decidida a descobrir.

A cortina batia quase de encontro ao rosto da garota. Arrepios lhe percorriam pelo corpo. A sensação era gostosa. Lembrava alguma coisa que vivera no passado, mas não conseguia saber o que, precisamente.

Seu corpo reagiu a um estímulo. Devagar e como se outra pessoa a manipulasse, saiu devagar da poltrona, os pés descalços deslizando sobre o piso de madeira liso.

No ritmo do vento, seu corpo se balançava. Giros complexos, passadas nas pontas dos pés, movimentos simples, um rodopio final. Como uma bailarina, a delicadeza sobrenatural.  

A delicadeza durou pouco.

De repente, um vento forte como um trovão lhe jogou contra a parede. Bella se debateu contra o nada a sua frente.

A garra invisível apertou-lhe a garganta. Por ali, apenas algumas leves rajadas de vento podiam passar. Estava sendo sufocada. Será que sua morte seria assim, lenta e dolorosa?

''Talvez a morte, no seu caso, não seja bom''

As palavras flutuaram ao seu redor como um sinal. Infelizmente ou felizmente, não se sabe, a sua hora ainda não tinha chegado.

-Isabella Cullen. Belo nome, não?

Na escuridão, um par de olhos brilhava como fogo. Bella tentou se arrastar, colocando todo o peso do corpo em cima dos braços. Tentativa errada. A dor lhe atingiu em cheio.

-Aaaah! Ai, meu braço!

Sim, ela quebrou o braço. Por isso a dor era insuportável.

E mesmo com a dor, Bella não conseguia tirar a atenção dos olhos cor de fogo. Negro como tudo no quarto, o vulto permanecia em seu lugar.

-O q-que v-você quer comigo?

-Nada demais. Apenas a sua alma. - respondeu a voz rouca.

A resposta foi tudo que Bella precisava para confirmar sua hipótese.

Mas o que aquele ser estranho queria com ela? Ou melhor, com a alma dela? Já não podia entender mais nada.

-Tá bom. Seja lá quem for você, pode ir parando com essa sua brincadeirinha de mal gosto. Não achei graça nenhuma nessa história de querer minha alma. E eu estou falando sério.

-Sério? Está falando sério? Sabe, Bella - o vulto passou sua mão gelada pelo rosto de Bella. A garota fez cara de nojo quando sentiu as rugas e cicatrizes que se espalhavam pela mão e o prolongamento do braço - acho que você é nova demais. Sem falar na sua beleza é claro. Sabia que você é o sonho de consumo de qualquer homem?

Bella arregalou os olhos. Por um momento, pensou em fechá-lo, desviá-los do vulto. Mas não dava conta. E quando tentava, sua cabeça martelava.

-Sem elogios, por favor. Eu devo estar pirando mesmo. Isso só pode ser um sonho! É um sonho. Isso! É apenas um sonho. 

-Acha mesmo que eu sou um sonho?  -  a voz grossa e rouca do vulto, contradisse.

Por um segundo, Bella não sabia o que responder. Aquilo realmente não parecia um sonho. Tudo parecia real demais para ser um sonho.

-Não precisa responder. Já fui como você, Bella. Um simples mortal, acreditando nas mentiras humanas e nos seus vícios, cometendo erros que julgam. Mas sabe, acho que você é muito mais do que uma humana qualquer.

A medida que as palavras saiam da boca do vulto, a dor no braço de Bella se tornava mais insuportável. Incrível era o poder que aquele ser medonho exercia sobre ela.

Com os passos lentos e silenciosos e a capa negra arrastando sobre o piso, o vulto se aproximou de Bella, pegou no rosto de boneca da menina e olhou-a no fundo dos seus olhos.

As mãos - que eram da cor de cinzas - estavam moles feito gelatina; cheias de manchas e ematonas, sem falar nas feridas abertas. Bella parecia estar numa montanha-russa, o estômago revirando diante do toque gelado.

-Shi! Silêncio, por favor. Não vá fazer nada que eu não mandar. Nem pense em gritar, Isabella. É Melhor pra você. - o verde-musgo dos olhos de Bella se refletiam contra os olhos cor de fogo do vulto, cheios de lágrimas, repletos de medo; a camisola rosa estava completamente rasgada, o sangue que escorria do braço quebrado continuando a se espalhar pelo resto da roupa. 

Mais um toque e tudo estava terminado.

Um choque tirou o corpo da garota do lugar que, ali, diante da escuridão e do silêncio, se debatia, o estalido quase ensurdecedor. Um grito sufocado e entorpecido saindo da sua garganta.

Finalmente, o corpo se aquietou. Gelado. Roxo. Sem vida.


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